- há 6 meses
No Papo Antagonista desta terça-feira, Claudio Dantas e Diego Amorim comentaram o livro de Sergio Moro. Em "Contra o Sistema de Corrupção", o ex-ministro revela todas as traições de Bolsonaro e os episódios que o fizeram pedir demissão.
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NotíciasTranscrição
00:00Eu disse para vocês, né, que a gente está nisso há muito tempo, eu publiquei um artiguinho,
00:06porque o Moro, obviamente, está fazendo propaganda do livro dele, e aí foi lançar o livro hoje lá em Recife,
00:14lá em Pernambuco, terra do Lula, e tirou a foto de uma vitrine, de uma livraria, que aparece o livro dele
00:21e o livro do Fernando Moraes, que fez uma nova biografia do Lula, né, o mais biografado da história.
00:28O Carlos está preocupado com a biografia do Moro, devia estar preocupado com as biografias do Lula.
00:34O fato é que ele tirou essa foto aí, né, baixa só um pouquinho, Daniel, para a gente ver.
00:39Ele tirou, obviamente, ele achou divertido o fato de você ter, né, o livro dele está aí ao lado do livro do Lula,
00:46quem montou a vitrine montou de forma consciente, obviamente, não é uma coincidência, né.
00:53Agora, é lógico, como eu escrevi aqui, ele provavelmente achou divertido, afinal, né,
01:00a vida de ambos se cruzaram na Lava Jato e voltarão a se cruzar nas urnas em 2022.
01:06Agora, para quem acredita em coincidências, há mais uma que é lembrada pelo ex-juiz na obra,
01:12que repassa sua trajetória profissional.
01:14Eu li o livro, publiquei diversas coisas e fiz questão de lembrar esse trecho que ele coloca no livro,
01:20porque em 2005, durante os depoimentos lá do Mensalão, o então deputado federal Roberto Jefferson, né,
01:27que a gente acompanhou a vida dele aí, depois convertido ao bolsonarismo, né, agora está esquecido na cadeia,
01:34ele revelou um dos efeitos colaterais imprevistos de uma operação chamada Operação Farol da Colina.
01:41Para quem não sabe, uma operação foi um desdobramento do Banestado, do caso Banestado.
01:46Aí abre aspas aqui para o que ele relatou no livro.
01:49Ele, né, o Roberto Jefferson, declarou que o então ministro da Casa Civil, José Dirceu,
01:54teria alegado que o Partido dos Trabalhadores só teria lhe repassado 4 milhões de reais,
01:59de um total de 20 milhões, acertado pelo apoio nas eleições de 2004,
02:04porque a Polícia Federal prendera os doleiros que iriam trazer o dinheiro do exterior.
02:10O que muita gente não sabe é que o Moro foi o responsável por deflagrar, em 2004,
02:14a Operação Farol da Colina, que prendeu 103 pessoas, sendo 63 doleiros.
02:21Sem doleiro, o PT não conseguiu pagar a dívida do Bob Jeff,
02:25que, sentindo-se traído, confessou a existência do mensalão.
02:29Parece novela, né, Diego?
02:30Muito bem.
02:36Ó, para quem acha que não existe coincidência,
02:40tem algumas coisas que a gente fica perguntando aí,
02:44os caminhos que nos levam, né,
02:47da política que nos levam a esse tipo de situação.
02:50Agora, então, você percebe que a história, a raiva, o ranço petista com o Sérgio Moro
02:57vem lá de trás, e não sem razão, né?
03:00Não sem razão.
03:03Bom, eu tirei alguns trechos que eu achei importantes,
03:08um deles é a parte em que o Moro relata as traições do Bolsonaro a ele, tá?
03:15Então, ele fala o seguinte, abre aspas aqui, olha.
03:23A gota d'água, obviamente, ele primeiro diz, né,
03:26relata as traições do presidente que lhe havia prometido a carta branca, né,
03:30lá à frente do Ministério da Justiça,
03:32e acabou se alinhando a esses políticos fisiológicos investigados pela Lava Jato.
03:37A gota d'água para o Moro foi a decisão, que a gente sabe,
03:40de trocar o comando da Polícia Federal,
03:41sem justa causa e sem apresentar qualquer motivo republicano.
