Em crise diplomática com os Estados Unidos, o Brasil corre contra o tempo para negociar uma solução para o "tarifaço" imposto por Donald Trump. O cientista político Elias Tavares analisa o cenário, destacando a complexa relação entre o Judiciário e o Executivo, e as estratégias de Lula e Alckmin diante da taxação de 50% sobre produtos brasileiros. Tavares avalia ainda a postura de Jair Bolsonaro e seus filhos em meio às investigações do STF.
Segundo o analista, as lideranças estariam aproveitando o tema para desviar o foco de pautas internas mais sensíveis, enquanto o impacto econômico pode ser severo para o país.
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00:00E há menos de uma semana, para o início do tarifaço, o cenário político brasileiro está cada vez mais dividido.
00:07E para a gente entender melhor esse panorama, vamos conversar com o cientista político Elias Tavares.
00:13Elias, muito bom dia, bem-vindo ao Jornal da Manhã, obrigada pela entrevista.
00:18Você avalia que para o Brasil essa retaliação não é um bom negócio?
00:24Bom dia, é um prazer estar aqui falando com você, Márcio, um abraço ao David, ao Acácio, ao Beraldo, que está aí também, todo o público da Jovem Pan.
00:33O Brasil está num momento muito complexo, a gente está entrando, Márcia, na semana talvez mais importante do ano, que dia dos últimos anos do Brasil,
00:43e a gente não tem uma solução concreta do que vai acontecer com o país.
00:47A gente percebe que o país tem silos aí, os silos do governo, que aproveita isso para se vangloriar e talvez colocar a tese da soberania nacional.
00:58O governo fez bem isso, o governo conseguiu recuperar um pouco a sua imagem.
01:04A oposição navegando ainda, a extrema-direita principalmente navegando nessa tese de Trump, de que teremos retaliações,
01:12e também joga para a sua torcida, mas o grande fato é que o agro, a indústria, todos que estão aguardando ansiosamente para respostas concretas na sexta-feira,
01:24a gente chega e o tarifácio, a que tudo indica, vai se concretizar sem uma resposta adequada do nosso governo.
01:32Elias, muito bom dia, prazer tê-lo aqui no Jornal da Manhã, companheiro também do Morning Show.
01:37Em relação à comitiva dos senadores, você acha que vai ter alguma eficiência essa comitiva que chegou na sexta-feira e as reuniões começam então a partir de amanhã?
01:49David, tudo que é tentativa de diálogo é importante que se faça e que se tenha.
01:55Mas assim, a gente está num recesso também lá no Congresso dos Estados Unidos.
01:59Então, quer dizer, basicamente vai ficar encontro cordial, eu não consigo enxergar, de fato, efetividade nessa caravana dos senadores,
02:10embora eu a quero acreditar em boa vontade.
02:13Então, eu acho que isso não vai colaborar, não vai ajudar nesse momento.
02:18E você percebe justamente que cada um tenta fazer sua parte, mas de forma muito isolada,
02:25e isso não aglutina, isso não torna o Brasil como uma estratégia adequada.
02:29E, de novo, chegaremos no dia do tarifácio sem nada concreto.
02:34A Cassio Miranda tem uma pergunta.
02:37Elias, bom dia, amigo. Prazer revê-lo.
02:40Elias, olhando para o governo agora, para a situação interna do Brasil,
02:44o governo Lula, apesar de nós não termos uma solução efetiva para o tarifácio,
02:50conseguiu usufruir dessa situação?
02:55Conseguiu colher benefícios políticos dessa situação?
02:58Ou, no final das contas, perdemos todos?
03:03Cassio, no ponto de vista do governo, conseguiu.
03:06A gente falou diversas vezes aqui na Jovem Pan, inclusive,
03:08da falta do governo de conseguir se conectar, de conseguir se comunicar.
03:13veio para o governo de bandeja, uma grande pauta para poder ter uma recuperação do seu governo,
03:22do seu prestígio.
03:24E eu entendo até que isso, nas próximas pesquisas,
03:26já teve até alguma pesquisa que já pegou essa benfeitoria do governo Lula.
03:32Mas, na questão do blefe, o Lula puxou para si, o governo Lula puxou para si.
03:39Talvez seja aí o momento maior do governo Lula de mostrar, de fato, que está na soberania nacional.
03:46Mas, o governo Lula não está sabendo jogar com isso.
03:49Porque, quando se joga muito com o blefe,
03:52a gente tem que lembrar que, a partir da semana que vem, você tem um tarifácio acontecendo.
