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00:00A economia brasileira registrou uma queda de 0,1% do PIB no terceiro trimestre e, com isso, está em recessão técnica.
00:09Para piorar a situação, a produção industrial registrou mais uma queda de 0,6%, a quinta consecutiva.
00:17O Banco Central deve aumentar a taxa básica de juros em 1,5 ponto percentual e o IBGE, na quinta-feira, deve divulgar os dados da inflação.
00:24Sobre esse e outros assuntos, vamos conversar com Caio Megali, economista-chefe da XP Investimentos.
00:31Tudo bem, Caio? Obrigado pela sua atenção em conversar com a gente.
00:35Tudo bem, Antônio? Prazer estar aqui com vocês. Vamos lá.
00:39Caio, vamos direto ao ponto. Economia brasileira está em recessão técnica.
00:45A gente teve mais um indicador mostrando a produção industrial caindo.
00:50O que isso significa? A economia brasileira está em desaceleração?
00:54É isso. Acho que a economia brasileira está em desaceleração.
00:58Uma desaceleração que chegou até antes do esperado.
01:01O primeiro semestre do ano, principalmente o início do ano, foi bastante positivo.
01:07Ainda com o efeito das transferências de recursos durante o período da pandemia.
01:16Isso gerou muita demanda.
01:17A economia respondeu.
01:19Então, a gente teve o segundo semestre do ano passado e um primeiro trimestre desse ano fortes.
01:23E a partir do segundo trimestre, o que começou a ficar claro é que, por um lado, as restrições de oferta foram aparecendo.
01:33O que é isso?
01:34A demanda muito forte e as empresas não conseguindo entregar todos os produtos,
01:40porque faltava componentes, faltava problemas de logísticos.
01:44Isso, na verdade, aconteceu no mundo inteiro e aqui no Brasil se mostrou bastante acentuado.
01:49E também um problema na agropecuária, especialmente na pecuária.
01:55É uma produção menor também do que se esperava.
01:58E mais recentemente, sinais de que a demanda agora está começando a perder força
02:03por conta da alta da inflação que corrói a renda e por conta também da alta das taxas de juros
02:11que o Banco Central vem promovendo desde o início do ano para equilibrar a inflação,
02:16algo que deve acontecer mais lá na frente.
02:18Então, nós saímos de uma recuperação muito forte ali no segundo semestre do ano passado,
02:24começo desse ano da pandemia,
02:27para um período agora de desaceleração também relativamente brusca
02:32e que sugere que o ano que vem o crescimento também deve ser bastante fraco.
02:38Caio, o resultado do PIB do terceiro trimestre e essa divulgação da produção industrial de outubro
02:45provocaram uma onda de revisões no mercado, de apostas e de estimativas
02:50para o produto interno bruto do ano que vem, para o crescimento econômico de 2022.
02:55O que você está esperando?
02:57Você também revisou suas estimativas para a economia brasileira em 2022?
03:00Revisamos, revisamos de 5% para esse ano, para 4,5%, ou seja, já no final desse ano,
03:09um crescimento um pouco menor do que a gente esperava,
03:11muito por conta daquelas restrições de oferta que eu mencionei,
03:16a indústria é um sinal claro disso, faltam componentes, faltam chips,
03:21e aí a produção está se ajustando, estoques baixos, etc.
03:27Mas também por conta da perda de força da demanda.
03:32E para o ano que vem, essa desaceleração aqui do final do ano acaba se prolongando.
03:39Nós temos zero de crescimento do PIB para o ano que vem,
03:42tínhamos um crescimento perto de 1%, revisamos para zero,
03:46em parte porque a economia perdeu o momento agora no final do ano,
03:49então entra no ano que vem com menos força,
03:53e em parte por conta da alta importante de taxa de juros que está acontecendo agora,
04:00que deve afetar a economia seis, sete meses à frente,
04:03ou seja, mais claramente ali no segundo semestre do ano que vem.
04:08Caio, a gente pode falar então que a economia brasileira está em estagflação,
04:12já que a gente vem com a inflação alta em 2021,
04:15a inflação deve permanecer ainda elevada em 2022,
04:18e você diz que vocês estão prevendo zero de crescimento,
04:23então significa que a economia vai estar estagnada e com inflação.
04:26Estagflação está correto?
04:29No curto prazo, sim, porque parte da inflação que nós estamos vivendo
04:34é uma inflação de componentes, de oferta, uma inflação de custos.
04:38Essa inflação de custos, ela joga os preços para cima e a atividade para baixo,
04:44então ela gera uma situação de estagflação, como você comentou.
