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  • há 4 meses
No Papo Antagonista desta sexta-feira, Diego Amorim entrevistou o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), autor do projeto que propõe o semipresidencialismo no país. Segundo ele, há um presidencialismo de "cooptação" no país, em que as negociações com o Congresso ocorrem de forma pouco transparente.
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Transcrição
00:00Muito bem, nós já estamos conectados com o deputado Samuel Moreira,
00:04ele que é do PSDB de São Paulo, já relatou projetos importantes no Parlamento Brasileiro,
00:09como a reforma da Previdência, e agora ele é autor do projeto que propõe o modelo de semipresidencialismo no Brasil,
00:19um relatório que foi apresentado nos últimos dias aos líderes partidários da Câmara
00:23e que a gente destrinchou ao longo dessa semana aqui no Antagonista.
00:27Deputado, sexta-feira, recesso parlamentar, eu quero agradecer a sua disponibilidade
00:32e o senhor ter aceito o convite para estar aqui conosco. Boa noite, bem-vindo.
00:36Boa noite, Diego. Muito obrigado. Eu que agradeço a oportunidade.
00:39Boa noite a você e a todos que estão conosco neste bate-papo.
00:44Deputado, por gentileza, eu vou começar pedindo que o senhor explique um pouquinho para a gente.
00:48Eu sei que o projeto é muito grande, tem muitos detalhes, mas para quem está nos acompanhando
00:54e que ainda não ouviu falar desse projeto de semipresidencialismo, quais são os pilares,
00:59pelo menos os principais deles, que o senhor propõe no seu relatório, por gentileza.
01:03No seu projeto, perdão.
01:05Sim, sim. Ele dá mais transparência a esse processo político que está ocorrendo hoje,
01:09porque hoje já existe praticamente um presidencialismo de coalizão.
01:14já há um presidencialismo, na verdade, que é de cooptação.
01:19Ou seja, você não pode, como presidente, desprezar a força do Congresso.
01:23Ela já existe, ela é real.
01:26E o presidente acaba tendo que compor com o Congresso
01:29para obter maioria em projetos, em reformas.
01:32Todo mundo tem visto isso para superar crises, como as que nós estamos assistindo hoje.
01:38Só que ele faz isso tudo por baixo do pano, né?
01:41No sistema presidencialista, você faz a cooptação para poder sobreviver por baixo do pano.
01:47Ninguém sabe quem, quais as forças que indicaram, por exemplo, o próximo ministro da Casa Civil.
01:55Elas são ocultas.
01:56Ah, é o Centrão, mas quem é?
01:58Quem são os partidos do Centrão?
02:00Então, toda vez que tem que construir uma maioria, se faz por baixo do pano.
02:05Nós entendemos que no nosso projeto, isso tem que ser formalizado.
02:10O presidente indica, ele indica, ele é eleito pela força do povo, pelo voto popular.
02:16Pode ser reeleito, mas ele indica um primeiro-ministro para ser aprovado pela maioria dos congressistas.
02:23E aí você constitui uma maioria, oficialmente, que vai dar base para esse governo.
02:28Vai ser corresponsável.
02:30E, evidentemente, que essa maioria vai indicar, vai indicar ministros,
02:34só que de maneira transparente.
02:36Ninguém sabe quanto custam essas indicações para o país.
02:39O que é que está se passando.
02:41E não resolve, porque não garante que tenha uma maioria.
02:45Está tentando se salvar, mas não resolve.
02:46É crise atrás de crise.
02:48E o nosso país já assistiu isso.
02:50Nos últimos anos, com quatro presidentes da República, dois já sofreram impeachment.
02:55Todos os presidentes tiveram mais de 20, 30 pedidos de impeachment.
02:59Esse último, agora, o Bolsonaro, sempre 30 quase pedidos de impeachment.
03:04Sempre crise em cima de crise.
03:06E não há responsabilidade da Câmara.
03:09Ninguém sabe quem são os responsáveis por isso.
03:11O presidente fica construindo maioria, projeto por projeto, reforma por reforma.
