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Transcrição
00:00A gente vai aproveitar como gancho a recente visita do Lula a Portugal.
00:04O presidente Lula esteve em Portugal agora, no início desta semana,
00:09no dia em que se comemora em Portugal a Revolução dos Cravos,
00:13que ocorreu em 25 de abril de 1974.
00:17Essa visita foi marcada por protestos que, pelo menos aqui no Brasil,
00:20foram vendidos como sendo da extrema direita.
00:23Talvez principalmente porque um dos principais nomes era o André Ventura,
00:27que é deputado de um partido chamado Chega,
00:31que é bastante estridente, bastante presente nas redes sociais e etc.
00:36Você, João, acha que seria correto dizer que esses protestos contra o Lula
00:41se limitaram à extrema direita portuguesa?
00:45E, no segundo sentido, é possível comparar o Chega ao bolsonarismo aqui no Brasil,
00:52como se costuma fazer?
00:54Olha, sobre a primeira pergunta, a resposta é não.
01:00Ou seja, os protestos contra o facto de Lula e da Silva discursar no 25 de abril
01:08não se limitaram apenas à direita populista ou radical ou nacionalista do partido como o Chega.
01:19É preciso lembrar que, apesar do Chega ter sido o partido mais folclórico,
01:25a mostrar os cartazes e etc., há um outro partido que é o Partido Liberal,
01:31que é um partido, enfim, centro-direita,
01:35que não teve os seus deputados no Parlamento,
01:39só esteve lá o líder parlamentar.
01:41E também existiram outros atores políticos em Portugal que contestaram o facto de Lula e da Silva discursar na cerimónia do 25 de abril.
01:52E, portanto, uma coisa é uma visita de Estado do Presidente do Brasil a Portugal.
01:59Sobre isso, acho que não há ninguém no seu são juízo que recusa uma visita do chefe de Estado brasileiro.
02:08Acho que deve ser recebido com toda a dignidade.
02:11As relações entre Portugal e o Brasil são muito mais importantes do que saber se o Presidente é A, B ou C.
02:18Portanto, não é isso que está em causa.
02:19O que está em causa é discursar naquela que é uma das datas mais importantes da democracia portuguesa.
02:30E, nesse sentido, não foi apenas o Chega que protestou contra o discurso do Lula,
02:37embora tenha sido o Chega que protestou da forma mais grosseira até, mais tridente no Parlamento.
02:48Portanto, sobre a primeira pergunta, é bom que isso fique claro.
02:53Em segundo lugar, se o partido Chega é parecido com o partido de Jair Bolsonaro?
02:59Bom, eu nunca pensei em fazer essa espécie de comparação, mas eu diria que, sim, existe alguma semelhança
03:06entre o Chega e o partido de Jair Bolsonaro.
03:11Em primeiro lugar, num caso e noutro estamos a falar de dois partidos que são basicamente partidos de um homem só.
03:18Ou seja, no caso do Chega é o partido de André Ventura.
03:22Ou seja, não há mais ninguém do Chega que tenha uma, enfim, eu diria uma importância parecida com a do André Ventura.
03:33Portanto, é o partido de um homem só.
03:35É uma direita que é uma direita tradicional, que se apresenta como uma direita tradicionalista.
03:40Às vezes existem alguns traços racistas, no caso do Chega isso é muito claro, por exemplo, com a identificação de certas minorias,
03:50como os ciganos, que são responsabilizados por uma série de problemas da sociedade portuguesa.
03:56Portanto, eu diria que sim.
03:58Quer um partido, quer outro, integram-se nesta vaga, digamos assim, de uma direita mais populista, demagógica, nacionalista.
04:08E, portanto, é possível encontrar algumas semelhanças.
04:10Aliás, não é por acaso que no próximo mês, de maio, o Chega organiza em Lisboa uma espécie de grande encontro das direitas conservadoras,
04:26em que Jair Bolsonaro vai ser um dos convidados.
04:29Para além de Salvini, de Itália e outros nomes desta direita europeia.
04:35Legenda Adriana Zanotto
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