03:45Segundo o ex-ministro, o presidente demonstrava em suas declarações
03:48a intenção de transformar a PF numa polícia política, tá?
03:53Eu estava cansado de ter meus propósitos minados ao longo de um ano e quatro meses,
03:57primeiro a saída do COAF do Ministério da Justiça,
04:00depois a mudança do presidente do órgão,
04:02a falta de apoio ao projeto de lei anticrime,
04:05o endosso à sua posterior desfiguração pela Câmara,
04:07a falta de qualquer apoio para restabelecer a execução da condenação criminal
04:11após o julgamento em segunda instância,
04:14o ensaio para dividir em dois o Ministério da Justiça e da Segurança Pública,
04:18e isso sem esquecer as várias frituras públicas a que fui submetido entre 2019 e 2020.
04:24Eu não confiava mais no presidente.
04:26Isso é um trecho do livro, ele relata, o seu artigo é grande,
04:29porque fala também das divergências políticas do Bolsonaro em relação ao Moro.
04:38O Moro diz que essas divergências não se restringiram ao combate à corrupção.
04:43Elas incluíam a política de armas, a falta de enfrentamento da pandemia,
04:48o tratamento dado à questão indígena, a relação com a imprensa,
04:51a política de alianças com o Congresso e a política econômica.
04:55Segundo o Moro, no governo Bolsonaro, o presidencialismo de cooptação ressurgiu
05:01e com força, e com toda a sua força.
05:05Percebe-se que o governo Bolsonaro também deixou de lado a agenda liberal,
05:08pelo menos na forma em que era inicialmente defendida,
05:10refugiando-se no populismo econômico e no patrimonialismo.
05:12Aqui aproveitou para dar um chega para lá no Guedes também,
05:16que foi o responsável por convidá-lo,
05:18por articular o convite que o levou ao governo.
05:22Ele, em determinado momento, diz que ele, diante de toda essa situação,
05:29hoje, olhando em retrospectiva, diz que é fácil concluir que ele errou.
05:34Mas, naquele momento, ele não tinha, obviamente, a visão do futuro.
05:37O fato é que ele destaca no livro a importância das manifestações populares,
05:46do apoio da sociedade à Lava Jato.
05:48Ele lembra a enorme manifestação, foi a maior manifestação já ocorrida no Brasil,
05:56em 13 de março de 2016,
05:58quando mais de 3 milhões de pessoas foram às ruas pacificamente.
06:03E aí, ele lembra que nessas manifestações sempre tinham grupos
06:07que defendiam intervenção militar,
06:10só que eram grupos pequenos.
06:12Ele até relata um grupo que se apostou ali na frente da Justiça Federal,
06:16com a faixa de intervenção militar.
06:18Ele pediu, gentilmente, para as pessoas recolherem aquela faixa,
06:22porque isso sempre foi uma pauta estranha à Lava Jato.
06:27E aí, ele diz que essa enorme energia física,
06:31infelizmente, levou ao governo, à presidência,
06:35uma pessoa que não estava preparada para ocupar o cargo.
06:37Consequência disso,
06:38Dois anos depois, teríamos uma eleição presidencial
06:43influenciada por toda essa energia cívica,
06:46mas essa pauta demandaria uma liderança política preparada,
06:49que soubesse aproveitar aquele contexto
06:50para efetivamente romper com as práticas viciadas
06:54no trato da coisa pública.
06:55A eleição, no entanto, não nos trouxe a liderança necessária.
07:00Vendo retrospectivamente,
07:01os grupos que nas manifestações de apoio à Lava Jato
07:03eram absolutamente minoritários
07:05e defendiam a intervenção militar,
07:06acabaram tendo o seu candidato eleito,
07:09embora equivocados,
07:10como a pauta antidemocrática,
07:11prevaleceram por fim.
07:13E o candidato eleito, com o tempo,
07:15foi focalizando cada vez mais
07:16no discurso radical contra as instituições
07:18e abandonou de vez as ações
07:20e o discurso contra o sistema de corrupção
07:23e a cultura do patrimonialismo.
07:25Ao contrário, como se viu,
07:26o presidente retomou as mesmas alianças políticas
07:28que resultaram no extremo
07:30nos escândalos de corrupção do Mensalão e do Petrolão.
