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  • há 6 meses
No Papo Antagonista, Claudio Dantas e Luiz Vassalo comentaram a reportagem de capa da edição desta semana da revista Crusoé, que detalha o processo de aparelhamento da Polícia Federal comandado por Jair Bolsonaro.

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Notícias
Transcrição
00:00Muito bem, boa noite, Luiz Vassalo, bem-vindo ao Papo Antagonista.
00:04Boa noite, Cláudio, boa noite aos leitores da Cruzoé e de um antagonista.
00:09Eu não vou perder tempo, quero que você explique para os nossos espectadores
00:13do que que se trata a reportagem, o que que você trouxe de evidências mostrando
00:19esse aparelhamento que a gente vem alertando lá, desde lá de trás, muito antes até
00:24da saída do Sérgio Moro, tanto a Cruzoé como o antagonista.
00:28Nós fomos muito atacados, desde então, porque trouxemos os bastidores de toda a articulação
00:37que acabaria levando à saída do Sérgio Moro, esta tentativa de interferir, de aparelhar,
00:43de controlar a Polícia Federal.
00:46Vassalo?
00:47Isso aí, essa tentativa que depois acabou sendo explicitada pelo próprio presidente
00:54quando veio à toa naquela reunião ministerial de abril do ano passado, que foi inclusive
01:00a reunião citada pelo ex-ministro Sérgio Moro quando ele saiu do Ministério da Justiça,
01:07em que o Bolsonaro disse que iria intervir e pronto.
01:10Então, a partir daí, nós fizemos um sobrevoo em todas as decisões do presidente Jair Bolsonaro
01:20e de todas as tentativas do presidente de intervir e aparelhar a Polícia Federal
01:27desde esse momento em que ficou claro esse desejo de ter a PF em suas mãos.
01:36E esse último passo para isso, depois dessa mudança na cúpula da PF, de nomear o Paulo
01:46Maiorino como delegado-geral, um delegado bastante político, que já foi secretário de governos
01:52e que também tem ali uma ligação, uma boa relação com a bancada evangélica, um mês
01:59depois dele assumir, Paulo Maiorino produz um documento em que deixa explícita a tentativa
02:08de dar maior controle e restringir até a atuação de delegados da Polícia Federal.
02:16Eles podem, hoje em dia, só para explicar para o leitor, eles podem atuar sozinhos em casos
02:22de agentes com foro privilegiado, no caso de deputados, senadores, ministros de governo
02:28e até mesmo ministros de cortes superiores.
02:33Mas, na esteira dessas operações, dessa operação da Polícia Federal, por exemplo,
02:40contra o ministro Ricardo Salles e desse pedido da Polícia Federal,
02:45que acabou agora enterrado pelo Supremo Tribunal Federal de vez,
02:49para investigar o ministro Dias Toffoli, inclusive é no julgamento sobre a delação
02:57de Sérgio Cabral, que cita, que acusa Dias Toffoli de venda de decisões,
03:03que o Paulo Maiorino, delegado-geral da Polícia Federal, resolve entregar um memorial
03:08ao Supremo Tribunal em que propõe o seguinte, manter as delações, a Polícia Federal,
03:16de alguma maneira, participando das delações premiadas, só que ele pede para que os ministros
03:22considerem que está em curso uma reformulação, uma reestruturação ali das estruturas da PF
03:30aos moldes da Procuradoria-Geral da República, em que esses inquéritos mais sensíveis
03:36passem por pessoas ali, no caso da Procuradoria-Geral da República,
03:40passam por pessoas de confiança do Procurador-Geral.
03:43E no caso da PF, que eles não possam mais ser conduzidos pelos delegados
03:49de maneira solitária, que isso seja conduzido também com alguma supervisão da cúpula da PF.
03:56Enfim, esse é um novo passo aí do Paulo Maiorino, escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro,
04:03nessa tentativa de ter controle sobre essas investigações sensíveis na Polícia Federal.
04:10O interessante é usar a Procuradoria-Geral da República, Cláudio, como modelo de controle desses inquéritos.
04:21Justamente a Procuradoria-Geral da República que vem sendo tão questionada por uma subserviência ao governo federal.
04:28É, se a PGR for virar modelo para isso, enfim, é o pior modelo possível,
04:37mas mais um passo neste projeto totalitário do Bolsonaro.
04:43A gente vem alertando desde sempre, são várias as frentes,
04:48e agora, assim, a gente, é engraçado, né, Vassalo, quer dizer, engraçado não é, é curioso e assustador,
04:56porque a gente, lá no início do governo, a gente vinha falando da BIM paralela.
