00:00E por falar em chat GPT, chegou a hora da coluna, fala aí!
00:10Dois pontos de vista de uso da inteligência artificial, começando pelo lado positivo.
00:16Vejam só essa notícia, pessoal.
00:18Pesquisadores da USP criaram uma ferramenta com IA capaz de prever a agressividade do câncer.
00:25A tecnologia analisa os dados das proteínas dos tumores e gera um índice que aponta o quanto a doença pode crescer e resistir aos tratamentos.
00:36Pena, esse, na sua opinião, é um dos principais papéis da IA na medicina, ou seja, auxiliar, facilitar, democratizar tratamentos?
00:47Sim, Marisa.
00:48Então, primeiro, o Brasil aparecendo aí como uma pesquisa, como uma inovação na área de inteligência artificial.
00:55Então, é super legal a gente trazer isso.
00:57Então, os pesquisadores da USP estão de parabéns.
01:01A gente está vendo, então, o que é esse tratamento?
01:04Não, não é um tratamento.
01:05Na verdade, o que é essa ferramenta fazendo?
01:06Ela consegue diagnosticar se um câncer, a malignitude, a capacidade de fazer estragos, de se multiplicar do câncer,
01:15e também apontar possíveis resistências que esse tumor vai ter contra outros medicamentos.
01:22Então, é super legal, porque pode tanto ajudar no diagnóstico, ou seja, é realmente um câncer que precisa ser tratado com urgência,
01:32ou não, esse aqui não é maligno.
01:34Então, ajuda muito antes você já descobrir se é um caso mais grave ou não,
01:39e aí quanto mais cedo você detecta um câncer maligno, mais fácil o tratamento.
01:43Então, assim, ajuda muito.
01:45E o segundo é melhorar o próprio tratamento, porque você vai descobrir novos medicamentos que vão ser mais efetivos contra certos tipos de câncer.
01:55Então, eu acho que esse é um caso clássico de como a IA pode ser usada, Marisa,
02:00porque ela ataca nas duas frentes que eu acho que são as mais importantes.
02:05Primeiro, melhor diagnóstico, a IA tem uma capacidade enorme de conhecimento que nenhum médico,
02:14nenhum humano vai ter, não consegue ter na sua inteligência, na sua capacidade, na sua mente,
02:20tanta informação quanto uma IA vai conseguir.
02:21Então, ela vai diagnosticar melhor, nesse caso, vai conseguir identificar cânceres com níveis que nenhum ser humano vai conseguir.
02:27E o segundo, melhores tratamentos, tratamentos com inovação, nesse caso, apontando o melhor tratamento,
02:32qual o medicamento, qual a urgência do tratamento.
02:34Então, eu acho que isso aí é realmente algo, se bater palmas, primeiro por serem brasileiros,
02:40e porque é o uso que a gente quer ver da inteligência artificial, Marisa.
02:45Esse, sim, vale a pena, não tem coisa ruim, nada, é super positivo.
02:50Com toda certeza, não, pessoal?
02:52Torcer realmente para que isso evolua e evolua muito rapidamente.
02:56Agora, temos também outro exemplo, mas é o negativo, e também aqui no Brasil.
03:01Vejam só, a Agência Espacial Brasileira publicou essa imagem que vocês vão ver agora, olha.
03:08Essa é uma representação feita com o IA do famoso 14 bis de Santos Dumont.
03:15Acontece que o desenho virou uma gafe.
03:17Nós vamos colocar agora na tela como o 14 bis realmente era.
03:23E a principal diferença é muito clara, não é?
03:26O avião está ao contrário.
03:28Os geradores de imagens fazem vídeos quase perfeitos, quase perfeitos,
03:32mas ainda cometem erros básicos, como esse, por exemplo.
03:36Pois é, pena, por que que isso acontece?
03:38Pois é, se a gente for confiar na inteligência artificial,
03:41vamos entender que o 14 bis era realmente o contrário, é isso?
03:45Então, Marisa, é legal isso para ilustrar, né?
03:49Claro, tem toda essa questão da gafe, mas não causou grandes mal, né?
03:53Nenhum mal, dá para consertar, né?
03:55Fica só aquela vergonha.
03:57Ai, nossa, né?
03:58Não fizemos o 14 bis errado no aniversário do Santos Dumont.
04:02Não pega bem.
04:02Mas, enfim, é só a gafe ali, não causou mal, nenhum grande mal.
04:06Mas por que, no final, os geradores de imagem não conseguem fazer o 14 bis,
04:10mas fazem coisas incríveis, mas não conseguem fazer o 14 bis?
04:12O problema é que a gente tem que entender como a IA funciona.