04:49Mas tem uma parte da inflação que é por demanda forte,
04:52a demanda no primeiro semestre de vendas no varejo,
04:57e agora mais recentemente em serviços com a reabertura da economia,
05:00está permitindo que muitos segmentos repassem preço ao consumidor.
05:05Esta desaceleração da economia vai combater esta parte da inflação
05:11que está mais elevada.
05:13Então eu diria que tem componentes de estagflação,
05:16que é aquela inflação que fica alta por conta de custos,
05:19e aí joga a atividade para baixo,
05:21e tem componentes de um mecanismo normal da política monetária,
05:27que é o seguinte, eu subo a taxa de juros,
05:29dou uma esfriada na economia,
05:30e mais adiante a inflação acaba cedendo.
05:35Então, Caio, significa dizer que 2022 vai ser um ano difícil.
05:40O que você está esperando de geração de emprego?
05:42O governo, por exemplo, está otimista,
05:44ainda acredita que a economia brasileira vai crescer 2,1% no ano que vem,
05:49e vai gerar bastante, vai gerar um número robusto de empregos no próximo ano.
05:54Você concorda com essa avaliação?
05:57Como é que você está vendo isso?
05:58O ano que vem vai ser um ano difícil,
06:01porque é um ano, primeiro que a economia global precisa se reequilibrar.
06:07Não é só o Brasil que está vivendo um período de inflação alta,
06:11o mundo sente esse choque de custos,
06:13essa pressão de preços gerada pela reabertura,
06:17o mundo vai ter que pisar no freio.
06:19Alguns bancos centrais já estão subindo os juros,
06:22muito provavelmente os Estados Unidos sobem os juros o ano que vem também,
06:24isso dá uma freada na economia mundial,
06:28e traz incertezas aqui para o Brasil, acho que é um primeiro componente.
06:31O segundo componente é que, como a inflação aqui está muito alta,
06:36nós precisamos fazer o nosso trabalho de reequilibrar a economia.
06:40Inflação alta é um sintoma de que tem algo errado no equilíbrio macroeconômico.
06:46Inflação é mais ou menos que nem a temperatura do nosso corpo,
06:49quando começa a subir, a gente não sabe exatamente que tipo de doença a gente tem,
06:54mas alguma coisa está errada que está fazendo com que a nossa temperatura suba.
06:58É exatamente o que está acontecendo aqui no Brasil.
07:00A gente tem diversos problemas, tem problemas de oferta, de custos,
07:05tem problemas de excesso de demanda gerado por transferências muito agressivas lá atrás,
07:09e por uma política monetária, juros que foram muito baixos,
07:13e temos problemas fiscais também.
07:15O arcabouço fiscal foi mudado agora com essa PEC dos precatórios,
07:21que aumenta o teto de gastos, que permite mais despesas para frente,
07:25no momento em que o Brasil ainda está endividado.
07:27Então, essa combinação de coisas faz com que a inflação fique alta e demande,
07:33e é isso que o Banco Central está contratando ao subir a taxa de juros,
07:37um freio de arrumação, uma puxada mesmo no freio para que as coisas voltem ao equilíbrio aqui
07:44e as pressões de preço se acomodem.
07:46Num momento como esse, é natural que esse processo de recuperação da economia e do emprego
07:54desacelere também.
07:56Nós projetamos a taxa de desemprego no ano que vem entre 12% e 12,5%,
08:03que é uma taxa mais baixa do que os 14% que nós vimos lá em 2020,
08:08no ponto mais difícil da pandemia,
08:10mas é um patamar mais alto do que os 19% que nós tínhamos antes da pandemia.
08:18Caio, eu queria trazer dois pontos para essa nossa conversa.
08:22Você mencionou o Banco Central.
08:24O Banco Central vai precisar aumentar os juros,
08:27mas com esse processo de estagflação ou de recessão que alguns colegas têm apontado,
08:35a dose, o remédio, esse remédio amargo que é alta de juros,
08:39ele precisará ser tão alto, vai ter espaço para queda de juros?
08:43E, diante desse cenário, como é que a incerteza política vai afetar a economia no próximo ano?
08:49São dois temas que caminham lado a lado.
08:53Crescimento econômico, alta de juros e 2022, um ano eleitoral de incertezas.
08:59Os ativos brasileiros sempre são afetados.
09:02Como é que você vê essa combinação?
09:04Não sei se a gente pode chamar de combinação perversa para 2022.
