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Transcrição
00:00Vou chamar aqui a Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter.
00:04É uma pessoa que entende tudo de contas públicas e de banco.
00:10Rafaela, bom dia, seja muito bem-vinda, muito obrigado por atender o nosso convite.
00:16Eu sei que você é uma pessoa extremamente ocupada.
00:20Então, nossas deferências aqui, o nosso cordial bom dia para você.
00:26Bom dia, bom dia a todos. Bom dia, Rodrigo, é um prazer estar aqui.
00:30Eu não entendo tanto de contas públicas, mas a gente se esforça aqui no Brasil.
00:36A gente se esforça.
00:36Com meu retorno. Segura um pouquinho, Rafaela, que eu vou colocar um outro fone aqui.
00:41Pronto.
00:44Que está ruimzinho aqui, mas já vamos nós.
00:52Pronto, acho que agora está tudo certo.
00:55Oi, bom dia, está me ouvindo agora?
00:57Ouço sim, desculpa.
01:00Bom dia, bom dia a todos.
01:02É um prazer estar aqui discutindo esse assunto tão importante para a nossa economia.
01:07Não dá para ser economista aqui no Brasil sem falar um pouco de política e de contas públicas,
01:12que acho que é o nosso principal destaque já de alguns anos.
01:17Você sabe que eu até estava vendo esse movimento da curva de juros durante o mês de novembro,
01:26porque se a gente pegar o cenário político, a gente passou aí, depois das eleições,
01:33os juros cederam um pouco mais, tinha uma expectativa do mercado, pelo menos,
01:37de que o Lula seria, traria um pouco mais daquele Lula do primeiro mandato.
01:44E no fim das contas, quando começou a conversa sobre a PEC, isso parece que um pouco se esvaiu
01:51e agora tem voltado em função de uma intervenção aí do Congresso.
01:55Mas o que eu queria que você falasse com a gente é assim, como é que essas perspectivas de dívida pública,
02:03de aumento do serviço da dívida, do aumento da taxa de juros e o aumento do pagamento que a gente tem que fazer,
02:10como é que isso afeta a vida das pessoas na ponta, na economia real?
02:15Porque às vezes parece muito que é uma conversa de Faria Lima, e eu queria que você desmistificasse um pouco disso para a gente.
02:26Acho que é importante entender até um pouco do nosso histórico, porque chegamos nesse ponto que a discussão
02:33se o gasto vai ser 70, 100 ou 200, ele é tão relevante para os mercados e para a economia.
02:40Eu acho que a gente tem um histórico aqui no Brasil, nos últimos 30 anos, desde o plano real,
02:47acho que antes disso também é difícil a gente fazer uma boa análise de contas públicas,
02:51que o Brasil cresceu em todo esse período, na medida que a economia ia crescendo,
02:57os gastos públicos cresceram junto com a economia e até mais.
03:02Então a gente teve longos anos de muito acréscimo de gasto público.
03:06Na medida que esses gastos públicos foram crescendo, e eles começaram a crescer no governo do Fernando Henrique,
03:12depois no governo 1 do Lula, no 2, na Dilma, até o Temer.
03:18Os gastos foram crescendo, mas em contrapartida, a gente teve também um crescimento de impostos.
03:24O Brasil também teve um crescimento de carga tributária ao longo desse ano.
03:29Então a gente teve alguns anos ali, mesmo com o gasto crescente, que o Brasil foi superávit.
03:34O governo conseguiu arrecadar mais do que ele gastava.
03:38A gente teve alguns anos de bom crescimento da economia, que também ajuda na arrecadação.
03:44Depois, com a crise, a partir de 2013, a gente começou a perder fôlego nessa arrecadação.
03:51Teve um desgaste dessa política de expansão de gastos, e a gente começou a se endividar.
03:56Então a gente continuou gastando e crescendo gastos.
03:59Não tinha mais como cobrar mais impostos.
04:01A economia teve um desaquecimento, a gente teve uma demanda global mais fraca também,
04:05que teve um certo impacto.
04:07E o Brasil se endividou.
04:08Você continua gastando mais do que você arrecada.
04:12O endividamento começou a crescer, e a gente chegou aí nesse patamar de endividamento
04:16de mais de 70% do PIB, que ele é muito elevado para um país emergente.
04:21E aí começa essa discussão sobre essa viabilidade da dívida pública.
04:27O Brasil vai quebrar?
04:29Então essa é uma grande discussão que o mercado tem.
