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  • há 6 meses
O filósofo diz que “o desconforto com o politicamente correto levou à interpretação de que se pode ser grosso e xingar todo mundo”.

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Transcrição
00:00Teu guia do Politicamente Incorreto na Filosofia
00:03está completando 10 anos, é isso?
00:062012, né?
00:07Acho que é.
00:08Acho que é.
00:09É 11 ou 12, não lembro.
00:11É, 2012.
00:12Está completando aí 10 anos, uma década.
00:15É um grande sucesso.
00:16E eu te pergunto,
00:18quando é que foi que o Politicamente Incorreto
00:21virou mal-educação?
00:23Porque a gente vê justamente essas figuras,
00:27especialmente da direita,
00:28o Bolsonaro sempre usou isso,
00:30os filhos e tal.
00:32Ah, eu sou Politicamente Incorreto,
00:33eu sou Politicamente Incorreto.
00:35Então, só que, de repente,
00:37esse Politicamente Incorreto vira ofensa,
00:39vira agressão, vira incitação ao crime.
00:42Tem uma diferença grande nisso aí, né?
00:46Tem.
00:47Inclusive, quando eu fiz uma reedição,
00:49acho que em 19,
00:51do livro, que por uma questão editorial,
00:54ele saiu na reedição com o nome de
00:56Filosofia Incorreta, né?
00:58E eu tive que ler o livro todo de novo,
01:01fazer alguns ajustes e tal,
01:03um dos comentários que eu faço é esse.
01:05Quer dizer, o debate lá em 2010, 2011, 2012,
01:10era um debate que ainda circulava
01:12pelo ambiente jornalístico e acadêmico.
01:15Eu lembro, o primeiro grande jornalista
01:17que eu vi no Brasil tocando nesse assunto
01:19foi o Paulo Francis,
01:21que tocava nesse assunto sistematicamente.
01:23Então, ali, era uma discussão
01:26que transitava pela elite intelectual, né?
01:30Transitava por pessoas que,
01:32assim, o assado,
01:33acabavam indo no mesmo restaurante, certo?
01:36Frequentavam os mesmos espaços.
01:39Não eram pessoas que...
01:40Não eram ainda pessoas
01:42que se sentiam claramente excluídas.
01:44O processo de exclusão institucional
01:46foi acontecendo, né?
01:48Ele foi se agravando.
01:49Então, ali, era uma discussão quase técnica, né?
01:53Por exemplo, a ideia de que você não poderia...
02:01Eu lembro que eu abria o livro
02:02comentando um filme do...
02:04O filme do General Patton, o americano, né?
02:08Uma cena que o Patton se irrita
02:10porque lá na enfermaria do exército dele,
02:14lá do batalhão dele,
02:17no meio de um monte de soldados
02:18que estavam quase mortos
02:19ou quase morreram
02:20e ele estava entregando medalhas,
02:22tinha um sujeito que teve uma crise de nervos.
02:25E ele fica na cena muito puto com isso, né?
02:28Como que um sujeito com crise de nervos,
02:30que no entendimento dele era um covarde, né?
02:33Podia ficar ali sem ter nada,
02:35como ele dizia,
02:36do lado de um cara que perdeu as duas pernas, certo?
02:40Que precisava ser reconhecido, né?
02:42Tem, inclusive, uma cena nesse filme
02:44que o General Patton falou uma coisa muito interessante,
02:46que é o seguinte.
02:47Meu Deus, eu odeio o século XX.
02:53Imagine se ele vivesse no XXI, né?
02:56Se ele visse o que acontece hoje.
02:58E aí eu comento esse trecho
02:59porque o filme vai tratando
03:01e chega no momento que o General Patton,
03:03que foi um grande militar,
03:05tem que pedir desculpa publicamente a esse soldado, né?
03:09E aí eu comento como ali,
03:11inclusive no filme, a mídia americana,
03:13falando mal dele, do General Patton e tal,
03:15como ali foi se configurando uma situação
03:18que depois evoluiu.
03:20Quer dizer, uma situação em que você
03:21não pode apontar certas questões como essa.
03:26Esse soldado estava com a crise de Nernos,
03:29ele é um covarde.
03:30Numa guerra você tem direito de ser covarde,
03:34enquanto outros estão sendo corajosos
03:36e morrendo no seu lugar.
03:37Essa discussão moral, ética,
03:40extremamente dramática,
03:42ela é coberta com uma manta
03:44em que você não pode reconhecer o problema.
03:47Quando eu lancei o livro,
03:48a discussão era essa, né?
03:50E aí tem vários elementos,
03:52vários autores que eu vou trabalhando
03:54ao longo do livro.