09:07É isso, 2022 é um ano de nuvens carregadas,
09:12aquele ajuste externo que eu falei e todos esses desequilíbrios internos aqui
09:16que precisam ser endereçados, além de ser um ano eleitoral,
09:20um ano eleitoral, um ano de incertezas e um ano de mais cautela,
09:25principalmente por conta das empresas, em qualquer lugar do mundo, no Brasil em particular.
09:31A gente sempre tem um ano de eleições presidenciais,
09:33mas as empresas dão uma pisada no freio para entender exatamente como é que vai ser a economia
09:38para além da eleição.
09:43O Banco Central está tendo que subir a taxa de juros e, na minha visão,
09:48está tendo que subir a taxa de juros mais do que ele precisaria em condições normais,
09:52justamente por conta dessas incertezas políticas
09:56e, principalmente, por conta da pressão da política fiscal.
10:01No momento em que a política fiscal muda o seu equilíbrio,
10:06mudamos o teto de gastos, permitimos mais despesas para frente,
10:10gera uma incerteza sobre a dinâmica do endividamento público para frente,
10:15isso gera mais pressão sobre o Banco Central.
10:17Então, para atingir a mesma queda de inflação,
10:21ele agora tem que tomar uma dose mais forte de remédio,
10:23porque ele tem que compensar esse efeito da incerteza fiscal
10:27sobre as expectativas de inflação,
10:30sobre o equilíbrio da economia.
10:33Então, a política fiscal mais desordenada
10:36põe mais peso sobre o trabalho do Banco Central.
10:40Ele vai ter que subir os juros mais do que seria o necessário
10:44e, portanto, a economia vai acabar desacelerando mais do que seria necessário
10:48se não tivesse essa desorganização fiscal
10:51para trazer a inflação para baixo.
10:53Caio, vocês na XP acompanham bem de perto todos os dados econômicos
10:58e o cenário eleitoral.
11:00Algumas pesquisas que a XP encomendou
11:02têm mostrado a evolução de algumas candidaturas.
11:06O mercado já escolheu seu candidato?
11:08Está muito cedo para isso?
11:10Como é que você está vendo esse debate eleitoral
11:12que já foi antecipado para 2021
11:14com as candidaturas que já estão postas?
11:17Do ex-presidente Lula, da reeleição do atual presidente Jair Bolsonaro
11:22e uma eventual terceira via que se posiciona com João Dória
11:27e o Moro, que são pré-candidatos.
11:31O que vocês estão vendo diante desse cenário que está se colocando para 2022?
11:37Olha, o que é importante da perspectiva aqui
11:41da valoração dos ativos brasileiros
11:45é a perspectiva de crescimento da economia
11:47no médio e longo prazo.
11:50E para isso tem dois fatores que são absolutamente cruciais.
11:54O primeiro é o equilíbrio das contas públicas.
11:56Quer dizer, você não vai conseguir
11:58mesmo fazendo reforma
12:00mesmo fazendo um banco central independente
12:03concessões, etc.
12:04Se as contas públicas não estiverem equilibradas
12:06se a sensação for que o governo brasileiro
12:09vai se endividar em bola de neve
12:12como costuma dizer o ministro Paulo Guedes
12:13isso vai gerar, sem dúvida nenhuma
12:15pressão sobre o mercado de juros
12:18vai gerar uma pressão sobre as empresas
12:21as empresas vão ver esse endividamento do governo
12:23elas vão pensar imediatamente
12:25em algum momento esse governo vai subir impostos
12:28ou vai gerar mais inflação
12:29para reequilibrar a economia
12:32ou seja, tem uma pressão grande
12:34ali sobre o equilíbrio econômico
12:38gerado dessa perspectiva fiscal
12:41mais descontrolada.
12:43Então o primeiro eixo fundamental aqui
12:46para gerar esse crescimento sustentável
12:49de médio e longo prazo
12:50é o equilíbrio das contas públicas.
12:51O Brasil hoje é um país muito endividado
12:53que roda no vermelho
12:54tem uma taxa de juros alta
12:56incidindo sobre essa dívida
12:57então tem que cuidar muito de perto desse tema.
13:00Se nós fôssemos um país com baixa dívida
13:02com superávit, etc.
13:04Esse não seria um tema tão urgente
13:06mas como nós estamos ali
13:07como eu costumo escrever nos nossos relatórios
13:10imitando os americanos
13:12patinando em gelo fino
13:13é muito delicada a gestão da política fiscal.