07:34Diego, nós que acompanhamos nessas manifestações,
07:39você lembra desses pequenos grupos,
07:41eram pequenos grupos,
07:43e o Bolsonaro, eleito com apoio 57 milhões de pessoas,
07:49acabou governando para esses radicais
07:51e acabou sem esse apoio popular tão necessário,
07:55social, eleitoral, tão necessário,
07:58virou as costas para a classe média
08:00e passou a governar para esses radicais
08:03e também para esses grupos fisiológicos,
08:06porque um presidente fraco é a melhor coisa,
08:09é o que eles mais desejam.
08:11Eles são capazes de capturar esse presidente,
08:13capturar o governo.
08:14É isso que aconteceu.
08:16É, e tudo isso como pano de fundo,
08:18os escândalos envolvendo a família,
08:20os escândalos das achadinhas de Flávio Bolsonaro
08:23e depois as coisas foram se mostrando
08:25como uma prática da família.
08:28Isso está em investigação ainda,
08:29mas a gente não sabe se essas investigações vão continuar,
08:32porque Bolsonaro conseguiu, em boa parte,
08:34aparelhar tudo o que ele precisava aparelhar
08:37para abafar esses casos.
08:38Então, um presidente que ganhou com as bandeiras que ganhou,
08:43que tinha ali no primeiro ano do governo
08:45um apoio popular muito forte,
08:47eu participei, cobri as manifestações
08:50naquele primeiro ano de governo, em 2019,
08:54a favor do governo,
08:55eram manifestações a favor de um governo,
08:57já era uma novidade até ali.
08:59Manifestações costumam ser contra alguma coisa,
09:01protestos aqui em Brasília,
09:03a esplanada costuma ser palco de protestos.
09:06E no governo de Jair Bolsonaro, não.
09:08Em 2019, foram duas, três, quatro manifestações consistentes
09:13em que os alvos eram,
09:16quem? Vocês se lembram?
09:17Eram os líderes do Centrão,
09:19incluindo o Rodrigo Maia,
09:21incluindo o Davi Alcolumbre,
09:23que à época era um presidente da Câmara
09:25e do Senado, respectivamente.
09:27Foi ali que Jair Bolsonaro conseguiu o seu governo,
09:30sem fazer muito esforço,
09:31porque já tinha ali um recall do governo Temer,
09:35um entendimento na Câmara
09:37de que era necessário aprovar uma reforma da Previdência,
09:39mas foi ali naquele momento
09:40em que se aprovou a importante reforma da Previdência.
09:43Depois dali, o governo desandou, como nós vimos,
09:47e na pandemia se mostrou um governo
09:50não apenas inapto politicamente,
09:53como um governo desumano,
09:55um presidente da República sem empatia.
09:59É curioso que hoje,
10:00na filiação do Bolsonaro ao PL, Cláudio,
10:03o Flávio ficou falando dos feitos do governo do pai,
10:08e entre os feitos ele elencou as vacinas,
10:11disse que o governo de Jair Bolsonaro
10:13garantiu vacina nos braços de todos os brasileiros.
10:17Não, senhor, senador Flávio Bolsonaro.
10:20O governo do seu pai, o senhor,
10:22vocês trabalharam contra a vacina.
10:25Muita gente morreu por conta da inércia
10:29e da omissão do governo do seu pai,
10:31do senhor, dos líderes deste governo.
10:34Depois que vocês viram que não tinha jeito,
10:36que era a vacina mesmo,
10:38que ia salvar, obviamente,
10:39que ia, no mínimo, nos ajudai muito
10:42a sair desse pesadelo,
10:43e tudo isso está se confirmando,
10:45é que vocês resolveram, então,
10:48dar o braço a torcer
10:49e ensaiar esse discurso pró-ciência.
10:52Outra observação que eu faço,
10:54interessante, Cláudio,
10:55é que você traz aí,
10:56em um desses seus textos de hoje,
10:58a questão das traições de Bolsonaro,
11:01mas o Flávio Bolsonaro pintou hoje
11:03o Moro como o traidor.
11:05E é isso que eles colocam
11:06na cabeça dos bolsonaristas,
11:07essa narrativa pega,
11:09se espalha,
11:10e os políticos adoram dizer
11:12que na política
11:12traidor não tem vez,
11:14traidor não tem espaço,
11:16a pecha de traidor
11:18é a pior coisa que um político pode ter.