03:17Ninguém sabe a que custo e ninguém sabe quem é esta maioria de verdade.
03:22Então, o nosso projeto, ele mantém o presidencialismo.
03:25O presidente é lei.
03:26Só que o presidente, ele indica um primeiro-ministro para ser aprovado pelo Congresso Nacional.
03:33E, ao ser aprovado, esse primeiro-ministro, ele precisa enviar para a Câmara, inclusive,
03:39um projeto de governo, um programa de governo para ser aprovado.
03:44E é evidente que quem aprova e participa do governo forma um bloco.
03:47E quem está fora, provavelmente, formará um bloco de oposição.
03:52E você terá o exercício da democracia plena.
03:55É melhor.
03:56Agora, lógico, isso depende também das escolhas.
04:00Às vezes, as pessoas falam, olha, mas é muito pulverizado, são muitos partidos.
04:03Mas são muitos partidos hoje também, nesse presidencialismo de cooptação também.
04:08Então, você tem ganhos para resolver crises.
04:11Veja, uma crise como essa, um primeiro-ministro, que tem ali as funções,
04:15até de nomear segundo escalão, de administrar os projetos de governo.
04:20É trocado 48 horas.
04:23Você não precisa paralisar o país por conta de um impeachment que demora oito meses.
04:28Às vezes, um ano, o da Dilma, entre o Eduardo Cunha apresentar o pedido
04:35e ele ser votado no Senado, foram 18 meses.
04:39O país parado paralisa o país.
04:42Então, a estabilidade é uma vantagem, a corresponsabilidade.
04:46E estabilidade política, Diego, significa mais investimentos, crescimento econômico,
04:53maiores possibilidades, porque ninguém investe em país que convive com crise permanentemente.
04:59Então, o nosso projeto melhora o presidencialismo.
05:01Na verdade, ele é um sistema de governança melhor.
05:06É isso que nós estamos propondo e propondo o debate, as contribuições, estamos ouvindo,
05:11para poder verificar essa perspectiva de melhora de um sistema que está falido.
05:16Porque esse negócio de falar que o Congresso não deixa governar,
05:20eu não quero ser generalizado.
05:23Eu não quero ser generalizado.
05:24Quem é esse Congresso que não deixa governar?
05:27E quem é que faz o governo?
05:28Quem é que está levando as emendas?
05:31Quem é que está participando e indicando cargos?
05:35Esses têm que ser responsabilizados, se o governo está com má qualidade.
05:40E até mesmo o primeiro-ministro pode ser trocado em 48 horas, se houver uma crise como essa.
05:45Então, a gente mantém o presidente.
05:47Eu acho que é um projeto que está sendo debatido
05:49e que as pessoas estão compreendendo na medida em que há o exercício do debate.
05:54Deputado, eu deixei o senhor falar bastante e propositalmente não lhe interrompi.
06:00Primeiro, para não ser mal educado.
06:02Segundo, porque é interessante que quem está nos acompanhando entenda que esse debate não é novo.
06:09Essa proposta não é algo novo na política brasileira.
06:12Sempre que há momentos de crise, esse assunto volta à tona.
06:16Quando a gente tem personagens importantes da política brasileira que o defendem,
06:20no judiciário, na própria política.
06:22O ex-presidente Michel Temer esteve aqui recentemente conosco no Papo Antagonista e fez a defesa.
06:27E eu não tenho dúvida de que quem está acompanhando,
06:30e eu também faço aqui a minha confissão,
06:33escutando o senhor, deputado, é uma maravilha mesmo.
06:37A gente olha e fala...
06:38Pronto.
06:39Esse celular, às vezes, parece que a gente não está falando com ele, ele fala com a gente.
06:46Mas a impressão que dá é que, poxa, então, encontramos a solução para a política brasileira.
06:52E aí eu lhe provoco, deputado.
06:54A gente tem maturidade política para isso?
06:57A gente tem um congresso maduro para lidar com a figura do primeiro-ministro?