13:17E do outro lado
13:18as reformas
13:19nós precisamos de reforma tributária
13:21precisamos de reforma trabalhista
13:22precisamos de reforma administrativa
13:25fundamentalmente
13:26para deixar o Estado mais efetivo
13:29mais eficiente
13:30e abrir espaço
13:31no gasto público
13:33para investimento
13:34para gastos sociais
13:35sem gerar o desequilíbrio fiscal
13:37o outro pilar.
13:39Então esses são os dois fatores fundamentais
13:41para gerar o equilíbrio
13:42e o crescimento sustentado
13:44que vai valorizar os ativos brasileiros.
13:48Aquele candidato
13:50aquele governo
13:51que tiver esse norte
13:53na nossa avaliação
13:56é o governo que vai
13:57vai ter
13:59o melhor desempenho
14:03dos ativos brasileiros
14:04ao longo de seu mandato.
14:06Então eu me fixaria
14:08menos no candidato
14:09menos no indivíduo
14:13e mais na proposta
14:15na linha de gestão.
14:17Ok.
14:19E o que você achou
14:20da PEC dos Precatórios, Caio?
14:23Ela muda
14:24o arcabouço fiscal
14:25como você
14:26bem mencionou
14:28e traz novas regras.
14:30Mas o meu ponto é
14:31o Brasil é um país pobre
14:33que precisa de um programa
14:34de transferência de renda
14:36ainda robusto
14:37para dar suporte
14:38às famílias brasileiras
14:40que foram afetadas
14:41pela pandemia
14:42perderam emprego
14:43suas fontes de renda.
14:45como a PEC dos Precatórios
14:48afeta a credibilidade
14:49do governo
14:50e como equilibrar
14:51a necessidade
14:52de um ajuste fiscal
14:53com essa demanda enorme
14:55de proteção social
14:56que o nosso país existe
14:58diante de tantas desigualdades.
15:01Perfeito.
15:02E essa é uma
15:03confusão comum.
15:05Normalmente
15:06as pessoas olham
15:07para o economista
15:08ou olham
15:09para os gestores
15:11ali da fazenda
15:11e eu fui secretário
15:12de fazenda
15:13no passado recente
15:15passei pelo
15:16Ministério da Economia
15:17também
15:18olha para a gente
15:19e pensa assim
15:19economistas não gostam
15:21de gastar
15:22não é verdade
15:23os economistas gostam
15:24de gastar bem
15:25de fazer uma boa
15:27alocação de recursos
15:28sujeito ao fato
15:29de ter equilíbrio
15:30econômico
15:31ao longo do tempo
15:32não adianta
15:33sair gastando
15:33e se endividando
15:34e lá na frente
15:35o carro capotar
15:37isso serve
15:38para o governo
15:39como serve
15:40para a nossa vida
15:41serve para as nossas empresas
15:42então é fundamental
15:44que haja
15:45o bom gasto
15:47o gasto eficiente
15:48e que ele seja sustentável
15:50ou seja
15:50que ele possa ser repetido
15:52por vários momentos
15:52à frente
15:53e não gastar um pouco
15:54num ano
15:55e depois o carro
15:56capotar lá na frente
15:56porque você se endividou demais
15:58qual é o bom gasto?
