O presidente da CNI, Ricardo Alban, defendeu diálogo com os EUA e descartou retaliações precipitadas. A Confederação reforçou o pedido por mais 90 dias antes da tarifa de 50% entrar em vigor. Julia Lindner analisa como governo aposta em negociação direta e articulação com o setor privado para proteger exportações brasileiras.
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00:00Bom, a gente viu aí vários setores se manifestando e a Confederação Nacional da Indústria participou da reunião na parte da manhã.
00:07Então eu vou voltar com o Eduardo Gayer. Gayer, qual é o posicionamento da CNI?
00:15Exatamente, Cris, antes desta reunião com o agronegócio, vice-presidente, como até já contei aqui, fez uma reunião com setores da indústria.
00:21E uma das pessoas que participou foi o Ricardo Albán, presidente da CNI, a Confederação Nacional da Indústria, entre então dos que participaram desta reunião.
00:31O que ele disse na coletiva de imprensa após o encontro?
00:34Ele reafirmou a posição da CNI de que o governo deveria, sim, negociar um adiamento das tarifas, do início das tarifas, junto aos Estados Unidos.
00:43Mas ponderou que o momento é de uma união uníssona, até ele usou essa palavra, entre setor privado e governo federal em busca de uma solução.
00:53Agora ele trouxe um ponto muito interessante também após a conversa com o Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também estava por lá, representantes do Itamaraty.
01:02Enfim, uma reunião bastante ampla.
01:04Ricardo Albán trouxe o seguinte ponto, que o governo federal não vai fazer uma reação intempestiva aos Estados Unidos, caso essas tarifas, de fato, entrem em vigor a partir de 1º de agosto.
01:15Ele disse o seguinte, olha só, o Brasil não pretende ser reativo às tarifas impostas pelos Estados Unidos e não haverá nenhuma precipitação em relação a medidas retaliatórias.
01:25Vamos ouvir, então, Ricardo Albán, presidente da CNI.
01:29É óbvio que nós acreditamos que isso vai ser resolvido.
01:31Com relação aos 90 dias que nós solicitamos, é óbvio também que o governo está totalmente solícito a ter o prazo necessário.
01:40Só que também é óbvio que se pudermos resolver antes do dia 31 de agosto, essa estabilidade é melhor para todo mundo.
01:47Viver na imprevisibilidade não ajuda nada.
01:51Nós temos agora problemas de produtos perecíveis que estão com sérios problemas.
01:54Se nós tivermos uma prorrogação de 90 dias e não puder evoluir, vamos estar no final dos 90 dias com os mesmos tipos de problemas.
02:03Mas também entendemos que uma negociação que se começou desde abril poderá ser necessária uma nova prorrogação à luz de novas condicionantes.
02:13Esse é o ponto.
02:13O que temos aqui é um verdadeiro perde-perde.
02:17E não faz sentido de forma nenhuma, nem econômica, nem social, nem geopolítica, nem política, um perde-perde.
02:25Isso não é racível.
02:27Então, temos que trabalhar para que isso seja possível ser contornado.
02:31E eu acredito que vamos ser contornados.
02:32E o mais importante também é que o Brasil não pretende ser reativo intempestivamente.
02:40O que nós entendemos nessa reunião é que o Brasil não se precipitará de forma nenhuma em medidas de retaliações
02:49para que elas não sejam interpretadas como simplesmente uma disputa.
02:54O que nós queremos é o entendimento.
02:57Eu vou conversar agora com a nossa analista de política, a Júlia Lindner.
03:01Júlia, boa noite para você.
03:02Bom, a gente ouviu agora o presidente da CNI falando que o governo não pretende ser reativo.
03:08E hoje foi publicado o decreto que regulamenta a lei da reciprocidade.
03:12Essa ainda é uma alternativa considerada pelo governo?
03:19Cris, boa noite para você.
03:21Boa noite a todos.
03:22Essa, com certeza, é uma alternativa, mas eu diria que é a última das alternativas.
03:26Antes disso, tem várias etapas que o governo quer tentar cumprir
03:30para daí sim considerar medidas de retaliação.
03:33Então, num primeiro lugar, o próprio vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin
03:37tem enfatizado essa questão da negociação.
03:40Ele já admite a possibilidade de pedir a prorrogação que os empresários têm solicitado ao governo,
03:46mas não tem tratado como prioridade, até porque ele não quer atrapalhar essas tratativas.
03:50Como eu falei ontem, tem o entendimento do governo de que Trump gosta de negociadores
03:55que também jogam pesado.
03:56Então, se o governo chegar já cogitando essa possibilidade de adiamento,
04:00sente que poderia perder essas oportunidades de diálogo.
04:04Então, a intenção, inicialmente, é tentar negociar até o dia 1º de agosto.
04:08Mas já tem muita gente que reconhece a dificuldade disso acontecer.
04:12E então, se não for possível, iria para essa segunda etapa, que seria uma prorrogação.
04:17Só depois disso, se realmente se esgotar a possibilidade de um adiamento,
04:22ou mesmo se não houver abertura para esse diálogo,
04:25é que o governo consideraria essas medidas de retaliação,
04:29que são facilitadas na sua aplicação por meio da regulamentação da lei da reciprocidade,
04:34que foi validada hoje, passou a vigorar.
04:38E aí, sim, poderiam ser consideradas alguns mecanismos,
04:41inclusive alguns que já foram usados no passado pelo governo brasileiro
04:45em relação ao governo americano,
04:47inclusive numa disputa que envolveu o comércio de algodão no início dos anos 2000,
04:52em que a retaliação foi justamente através de áreas de propriedade intelectual,
04:56como produções culturais americanas, filmes hollywoodianos, por exemplo,
05:01e também a questão de patentes de medicamento.
05:03Esse é um caminho que já foi adotado no passado,
05:06mas, claro, em outro contexto.
05:07Naquela época, o Brasil teve, inclusive, uma decisão favorável da Organização Mundial do Comércio,
05:13que também é uma possibilidade a ser recorrida no momento,
05:16mas que agora já não tem mais esse peso que tinha no passado.
05:20Então, haveria uma dificuldade maior nesse sentido.
05:23Mas, é claro, até como uma forma de negociação,
05:25colocar que tem a possibilidade de retaliação também é uma estratégia do governo brasileiro,
05:31mas fica muito claro nos últimos dias, em especial hoje,
05:34que o governo, apesar do discurso do presidente Lula,
05:37que acaba indo mais para a área política
05:39e também busca um confronto mais direto com o Trump,
05:42além, claro, do PT, né, de políticos do partido do presidente,
05:46mas do lado de Alckmin, do Palácio do Planalto, também de uma forma geral,
05:50e do Itamaraty, a intenção realmente é o diálogo
05:54e, pelo que eu apurei, ainda não tem nenhuma sinalização muito clara
05:57por parte do governo americano sobre uma tentativa de diálogo.
06:01O máximo que teve hoje de uma sinalização nesse sentido
06:04foi num almoço, né, com outros empresários lá em São Paulo,
06:07organizado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas,
06:11em que o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos,
06:15Gabriel Escobar, teria sinalizado que poderia ter uma abertura para negociações,
06:19que o governo americano está sensível a essa demanda dos empresários
06:23e também sinalizou que os empresários devem pressionar,
06:26especialmente o Congresso americano, para conseguir reverter essas tarifas.
06:30Então, já seria um indício dessa possibilidade de diálogo,
06:33mas, por enquanto, diretamente para o governo brasileiro,
06:37ainda não tem nenhuma sinalização. Cris?
06:39Júlia, obrigada, viu, pelas suas informações e análises.
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