04:16A IA não tem um banco de dados.
04:18Diferente do que muita gente acha, que ela vai lá,
04:21pega a imagem 14 bis, sei lá, tem algum lugar que ela viu,
04:2614 bis, pega o arquivo e copia, desenha.
04:29Não, ela não tem o banco de dados.
04:31A gente tem que pensar que é como se fosse um artista
04:33que desenha tudo de cabeça.
04:35Ele viu um monte de foto de avião,
04:37de todos os tipos de avião que você pode imaginar.
04:39Tinha o 14 bis lá no meio.
04:41Mas aí você pensa assim,
04:42pega um humano e fala,
04:43desenha o 14 bis aí de cabeça, você não pode consultar nada.
04:46Qual a chance de um humano médio,
04:49que não é especialista no 14 bis,
04:51acertar o desenho?
04:52Ah, eu acho que ela é mais ou menos assim,
04:54é exatamente o que a IA faz.
04:56Ela meio que faz uma ideia do 14 bis.
04:58Ela pega fragmentos da ideia,
05:01que realmente, se você olhar, tem as varetinhas e tal.
05:03Só que o que acontece?
05:05A maioria dos aviões tem a asa na frente,
05:07a cabine na frente, o piloto fica na frente.
05:10O 14 bis era o contrário.
05:12O avião de Santos Dumont,
05:13a parte que a gente acha que seria a traseira,
05:17na verdade, é na frente.
05:18A asa está atrás, o piloto está atrás,
05:20a hélice está atrás,
05:21o motor fica atrás.
05:23E na frente dele tem uma estrutura chamada canar,
05:25que é o que o Santos Dumont inventou,
05:27essa estrutura.
05:28É uma estrutura muito legal.
05:31Só que depois os aviões modernos inverteram isso,
05:34por outros motivos, questões de engenharia.
05:36Então, na hora que o AIA foi fazer o avião 14 bis,
05:39ela usou o modelo padrão de avião,
05:41que é a asa na frente, que é o piloto na frente,
05:44e deu lá um ar de 14 bis.
05:45Está tudo errado, Marisa.
05:47Realmente, nesse sentido,
05:48a IA ali fez o desenho de cabeça.
05:50Agora, para mim, a maior falha, nesse caso,
05:53é a falha do ser humano.
05:54Pede, quer usar a IA para fazer isso?
05:56A gente está delegando tarefas para a IA?
05:59Tudo bem, mas tem que conferir.
06:01Esse é o tipo de coisa, Marisa,
06:02que o ser humano não pode delegar também a conferência.
06:05Que legal que você pode gerar uma imagem
06:07de 14 bis na hora ali,
06:09mas dá uma olhada.
06:10E quem olhar tem que entender,
06:11no mínimo, de 14 bis.
06:13Porque se a pessoa que olha
06:14não entende nada de avião,
06:16dá na mesma.
06:17Às vezes, é só uma pessoa das mídias sociais.
06:19Ai, está ótimo esse 14 bis.
06:21Mas nunca vi o 14 bis de verdade.
06:23Caiu na enganação, Marisa.
06:25Então, fica o alerta.
06:26A gente não pode delegar ainda
06:29esse tipo de coisa.
06:30A gente tem que verificar.
06:32E quem verificar,
06:33tem que saber o que está fazendo.
06:35Com certeza.
06:36E ficou essa gafe.
06:38Com certeza, Fena.
06:39Essa gafe realmente foi demais.
06:42Está aí um quadro interessantíssimo.
06:44Mais uma vez aqui na nossa coluna.
06:47Fala aí, Fena.
06:47Semana que vem teremos mais assuntos
06:50e acompanhar mais desses aí
06:52que já estão colocados em pauta.
06:53O chat GPT-5 chegando.
06:55Vamos ver.
06:55Semana que vem deve ter essa pauta, sim,
06:58aqui conosco.
06:59Tenha uma excelente semana.
07:01Obrigado.
07:01Quem sabe, né?
07:02Terça-feira que vem,
07:03o chat GPT-5 vai estar aí.
07:05Não sei.
07:05Mas vamos torcer.
07:07Então, é isso.
07:07Marisa, boa noite para você.
07:08Boa noite para todo mundo.
07:09Obrigada, querida.
07:11Um beijo.
07:11Até.
07:12Está aí, pessoal.
07:14Mais um quadro super bacana para vocês.
07:17A coluna Fala aí com Roberto Pino Spinelli,
07:20que é físico pela USP,
07:22especialista em Machine Learning
07:23por Stanford e colunista aqui do Olhar Digital.
Seja a primeira pessoa a comentar