07:03Tem pessoas aqui no nosso chat acompanhando,
07:05justamente, como eu disse, dizendo que é uma ideia ótima,
07:09mas, sei lá, a gente vai ter um primeiro-ministro réu por corrupção?
07:14A gente...
07:15Como vai ser isso?
07:17Se ele for aprovado, se o presidente indicar,
07:20veja, o presidente tem força popular, tem legitimidade, foi eleito.
07:24Se ele vai indicar alguém da confiança dele, construir essa maioria.
07:28Se ele conseguir aprovar uma maioria, ele pode indicar quem ele quiser.
07:32Agora, vai ter um debate e vai ter uma responsabilidade do Congresso
07:35por esta maioria para dar sustentação depois.
07:38O duro é hoje, que o presidente simplesmente põe quem ele quer.
07:42Ele indica a essa pessoa, seja qual for, que possa ter uma série de problemas.
07:47Ele vai e coloca, unilateralmente, e faz acordos.
07:51E ninguém sabe quais são.
07:52Ninguém sabe quem está por trás desse apoio.
07:54E se é que vai dar apoio esse tempo todo durante o governo?
07:58Porque tem uma crise.
07:59Surge um estândalo, sai fora.
08:01O deputado foge.
08:03Ninguém sabe quem são.
08:05Então, esse negócio de ficar participando do governo
08:07e não respondendo também pelos problemas que o governo tem,
08:13quer dizer, o deputado não responde pelos problemas que ele tem com a sociedade,
08:16que o governo tem, é muito ruim.
08:18Então, o fato é o seguinte, o presidente hoje, nós estamos vendo...
08:23Olha, Diego, há pouco tempo atrás, quando foi nomeada Flávia Ruda,
08:26mexeram em cinco ministros, praticamente o governo, vai caindo o governo.
08:32Só que cai a um preço que ninguém sabe.
08:35Troca-se.
08:36Agora uma crise de novo.
08:37Vão mexer mais cinco, seis ministros.
08:39Criaram ministérios.
08:41Estão criando ministérios para abrigar o Onix e o Horizonte.
08:44Mas ninguém sabe quais partidos.
08:47Quem realmente é esse bloco de sustentação?
08:50Então, é tudo por baixo dos panos.
08:52Não tem transparência.
08:53Mas isso é ruim para o presidente.
08:55O presidente, se ele enxergar bem, ele pode ser um presidente
08:59que possa compartilhar essa gestão com o primeiro-ministro.
09:02Para ele é melhor.
09:04Ele pode até, se ele tiver um impeachment, responder pelo impeachment.
09:07Mas o governo não para.
09:10O primeiro-ministro continua tocando o governo.
09:12Se tiver um problema de denúncias no governo,
09:15tira-se o primeiro-ministro em 48 horas, põe outro.
09:18Sempre indicado pelo presidente da república.
09:22Sempre indicado pelo presidente da república.
09:24Veja que o presidente continua com força, com prestígio,
09:27indicando.
09:28Ele não pode se eximir da responsabilidade do governo.
09:33Porque é ele que indica o primeiro-ministro.
09:36Então, ele não pode dizer, olha, eu não sei de nada.
09:38Ele que indica.
09:39Você não tira essa prerrogativa dele.
09:41Então, é um sistema de governança bem adequado.
09:44O projeto foi bem discutido.
09:45Agora, o projeto está aberto ao debate, às contribuições,
09:50a um processo que a gente possa melhorar esse sistema nosso,
09:54desse presidencialismo de cooptação, que está falido, Diego.
09:59Esse sistema está comprovado que não funciona.
10:02Desde a eleição que nós tivemos na redemocratização, em 89 para cá,
10:06dos quatro presidentes, dois já sofreram impeachment
10:09e agora está se propondo impeachment para mais um.
10:12E o país fica instável, fica inseguro.
10:16Para-se o governo, troca-se, mexe toda hora,
10:20tenta acertar com um, com o outro.
10:22Ninguém sabe o preço, ninguém sabe que tipo de apoio vai dar.
