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A indústria brasileira iniciou o segundo semestre de 2025 sem recuperar a confiança. Segundo a CNI, 21 dos 29 setores industriais registraram queda em julho. Em entrevista ao Money Times Brasil, Marcelo Azevedo, gerente de análise econômica da confederação, explicou os impactos da alta de juros, incertezas tributárias e o efeito das tarifas internacionais. Felipe Machado também comenta o cenário e as possíveis consequências para investimento e emprego na indústria.

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Transcrição
00:00E a indústria brasileira já começa o segundo semestre sem recuperar a confiança.
00:04De acordo com uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria,
00:0821 dos 29 setores industriais analisados registraram queda na confiança em julho.
00:14E a gente vai entender melhor por que isso está acontecendo e qual que é a perspectiva, né?
00:18Se essa situação pode melhorar aí nos próximos meses.
00:21O papo é com o Marcelo Azevedo, que é gerente de análise econômica da CNI.
00:25Tudo bem, Marcelo? Boa tarde. Bem-vindo ao Money Times.
00:27Boa tarde. É sempre um prazer estar aqui com vocês.
00:31Prazer o nosso. Felipe Machado, nosso analista, participa da conversa também.
00:35Bom, Marcelo, para quem não acompanha tão de perto indicadores econômicos, né?
00:39Você pode começar explicando, por favor, de uma forma prática, o que significa esse índice de confiança
00:45e o que significa uma queda em 21 dos 29 setores industriais?
00:50O índice de confiança do empresário industrial, ele tenta antecipar os movimentos na atividade industrial
00:59a partir do sentimento do empresário.
01:01Então, a partir do sentimento do empresário, sabendo se ele está confiante ou não está confiante,
01:07a gente tenta antecipar esse tipo de movimento.
01:08Ou seja, se mostra confiança, o empresário tende a aumentar a produção, tende a aumentar o investimento,
01:15tende a aumentar o emprego e acontece ao contrário, no momento de falta de segurança, de confiança.
01:21Ele tende a reduzir os seus investimentos, tende a reduzir a produção, tende a reduzir o emprego.
01:27Então, a gente mede o pulso aí do empresário mensalmente para ter uma ideia desse ânimo do empresário
01:34e da direção da indústria.
01:36Então, quando a gente vê essa falta da confiança, essa queda, inclusive, da confiança na passagem de junho para julho,
01:43como mostra a pesquisa, mostrou em 21 dos 29 setores essa queda na confiança.
01:49Ou seja, foi um sentimento de piora nesse indicador bastante generalizado.
01:55Esse índice já vinha mostrando falta de confiança desde o início do ano
02:00e teve um agravamento dessa falta de confiança nessa passagem agora de junho para julho.
02:07Certo. Felipe, sua pergunta para o Marcelo.
02:09É, Marcelo. Boa tarde para você.
02:12Eu acho que é muito interessante dessa história a gente tentar entender por que essa confiança caiu tanto.
02:18Eu consigo imaginar que a taxa de juros mais alta é um elemento importante para isso.
02:22Queria que você trouxesse, compartilhasse com a gente os outros.
02:24Ah, sem dúvida, Felipe. A gente tem essa falta de confiança, ele já vem desde o início do ano.
02:31O índice varia de 0 a 100 pontos e quando ele está abaixo de 50 pontos, ele mostra a falta de confiança.
02:36E cada vez que ele se afasta dessa linha de 50 pontos, como aconteceu agora na passagem de junho para julho,
02:42para 21 dos 29 setores, mostra um agravamento dessa falta de confiança.
02:48Não por acaso, foi no final do ano passado que teve o início desse novo ciclo de alta de juros,
02:54que foi o momento que teve a falta de confiança.
02:56Então, a taxa de juros realmente não surpreende, com um efeito bastante negativo na confiança do empresário.
03:03Primeiro, teve um agravamento, uma piora, na verdade, nas expectativas.
03:08Isso começou a se consolidar com uma piora na avaliação das condições da empresa.
03:13E é o que a gente percebe agora.
03:15As expectativas para a economia brasileira são negativas, com relação à empresa,
03:20ela está bastante próxima da neutralidade e a avaliação das condições correntes,
03:26tanto da empresa quanto da economia brasileira, elas pioraram na comparação com os meses anteriores.
03:33Então, além da taxa de juros nos últimos meses, a gente teve a questão do IOF,
03:37que trouxe bastante incerteza para as empresas, mas já é uma preocupação muito grande com a carga tributária.
03:43A gente vê isso em diversas pesquisas aqui da CNI.
03:46E foi mais um risco de aumento dessa carga sobre as empresas, que já é bastante prejudicial.
03:52Além, claro, da taxa de juros.
03:53Quando a gente fala dessa última pesquisa, a gente teve mais uma alta da taxa de juros,
03:58agora chegando aos 15% ao ano,
04:01que trouxe para um patamar que não servia há muito tempo em relação à taxa de juros,
04:10num cenário que a indústria já percebia também nos últimos meses uma piora nos índices de atividade.
04:17Então, outras pesquisas já mostram uma queda do faturamento, da atividade industrial.
04:23Então, foi um agravamento da situação das empresas,
04:29e em cima desse agravamento, uma nova elevação da taxa de juros.
04:32Então, não à toa houve essa piora generalizada da confiança nessa última pesquisa.
04:38Marcelo, falamos bastante de fatores internos, IOF, taxa de juros.
04:42Agora, e as tarifas, esse cenário dessa incerteza, dessa guerra tarifária comercial,
04:47isso também está captado dentro dessa pesquisa?