05:01BIM paralela, BIM paralela, BIM paralela, virou a BIM oficial.
05:06Eles deixaram de usar, não precisam usar mais a BIM de uma forma não oficial,
05:11eles usam a própria estrutura da BIM, vocês também já mostraram isso diversas vezes.
05:16E com a PF é a mesma coisa.
05:18A PF, Vassalo, a gente sempre tem, a gente tem um histórico aqui da balcanização que existe dentro da PF, né,
05:24e como é que os governos normalmente se utilizam disso?
05:27Eles vão promovendo aqueles delegados, muitas vezes delegados mais jovens,
05:35sem experiência, né, de turmas mais novas,
05:38e vão promovendo esses delegados a postos de chefia, de superintendências,
05:43e passam, obviamente, a ter uma ascensão sobre, e um controle sobre a atuação desses delegados.
05:49Porque todo funcionário público quer ascender na carreira.
05:53Então, muitas vezes, aquele que não tem seus princípios muito bem fundamentados, né,
05:58aqueles que topam tudo, eles fazem o quê?
06:00Eles se alinham ao poder político.
06:02Aliás, o Ramagem é um exemplo pronto, né, desse tipo de funcionário, de servidor,
06:10que foi colocado na campanha política para acompanhar ali,
06:14para fazer a segurança do Jair Bolsonaro, ele e outros agentes, né,
06:19ele como delegado e outros agentes, que é uma prática comum,
06:22todo candidato presidencial tem esse tipo de suporte,
06:26e aí ele passa a ter uma convivência diária com o político e vira uma pessoa da confiança do político.
06:33O político, quando, no caso do Bolsonaro, assumiu a presidência da República,
06:36já puxou ele para a transição, né, ele que cuidava da segurança na transição,
06:41e daí, pronto, ele já virou, vamos dizer assim, um servidor de carreira,
06:47mas da cota do próprio presidente, dos seus filhos, da família,
06:51a ponto de até estar presente em eventos sociais, tem fotos publicadas nessa direção.
06:59Então, infelizmente, isso acontece e acontece muito.
07:04Sim, enfim, essa reportagem também mostra um pouco da mudança de foco que vem ocorrendo.
07:11É uma queixa frequente dos delegados de que cada vez mais o governo tem um incentivo,
07:17por exemplo, a divulgar ações contra o tráfico de drogas.
07:21Mas os delegados que acabam pegando esses casos de corrupção
07:25acabam tendo grandes dores de cabeça
07:28depois de virem à tona essas investigações.
07:33Também, né, não dá para deixar de lembrar, por exemplo,
07:37o uso da Polícia Federal para coibir críticos do governo, né.
07:42Por exemplo, houve no ano passado uma grande alta
07:46dos inquéritos com base na Lei de Segurança Nacional
07:49que foram muito fustigados pelo ministro, pelo ex-ministro André Mendonça,
07:56que muitas vezes pediu para que críticos do governo,
08:02e até aquele caso que ficou muito conhecido, por exemplo,
08:05da pessoa que financiou um cartaz em que comparava o presidente Jair Bolsonaro
08:10a um pequiroído.
08:11ele acabou na mira da Polícia Federal.
08:14Muitos desses inquéritos, inclusive esse foi arquivado, né,
08:18muitos foram arquivados,
08:20mas mostram ali uma tentativa de uso político mesmo, né,
08:26da Polícia Federal, das estruturas da Polícia Federal
08:29para os desígnios aí do presidente Jair Bolsonaro.
08:35É, a gente vem alertando também sobre essa questão do foco, né,
08:41do foco, da mudança de foco da Polícia Federal.
08:46Em novembro de 2020, eu publiquei uma,
08:50ainda era o ministro, o André Mendonça, hein, Vassalo,
08:53e ele, e aí já tinha apuração justamente que ele queria reforçar
08:58o papel da PF na repressão às drogas e combate ao crime organizado.
09:02Eles até, o próprio André Mendonça, junto com o Bolsonaro, né,
09:07fizeram muitas lives falando disso, destacando essa coisa de apreensão.
09:12Ah, aí comparava a gestão do Moro com a gestão do André,
09:15quem aprendeu mais drogas, etc e tal.
09:17A gente sabe que esse foco no combate às drogas,
09:23ele é necessário?
09:24Sim, ele é necessário, é óbvio que é necessário.
09:26Mas ele é, vamos dizer assim, uma forma de distração, né,
09:30de tentar tirar mesmo o foco do combate à corrupção e à lavagem de dinheiro.