04:32Obviamente que a dívida pública hoje não é mais externa.
04:36Então você não tem essa discussão de calote, como a gente teve no passado,
04:40mas uma dívida interna muito alta, que acaba se resolvendo pela inflação.
04:43Como a gente viu ali em 2014, 2015, e agora novamente a gente teve essa inflação alta.
04:48Então uma dívida pública muito alta, com gastos crescentes,
04:52resulta em inflação alta, que resulta em juros altos.
04:55E isso impacta todas as famílias e todas as empresas.
04:58É muito difícil você ter um bom planejamento dos seus gastos,
05:03dos seus investimentos, no caso das empresas,
05:06se você não sabe qual vai ser a inflação do próximo ano,
05:10por quanto tempo a gente vai ter essa taxa de juros tão restritiva.
05:14Então hoje a gente tem essa restrição orçamentária,
05:17que é uma carga tributária muito alta,
05:20que é um endividamento muito alto,
05:21e que são demandas da sociedade, porque, enfim, a gente,
05:24a sociedade, junto com os políticos, acostumou ali,
05:27vamos gastar mais, né, porque isso é bom,
05:31isso traz um benefício imediato.
05:34E aí é preciso conciliar essas questões hoje.
05:38Esse é um grande desafio.
05:39Esse desafio começou a ser enfrentado pelo Temer,
05:43com a lei do teto, que limitou aí o crescimento dos gastos.
05:47Ele foi enfrentado também pelo governo Bolsonaro, com o Paulo Guedes.
05:52A gente teve a pandemia, que foi necessário um gasto a mais,
05:56mas após a pandemia a gente tem tido essa discussão
05:58para voltar os gastos para o patamar pré-pandemia.
06:02E agora o novo governo traz aí toda essa necessidade de se gastar mais.
06:07Na verdade não é bem uma necessidade, é uma demanda, né?
06:10Como atender essa demanda por novos gastos,
06:12mais investimentos, investimento em saúde, educação,
06:16em auxílio, se a gente não tem uma contrapartida.
06:20Eu acho que essa é a grande questão
06:21e a grande dúvida que a gente tem para 2023.
06:24Agora, uma das feedbacks que eu recebo aqui
06:29do pessoal que acompanha a gente,
06:30é muito no sentido do...
06:32Poxa, mas esse teto de gastos já não foi respeitado nos últimos anos.
06:38E nesse ano já estava aí prometido,
06:41o Guedes falava em 70, 100 bilhões de gastos a mais.
06:44O que mudou para causar esse estresse?
06:49O teto de gastos funciona, ele tem seus furos.
06:54Sempre teve, aliás, vale lembrar que desde a construção do teto em 2016,
06:58existem despesas fora do teto.
07:01Despesas de transferência para o Distrito Federal,
07:03despesas para a educação, para o Fundeb.
07:05Então a gente tem, inclusive, passa desapercebido,
07:09mas para o próximo ano, a Pelô, como foi encaminhada ao Congresso,
07:13ela já tem 68 bilhões de reais de despesas extra-teto.
07:18Então a gente já vai largar o próximo ano com gasto extra-teto elevado
07:23por conta do orçamento da saúde,
07:27entre outros que já ficam fora do teto.
07:30A gente teve a discussão do gasto fora do teto na pandemia,
07:33foi a grande discussão, foi um gasto muito elevado,
07:36e depois da pandemia, para voltar ao patamar anterior de gasto,
07:40foi preciso novos furos, né?
07:42Muito difícil, você tinha um auxílio, né?
07:45A gente teve essa discussão em 2021,
07:46como que se acaba o auxílio de um ano para o outro,
07:48precisou fazer ali um phase-out, vamos dizer assim,
07:52uma gradação dessa saída do auxílio,
07:56e por isso precisou fazer novos furos.
07:58Esse ano, eu acho que a gente teve uma discussão bem negativa
08:01com o furo do teto às vésperas da eleição,
08:04acho que ele trouxe muita insegurança,
08:07a facilidade como o Congresso aprovou novas despesas
08:10para o próximo ano,
08:12aprovou-se uma PEC às vésperas da eleição,
08:15então eu acho que existe essa crítica ao teto, né?
08:18O teto é um limitador,
08:20mas quando o Congresso quer, ele fura o teto.
08:24Então essa é a discussão que a gente tem para o próximo ano.
08:25Agora, eu acho que é muito importante ressaltar
08:28que o montante importa muito.