11:20Ora, isso eles falam entre eles,
11:23para o povo,
11:23para o eleitor,
11:25ele vai olhar
11:25sob uma outra ótica,
11:27quem foi traído,
11:27quem é traído aí nessa história,
11:30quem traiu e quem foi traído,
11:32sob a ótica do povo.
11:33E o povo está vendo,
11:35está vendo,
11:36que quem desmantelou a Lava Jato
11:38foi o governo de Jair Bolsonaro,
11:40quem quis interferir,
11:41e interferiu em boa parte
11:42na Polícia Federal,
11:44foi o Jair Bolsonaro,
11:46quem trabalhou
11:47para não se aprovar a prisão
11:49na segunda instância
11:50no Congresso,
11:51foi o Jair Bolsonaro,
11:52não foi Sérgio Moro,
11:54foi Jair Bolsonaro
11:55que traiu
11:56os seus eleitores,
11:57que traiu as bandeiras
11:58que o elegeram.
12:00É muito bom
12:05o que a gente está vivendo,
12:06porque eu gosto
12:08do debate,
12:10eu gosto
12:10que as coisas
12:12sejam colocadas
12:13em pratos limpos.
12:14O Moro,
12:16em virtude
12:16dos cargos
12:17que ocupou,
12:19ficou em silêncio
12:20durante esse tempo todo,
12:21e com a sua
12:22pré-candidatura,
12:23com o seu livro,
12:24ele abre o verbo,
12:26ele simplesmente
12:27coloca tudo
12:28na mesa,
12:29e aí fica difícil
12:31para quem está
12:31do outro lado,
12:32seja bolsonarista,
12:33seja petista,
12:34reagir,
12:35por quê?
12:35Porque é muito difícil
12:36você reagir
12:37diante dos fatos,
12:38enquanto você está
12:39criando suas narrativas,
12:40beleza,
12:41você cria a narrativa,
12:43vai convencendo
12:43os desavisados,
12:44os incautos,
12:45aqueles que não assistem
12:46ao Papo Antagonista.
12:47Quando você
12:48coloca os fatos,
12:50se a pessoa tiver
12:50um pouquinho de
12:51paciência
12:52para entender,
12:54para ler,
12:55vai saber.
12:56Então, por exemplo,
12:57ele não fala só,
12:58Diego,
12:58das traições,
13:00vamos dizer assim,
13:01do governo,
13:02ele fala também
13:03dos retrocessos
13:04promovidos pelo
13:05Supremo Tribunal Federal,
13:07ele enumera isso,
13:08olha,
13:09arremessa a justiça
13:10eleitoral de casos
13:11complexos,
13:12de crimes de corrupção
13:13e de lavagem de dinheiro,
13:14sempre que há
13:16alegação de que o dinheiro
13:17foi destinado a campanhas
13:18eleitorais,
13:18a gente sempre foi
13:19contra isso,
13:20a gente sempre disse
13:21que seria um absurdo,
13:24primeiro que a justiça
13:25eleitoral não tem
13:25estrutura para isso,
13:27ela tem que se dedicar
13:28a montar as eleições,
13:30a cuidar de demandas
13:32das chapas,
13:33dos partidos,
13:34e ela não tem estrutura
13:35de investigação,
13:36tanto é que os processos
13:37estão todos morrendo.
13:38Isso aí foi
13:39uma saída
13:42que parte
13:43aí do judiciário
13:44encontrou
13:45para acabar
13:46com a investigação.
13:47Então,
13:47você,
13:48óbvio que se você
13:49está investigando
13:50político,
13:52todo o crime
13:52de corrupção,
13:53ou pelo menos
13:54a maior parte
13:55desses crimes
13:56todos,
13:57eles têm
13:59dois objetivos
14:00principais,
14:01um,
14:02a manutenção
14:03do poder político,
14:04e aí é dinheiro
14:04para a campanha,
14:05dinheiro para o partido,
14:06dinheiro para
14:06comprar apoio
14:08no Congresso,
14:09e etc,
14:09e o outro é
14:10o enriquecimento pessoal,
14:11afinal de contas,
14:12nenhum desses aí
14:13vai ficar distribuindo
14:15dinheiro,
14:15desviando dinheiro,
14:16participando de esquema
14:17de corrupção
14:17e não enfiar um pouco
14:18no bolso.