09:37E hoje, a gente tem provas disso,
09:40o poder político, muitas vezes, está associado ao poder do crime organizado.
09:47A gente tem várias provas disso, é muito interessante,
09:50às vezes os operadores são os mesmos, os doleiros, né, são os mesmos.
09:52A Lava Jato começou logo na primeira fase dela,
09:56quando ela começou com uma investigação em cima de lavagem de dinheiro dos doleiros,
10:01Alberto Youssef, aquele outro doleiro aqui de Brasília, muito famoso,
10:06que era efetivamente o dono do posto da torre aqui,
10:09o posto de gasolina que serviu para nomear a Lava Jato, né,
10:13porque tinha um Lava Jato no posto, o Fayeds, né,
10:16e ele e a gente já teve várias notícias e apurações nossas,
10:22investigações que publicamos, mostrando até a participação desses doleiros
10:26na lavagem de recursos ilícitos, recursos desviados de fundos de pensão,
10:31aparelhados por políticos.
10:32Então, os doleiros fazem essa ponte.
10:36E nesta primeira fase da Lava Jato, é bom que se lembre,
10:39uma das investigações foi parar em tráfico de drogas,
10:45tráfico de cocaína,
10:47uma investigação que acabou tendo uma vertente na Espanha, né,
10:53então, não sei nem que fim que levou aquela investigação,
10:56vale a pena a gente até retomar,
10:57mas, então, assim, o André Mendonça, já na sua gestão, né,
11:03ele começou a fazer, começou a tirar o foco da Polícia Federal
11:08do Combate à Corrupção, dando esta atividade,
11:11tanto Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal,
11:13tinha até aquela briga, né, de poder entre os dois, né,
11:16e focando nessa história, que é uma atuação importante,
11:21mas ela é como você enxugar gelo,
11:23porque você está aprendendo na ponta,
11:25mas você não está subindo na hierarquia do poder econômico e político
11:30que muitas vezes envolve esse tipo de crime, né,
11:34tanto tráfico de drogas, contrabando de armas,
11:38no Rio de Janeiro você tem até a parceria do crime organizado com as milícias, né,
11:43hoje você tem as suspeitas de envolvimento, de apoio político,
11:47do próprio grupo do presidente da República a milícias, né,
11:51então está tudo aí muito claro,
11:53é uma forma bastante efetiva de você mostrar para a sociedade
11:59que, ó, estou fazendo, estou aumentando a apreensão e tal,
12:01mas no final das contas você está poupando aqueles que realmente deveriam ser investigados, né.
12:07É, e justamente afunilar essas investigações só no tráfico de drogas
12:12ou dar só ênfase a isso,
12:15para muitos dos delegados isso é considerado um retrocesso de décadas, né,
12:19porque a Polícia Federal era muito associada nos anos 80, 90,
12:24ao combate exclusivo ao tráfico de drogas, né,
12:27e isso foi mudando, então para eles isso é como se fosse um túnel do tempo aí, né.
12:33Um retrocesso, né, aliás, o que a gente tem visto mais é retrocesso.
12:37Bom, o que mais?
12:39Tem mais coisa aí, não pode falar, entregar o jogo todo,
12:42senão faz igual o Fábio Leite aqui, vem, conta a matéria tona,
12:46o Rodrigo Rangel puxa a orelha dele.
12:48Você está sacramentada essa aí ou tem mais algum ponto relevante
12:51que vale a pena para chamar os leitores para cruzar?
12:54Ah, eu acho que só chamar a conferir mesmo o resto da reportagem, né,
12:58senão vai entregar todo o ouro, né.
13:01Maravilha.
13:02E o que mais temos de importante aí?
13:04Quais são as outras grandes reportagens?
13:06É, tem também uma reportagem do Patrick Camporez,
13:10que traz ali um perfil da atuação do irmão do presidente Jair Bolsonaro,
13:17o Renato Bolsonaro, que mora no interior de São Paulo,
13:20pela liberação de verbas a prefeitos, né,
13:24ele levantou até uma cifra de 90 milhões de reais
13:27nas eleições do ano passado, liberadas para prefeitos, né,
13:31em cidades onde ele apoiava candidaturas.
13:36Então, esse agente, né, que faz o intermédio do repasse de verbas federais,
13:45que é irmão do presidente Jair Bolsonaro,
13:46e tem até mesmo para ele uma estrutura dentro do Palácio do Planalto,
13:52com assessor, só para atender as demandas do Renato Bolsonaro.