03:56Então, tudo isso que foi construído até agora, simplesmente pode ter sido um castelo de areia para o governo,
04:02se não tiver uma ação prática.
04:04E aí, tem um ponto curioso que eu gostaria de colocar,
04:08que é a fala do presidente Lula, se não me engano, na sexta-feira, em Osasco,
04:12onde ele chama o Alckmin e fala,
04:13ó, está aqui a pessoa para negociar, mas ninguém atende ele, né?
04:17Então, quer dizer, se der certo o tarifácio e as negociações colocadas ao Alckmin,
04:23o louro é do governo, né?
04:25Se der um fracasso, a culpa é do vice.
04:28Ou seja, já tem ali um bode expiatório também, que o governo está desenhando, né?
04:33É, muita gente já está fazendo essa análise, né?
04:37Vou passar a palavra agora para o Cristiano Vilela,
04:39que também está com a gente aqui no Jornal da Manhã.
04:42Elias, bom dia. Satisfação falar com você.
04:45Elias, nesse contexto agora, dessa sua última fala,
04:49dá para se projetar o que seria realmente a situação do Brasil
04:53e da própria popularidade do presidente Lula
04:56diante de uma incapacidade efetiva de se conseguir reverter essa questão do tarifácio
05:02e de uma possível crise econômica gerada com esse elemento?
05:06Talvez esse ganho momentâneo, ele pode ser perdido
05:09do ponto de vista de prestígio político,
05:12do ponto de vista de pesquisas eleitorais?
05:14Pode ser perdido, Cristiano, inclusive de forma muito rápida,
05:19de forma muito séria, né?
05:20Se a gente chegar sem uma resposta concreta,
05:23se a gente não tiver, de fato, ações, principalmente para a indústria,
05:27para o agro, que é quem vai ser mais prejudicado,
05:30e aí você não vai só prejudicar os grandes empresários,
05:33será prejudicado toda uma cadeia, né?
05:35Com impacto direto na economia.
05:37Só que a gente volta para a mesma pauta, né?
05:39Que o governo vai mal na economia, vai voltar aí mal na economia,
05:44só que agora com um carimbo de incapacidade de articulação,
05:49com um carimbo de ter que engolir,
05:51vai procurar muito mais ali achar culpados do que de fato a solução, né?
05:56Tudo se desenha para isso, não é o que a gente deseja,
05:59mas é o que muito provavelmente deve acontecer.
06:01E já dá para a gente ter um cenário político aí,
06:05um panorama para 2026,
06:08com toda essa crise acontecendo agora,
06:11Jair Bolsonaro ainda inelegível,
06:14o que você enxerga num futuro bem próximo?
06:19Márcia, está todo mundo aproveitando justamente as retóricas, né?
06:24Para conseguir engalear ali algum certo tipo de prestígio.
06:27O governo tem agora, né, a sua fala,
06:31conseguiu um discurso, ganhou de bandeja um discurso aí
06:34para poder se fortalecer e com a sua base.
06:38A direita, no mesmo sentido também,
06:41vem ali o Bolsonaro, que pode ser tido como um Martin,
06:45pode sair ali como uma pessoa que está sendo perseguida pelo Brasil.
06:49Então, todo mundo acaba tirando uma certa vantagem.
06:52Como a gente vê ainda agora na matéria muito bem da Camila Yunis,
06:56que a gente vê os governadores todos.
06:58Então, eventos como esses, grandes eventos, né,
07:01com os governadores pré-candidatos,
07:03e aí é muito curioso a gente ver um dos pré-candidatos do Ratinho Juno
07:06falar em uma lista de candidaturas da direita, né?
07:10Será que esse, aí vem um outro ponto, né?
07:13Será que esse seria, de fato, a estratégia mais adequada?
07:16Mas o grande ponto é, né,
07:18está todo mundo aproveitando do tema,
07:22de tudo isso que chamou,
07:23a gente não fala mais de IOF,
07:24a gente não fala mais de outros temas que custam caro ao Brasil,
07:28porque agora está todo mundo de olho nessa questão do Donald Trump
07:31e de olho para empurrar para a oposição uma peixa
07:36ou também para tirar louros da situação, né?
07:38Então, está todo mundo, nesse momento,
07:40tentando se viabilizar para poder ter as suas candidaturas
07:43consolidadas no ano que vem.
07:45Nós conversamos com o cientista político Elias Tavares.
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