04:49Claro que nem toda indústria brasileira exporta necessariamente para os Estados Unidos,
04:54mas é uma tarifa que pode afetar de uma forma global mesmo, e o país inteiro.
05:00É um cenário de incerteza de fato,
05:03a gente pode atribuir também essa preocupação na confiança já há algum tempo.
05:09Nessa pesquisa especificamente, essa última alteração na tarifa,
05:13ela já não é plenamente captada na pesquisa,
05:16porque a pesquisa foi realizada no início do mês,
05:18mas já é uma preocupação a questão da tarifa,
05:24tanto pelos seus impactos não só no Brasil, como também no mundo todo,
05:27com uma redução do comércio.
05:28Então, as empresas exportadoras tendem a ter uma maior preocupação
05:32com o cenário global um pouco mais turbulento,
05:37e os efeitos próprios na economia brasileira.
05:39Então, isso sim pode estar influenciando.
05:41A gente não pergunta diretamente sobre quais fatores estão influenciando a confiança dos empresários
05:46cada vez que a gente faz a pesquisa,
05:48mas, junto com a taxa de juros, é um fator que certamente contribui para uma incerteza
05:55e, consequentemente, para uma redução da confiança.
05:57Pode aparecer, talvez, então, nas próximas pesquisas, com mais força.
06:00Felipe, mais uma sua.
06:02Opa, Marcelo, quando a gente olha para nível de confiança,
06:06ele é um termo quase subjetivo.
06:09Imagino que não tenha, assim, uma...
06:12E seja difícil de você mensurar na parte prática,
06:15mas eu queria que você, como especialista, explicasse para a gente
06:17o que isso causa na prática.
06:20Quer dizer, leva, por exemplo, ao empresário evitar um investimento
06:24ou adiar um investimento.
06:24O que causa essa desconfiança ou essa falta de confiança na parte prática em relação à indústria?
06:32Felipe, a ideia do indicador é essa mesmo.
06:34Quando a gente mede o pulso mensalmente do empresário
06:39com essas perguntas sobre o seu ânimo, com as suas expectativas para os próximos meses,
06:44com a sua ataliação das condições correntes das suas empresas e da economia brasileira,
06:48justamente para tentar antecipar movimentos e decisões do empresário.
06:53Então, quando um empresário está sem confiança como ele está no momento,
06:58e mais do que isso, com um período prolongado de falta de confiança,
07:02como a gente vê no momento, já são sete meses de falta de confiança,
07:05isso tende a influenciar cada vez mais essas decisões de maior prazo,
07:11inclusive quando se fala de contratações e com relação a investimento e produção.
07:16Uma coisa é você ter um mês, dois meses de falta de confiança.
07:20Isso pode afetar a decisão no mês, mas dificilmente vai interromper de toda uma decisão
07:26tão estruturante quanto com o investimento, por exemplo.
07:30Mas quando a gente já tem falta de confiança, uma falta de confiança bastante disseminada
07:34pela indústria, inclusive, e mais do que isso, prolongada, como está acontecendo agora,
07:39isso tende a, de fato, se concretizar em um adiamento definitivo dos investimentos,
07:44ou até mesmo um cancelamento no máximo, inclusive decisões para uma redução do quadro de pessoal também,
07:52que normalmente são decisões também que são tomadas apenas quando absolutamente necessário,
07:57uma vez que são custosas tanto as contratações quanto as demissões.
08:01Então, agora, quando se tem já um período tão prolongado de falta de confiança,
08:05essas decisões começam a se refletir negativamente, uma vez cada vez mais forte,
08:09na atividade industrial, como a gente já vem observando, a gente já vem observando
08:13uma queda do ritmo da atividade industrial já nesse ano de 2025, há alguns meses.
08:20Marcelo, eu te perguntei sobre o quanto da guerra comercial pode estar refletida nessa pesquisa,
08:27e reforçando essa integração econômica entre Brasil e Estados Unidos,
08:30a CNI divulgou um estudo que mostra que só entre 2020 e 2024,
08:34as empresas brasileiras anunciaram mais de 3,3 bilhões de dólares em novas operações no território americano.
08:41Então, a gente está falando aí de 2.962 empresas brasileiras com investimentos diversos nos Estados Unidos.
08:48E aí, com esse cenário dessa tarifa de 50%, qual pode ser a influência nesse movimento?
08:54A gente espera que tenha uma solução melhor do que essa,
09:01a ideia é que tenha uma situação negociada para que se permita um outro resultado,
09:07do que não a total aplicação dos 50%,
09:11mas, mais do que tudo, é questão de incerteza.
09:15A gente tem uma incerteza num momento muito grande que pode afetar todos esses tipos de decisão,
09:20inclusive de manutenção dos investimentos, de formação de preços, de exportação.
09:25As empresas já vêm procurando alternativas, o governo vem procurando negociação,
09:30a CNI também vem fazendo isso, apoiando, na medida do possível,
09:35tanto essa decisão negociada quanto as empresas procurando alternativas.
09:39Mas, certamente, é um cenário ainda bastante incerto, como vem de abril para cá,
09:47já houveram algumas alterações nas tarifas não só brasileiras,
09:51quanto as tarifas brasileiras relativas ao resto do mundo,
09:54uma vez que o próprio resto do mundo também vem experimentando situações
09:57tão incertas quanto de abril para cá, sobretudo.
10:02Tá certo.
10:03Quero agradecer Marcelo Azevedo, gerente de análise econômica da CNI,
10:07pela participação ao vivo com a gente aqui no Money Times.
10:10Muito obrigada, boa tarde para você.
10:12Boa tarde para vocês, até uma próxima.
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