Por que Moro deixou o Podemos

O Antagonista

No Papo Antagonista dessa quinta-feira, Claudio Dantas e Carlos Graieb falaram sobre os motivos que fizeram Sergio Moro migrar do Podemos para a União Brasil. O partido presidido por Renata Abreu fracassou em sua ambição de construir um projeto nacional por diversos motivos, incluindo a falta de estrutura nos estados, a inexperiência em campanha presidencial e a visão limitada de alguns de seus principais caciques. -- Cadastre-se para receber nossa newsletter: https://bit.ly/2Gl9AdL​  Confira mais notícias em nosso site: https://www.oantagonista.com​  Acompanhe nossas redes sociais: https://www.fb.com/oantagonista​ https://www.twitter.com/o_antagonista​ https://www.instagram.com/o_antagonista

Transcript

00:00O Podemos fracassou realmente nessa sua ambição de construir um projeto nacional por vários motivos.

00:07Não sei se você concorda comigo, Graeme, mas, dentre eles, falta de estrutura nos estados,

00:12nenhuma experiência em campanha presidencial e visão limitada de alguns de seus principais caciques.

00:19Pode-se dizer que a sigla ainda sofre com vícios da sua origem nos nanicos PTN e PHS.

00:25A gente não pode esquecer.

00:26A gente vem aqui no site alertando sobre isso até antes da filiação do Sérgio Moro.

00:35Eu comprei briga aqui com muitos leitores, inclusive, que achavam que eu estava sabotando, etc.

00:42Mas nossa função aqui é colocar a lupa nos movimentos políticos e trazer esses elementos

00:50e tentar traduzir isso e mostrar o que está acontecendo.

00:53E desde a hora zero, primeiro, foi muito claro que a opção do Sérgio Moro pelo Podemos

01:00era uma opção equivocada ou, no mínimo, questionável.

01:03Apesar dele destacar a relação com Álvaro Dias, o histórico de votações do partido

01:12em pautas de moralização da administração pública aqui no Legislativo em Brasília,

01:21o compromisso da Renata Abreu.

01:24No fim das contas, a gente não pode esquecer que o tio da Renata é o dono do hotel

01:29que empregou o Disseu na condenação do Mensalão, para ele poder aliviar a pena dele.

01:36E aí virou aquela confusão, descobriram que o hotel estava no nome de um laranja

01:41lá no paraíso fiscal, nas Bahamas.

01:45Então, assim, alguma coisa de cara já estava esquisita aí.

01:49E ficou muito evidente justamente como o partido foi engrenando essa pré-campanha,

01:58na absoluta falta de previsão, de estrutura.

02:06Eles foram dizendo que estavam surpreendidos porque a campanha estava muito antecipada.

02:10De fato, isso está acontecendo.

02:12A campanha foi muito antecipada, a pré-campanha foi muito antecipada.

02:16Pegou muita gente de surpresa, mas não dá para esperar que um político profissional,

02:21pensando em trazer um cara como o Sérgio Moro para a presidência da República,

02:24sabendo de tudo que ia ter de enfrentar, se permita ser surpreendido.

02:32Se permita ser surpreendido.

02:33E eu acho que a surpresa maior vem de gente, mesmo como o Álvaro Dias,

02:39lá no Paraná, disputas do palanque regional.

02:45Por quê?

02:46Eu até questionei aqui, não sei se você lembra uma vez,

02:49eu trouxe logo naquele momento de filiação e trouxe o Álvaro Dias aqui,

02:55e eu fiz um questionamento para ele, justamente de como ele

03:00estava abrindo os braços uma campanha presidencial para o Sérgio Moro,

03:06ao mesmo tempo que estava aliado com o Ratinho Júnior,

03:11lá ao governo do Paraná.

03:14Que ele tinha o compromisso do Ratinho Júnior, na ocasião,

03:17de apoiar a própria candidatura, a reeleição do Álvaro Dias ao Senado.

03:22Então, foi assim, poxa, como é que você está apoiando um cara,

03:24que o Ratinho, que está colado com o Bolsonaro,

03:28você vai apoiar o Sérgio Moro?

03:30Que tipo de palanque vai ser esse?

03:32Aí ele falou assim, não, a gente abre o palanque para os dois.

03:35Obviamente, uma conversa torta, que se revelou insustentável,

03:41e agora o próprio Ratinho chutou o Álvaro Dias do seu palanque.

03:45E aí o Álvaro Dias já está agora avaliando se concorre ao governo contra o Ratinho.

03:51Essa é a política, né, Carlos?

03:53Pois é.

03:53Eu acho que a entrada do Moro na União Brasil é uma boa notícia.

04:05Evita que ele saia do jogo.

04:09É muito importante ter o Sérgio Moro nesse jogo.

04:11Porque se não, o discurso do PT, a ideia de que a Lava Jato foi um completo fracasso,

04:23foi um projeto de poder e não uma operação verdadeira que trouxe à tona um monte de maracutaia,

04:33isso aí prevalece sozinho.

04:36Não, esse cara precisa estar no jogo para dizer.

04:40Não foi assim que aconteceu.

04:41A história é diferente.

04:44O senhor Lula, que está dizendo que é o maior injustiçado da face da Terra,

04:49o doutor Lewandowski, que está tentando anular agora a leniência da Odebrecht,

04:55esses caras não estão jogando do jeito...

04:58não acreditem em tudo que eles estão dizendo, porque não foi assim.

05:02É muito importante ter o Moro.

05:05Se for só para tê-lo, já é um ganho.

05:08Mas nunca se sabe, né, Cláudia?

05:11É isso que você estava dizendo.

05:12O Álvaro Dias estava de mão dada com o Burratinho Júnior e agora pode concorrer com ele.

05:19Quem sabe, nesses três próximos meses, não acontece alguma coisa que faça a candidatura do Moro deslanchar.

05:28Eu digo assim, eu não enxergo o que poderia causar esse efeito nesse momento.

05:36Mas está no mundo, não é uma impossibilidade absoluta.

05:46Vai que ele volta para o jogo, ou ele pode ser o vice, algum papel ele vai desempenhar.

05:53Então foi bom, foi bom ele mudar de partido, porque ia ser um final muito melancólico ali no Podemos.

05:58O Álvaro Dias está no mundo, não é uma impossibilidade absoluta.

06:19O Álvaro Dias está no mundo, não é uma impossibilidade absoluta.

06:20O Álvaro Dias está no mundo, não é uma impossibilidade absoluta.

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