10:25Então, a gente acha que é preciso melhorar a governança.
10:28Chegou o momento de debater o assunto.
10:30O senhor traz muitas vantagens, muitas soluções com esse modelo
10:35que o senhor está propondo.
10:37O senhor conseguiria elencar alguns desafios também desse modelo?
10:40Algum eventual problema, algum eventual ajuste que precisará ser feito
10:45para o Brasil eventualmente se encaixar num novo modelo?
10:48Olha, o país, em qualquer sistema, é muito difícil quando você tem muitos partidos.
10:56Nós temos um problema crônico, a quantidade de partidos.
10:59Então, nós temos que sustentar essa cláusula de barreira que está ali.
11:03Nós temos um exercício de cláusula de barreira, que já foi um e meio em 2018,
11:10vai para dois agora, em 2026, e vai chegar a três em 2030.
11:14A cláusula de barreira deve diminuir a quantidade de partidos,
11:19isso ajuda na governança.
11:21Tem problemas, né?
11:24Nós estamos assistindo lá, querendo criar as federações de partido
11:28para salvarem-se das cláusulas de barreira.
11:32Mas sempre vai ter.
11:33Então, o fim das coligações foi um avanço.
11:35O desafio é que, numa quantidade grande de partidos,
11:38você montar uma coalizão.
11:40Você tem que ter mais partidos para obter a maioria.
11:43Mas isso em qualquer sistema.
11:45No sistema hoje também.
11:46O problema é que, hoje, você tem que montar uma maioria para cada projeto,
11:51para cada reforma, para cada crise.
11:54E isso custa muito caro para o Brasil.
11:57E o desafio é esse, você construir maioria.
12:00Isso é sempre complicado.
12:02Mas, no sistema semipresidencialista,
12:05é mais transparente e divide responsabilidades.
12:09E também fortalece a construção de blocos.
12:13Provavelmente, com o tempo, você vai ter dois blocos.
12:15Você vai ter um que é de governo, formado por vários partidos.
12:19E quem não está no governo, não vai estar na oposição.
12:22Ou vai estar independente, declarado independente.
12:25Mas nós teremos um bloco de governo responsável pelo governo.
12:28São esses partidos.
12:30Hoje a gente nem sabe se são os partidos, se são pessoas.
12:35Se é um ou outro que tem força que indica.
12:37Ou que bota a faca no pescoço do presidente.
12:40O presidente, numa situação vulnerável, acaba cedendo.
12:42Sem nenhuma garantia e sem nenhuma transparência.
12:46Mas a dificuldade, realmente, é a quantidade de partidos.
12:49Precisa ser muito bem trabalhado.
12:51O senhor acabou de mencionar que, hoje, com o modelo atual,
12:54para cada projeto é preciso se formar uma maioria.
12:56Inclusive, para esse projeto da PEC do semipresidencialismo,
13:00para avançar, ela precisa de uma maioria.
13:02A gente teve, recentemente, uma declaração pública
13:05do presidente da Câmara, Arthur Lira,
13:07favorável à continuidade, ao início de um debate
13:11é um pouco mais concreto da proposta.
13:15Que outras forças políticas o senhor vê hoje
13:18entusiasmadas com essa proposta?
13:23E onde estão os maiores focos de resistência?
13:26Esse é um processo de convencimento,
13:29de muito diálogo, muito debate.
13:32Se não tem crises, é mais difícil você alterar o sistema,
13:36porque as pessoas acham que está tudo bem.
13:39Nos momentos de crise, as pessoas debatem alternativas
13:41e começam a reconhecer a falência do sistema.
13:45Hoje, nós começamos a perceber claramente, mais uma vez,
13:50que o nosso sistema está falido
13:52e que ele precisa de alterações.
13:55O sistema, como é hoje, é muito complicado.
13:58Então, precisa de melhor.
13:59Com essa crise toda, é natural que venha essa discussão.
14:03Bom, para obter maioria objetivamente,
14:06é muito diálogo, muito entendimento.
