Lula reforçou seu discurso contra a injustiça tributária, defendendo a isenção do Imposto de Renda para a população que recebe até 5 mil reais. Dora Kramer e Nelson Kobayashi analisam o posicionamento do presidente, que acirra o debate sobre a reforma tributária e a distribuição de renda no Brasil.
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00:00Nessa discussão, o presidente da república subiu o tom em defesa da proposta que busca isentar do imposto de renda as pessoas com renda mensal de até 5 mil reais.
00:10O Misael Manete de volta aqui ao Jornal Jovem Pan. O presidente voltou a afirmar que está ao lado do povo. É isso, Misael?
00:20É, o presidente deixou bem claro isso e reforçou isso várias vezes.
00:24Tiago, boa noite de novo pra você e pra todo mundo que acompanha o Jornal Jovem Pan.
00:28O presidente Lula do PT disse que está ao lado dos trabalhadores, dos professores e também da classe média baixa.
00:37Basicamente, ele disse que os ricos não gostam dele por causa disso e por causa do relacionamento dele com os mais pobres.
00:45E tudo isso, né? Ele fez menção, fez relação com esse projeto que aumenta o imposto de renda de pessoas ricas para compensar a isenção aí para os mais pobres, para quem ganha até 5 mil reais mensais.
01:00Lula ainda disse que se ele estivesse jogando golfe e tomando uísque, ele agradaria mais gente, teria mais público.
01:08Acompanhe a fala do presidente.
01:10Nós mandamos um projeto de lei para o Congresso Nacional, inventando todas as pessoas que ganham até 5 mil reais de pagar imposto de renda.
01:20E decidimos que quem ganha acima de 1 milhão por ano, presta atenção, quem ganha acima de 1 milhão por ano, vai pagar um pouquinho.
01:32Eles não querem.
01:35Eles não querem pagar.
01:36Porque quem paga imposto nesse país é quem trabalha e recebe o contra-checo no final do mês, que é descontado na fonte.
01:48Declaração que veio também depois da derrubada do decreto de elevação do IOF, o imposto sobre operações financeiras.
01:57Tiago.
01:58Isso, Misael Manete trazendo a fala do presidente Lula.
02:00Até daqui a pouco, Dora Kramer.
02:02Eu queria perguntar sobre essas declarações do presidente Lula.
02:06E também, agora há pouco, a gente ouviu uma fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
02:11Esse discurso do governo, dizendo que o governo está defendendo os pobres e não quem mora em cobertura.
02:17Claro, de uma certa maneira, esse sempre foi o discurso do PT.
02:20Mas, nesse momento, o que isso faz com que se acirre o ânimo da população?
02:28Olha, vamos ver se isso cola.
02:31De repente, até cola, porque o presidente está aí querendo fazer um misto de pais dos pobres com Robin Hood.
02:40Não sei se esse truque é gasto.
02:43Mas, de repente, cola.
02:44Agora, tem um problema, né?
02:46Ele é completamente contraditório com aquele discurso.
02:50O slogan do governo era união e reconstrução.
02:53Eu digo era porque essa união já foi para o espaço.
02:57O presidente joga do divisionismo.
03:00E, quando ele coloca, é o nós contra eles.
03:02O nós contra eles é o marco inaugural da polarização.
03:07Disto, o PT não pode fugir.
03:10Foi ali que começou.
03:11Quem começou essa briga foi o presidente Lula.
03:16Muito bem.
03:17Agora, esse divisionismo, ricos de um lado, pobres de outro, eu fico me perguntando em que lugar ficam os nem tão pobres, nem tão ricos.
03:30Para eles, pelo jeito, vai ser reservado as batatas.
03:34Porque é desse meio de campo que o presidente precisa, se quiser ser reeleito.
03:39Ou, se quiser, eleger um sucessor ou uma sucessora.
03:43Porque foi esse meio de campo que deu a vitória apertada para ele em 22, com aquele discurso de frente ampla.
03:51Então, esse discurso excludente, sectário, não acho que pode, de repente, ali naquele extrato da população que já o estava abandonando,
04:02pode dar alguma subida na popularidade.