16:00O Brasil tem
16:00necessidades
16:02muito urgentes
16:04do lado social
16:05do desequilíbrio
16:06da desigualdade
16:08de renda
16:08já era verdade
16:09antes da pandemia
16:10continua sendo verdade
16:12depois
16:13e tem necessidade
16:14de infraestrutura
16:15infraestrutura básica
16:17então o investimento
16:18é muito importante
16:19então o bom gasto
16:22é o gasto
16:22com investimento
16:23e gasto
16:24com programas sociais
16:26efetivos
16:27como se mostrou ser
16:29o programa
16:30Bolsa Família
16:31nesse sentido
16:32nós deveríamos
16:33fazer uma gestão
16:35do orçamento brasileiro
16:36buscando espaço
16:37para gastos
16:39desse tipo
16:39o teto de gastos
16:41no Brasil
16:41ele foi implementado
16:42porque a nossa dívida
16:43era muito alta
16:44e nós gastávamos
16:45aceleradamente
16:46crescentemente
16:47a ideia do teto de gastos
16:50é falar o seguinte
16:51olha
16:51vamos crescer
16:53o gasto
16:53só a inflação
16:55e dentro desse espaço
16:57grande
16:58o teto
16:58é mais de um trilhão
16:59e meio
17:01de reais
17:02ou seja
17:02esse ano que vem
17:03vai ser um trilhão
17:04e seiscentos bilhões
17:05de reais
17:05ou seja
17:06é muito dinheiro
17:07que nós temos aqui
17:08para as nossas prioridades
17:09dentro desse bolão
17:12de dinheiro
17:13a parcela de investimento
17:15e a parcela de gastos sociais
17:16é pequena
17:17e diminuiu
17:18recentemente
17:19ou seja
17:20o que nós temos que fazer
17:21é buscar
17:22dentro deste
17:23universo
17:24espaço
17:26para aumentar
17:26os gastos importantes
17:28e como é que a gente faz isso
17:28com reformas
17:29reforma da previdência
17:30reforma administrativa
17:32focando nesses gastos principais
17:36questionar
17:38gastos tributários
17:40benefícios fiscais
17:41será que faz
17:42tanto efeito
17:43assim
17:43tanta diferença
17:44transferência de renda
17:46para alguns setores
17:47da economia
17:47será que não era melhor
17:48focar naqueles dois itens
17:50básicos
17:51que eu mencionei
17:52inicialmente
17:52nas emendas parlamentares
17:54emendas parlamentares
17:55eram da ordem de 10
17:5615 bilhões de reais
17:58hoje estão perto
17:59de 40
17:5945 bilhões de reais
18:01será que
18:01isso de fato
18:03é um gasto prioritário
18:04do governo
18:04para o Brasil
18:06nós devemos questionar isso
18:07dentro desse limite
18:09que a sustentabilidade
18:11fiscal nos permite
18:12mas o que a PEC
18:13dos precatórios
18:14faz não é isso
18:14a PEC dos precatórios
18:16o que faz é o seguinte
18:16em vez da gente discutir
18:17os gastos aqui dentro
18:18a gente vai empurrar
18:20o teto para cima
18:21para caber
18:22mais gastos
18:24e esses gastos
18:24vão ser financiados
18:26com dívida
18:26uma dívida
18:27que já é alta
18:28então
18:28a consequência
18:29da decisão
18:30da mudança
18:32do arcabouço fiscal
18:33na direção
18:34da PEC
18:34dos precatórios
18:35foi o que a gente viu
18:36nos mercados
18:36câmbio depreciou
18:38inflação ficou mais alta
18:39taxa de juros
18:40mais alta
18:41as nossas projeções
18:42aqui na XP
18:43foram revisadas
18:45depois da decisão
18:47de mudar
18:48o arcabouço fiscal
18:48nós mudamos
18:49a nossa selic
18:50de 9,9,5
18:52para 11,11,5
18:53mudamos a taxa
18:53de câmbio
18:54de 5,7
18:56mudamos a inflação
18:57de 3,80
18:58para 5,2
18:59ou seja
18:59esta decisão
19:04levou
19:04deve levar
19:05segundo as nossas contas
19:07o Brasil
19:07a um equilíbrio macroeconômico
19:09pior
19:10no ano que vem
19:11Caio
19:13você bem mencionou
19:14a necessidade
19:15de reformas
19:16e de mudanças
19:17de tomadas
19:17de decisões
19:18que são políticas
19:20como a revisão
19:21de subsídios
19:22de benefícios tributários
19:24só que tudo isso
19:25passa pelo Congresso Nacional
19:26e como você também
19:28bem mencionou
19:29as despesas
19:30com emendas parlamentares
19:31saltaram de 15 bilhões
19:32para um valor próximo
19:34de 40 bilhões
19:35por meio de um orçamento
19:36secreto
19:37e que o Supremo
19:38está tendo que agir agora
19:39para dar mais transparência