14:08São lideranças na Câmara que possam ajudar
14:12na construção desse debate,
14:14não na construção de maioria,
14:16que não é papel, por exemplo, do presidente da Câmara,
14:18mas na construção do debate, sim.
14:21Junto aos líderes, ele tem o papel de liderança,
14:24ele é um chefe de poder,
14:25tem um relacionamento com vários outros chefes de poderes
14:29para debater um assunto.
14:30E nós, fazendo esse debate com a sociedade,
14:33conversando também com deputados,
14:35conversando no partido.
14:38Pelo que o senhor sente,
14:39o Centrão hoje tem maioria de apoio para esse projeto?
14:42deputado, ou ainda é muito permanente?
14:44Eu vou fazer uma pergunta para você.
14:46Eu não sou do Centrão,
14:48eu não sou do governo,
14:50não tenho cargo do governo,
14:51não quero cargo do governo,
14:53e tenho muitas diferenças com esse governo,
14:55sou contra esse governo.
14:57Agora, veja,
14:58o que é o Centrão?
14:59é o PP,
15:02é o PTB,
15:04o PSDB,
15:05o DEM.
15:06Quer dizer, como é no varejo,
15:08ninguém sabe quem é o quê.
15:10Essa figura do Centrão realmente existe,
15:13tem esse termo,
15:15pejorativo,
15:16porque foi criado em cima de um toma lá da cá,
15:19um toma lá da cá,
15:21mas é preciso definir claramente
15:23quais são os partidos.
15:25Então, é um processo de construção partidária,
15:28tem que conversar com os líderes partidários,
15:31nós vamos ter que conversar com os líderes de cada partido.
15:34Esse é um projeto para a sociedade,
15:36esse não é um projeto
15:37para alguém ganhar força imediatamente,
15:40nem contra ninguém.
15:42Alguns fazem uma crítica de que,
15:44olha, isso é um golpe,
15:46porque o nosso candidato está em primeiro lugar.
15:48quando eu apresentei a PEC em agosto do ano passado,
15:52vai fazer um ano agora em agosto,
15:54o candidato que está em primeiro hoje nas pesquisas,
15:56nem candidato podia ser,
15:58ele nem poderia ser candidato.
16:01Então, nós não estamos preocupados
16:03em personalizar essa discussão.
16:07Agora, é lógico que as lideranças da Câmara
16:10são muito importantes,
16:12os líderes de bancada,
16:13para que eles possam debater,
16:15aceitar que haja esse debate
16:18e que possam aperfeiçoar essa iniciativa.
16:22Por exemplo,
16:23o presidente da Câmara defende que seja para 26.
16:26É uma discussão.
16:27A minha PEC já é para o próximo mandato.
16:30A minha PEC já permite.
16:32É por quê?
16:33Porque ele não mexe com o presidencialismo.
16:36O presidente continua sendo eleito.
16:38É ele que indica o primeiro-ministro.
16:40Você mexe nas atribuições, na governança,
16:43mas você não mexe com o sistema de presidencialismo.
16:46O que as lideranças deste governo
16:48já falaram para o senhor sobre essa proposta?
16:50Tem alguma sinalização que já veio do plano do senhor?
16:53Eu tenho sentido, de maneira genérica, o seguinte.
16:56Até agora, alguns da oposição reclamaram ao governo.
17:02A oposição ao governo tem reclamado
17:04porque acham que estão com a mão na taça.
17:06Eles acham que em 22 já estão com a mão na taça.
17:09E eu até tenho dito a eles e alguns até refletem.
17:13Desculpe, Diego, você falou?
17:15Não, que o Lula vai ser eleito.
17:16Só estou colocando o nome dessa pessoa aí.
17:18Que o Lula...
17:19E eu até refleti outro dia com um dos deputados.
17:23Ele até ficou pensando.
17:24Mas o Lula, se ele for eleito,
17:26ele vai ter prerrogativa de indicar o primeiro-ministro.
17:29Ele vai ter prerrogativa de construir uma maioria às claras.
17:32Não como era antes.