08:31O fato de o teto já não ter mais, né?
08:34Não ser mais aquela âncora como ele era antes,
08:37gastar 70, 120 ou 200 no próximo ano,
08:41faz muita diferença para a trajetória da dívida pública.
08:46Então eu acho que para o mercado,
08:48acho que para quem entende aí de contas públicas a fundo,
08:52a discussão ela é por aí.
08:53Na hora que a gente vê que esse furo no teto vai ficar
08:56mais próximo de 100,
08:58quem sabe é até um pouco abaixo,
09:01significa que a gente não vai ter uma expansão fiscal
09:03tão significativa no próximo ano
09:05e ela não impactaria de maneira tão negativa
09:08na trajetória da dívida.
09:09Mas um gasto de 150 ou mais,
09:13ele já é bastante prejudicial.
09:16Fora, por fim, eu colocaria aqui a sinalização.
09:19Eu acho que uma das notícias ruins que a PEC trouxe
09:23logo depois do resultado da eleição
09:26foi essa sinalização que o governo que começa,
09:29ele está muito disposto a começar gastando mais.
09:33E a gente tem uma tradução no Brasil de primeiro ano de governo
09:35de ser um ano de ajuste.
09:36O Lula, em 2003, foi um ano de ajuste.
09:39A Dilma, em 2010, foi um ano de ajuste.
09:43Em 2009, desculpa.
09:45Então, a gente tem,
09:47a gente tinha uma expectativa de que
09:49o Lula ia, com o orçamento para o próximo ano,
09:53fazer remanejamentos, fazer ganhos de eficiência,
09:56mais do que chegar ampliando o gasto.
09:59Então, essa sinalização de que ele gostaria
10:01já de começar gastando mais,
10:03ela foi negativa,
10:04porque passa essa impressão,
10:06vamos voltar aí ao modo pré-2016,
10:09que é o modo crescimento de gastos sempre.
10:14Rafaela, eu queria perguntar para você o seguinte.
10:22Como você falou, não tem endividamento externo.
10:25Então, a gente teria aí uma forma de pagar essa dívida,
10:30seria via inflação.
10:31Você desvaloriza, você imprime mais dinheiro
10:35e paga as dívidas que você está fazendo.
10:37Você está contraindo com a gente mesmo,
10:41via tesouro,
10:42no limite da pessoa física.
10:44Quais são os cenários?
10:47Porque eu sei que você tem aí vários cenários
10:50para trabalhar aí para frente.
10:53Qual o cenário mais negativo,
10:56qual o cenário mais positivo que vocês estão trabalhando?
10:59Tanto para a inflação, quanto para juros
11:00e para a dívida pública, claro.
11:02Sim, a gente tem um cenário,
11:07vou começar falando pelo cenário pior.
11:09Acho que o cenário mais negativo é um gasto,
11:11como foi proposto,
11:12como foi protocolada a PEC da transição,
11:16chegando aí a 200 bilhões.
11:18Esse é um cenário de situação fiscal muito elevado.
11:21A gente está falando aí de um crescimento de gasto real
11:24de 9% para o próximo ano.
11:27Esse é um volume muito significativo
11:28que a gente já não via há muitos anos,
11:30ainda mais considerando que no ano que vem
11:32vai ser um ano de dificuldade de retração econômica.
11:37Então, essa expansão de gasto é muito elevada.
11:39Ela pode trazer uma inflação mais alta.
11:42A inflação está em trajetória de queda.
11:43A gente tem um Banco Central independente.
11:45Então, mesmo no cenário mais negativo,
11:47a gente pondera a atuação do Banco Central,
11:50que vai subir os juros contra essa expectativa.
11:53Iria subir os juros,
11:54se esse cenário se concretizar,
11:57por conta de uma desancoragem de expectativa de inflação
12:00e o próprio gasto que estimula a demanda
12:03e acaba repercutindo em mais inflação na economia.
12:09Isso poderia resultar em uma taxa selic maior.
12:12Acho que o mercado hoje precifica mais ou menos esse cenário.
12:16Melhorou um pouco.
12:16A gente teve essa precificação do pior cenário
12:18há uma semana atrás.
12:21Agora melhorou um pouco.
12:22Mas esse seria o pior cenário.
12:24O Banco Central subiria os juros.
12:26A inflação, ela não iria disparar nesse cenário.
12:31Porque você tem a atuação no Banco Central ali ponderando.