03:55Agora, o que aconteceu é que
03:57o desgosto com a censura
04:00politicamente correta
04:01entrou em canais da população
04:04que não estava, né?
04:06As pessoas foram tomando consciência disso
04:09no seu dia a dia,
04:11fosse na escola que os filhos vão,
04:13fosse nas novelas que assistem,
04:15fosse na própria imprensa,
04:18foram percebendo,
04:19e isso foi capilarizando na sociedade.
04:23E aí, paulatinamente,
04:24se fez a seguinte conexão.
04:27Então, a ser politicamente incorreto
04:30é poder ser grosso, certo?
04:33É poder você xingar todo mundo.
04:37É você parar de comer com garfo e faca.
04:40É você parar de dizer,
04:43olha, é uma questão semântica.
04:45Veja bem,
04:47o movimento politicamente correto
04:49se transformou num lobby.
04:51Na universidade,
04:52ele destruiu a inteligência acadêmica.
04:54A mídia resiste melhor
04:56porque ela é mais ampla,
04:58é mais solta e tal.
05:01Então, a coisa ainda fica um pouco
05:03ainda fica mais um pouco viva,
05:06apesar de que o politicamente correto
05:08tende a destruir a imprensa também
05:10e a mídia,
05:11apesar de que você tem nichos
05:12mais resistentes.
05:13Na academia não tem nenhum.
05:15Acabou.
05:16Não tem inteligência mais nenhuma.
05:19Se você não é politicamente correto,
05:22se você não abraça as pautas
05:23à esquerda cultural americana,
05:24você não tem espaço,
05:27não tem aula,
05:28não tem orientando,
05:30não tem financiamento,
05:32não tem parceiro.
05:33Acabou.
05:35Não é contratado, de repente,
05:37pelo menos nas melhores universidades.
05:39Certo?
05:40Não tem sociabilidade.
05:41E o politicamente correto
05:48é uma censura,
05:50um truque político.
05:51O que era antes
05:54uma questão
05:55de você saber
05:58que você não pode
05:58contar piada grosseira,
06:01homens e mulheres
06:02falam sobre homens e mulheres
06:03diferente
06:04quando estão em companhia
06:06do outro sexo.
06:07Sempre foi assim.
06:08Todos nós sempre soubemos disso.
06:10Tanto homens quanto mulheres.
06:12Isso vale também
06:13quando você está falando
06:14dos homossexuais.
06:15Ou seja lá que grupo
06:16minoria identitária for.
06:19Ou seja,
06:20o politicamente correto
06:21surgiu
06:23como uma tentativa
06:25de universalizar
06:26certos comportamentos
06:28de educação doméstica.
06:30É muito interessante
06:30que ele tenha acabado
06:32indo parar
06:32em problemas
06:33de educação doméstica também.
06:36Além do fato
06:36de que ele tem
06:37uma raiz filosófica
06:38nos Estados Unidos.
06:40A ideia é de que
06:40se você
06:41censurar
06:43certas palavras,
06:45você censura
06:46o pensamento
06:46e daí você
06:47transforma o pensamento.
06:49E isso já aconteceu.
06:51Você tem medo
06:52de falar certas palavras,
06:53você se auto-pune,
06:55se auto-vigia
06:57e pode perder o emprego
06:58e patrocínio.
07:01Porque hoje
07:01o politicamente correto
07:03é uma arma
07:03dos patrocinadores.
07:05É impressionante.
07:06hoje e você
07:07ainda tem
07:08esse uso
07:08da tecnologia,
07:10aquele
07:11Sleep Giants
07:12que surgiu
07:13nas redes sociais,
07:15pressionando
07:16as empresas
07:16a tirar patrocínio
07:18de quem
07:18fosse
07:20politicamente
07:20incorreto.
07:21Acaba que você
07:22através de
07:23com dinheiro
07:24e com poder político
07:25você
07:26alavanca,
07:27cria um efeito
07:28manada
07:28artificial,
07:30depois ele
07:30vira
07:31real
07:32e você
07:33coloca
07:37essas
07:37empresas,
07:39essas pessoas,
07:40esses intelectuais,
07:41quem pensa
07:42diferente,
07:43você coloca
07:43no corner
07:45ali,
07:46empareda
07:47e faz a pessoa
07:48mudar
07:50de posição,
07:51abrir mão
07:51das suas
07:52escolhas,
07:54das suas convicções.
07:55É bem complicado.
07:56Obrigado.
07:58Obrigado.
07:59Obrigado.
07:59Obrigado.
08:02Obrigado.
08:02Obrigado.
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