17:35Que construía-se maioria através de outros critérios
17:40que não são republicanos.
17:43E você sabe disso.
17:44Estão todos aí.
17:46Não, vai ter que construir às claras.
17:48E essas pessoas vão participar do governo às claras
17:51e vão ser responsáveis às claras.
17:53Então, o Lula vai poder indicar, o PT vai poder indicar.
17:56Um primeiro-ministro vai poder construir a maioria, às claras.
18:00Não como antes.
18:01que ganha e depois...
18:03E a oposição do governo, eu lhe cortei.
18:05Do governo, o que o senhor sente?
18:06O governo, por enquanto, eu não tenho nenhuma manifestação,
18:11nem oficial, nem informalmente, do governo, da imprensa, nada,
18:15com relação a esse assunto.
18:18Esse assunto tomou corpo recentemente, está sendo debatido,
18:23e coincidiu com o recesso parlamentar.
18:26Então, o fato também em que PES em Brasília não para,
18:28as coisas não estão parando em função da crise,
18:32mas o recesso parlamentar também dificulta um pouco essa calibragem
18:36que você está perguntando, me perguntando.
18:42Mas é uma caminhada, meu Diego.
18:44É uma caminhada.
18:45Imagino.
18:46Não, e assim, eu estou caminhando para o fim,
18:48mas eu queria fazer essa ressalva,
18:49que é importante para quem está nos acompanhando.
18:52O pessoal fica aqui falando que vai ter pegadinha,
18:54que vai ter jabuti, e nós vamos continuar acompanhando.
18:58Processo legislativo é assim mesmo,
18:59a imprensa tem que ficar com o olho em cima dos senhores.
19:02Agora, já vale dizer que não está sendo votado a toque de caixa.
19:09Isso a gente não vai poder dizer.
19:11Não, não, não.
19:12Você tem toda a razão.
19:13Não é o que veio da noite para o dia.
19:15É um projeto que está sendo colocado à luz da sociedade.
19:19Isso o senhor tem toda a razão.
19:20Vai ser debatido.
19:22Não está sendo uma votação de madrugada, com todo acordado.
19:26Nada disso.
19:27Eu estava falando até dessa diferença do Arthur Lira para o nosso projeto.
19:32Eu acho que é para 26, eu já, no projeto, pus para 22.
19:37Pode ser uma outra data.
19:39Tudo é uma questão de entendimento e de melhorias do projeto.
19:42Na verdade, o projeto, caso ele continue caminhando,
19:47ainda vai para uma comissão especial, vai ter um relator,
19:50vão ter audiências públicas, vai ter um grande debate.
19:53Depois tem que ser aprovado duas vezes na Câmara,
19:56duas vezes no Senado.
19:57É um longo caminho a percorrer, mas é um debate a ser feito.
20:02Está aí o projeto.
20:03Eu acredito muito nele.
20:06Claro.
20:07E o senhor tem que acreditar.
20:08Se o senhor é autor do projeto e não acreditar, tem que acreditar.
20:11Eu acredito muito.
20:12Tenho muita convicção de que ele é bom para o país, muito bom para o país.
20:16Deixa eu lhe perguntar.
20:17Essas interações que a gente teve recentemente,
20:21por exemplo, do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos,
20:24dizendo para que semipresidencialismo, se o Congresso já tem o controle,
20:30não sei o quê, se o Ciro Nogueira na Casa Civil.
20:34O senhor encara isso como um elogio ao seu projeto, como uma provocação?
20:38Como é que o senhor encara esse tipo de comentário?
20:40Não, não. O problema é exatamente esse que ele colocou.
20:44Na verdade, de fato, já tem o controle.
20:48Agora, no nosso projeto é transparente.
20:51Se eles tiverem o controle, vai ter que ser transparente.
20:53Todo mundo vai saber quem é.
20:55Quais são os partidos?
20:56É feito um contrato de coalizão,
20:59formalmente, assinado.
21:01Os partidos tais, tais, tais,
21:03que constroem a maioria, aprovam o primeiro-ministro
21:05e aprovam o programa de governo.