19:40porque ninguém sabe
19:41para onde vai esse dinheiro
19:42você acha que
19:44a sociedade brasileira
19:45já se deu conta
19:46que a gente
19:47não precisa mais
19:48de um Messias
19:49de um salvador da pátria
19:50e um presidente
19:51mas sim de um Congresso
19:52que esteja interessado
19:53em aprovar essas reformas
19:55em essas medidas
19:55quer dizer
19:56o nosso Congresso
19:57parece que não dá sinais
19:58de que está interessado
19:59em fazer esses ajustes
20:00então o ideal
20:02é melhorar
20:03a composição do Congresso
20:04para que isso
20:05de fato ocorra
20:07para que esse debate
20:08de alto nível ocorra
20:09sobre quais serão
20:11as prioridades
20:12para que a economia
20:14volte a crescer
20:14a gerar emprego
20:15esse debate
20:17é o debate
20:18que tem que ser amadurecido
20:19na sociedade
20:20e eu acho que
20:22a reforma da Previdência
20:25por exemplo
20:25foi um exemplo
20:26claro disso
20:27foi uma reforma
20:28que foi debatida
20:29no governo Dilma
20:30depois foi aprimorada
20:32aperfeiçoada
20:33no governo Temer
20:33e finalmente aprovada
20:35no governo Bolsonaro
20:36o Congresso
20:37foi discutindo
20:39e debatendo
20:40esse tema
20:40até amadurecer
20:41lá na frente
20:42e decidir
20:43entender
20:44a importância
20:45de ser aprovada
20:46eu tenho convicção
20:49assim de que
20:50reformas importantes
20:53e profundas
20:54como essa
20:54elas não são
20:56não são fruto
20:58de
20:59da ação
21:00de uma
21:01uma
21:03uma
21:04um agente apenas
21:07ou um poder apenas
21:09é fruto
21:10da liderança
21:11do executivo
21:12da
21:13do debate
21:15no Congresso
21:16da convicção
21:17do Congresso
21:17e mais importante
21:18do amadurecimento
21:19da sociedade
21:20como um todo
21:21essas reformas
21:22elas precisam
21:24avançar
21:25e algumas
21:26delas foram
21:27acontecer
21:28eu citei a reforma
21:29da Previdência
21:29mas nós tivemos
21:30outras
21:30importantes
21:32a reforma
21:32trabalhista
21:33lá atrás
21:33depois o
21:34aperfeiçoamento
21:35do
21:35arcabouço
21:36fiscal
21:38desculpa
21:39do arcabouço
21:39legal
21:40do saneamento
21:42a nova
21:42lei do gás
21:43a independência
21:44do Banco Central
21:45que é algo que foi
21:45debatido por muito
21:47tempo
21:47e foi
21:48e foi aprovado
21:49mais recentemente
21:50ou seja
21:50é uma
21:51é uma questão
21:52de
21:52de debate
21:53e de convicção
21:55
21:55e é importante
21:56que essa convicção
21:57aconteça
21:58para que as reformas
21:59sejam aprovadas
22:00essas duas reformas
22:02que você mencionou
22:03Caio
22:03tanto a da Previdência
22:04quanto a autonomia
22:05do Banco Central
22:06elas foram
22:07elas se arrastaram
22:07durante 30 anos
22:08no Congresso Nacional
22:10o Fernando Henrique
22:10tentou uma reforma
22:11da Previdência
22:12não conseguiu
22:12Lula no auge
22:13da sua popularidade
22:14não conseguiu
22:15Dilma não conseguiu
22:16Temer também
22:17Bolsonaro conseguiu
22:18agora
22:18e a autonomia
22:20do Banco Central
22:20Itamar Franco
22:21começou esse debate
22:23e agora
22:24só no governo
22:24Bolsonaro
22:25ela foi aprovada
22:26minha pergunta
22:27é a seguinte
22:27a gente ainda
22:28a gente tem mais
22:2830 anos
22:29para que uma reforma
22:30tributária
22:30e uma reforma
22:31administrativa
22:32administrativa
22:33sejam aprovadas
22:34ou o senso
22:35de urgência
22:36da sociedade
22:36do Congresso
22:37precisa
22:38despertar
22:40definitivamente
22:41não
22:42não temos
22:4230 anos
22:43precisamos aprovar
22:44essas reformas
22:45e reformas
22:46profundas
22:46não só
22:47reformas
22:48superficiais
22:49reformas
22:50profundas
22:50nessas duas
22:51direções
22:51rapidamente
22:52como foi a da Previdência
22:53a Previdência
22:54foi uma boa reforma
22:54foi uma reforma
22:55profunda
22:57a parte boa
22:58é que nós
22:59principalmente a tributária
23:01talvez a gente já tenha
23:02debatido
23:02quase esse período
23:04todo
23:04debate sobre reforma
23:06tributária
23:06já veio há bastante tempo
23:07no Brasil
23:08a reforma