13:57Eu não sei, alguns leitores devem se lembrar,
14:01mas o Renato Bolsonaro, lá no passado,
14:03protagonizou quando o Jair Bolsonaro ainda era deputado federal,
14:07foi acusado de ser funcionário fantasma
14:11da Assembleia Legislativa de São Paulo.
14:14Ele era nomeado em um gabinete e, na verdade,
14:17ele trabalhava em uma loja, se não me engano,
14:20é uma loja de tapetes, mas é uma loja de móveis.
14:23Foi flagrado por câmeras televisivas e tudo mais,
14:27e lá no Ministério Público Estadual de São Paulo,
14:29lá ainda naquela época,
14:31esse inquérito não deu em nada,
14:33mas, inclusive, foi filmado ali como funcionário fantasma
14:39e, justamente, o funcionário fantasma
14:42que viria a assombrar todos os outros gabinetes
14:45da família Bolsonaro,
14:47todo mundo ali assolado por investigações
14:50sobre funcionários fantasmas
14:52e desvios de salários de gabinetes.
14:55Então, o Patrick traz esse perfil do Renato Bolsonaro,
14:59que tem agido para liberar verbas
15:01para prefeitos no interior,
15:03prefeitos no interior de São Paulo,
15:06verbas do governo federal.
15:09Muito bem. O que mais?
15:11Uma reportagem também da Helena Mader
15:14sobre uma mudança de posicionamento
15:17do governo federal
15:18a respeito de uma...
15:21no entorno ali de uma votação,
15:23de um jabuti.
15:25O jabuti é aquela pauta
15:27que, geralmente, é incluída por um deputado
15:30ou um senador durante uma votação
15:32anexada a uma outra pauta
15:34que não tem nada a ver com aquele assunto
15:36e, normalmente, serve para passar
15:39algum tema na surdina ali no Congresso,
15:41algum tema pouco republicano.
15:43O governo federal,
15:45que antes combatia um jabuti,
15:48por trás dele tinha vários interesses empresariais ali
15:51em relação a termoelétricas de gás,
15:53e depois, inclusive, era um jabuti
15:57que foi anexado à MP da privatização
16:00da Eletrobras,
16:02que o governo combatia esse jabuti,
16:07dizia que ele podia, inclusive,
16:08levar uma conta de luz mais alta
16:10para a população
16:11e depois, com uma mudança ali
16:14do cenário político
16:15e todos esses conchavos
16:18que a Helena detalha na matéria,
16:19o governo passa a avalizar
16:22a aprovação desse projeto
16:24que acaba tendo aí
16:27o dedo de empresários
16:28e muito lobby no Congresso
16:30para que seja aprovado.
16:33Muito bem.
16:35Temos também entrevista, né?
16:37Também entrevista.
16:38Entrevista do Duda Teixeira.
16:41Fiz uma entrevista com o diretor
16:42do jornal venezuelano
16:44É Nacional,
16:44que fala sobre a perseguição política
16:49no país à imprensa, né?
16:51O que envolve, inclusive,
16:52o confisco da redação,
16:55todos os problemas
16:56que o jornal passou
16:57ao longo dos anos
16:59e também, inclusive,
17:02a própria situação pessoal dele
17:04de ter tido que ficar fora do país
17:06porque o jornal
17:07e os seus jornalistas
17:08têm sofrido aí
17:09com duríssimas condenações
17:12por um judiciário
17:13que ele mesmo acusa
17:15ser aparelhado
17:16pelo chavismo.
17:19Muito bem.
17:20E temos também,
17:20nesta edição,
17:22além dos artigos
17:23do Diogo Mainage,
17:24do Mário Sabino,
17:25temos o do Carlos
17:26Fernando Lima, né?
17:29E do Alexandre Soares Silva.
17:31É isso?
17:33É isso.
17:34Luiz Vassalo,
17:34muito obrigado
17:34pela sua participação
17:35aqui no Papo Antagonista
17:37e você que não é assinante ainda
17:39da Cruz Oé
17:40nem do Antagonista,
17:42mas aproveite o combo,
17:44você assina nesse QR Code
17:45e ganha um e-book
17:47do Mário Sabino.
17:48Se nós não tirássemos do ar
17:50imediatamente a revista,
17:51nós teríamos uma multa
17:52pesadíssima por dia.
17:54É um negócio
17:55que nos quebraria.
17:56o Mário Sabino.
18:26ou o Mário Sabino.
18:28E aí
18:30o Mário Sabino.
18:32E aí
18:32o Mário Sabino.
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