21:07Você vai saber quem são.
21:09Não como hoje.
21:09Hoje, ah, é um.
21:11Dois.
21:11Quem são os responsáveis por tudo isso?
21:14Quer dizer que um só, dois,
21:16pode ter certeza que tem muito mais gente
21:17que a gente não sabe quem é.
21:19Tem gente, inclusive, de outros partidos
21:21que às vezes se dizem independentes,
21:23mas estão lá, usufruindo,
21:25usando o governo para certas coisas,
21:28mas ninguém sabe.
21:29Partidos divididos.
21:31Na verdade, eu acho que ele fala um pouco da boca para fora
21:36como se o projeto fosse para dar força ao parlamento.
21:39Não é para dar força ao parlamento.
21:40E eu não gosto de generalização, Diego.
21:43Eu não aceito essa generalização.
21:45Nós precisamos saber qual é a parte do Congresso
21:48que realmente tem responsabilidade.
21:50Não podemos achar que todo mundo é igual.
21:52Senão fica generalizando.
21:53É o Congresso que não deixa governar?
21:55É o Congresso que está mandando?
21:56O Congresso não está mandando, não.
21:57É uma parte pequenininha,
21:59é uma minoria do Congresso que está mandando
22:01contra uma grande maioria que não está mandando nada.
22:05Agora, as escondidas, vai ficando todo mundo ali.
22:08Sobra um pouquinho aqui para um, para outro.
22:10E o presidente, na verdade, às vezes,
22:13vira refém de determinados grupos,
22:16porque ele precisa de determinados grupos,
22:18porque é tudo por baixo do pano,
22:19que nem cumpre, às vezes, com ele o apoio necessário.
22:22Mas sem vitimismo do presidente também,
22:25porque ele já é grandinho e entende de política.
22:27Quando o presidente é incompetente...
22:29É assumindo as consequências disso, né?
22:31Quando o presidente é incompetente,
22:34em sistema nenhum vai ser bom.
22:37Não pensa que o sistema vai resolver o governo, não.
22:39O sistema melhora a governança.
22:41Depende das pessoas.
22:43Se você pegar duas pessoas iguais com a mesma competência,
22:46é melhor no sistema semipresidencialista
22:49que nós estamos apresentando.
22:51É melhor para ele governar ali.
22:52É melhor para o país.
22:54Porque as crises são menores.
22:55Você resolve mais rápido.
22:57A transparência é maior para a sociedade.
22:59O que nós estamos falando é de governança.
23:01Se você tiver pessoas despreparadas,
23:04ela não serve em regime, em sistema nenhum.
23:08Eu entendi a sua direta.
23:10Não foi nem indireta.
23:11Obrigado, deputado.
23:12Vou fazer uma última pergunta,
23:14não antes de fazer dois comentários.
23:16Primeiro, respondendo a sua pergunta,
23:17o senhor me perguntou quem é o centrão.
23:19Eu sei um que é,
23:21que é o Jair Bolsonaro, nosso presidente,
23:23que assumiu ontem que é do centrão.
23:25Publicamente.
23:26Ele eu consigo responder.
23:28A outra coisa é que,
23:29diante dessa falta de transparência que o senhor fala,
23:32de fato é muito interessante.
23:34A sociedade não sabe,
23:35mas a gente da imprensa sabe e às vezes noticia.
23:38A gente tem gente da oposição,
23:40a gente tem gente de partidos de esquerda
23:41que foram, por exemplo,
23:43agraciados com o chamado orçamento paralelo.
23:45Veja só você,
23:47deputados da oposição estão dentro de,
23:51sim, vou chamar de acordo,
23:53dentro de um acordo entre o executivo e o parlamento
23:55por meio dessas chamadas emendas de relator.
23:59E faço a última pergunta, deputado.
24:01Muito se falou nos bastidores também nesses últimos dias
24:04que o fato de Artulira ter encampado
24:06a proposta do senhor,
24:08pelo menos publicamente,
24:09seria, até brinquei aqui no programa,
24:12é como a Bela Gil fala,
24:13você pode estar substituindo o impeachment de Bolsonaro
24:16pelo semipresidencialismo.