23:08que eu julgo mais importante
23:09é a reforma do consumo
23:11aquela que junta
23:11o IPI
23:12CMS
23:13ISS
23:14debate
23:15esses impostos
23:16não a do imposto
23:17de renda
23:18essa também
23:18precisa ser
23:19discutida
23:20mas eu acho que ela é menos importante
23:21para a produtividade
23:22e o crescimento econômico brasileiro
23:23do que
23:24a lá do consumo
23:26e a reforma administrativa
23:27também
23:28ela é mais recente
23:29o debate
23:30mas também já ficou claro
23:32que
23:32é preciso
23:34abrir mais espaço
23:35ali
23:36e gastar de forma
23:37mais eficiente
23:37e termos
23:38um serviço público
23:41mais eficiente
23:43e essas reformas
23:44produzem isso
23:45então a gente tem que ter
23:46senso de urgência
23:47é verdade
23:48mas
23:49fundamental
23:50precisamos ter
23:51convicção
23:52do parlamento
23:53e do executivo
23:54você mencionou
23:55a independência
23:56do Banco Central
23:57ela começou
23:58a ser debatida
23:59lá atrás
23:59com Itamar Franco
24:01mas eu tenho certeza
24:01que muitos dos governos
24:02que passaram
24:03durante esse período
24:04não tinham a convicção
24:05não tinham talvez
24:06nem a vontade
24:07de aprová-la
24:07então é por isso
24:08que não foi pra frente
24:10mas a minha impressão
24:11é que a reforma tributária
24:12e a reforma administrativa
24:13estão maduras
24:13na cabeça da sociedade
24:14e isso
24:16acaba ajudando
24:17a gerar a convicção
24:18e o senso de urgência
24:19necessários
24:19pra que elas sejam aprovadas
24:20pra gente finalizar
24:22Caio
24:23eu queria que você
24:23explicasse
24:24pra quem nos assiste
24:26o que é essa reforma
24:28dos impostos
24:29a unificação
24:30por que ela é importante
24:31muito se debate
24:32no congresso
24:32a unificação de impostos
24:34sem uma redução
24:35de carga tributária
24:36por que isso pode ajudar
24:38a economia brasileira
24:39a ser mais eficiente
24:40isso pode estimular
24:42a geração de riquezas
24:43no país
24:43quer dizer
24:44o aumento do PIB
24:45o crescimento econômico
24:47legal
24:47deixa eu falar um pouquinho mais
24:50então sobre a questão
24:51da reforma tributária
24:52como eu falei
24:53são duas
24:54são duas
24:55duas reformas tributárias
24:56uma é a reforma
24:57dos impostos
24:58que incidem
24:59sobre o consumo
25:00deixa eu explicar
25:01esse tema melhor
25:01são aqueles impostos
25:03o IPI
25:04que são sobre os produtos
25:05industrializados
25:06PIS e COFINS
25:08esses são impostos federais
25:10aí tem o ICMS estadual
25:12e tem lá o ISS
25:13municipal
25:15então quando você vai
25:16no posto de gasolina
25:17compra lá um
25:18enche o tanque
25:20paga lá o ICMS
25:21quando você vai
25:23numa lavanderia
25:25e lava suas roupas
25:26você paga lá o ISS
25:27de prestação de serviços
25:28compra um produto
25:29industrializado
25:30tem o IPI
25:31e tem o ICMS
25:32que incidem sobre esse produto
25:33então são produtos
25:34que incidem na hora
25:35em que as pessoas
25:36fazem as suas compras
25:37ou tomam os seus serviços
25:40e tem os impostos
25:42de renda
25:43que é o imposto de renda
25:44à pessoa física
25:45o imposto de renda
25:45à pessoa jurídica
25:46ou seja, você lá
25:47tem o seu trabalho
25:48recebe o seu imposto
25:49e paga lá um pedaço
25:50que tem a ver com a sua renda
25:51e não com os gastos
25:53que você está fazendo
25:53não com o seu consumo
25:54essa reforma
25:57do imposto de renda
25:58também foi discutida
25:59agora mais recentemente
26:00menos a da pessoa física
26:01e mais a da pessoa jurídica
26:03porque a discussão era
26:05passar a tributar também
26:06dividendos
26:07ou seja, as pessoas
26:08que são sócias das empresas
26:09hoje se recebem
26:10via dividendos
26:11e não via salário
26:13elas não pagam imposto
26:15o dividendos
26:16não é tributado
26:17então a ideia é
26:19que se tributasse também
26:21os dividendos
26:22aí poderia diminuir um pouco
26:23o imposto de renda
26:24à pessoa jurídica
26:25mas essa parte
26:27do imposto de renda
26:27ela é relativamente simples
26:29de ser calculada