04:06Mas, no conto geral, para efeitos de resultado eleitoral, eu acho que é contraproducente.
04:14O Gobaia, acho que é claro que, num país como o Brasil, dimensões continentais, igualdade social muito grande, é difícil agradar todo mundo.
04:20Agora, existe um meio termo, pelo menos um discurso, que equilibre um pouco essa discussão?
04:26O meio termo, um discurso que equilibre essa discussão, certamente não seria um discurso polarizante,
04:31como tem feito o presidente, novamente dividindo a sociedade entre eles e nós, entre ricos e pobres.
04:38Esse discurso do presidente de que o lado dele é do trabalhador, já, primeiro, pressupõe dois lados.
04:44Como se estivesse em posições diametralmente opostas do trabalhador para aquele do empregador, talvez.
04:50Mas nem parece ser o mesmo presidente da taxação das blusinhas, né?
04:55Que penalizou a população mais pobre, o trabalhador, que tem acesso a esses produtos importados de menor qualidade,
05:02geralmente, e mais baratos.
05:04Enfim, alguns outros projetos, como a tentativa de se regulamentar, o trabalho do Uber,
05:08que foi também proposto por esse governo, colocando ali uma contribuição sindical para eles todos,
05:14isso foi tão mal recebido pelo trabalhador, que nem se fala mais nisso.
05:19Ou seja, o presidente fala, mas nas atitudes todas, no geral, tirando o foco só desse projeto do IOF,
05:26esse governo não tem sido tão assim do lado do trabalhador.
05:30Agora, Dora, só para a gente acrescentar, o deputado que a gente entrevistou agora há pouco,
05:34diz que esse embate entre os poderes vai se acirrar.
05:37Essa é a sua sensação também, com quem você conversa, do Congresso Nacional,
05:41com outras pessoas que estão fazendo avaliação desse cenário.
05:45E é muito difícil, porque daqui a pouco o Congresso entra em recesso, tem o segundo semestre,
05:50e praticamente o ano acaba.
05:52E aí, no ano que vem, um ano eleitoral.
05:53Ou seja, o governo está refém do Congresso Nacional,
05:56que pode não votar absolutamente mais nada e nada do interesse do governo, né?
06:00Pode. Agora eles vão ter cuidado.
06:02Você viu, por isso que eu perguntei sobre a isenção dos 5 mil para o deputado,
06:08porque você viu o cuidado que ele tem, né?
06:10Nessas questões que são populares, né?
06:13Aí o Congresso vai tomar o cuidado, vai pisar em ovos,
06:19porque ele também tem uma eleição.
06:21Mas você me fez a pergunta, qual é a sensação?
06:24Vai piorar? Vai piorar.
06:26Claro que vai piorar e não precisa nem conversar com muita gente.
06:29É o óbvio, tá certo?
06:30O governo passou dois anos sem fazer uma articulação direito,
06:36o presidente preocupado em rodar o mundo para ser liderança internacional,
06:41o governo só prestando atenção, só apostando na arrecadação,
06:46isso é verdade, né?
06:48E aí quer que as coisas caminhem bem, de repente, do nada.
06:52Claro que não.
06:53Com uma oposição que não prestou atenção,
06:55o presidente Lula, nos dois outros mandatos,
06:59ele não teve uma oposição fraquinha,
07:02uma oposição educadinha, que era do PSDB.
07:05Agora a oposição é outra vibe, é outro departamento.
07:10É exatamente, é mais ou menos uma oposição tão agressiva
07:15quanto o PT foi quando estava na oposição.
07:18Então é um ambiente em que o presidente Lula não está acostumado a transitar.
07:23Ele não transita bem na adversidade, né?
07:25Então a escolha do governo foi ir para o enfrentamento,
07:31porque não poderia ficar submisso, até compreendo.
07:35Mas só que no Congresso o presidente da República tem menos de seis soldados
07:42e a oposição, o adversário, tem quase 400,
07:47como ficou muito bem assentado e exposto na votação da derrubada do IOF.
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