24:18Chegou ao senhor alguma proposta nesse sentido?
24:21Olha, Samuel, toca esse projeto
24:22que a gente abafa o assunto do impeachment.
24:24Não, não, não, e pode ser alguma.
24:26E eu jamais aceitaria isso,
24:28eu jamais aceitaria isso.
24:29Na verdade, eu que procurei o presidente da Câmara,
24:32precisamos ser justos.
24:34Fui eu que o procurei e apresentei o projeto para ele.
24:37Porque eu venho sentindo já há algum tempo,
24:38desde que quando nós começamos a discutir esse projeto
24:41e eu protocolei,
24:42que o país está sem rumo
24:44e com muita dificuldade de governabilidade.
24:47Essa é uma preocupação que todos nós temos que ter.
24:50Nós devemos sair do lado da personalidade.
24:54Nós não precisamos de herói,
24:56não precisamos de exemplos,
24:57de coisas que funcionem bem.
24:59As pessoas estão muito radicais.
25:01Nós temos que nos propor a debater,
25:03admitir o que o outro pensa.
25:05Não preciso concordar,
25:06mas eu preciso ouvir o que o outro pensa.
25:08Quem sabe haja uma contribuição.
25:09Nós temos que debater o assunto.
25:11Eu procurei o Arthur Liri e disse,
25:13Arthur, eu tenho esse projeto.
25:15Esse projeto foi protocolado em agosto do ano passado.
25:18Eu gostaria muito que esse projeto fosse debatido,
25:21porque eu sinto que a crise institucional nossa
25:23é muito em função da péssima qualidade de governança
25:27que o presidencialismo tem.
25:28Esse presidencialismo de coalizão virou de cooptação.
25:32E quando conseguem fazer coalizão,
25:35porque às vezes até se consegue,
25:38um preço altíssimo,
25:40não tem espírito coletivo.
25:41Dá um ministério para cada um,
25:43pega os 20 cacetadas de ministérios que tem,
25:46que agora está aumentando,
25:48você pega e dá um para cada partido
25:49e faz uma coalizão.
25:50Só que aí cada partido não tem espírito coletivo.
25:54Pega de porteira fechada,
25:55usa só para o partido.
25:57O fato de você ter primeiro-ministro e ter coalizão
25:59é porque o governo é um governo coletivo,
26:02de responsabilidades coletivas.
26:03E quando cai, cai o governo inteiro.
26:05Você monta uma outra coalizão para poder governar.
26:08Então, é uma dinâmica muito interessante.
26:11Merece ser debatido, Diego, este projeto
26:14com bastante prudência,
26:16sem radicalismos, sem preconceitos,
26:19debater o melhor momento, a melhor hora,
26:21como uma governança,
26:22como se fosse uma governança de uma empresa,
26:26uma empresa pública.
26:27Como é que você mexe na governança,
26:28melhora os aspectos de governança,
26:30os resultados que possam dar para o país,
26:33porque são muito graves os problemas
26:34que nós estamos enfrentando, gravíssimos.
26:37E nós precisamos melhorar essa qualidade da governança.
26:40Avançamos o nosso horário,
26:41mas valeu muito a pena.
26:43O assunto é, de fato,
26:44muito profundo e muito interessante.
26:47Seria necessário aqui
26:48mais umas duas horas de entrevista,
26:50mas vamos parar por aqui.
26:51O espaço fica aberto
26:52para a gente voltar a conversar.
26:54e o antagonista vai fazer o seu papel
26:57de monitorar esse projeto de muito perto.
26:59Obrigado pela sua disponibilidade mais uma vez, deputado.
27:02Eu que agradeço.
27:03Conte comigo.
27:03Um abraço a você.
27:04Boa noite a todos.
27:05Muito obrigado.
27:06Obrigado.
27:06Um abraço a todos.
27:18Obrigado.
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