12:34Além disso, a gente também pondera no cenário
12:36a questão global de demanda mais arrefecida
12:39que impacta nos preços de commodities.
12:42Então, uma inflação mais alta no ano que vem
12:44significaria uma inflação ali voltando para 6, 7,
12:48talvez até 8.
12:49A gente não vê uma inflação disparando
12:51como a gente tem em outros países em Argentina, Turquia,
12:54justamente pela atuação do Banco Central.
12:57No longo prazo, a gente pode ter um estresse maior.
13:01Então, aí também a gente...
13:03É difícil falar, né?
13:05Mas é possível.
13:06A gente vê a Argentina, né?
13:07Então, você pode ali ter, inclusive,
13:09mudanças na legislação ali com relação ao Banco Central
13:12e perder essa âncora monetária.
13:14Mas eu acho que até 2024, dificilmente isso iria acontecer.
13:20E eu também creio, eu não aposto nesse cenário.
13:23Eu acho que a sociedade brasileira, não só via mercados, né?
13:27Vale lembrar que o mercado faz parte, né?
13:29Da economia.
13:30Exato.
13:31As pessoas que criticam o mercado.
13:33O mercado é um...
13:34Na verdade, o mercado não é um agente, né?
13:37Mas é os agentes que participam do mercado,
13:40eles fazem parte da nossa sociedade, da nossa economia.
13:43Estão investindo, promovendo investimentos, etc.
13:46E eu acho que existe uma cobrança clara
13:47de que a gente não quer voltar para esse cenário de descontrole de inflação.
13:53Então, você poderia ver uma correção de rota dentro do próprio governo,
13:56como a gente viu lá em 2015, né?
13:58Até mesmo via o impeachment, né?
14:02A sociedade foi às ruas e não aceitou a irresponsabilidade fiscal,
14:07que inclusive feriu leis naquela época.
14:09Então, eu não acredito nesse cenário que a gente continuaria
14:14numa deterioração, entrando em 2024 e 2025.
14:18E a gente tem um cenário muito positivo,
14:21que seria o governo aprovar uma PEC mais restrita,
14:25que seriam 70, 80 bilhões ali,
14:28para gastos mais críticos que foram cortados no orçamento.
14:32Significaria que a gente manteria o mesmo nível de gasto desse ano
14:35para o próximo ano, então não teria uma expansão fiscal,
14:39mas a gente também não precisaria fazer uma contração fiscal
14:41no próximo ano e daria tempo aí para o governo
14:44trabalhar numa nova âncora fiscal.
14:46Eu acho que esse cenário, a gente poderia estar discutindo
14:48queda da Selic já no final do primeiro semestre,
14:52passada esse momento aí de incerteza,
14:56a inflação cairia para a meta,
14:58você volta a ter ancoragem de expectativa,
15:01o Banco Central teria bastante espaço para reduzir os juros.
15:03Então, acho que esse seria um cenário mais positivo.
15:06Não é o cenário do mercado.
15:08O mercado está mais ou menos hoje no meio do caminho,
15:11um cenário que talvez você tenha ali 100, 120 bilhões de gastos,
15:15um pouco de expansão, a inflação fica um pouco mais resistente
15:19e o Banco Central fica parado aí na Selic
15:21até agosto, setembro do próximo ano,
15:24esperando desenrolar aí das outras variáveis.
15:29Rafaelando, com os gestores com quem eu tenho conversado,
15:32alguns falam que acreditam que a gente tem um piso aí nos juros,
15:38que é, o pessoal faria lima, você sabe,
15:42é o double digit, né?
15:44Então é o 10,01.
15:46Dali para baixo fica muito difícil de você trazer,
15:50porque a inflação seria muito resistente no Brasil,
15:53depois que ela sobe para trazer para baixo de novo,
15:56o custo é muito alto no sentido de juros.
15:59vocês veem algo parecido aí?
16:02Ah, o juro recuaria até onde?
16:06Onde é que a gente ficaria aí naquele tal do juro neutro?
16:11Olha, eu sou mais otimista com relação a isso.
16:14Obviamente que depende de algumas premissas,
16:16mas eu vou tomar como base o cenário de 2017, 2018.
16:20A gente chegou a uma Selic de 6,5,
16:22com uma inflação controlada.
16:24Então eu não vejo porquê a gente não acreditar que o Brasil pode ter juros real,
16:30mas próximo de 3,
16:31até um pouco abaixo aí para o patamar da Selic, né?