14:19Então,
14:20você dizer que,
14:21ah,
14:21porque o crime
14:23de corrupção
14:24foi usado
14:24para financiar
14:25a campanha,
14:25isso é uma questão
14:26da justiça eleitoral?
14:27É uma brincadeira,
14:29né?
14:29É uma brincadeira.
14:31Então,
14:31tá aí,
14:31essa questão
14:32da remessa
14:32à justiça eleitoral,
14:33o recuo
14:33na execução
14:34da pena
14:34após condenação
14:35em segunda instância,
14:36a anulação
14:37de condenações
14:38por corrupção
14:39pela aplicação
14:40de uma regra processual
14:41até aquele momento
14:42inexistente,
14:43a de que a defesa
14:44dos acusados
14:45delatados
14:45deveria apresentar
14:46alegações finais
14:47após a apresentação
14:49das alegações
14:49pela defesa
14:50dos acusados
14:51colaboradores,
14:51inventaram
14:52essa regra,
14:54inventaram,
14:56não é só
14:56uma filigrana jurídica
14:57para desmontar
14:59um processo
14:59fundamentado
15:01com provas
15:02robustas
15:02de corrupção,
15:03não,
15:04inventaram
15:05uma regra,
15:05porque quando você
15:06não consegue
15:07desmontar
15:08pela defesa,
15:10a defesa técnica
15:11do réu,
15:12não consegue
15:12desmontar
15:13a acusação,
15:13não consegue
15:14se contrapor
15:14à acusação,
15:16você tem que apelar
15:16para o tapetão,
15:18e o que essa gente
15:18fez foi tapetão,
15:20então assim,
15:21é muito fácil
15:22o Supremo
15:23vir criar
15:23uma regra nova
15:24para desconstituir
15:26um processo,
15:26para anular um processo,
15:27para anular provas,
15:28é muito fácil,
15:30assim não há
15:32combate à corrupção,
15:33assim não há processo,
15:35assim não há justiça,
15:36é a decretação
15:37da impunidade,
15:38você faz o que
15:39quiser,
15:40então ele fala
15:41disso,
15:42fala da retirada
15:43da justiça federal
15:44lá de Curitiba
15:45de casos conexos
15:46com o esquema
15:47de corrupção
15:47da Petrobras,
15:49por não terem,
15:50segundo se entendeu
15:52também o Supremo,
15:53estrita ligação
15:54com os subornos
15:55na estatal,
15:56então isso fez
15:56com que diversos
15:57processos foram
15:58parar na justiça
16:00de São Paulo,
16:01por exemplo,
16:02que enterra tudo,
16:03os processos
16:04contra os tucanos,
16:05que os bolsonaristas
16:05falam,
16:06ah,
16:06a Lava Jato parou
16:07quando chegou
16:08nos tucanos,
16:08não,
16:10ela chegou
16:10nos tucanos
16:11e foi enterrada,
16:12é diferente,
16:14aí começaram
16:15a distribuir
16:15processos,
16:16em alguns lugares
16:18deu certo,
16:19os desdobramentos
16:20aqui em Brasília,
16:21lá no Rio de Janeiro,
16:22agora em outros
16:23ela foi soterrada,
16:25aliás,
16:25foi isso que aconteceu
16:26também em outros
16:27casos passados.
16:29Bom,
16:29e a lentidão,
16:30obviamente,
16:31para processar
16:31e julgar as ações
16:32penais relacionadas
16:33à Lava Jato
16:33que tramitam
16:34no Supremo,
16:36se a gente for olhar
16:37os políticos,
16:39muita gente fala,
16:39por que o Moro
16:40não condenou
16:41o Aécio?
