Deltan Dallagnol participou nesta terça-feira (9) do Papo Antagonista com Claudio Dantas e falou sobre sua condenação no TCU por pagamento de diárias na Lava Jato. -- Cadastre-se para receber nossa newsletter: https://bit.ly/2Gl9AdL
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00:00Eu falei com o Janot e ele fez alguns, ele pontuou algumas questões que eu achei que são bastante interessantes para a nossa conversa aqui.
00:10Primeiro que ele lembrou que esse modelo de força-tarefa, ele foi inaugurado em 2003, inclusive no início da gestão do Lula, já com o PGR indicado.
00:26Em 2003, na época, a gente tinha aquele escândalo das contas CC5, mas o TCU não se prestou a verificar se houve pagamentos irregulares, etc.
00:42Inclusive, eu acho até curioso que o Bruno Dantas ficou falando, poxa, sete anos, a força-tarefa durou sete anos, e em sete anos o que eles estavam fazendo?
00:50Se havia uma suspeita de pagamentos irregulares, essa auditoria e esse processamento, essa representação poderia ter sido feita, a representação poderia ter sido feita lá atrás.
01:04Dizem, ó, vocês estão aí com um modelo que está muito custoso.
01:07Aí o Janoubi disse uma coisa que eu acho que torna ainda mais frágil esse relatório do ministro Bruno Dantas, que é o seguinte, ele faz uma crítica contundente ao modelo, dizendo que é um modelo dispendioso, mas não apresenta nenhum modelo alternativo.
01:26Quer dizer, como é que você faz uma crítica dizendo que esse modelo gasta mais e você não compara esse modelo com outros modelos?
01:39Chega a ser um assinte à inteligência de qualquer pessoa, de qualquer contribuinte pagador de impostos.
01:47É surreal, Cláudio, é surreal, porque realmente, eles falaram, esse modelo é muito caro, mas, para você dizer que esse é caro, você tem que comprovar que um alternativo é mais barato.
01:57E eles não fizeram a conta do processo, isso foi inclusive uma das coisas que você mencionou, que o Aristides Junqueira levantou lá no começo.
02:03Eles não mostraram, não fizeram a conta para mostrar quanto que custaria o modelo alternativo.
02:08E, segundo as contas que algumas pessoas fizeram lá nos autos, o modelo alternativo seria mais caro.
02:13Só que ele não queria abrir para a instrução, não queria uma perícia, um laudo, trabalhar isso e levantar os números.
02:19Por quê? Poderia prejudicar a tese da condenação e porque ele queria atropelar e julgar rápido antes das eleições.
02:24Essa é a visão, eu não consigo ver outra alternativa.
02:26Essa é a hipótese que, para mim, explica essa realidade.
02:29Então, veja aqui, o que eles fizeram foi fazer um corte espacial, dizendo que as outras Lava Jatos não, só de Curitiba e o PGR.
02:36Agora, além desse corte espacial, eles fizeram um corte temporal.
02:39Quem instaurou foi o Janot, mas quem prorrogou foi a Raquel Dodd e foi o atual Procurador-Geral da República, o Gus Soares.
02:47E aí, o Bruno Dantas exclui os outros e concentra só o Janot. Por quê? Não sei.
02:53Não sei. Qual a hipótese que explica isso? De novo, a hipótese de que é o único que é candidato.
02:57Eu não consigo ver outra razão para excluir.
02:59Ah, não, mas foi quem montou.
03:01Não, mas tem responsabilidade tanto quem monta como quem prorroga.
03:04Aliás, ele não tem responsabilidade para as prorrogações, porque as prorrogações não são automáticas.
03:09Ninguém é obrigado a prorrogar.
03:10Então, ele teria responsabilidade lá atrás só para montar pelo período em que ele esteve lá.
03:14Mas não, o Bruno Dantas colocou na conta dele tudo e sentou de responsabilidade os outros,
03:18porque ele estava fazendo um corte na realidade.
03:21E é a mesma razão que me leva a acreditar que hoje ele afastou todo mundo que recebeu,
03:24porque ele quer concentrar só em quem?
03:26E não tinha como excluir lá o coitado do João Romão, que foi o procurador-chefe que encaminhou o ofício para Brasília.
03:33E como ele concentrou em quem, segundo ele, teria instaurado o modelo de investigação,
03:38ele não tinha como excluir o João, que estava lá no começo.
03:41Agora, ele falou que eu fui responsável pelo modelo?
03:44E qual é a prova que ele tem?
03:45Ele falou, notoriamente foi, peraí, eu juntei documentos mostrando que quem pediu
03:50foi o procurador natural da época, que não era eu, que eu fui entrar como designado.
03:54Aí ele fala, não, mas o Deltan, no livro dele, ele fala que ele indicou,
03:59eu sugeri nomes, sugeri nomes sim, mas eu sugeri nome é opinativo, não é decisório.
04:05Eu sugeri alguns nomes, coloquei à disposição e quem decidiu foi Brasília, foi a Procuradoria Geral.
04:10E mais, ainda que eu tivesse escolhido os nomes, isso não implica qual que é o regime de trabalho.
04:14Se o regime vai ser de área, de deslocamento, de remoção,
04:17isso que decide é a administração junto com o apropriador que é indicado, que vai ser designado.
04:22Então, mais uma vez, não tinha nenhuma relação comigo e ele me catapulta para dentro do processo,
04:28não para fora, para dentro do processo, ele me varre para dentro do processo.
04:31Com qual objetivo? Qual a hipótese que explica isso?
04:34Eu não vejo outra hipótese que não seja uma hipótese de buscar derrubar a minha candidatura,
04:39macular a minha candidatura, macular a Lava Jato antes das eleições.
04:42E a gente está falando de um ministro que estava no jantar de lançamento da candidatura do Lula.
04:46E um ministro que é apadrinhado político de Renan Carieiros.
04:50E que foi delatado a Lava Jato junto com os outros ministros.
04:53Como que a gente vai entender essa decisão?
04:55Como explicar essa decisão?
04:56Que não bate com a área técnica, que tem todos esses recortes esdrúxulos,
05:01e que além de tudo, é de ministros que têm todas essas relações aí com o ambiente político
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