16:34Eu teria 3% de juros real nas taxas longas, ali nas NPNBs,
16:38mas na Selic você poderia ter uma Selic.
16:41Próxima de 6%,
16:42seria uma Selic neutra,
16:45num cenário que você tem um controle da dívida.
16:49Tranquilamente, eu não vejo problema.
16:51Hoje, é difícil apostar nesse cenário,
16:54porque a gente não tem o controle da dívida.
16:56Até com 70 bi de gasto,
16:59a gente demora até 2027
17:01para fazer o controle dessa trajetória da dívida pública.
17:06Lembrando, a gente tem esses precatórios que estão atrasados aí,
17:09concepados em 2026.
17:10Então até lá, a gente vai ter alguma incerteza fiscal
17:13no decorrer desses anos.
17:15Você está chamando de controle
17:18trazer essa relação dívida-PIB para baixo, é isso?
17:23Isso.
17:24A gente vê a dívida-PIB,
17:25ela caiu nos últimos dois anos.
17:27Aliás, com o PIB divulgado hoje,
17:29em breve,
17:30a gente vai ver dívida-PIB ali,
17:3274.
17:33Eu estou doida para fazer as contas aqui,
17:34não consegui ainda,
17:35mas em breve,
17:37vamos ver aí dívida-PIB.
17:39A revisão de PIB do IBGE,
17:40eu acho que foi muito significativa.
17:42Acho que foi a maior surpresa que a gente tem no dia,
17:46foi essa revisão.
17:47O IBGE já tinha feito uma revisão de 2020,
17:51que ele divulgou no começo do mês.
17:53O Banco Central ainda não tinha atualizado
17:55os dados desse PIB revisado a partir de 2020,
17:58porque a série inteira não tinha sido divulgada,
18:01e hoje, nessa divulgação,
18:02o IBGE revisou 2021,
18:04revisou de novo o primeiro semestre desse ano.
18:07Então a gente tem um PIB maior.
18:09Na verdade, a gente já tinha,
18:10a gente desconhecia.
18:12Então o PIB maior
18:14significa que a minha dívida,
18:16ela é em reais,
18:16a gente já conhece ela.
18:18Então essa relação dívida-PIB,
18:19ela está menor do que a gente achava que ela era.
18:23Então vamos supor que a gente feche o ano
18:24de 74, 75%.
18:26Foi uma queda em relação aos 90
18:29que a gente viu no pico da pandemia.
18:32Então essa era a trajetória de queda
18:34que a gente gostaria de ver
18:35sendo continuada daqui para frente.
18:38Com o estresse que a gente teve,
18:39os furos no teto,
18:42essa expansão fiscal,
18:43esse ano teve uma certa expansão fiscal aí
18:44com a PEC dos benefícios,
18:47a gente volta a ter crescimento da dívida-PIB
18:50no próximo ano,
18:50para cerca de 80,
18:52num cenário base.
18:54E ela continua crescendo
18:55até 2026, 2027,
18:57porque a gente vai ter o pagamento
18:58também dos precatórios
18:59que estão parcelados.
19:01Então a gente tem uma trajetória ascendente
19:04de dívida novamente.
19:05E o que a gente gostaria de ver
19:06é uma trajetória descendente.
19:08Quando a gente tiver essa previsibilidade
19:11de que a dívida está convergindo,
19:13ou que ela irá convergir
19:15nos próximos anos,
19:16eu acho que esse é o momento
19:17que os juros caem para 3%,
19:20ou até um pouco abaixo.
19:22Aí depende do cenário externo.
19:24Eu hoje acho que,
19:25como o juro lá fora subiu também,
19:28a taxa de juros real nos Estados Unidos
19:31está ali mais próxima de 1,5%.
19:34Eu acho que a gente aqui
19:36precisa ter um diferencial de juros.
19:38Então a Selic de 3,
19:41de 6, 6,5%,
19:43seria um cenário factível.
19:47Mas precisamos controlar
19:49a trajetória da dívida.
19:50Sem isso,
19:51aí eu vou concordar
19:52com os gestores que você comentou.
19:54Eu acho que a gente vai engasgar ali
19:56no 10, 9%,
19:57sem ter essa âncora fiscal
19:59crível, bem definida,
20:02e que traga essa previsibilidade.
20:04Lembrando,
20:05a gente fala,
20:05o que é previsibilidade?
20:07Previsibilidade é exatamente isso
20:08que nós economistas fazemos.
20:10A gente faz projeções,
20:12a gente projeta,
20:13e hoje a gente tem essas projeções
20:14e não consegue ver esse cenário.
