O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira que as equipes técnicas de sua pasta, do MDIC e das Relações Exteriores concluíram os detalhes do plano de contingência para enfrentar as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Alan Ghani analisou. Apresentadores: Roberto Nonato e Soraya Lauand Comentarista: Alan Ghani
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00:00O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o plano de resposta ao tarifácio de Trump já foi concluído e deve ser apresentado em breve ao presidente Lula.
00:11Vamos repercutir esse assunto, esse tema aqui com o Alangani que já está de volta?
00:16Bom, recentemente em outra entrevista o ministro já havia falado, né, está difícil para todo mundo, não vamos sair dessa mesa de negociação,
00:23mas um plano de contingência, ah, o Brasil tem que fazer, somos obrigados a fazer.
00:27O que a gente pode imaginar que seja esse plano de contingência?
00:30Eu imagino alguma coisa de subsídios para os setores mais afetados, então momentaneamente você ajuda esses setores,
00:41evita perda de empregos, perda de renda, perda de lucros, mas você também daí gera um problema a médio e longo prazo.
00:50Primeiro porque a gente está com as contas públicas numa situação difícil,
00:53então quando a gente fala num subsídio, numa ajuda a esses setores, isso é pago por alguém, pago pela população brasileira.
01:00Depois também é muito difícil, e a gente tem precedentes aqui no Brasil, de reverter essa situação.
01:08Uma vez que você der o subsídio, é difícil tirar.
01:11A gente viu no setor de serviço, por exemplo, na pandemia toda a briga para tirar esses subsídios depois que passou a pandemia.
01:19Então o mesmo pode acontecer em relação às tarifas, mas eu imagino que essa contingência vá nesse sentido.
01:28Agora, o que o Brasil também poderia fazer é buscar alternativas, ou seja, outros parceiros comerciais.
01:34Não é fácil, claro, substituir os Estados Unidos, mas é do jogo buscar outras parcerias.
01:41Pois é, o secretário Dario Durigan chegou a falar nisso, na possibilidade de auxílio a setores que possam ser mais afetados.
01:49E aí, né, Gani, quando a gente fala desse tarifácio do Donald Trump e que vai afetar a nossa economia,
01:54mas claro que tem setores que sofrem muito mais, pontualmente aqueles que exportam mais lá para os Estados Unidos.
02:01Aí a gente pode falar de café, carne, próprio suco de laranja, esses serão mais afetados.
02:06Com certeza, Nonato. Então, se a gente pegar os setores ligados ao agronegócio, com laranja, café, como você bem colocou,
02:13mas também tem o setor petroquímico, né, a gente exporta petróleo para os Estados Unidos, tem a Petrobras,
02:18tem o setor da aviação, né, transporte aéreo, no caso a Embraer, você tem motores, né, a WEG.
02:26Então você também tem outros setores, a própria Gerdau, que tem operação nos Estados Unidos, mas o setor do aço.
02:32Então há outros setores que, além do agronegócio, setores industriais acabam sendo prejudicados.
02:39E aí também o agronegócio tem uma questão bastante interessante, porque é muito ligado ao bolsonarismo, né,
02:46ou seja, a base do Bolsonaro e acaba sendo prejudicado.
02:49Então como é que fica o posicionamento do agronegócio frente a essas questões?
02:54Agora, de qualquer modo, o subsídio vai trazer um alívio momentâneo, mas traz uma piora fiscal para o Brasil,
03:04porque o subsídio não é um dinheiro de graça, não.