26:30você pode argumentar
26:31se ela é alta
26:31se ela é baixa
26:32a carga
26:33mas ela não é uma
26:34não é uma estrutura
26:36tributária complexa
26:37que gera
26:38que dá muito trabalho
26:39a gente tem lá
26:40as nossas dores de cabeça
26:41quando tem que fazer
26:41o imposto de renda
26:42no começo do ano
26:43juntar papelada
26:44e tal
26:44mas não é
26:45tão complicado assim
26:46e a receita federal
26:48avançou bem
26:49em sistemas
26:50que deixou a coisa
26:50mais simplificada
26:51o grande nó nosso
26:53está lá nos impostos
26:54do consumo
26:55porque é um emaranhado
26:57de fato de impostos
26:58são impostos de três esferas
27:00tem impostos federais
27:02estaduais e municipais
27:03que incidem muitas vezes
27:04sobre o mesmo produto
27:05tem muitos serviços
27:07que parecem
27:07serviços parecem produtos
27:09tem uma indefinição
27:11então você não sabe
27:12se tem que pagar
27:12ICMS ou ISS
27:14e as regras
27:15de cada um desses impostos
27:16são muito diferentes
27:17são definidos
27:18por órgãos diferentes
27:20receita estadual
27:21que são 26, 27 diferentes
27:23tem 5 mil e tantas
27:25receitas municipais
27:26tem lá a receita federal
27:27e cada um lá
27:28colocando suas normas
27:29então o empresário
27:31de qualquer tamanho
27:33do pequeno botiquinho
27:34da esquina
27:34a uma grande empresa
27:35manufatureira
27:37ela tem que ter
27:38um esforço muito grande
27:41para conseguir saber
27:42se você está pagando
27:43direitinho
27:44todos os impostos
27:45e se você está atento
27:46a todas essas mudanças
27:47de regulação
27:48então a ideia aqui
27:49isso pesa muito
27:50e tem convicção
27:52que essa é uma
27:53dos principais
27:53componentes
27:56digamos
27:56do chamado
27:57custo Brasil
27:58nos outros países
27:58é muito mais simples
27:59a gente conversando
28:00com empresas
28:01multinacionais
28:02elas
28:02contam como é
28:05muito mais fácil
28:07trabalhar em outros países
28:08vis-à-vis do Brasil
28:09nesse ponto de vista
28:10de pagamento
28:10de impostos
28:11e se manter
28:12comply
28:14com a receita
28:16então a ideia
28:17aqui é unificar
28:18esses caras
28:18todos
28:19fazer um imposto
28:20
28:21ou de repente
28:22com duas alíquotas
28:23diferentes
28:24uma para serviços
28:24uma para manufaturas
28:26ou uma alíquota unificada
28:27aí a discussão
28:28é por aí
28:29mas diminuir
28:32essa complexidade
28:33e diminuir
28:33essa incerteza
28:34a dificuldade
28:35é que
28:36primeiro
28:37você tem que
28:39juntar
28:40estados
28:40municípios
28:41e união
28:42porque cada um
28:43tem lá o seu pedaço
28:43e fica com medo
28:44de perder a arrecadação
28:45então é difícil
28:46juntar essas coisas
28:47mas isso vem sendo
28:48debatido ao longo do tempo
28:49a outra dificuldade
28:51é que tem setores
28:52que pagam menos
28:53tem setores que pagam mais
28:54o ISS é mais simples
28:56o ICMS é mais complexo
28:57tem alíquotas diferentes
28:59então na hora que você
28:59unifica tudo
29:01se quiser manter
29:02a mesma carga
29:03quem paga mais
29:04vai pagar menos
29:04mas quem paga menos
29:05vai pagar mais
29:06e esse cara aqui
29:07vai reclamar muito
29:08então você tem que convencer ele
29:09que mesmo pagando um pouco mais
29:11a simplicidade
29:11vai fazer a diferença
29:13tem regimes tributários
29:14diferentes em várias partes
29:16do Brasil
29:16isso teria que ser
29:17equalizado
29:18pode gerar um problema
29:20esse é o grande debate
29:21que a sociedade tem que fazer
29:22mas na minha opinião
29:24é a grande diferença
29:26para o Brasil
29:26se tornar mais produtivo
29:27ok Caio
29:29muito obrigado
29:30pela sua atenção
29:31nossa entrevista
29:33vai chegando ao fim
29:34obrigado
29:35e até a próxima
29:37eu que agradeço
29:38a oportunidade
29:39de estar aqui
29:39com vocês
29:41e fico aqui
29:42sempre à disposição
29:43para a gente continuar
29:44conversando
29:44obrigado
29:45um abraço a todos
29:46para a gente
29:48e aí
29:49para a gente
29:50para a gente
29:50E aí
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