20:16Na medida que a gente conseguir
20:18fazer isso,
20:20eu acho que o mercado de juros
20:21tem um potencial
20:23para ter uma queda
20:24bem significativa.
20:25E aí, lembrando que
20:27juros mais baixos,
20:28bolsa para cima,
20:30mais investimento,
20:31mais dinheiro no bolso
20:32de todo mundo.
20:33Mais emprego.
20:34Mais emprego, exatamente.
20:36E, principalmente,
20:37uma das consequências
20:38muito positivas
20:40que a gente já viu,
20:41e eu acho que é importante até,
20:43a gente quer explorar
20:44essa análise aqui,
20:45foi o crescimento do investimento.
20:47Esse juro que caiu,
20:48a Selic caiu para 6,
20:50antes até da pandemia,
20:51na pandemia,
20:52a Selic foi até a 2,
20:53mas os juros reais
20:55que caíram de 7, 6,
20:57na época Dilma,
20:58para 3, 4,
21:00com o Temer
21:01e com o início do Bolsonaro
21:02antes da pandemia,
21:03só esse movimento
21:04já resultou
21:05num investimento no Brasil
21:07muito significativo.
21:09Se a gente pegar
21:09os últimos 4 anos
21:11de investimento,
21:12o que o investimento
21:13cresceu no Brasil
21:15em relação a períodos anteriores,
21:17investimento privado,
21:18que é um investimento
21:19de qualidade muito melhor
21:20do que o investimento público.
21:21a alocação de capital
21:23feita pelo mercado,
21:25ela é muito mais eficiente, né?
21:26Então, hoje,
21:27você tem um investimento
21:27privado no Brasil
21:28pelas concessões ali,
21:30saneamento,
21:30setor elétrico,
21:32aeroportos, portos, etc.
21:33Um pouco de indústria
21:34também expandindo,
21:36obviamente aí que a China
21:37também contribui,
21:39de certa forma, né?
21:41O ciclo de commodities
21:41positivo ajuda.
21:43Isso tudo financiado
21:44com o mercado de capitais
21:45local, privado.
21:48Isso foi muito significativo.
21:49Hoje, também, de novo,
21:50usando o PIB como exemplo,
21:51um dos destaques do PIB
21:54no trimestre
21:55foi o crescimento do investimento
21:56e não do consumo.
21:57Então, quando a gente tem
21:57a economia crescendo
21:58com investimento,
22:01você tem um PIB potencial maior,
22:03crescimento de emprego, né?
22:04A construção emprega muito,
22:06sem pressão inflacionária,
22:07que é diferente
22:08daquele crescimento
22:09que a gente viu, né?
22:10Depois da crise de 2008,
22:11que era um crescimento
22:12baseado no crédito,
22:14muito crédito,
22:15muito consumo.
22:17Ele traz inflação, né?
22:19Porque você começa a crescer
22:20acima do PIB potencial.
22:22E agora, com o investimento,
22:23a gente consegue ver
22:24um PIB potencial
22:25que poderia ser maior,
22:26né?
22:26Acima de 2, 2,5,
22:28talvez 3,
22:29se a gente tiver
22:31taxa de juros menores.
22:33É isso, Rafael.
22:34Eu podia ficar conversando
22:35com você aqui
22:35por mais umas 3 horas,
22:38mas, infelizmente,
22:39eu não posso.
22:39Então, eu queria agradecer
22:41demais pela sua presença,
22:43pelo seu tempo aí,
22:44e deixar as portas abertas
22:47aqui para uma nova visita.
22:50Muito obrigada
22:51pelo convite,
22:51foi um prazer
22:52e voltamos a falar.
22:54Assunto é o que não falta
22:55na nossa economia.
22:58Valeu, é isso, gente.
22:59Rafaela Vitória,
23:00economista-chefe
23:01do Banco Inter.
23:03Rafaela, obrigado.
23:04Até a próxima.
23:05Obrigada, bom dia.
23:05Até a próxima.
23:06Obrigada.
23:06Obrigada.
23:06Obrigada.
23:07Obrigada.
23:07Obrigada.
23:07Obrigada.
23:08Obrigada.
23:08Obrigada.
23:08Obrigada.
23:08Obrigada.
23:09Obrigada.
23:10Obrigada.
23:10Obrigada.
23:11Obrigada.
23:12Obrigada.
23:12Obrigada.
23:14Obrigada.
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