16:42Meu Deus,
16:43porque o Aécio
16:44tem foro privilegiado,
16:45quem tinha que condenar,
16:46processar e condenar
16:47o Aécio
16:48era o Supremo,
16:50né,
16:51mas não condenou,
16:52né,
16:53não fez nada,
16:54aliás,
16:54tem ministro do Supremo
16:55que telefonava
16:57para o Aécio,
16:58então,
16:58então,
16:58assim,
16:59é disso que você
16:59está falando,
17:00e é disso,
17:01e é isso que o Moro
17:02expõe,
17:03sem amarras,
17:05né,
17:05sem amarras,
17:07sabe,
17:09ali associadas
17:10à função
17:10que ele esteja
17:11ocupando,
17:12de uma forma
17:13a contribuir
17:14com o debate público,
17:15é preciso trazer
17:16essas questões,
17:17porque isso aqui
17:18derruba o argumento
17:20desses advogadozinhos
17:21aí de empreiteira,
17:22né,
17:23que ficam desfilando
17:24nas redes sociais
17:24e emissoras de TV
17:26pagando de bom moço
17:28e dizendo
17:29que a Lava Jato
17:30cometeu crime,
17:31tá,
17:32então,
17:32assim,
17:33a Lava Jato
17:34combateu o crime
17:35e ela foi destruída
17:37justamente
17:38por causa
17:39das suas virtudes,
17:40então,
17:40tá aí,
17:40o livro traz
17:41essas,
17:42essas,
17:43vários bastidores,
17:44essas versões,
17:45essas análises,
17:46né,
17:47o Moro,
17:48inclusive,
17:48conta,
17:49né,
17:49que o Bolsonaro
17:50destruiu o COAF
17:51para salvar o Flávio
17:52Bolsonaro,
17:53aquilo que a gente
17:53achava que era,
17:54é,
17:55então,
17:56ô Diego,
17:57tá aqui,
17:57por exemplo,
17:58ó,
17:58um trecho do livro
18:00em que ele fala
18:01o que se não poderia admitir
18:03era,
18:03né,
18:04a destruição,
18:04quando ficou aquele negócio
18:05de tira o COAF,
18:06põe o COAF,
18:07tira o COAF,
18:08aí ele diz,
18:09olha,
18:09o que não se poderia admitir
18:10era a destruição
18:11do sistema de prevenção
18:12à lavagem de dinheiro
18:13com o propósito
18:14de salvar da lei
18:15o filho de alguém,
18:16mesmo sendo ele
18:17o filho do presidente
18:18da república,
18:19um estadista,
18:20um homem público,
18:21tem o compromisso
18:22de dirigir o país
18:23pensando no bem-estar geral,
18:24e não em proteger
18:25o filho
18:26ou a família
18:27da ação da lei
18:28da justiça.
18:30E ele diz também
18:31que o Gilmar Mendes
18:32teve um papel fundamental
18:33na fritura do Moro,
18:34em reunião
18:35sobre a COVID,
18:36por exemplo,
18:37em que Moro defendeu
18:38as medidas tomadas
18:39pelo Mandetta,
18:40o presidente da república,
18:42logo depois de se encontrar
18:44com o ministro do STF,
18:46disse o seguinte,
18:47o Moro que me perdoe,
18:48mas são ministros
18:49como o Gilmar Mendes
18:50que resolvem as coisas.
18:52Então, assim,
18:53está aí,
18:54são ministros
18:55como o Gilmar Mendes
18:56que resolvem as coisas.
18:58Ele também aproveita o livro,
18:59e eu encerro,
19:01para admitir
19:02o desejo dele
19:04de ocupar
19:05uma vaga no Supremo,
19:06mas que em momento nenhum
19:08ele condicionou isso
19:11ao cargo de ministro
19:13da justiça.
19:14Então, obviamente,
19:16qualquer membro
19:17integrante,
19:19operador do direito
19:20ou integrante
19:21do judiciário,
19:22até mesmo
19:23do Ministério Público,
19:23até algum advogado,
19:25ele sonha
19:26em ocupar o Supremo,
19:27uma vaga no Supremo.
19:29Ele sonha
19:29em ocupar
19:30uma vaga
19:30em tribunais superiores.
19:32Isso é o sonho
19:33de qualquer operador
19:33do direito.
19:34Então, ele admite isso
19:36sem problema nenhum,
19:37mas diz que,
19:38obviamente,
19:39nunca condicionou,
19:41até porque,
19:41se ele fizesse
19:42qualquer tipo de condição,
19:43seria uma ingenuidade,
19:45levando em consideração
19:46que o Bolsonaro
19:47não cumpre
19:48as suas promessas.
19:49Então, está aí
19:50o livro
19:52do Sérgio Moro
19:54que conta tudo.
19:56Conta tudo.
20:03Legenda por Sérgio Moro
20:04Obrigado.
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