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  • 21/06/2025
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Em entrevista ao Papo Antagonista, o professor de relações internacionais Carlos Gustavo Poggio comentou a substituição de Ernesto Araújo por Carlos França no Ministério das Relações Exteriores.
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Transcrição
00:00Bom, eu queria já começar com, acabou de, o Palácio do Planalto acabou de confirmar,
00:06então agora a informação oficial, nós antecipamos praticamente tudo aqui no Antagonista,
00:11mas a informação oficial agora aqui, como havia até mencionado no bloco anterior,
00:15do embaixador Carlos Alberto Franco França, como novo ministro de Relações Exteriores,
00:23no lugar do Ernesto Araújo.
00:25Então, logo de cara, eu lhe pergunto, essa mudança é de fato uma mudança?
00:31O senhor acha que vai haver uma mudança, uma virada de página, ou é trocar seis por meia dúzia?
00:38Olha, Cláudio, o vídeo do CV acho que foi impecável em mostrar uma série de questões
00:43dessa administração do Ernesto Araújo.
00:46Ernesto Araújo, em certa medida, há boas e más notícias nesta nomeação do Carlos França.
00:53Vamos começar pelas boas notícias.
00:56Me parece que ele tem um perfil muito mais discreto do que o Ernesto Araújo,
01:00ele não vem, assim, das alas mais militantes do bolsonarismo.
01:05O Ernesto Araújo, ele devia o cargo dele completamente ao Eduardo Bolsonaro.
01:10Eu acho que o lado ruim disso é que também o Carlos França não está entre os mais experientes
01:15dos diplomatas brasileiros.
01:17Se não me engano, acho que a gente pode checar essa informação,
01:20ele não chefiou, assim como o Ernesto Araújo, ele nunca chefiou uma embaixada,
01:25contrário, por exemplo, de outros nomes que estavam sendo ventilados.
01:30Então, me preocupa por essa falta de experiência,
01:33porque eu imaginava que um nome um pouco mais experiente
01:36no Ministério das Relações Exteriores poderia servir, de alguma forma,
01:39como um filtro para algumas alucinações do Eduardo Bolsonaro.
01:43Então, me parece que a escolha do Carlos França tem como objetivo,
01:48ou aponta numa direção, de que, de fato, a gente deve ter pouca alteração
01:52nos rumos da política externa brasileira.
01:54Agora, só o fato dele ser um pouco mais excreto,
01:57talvez falar menos bobagem no Twitter,
01:59isso já é uma vantagem para o Brasil.
02:02Vamos aguardar para ver, porque mesmo o próprio Ernesto Araújo,
02:06o governo Bolsonaro, tem sido obrigado pelos fatos,
02:10pela realidade, esse muro intransponível chamado realidade,
02:14tem sido obrigado a adotar um tom mais pragmático,
02:17seja na política doméstica,
02:19essa aliança que nós estamos vendo com o Centrão,
02:21seja na política externa, porque política externa ideológica,
02:24ela pode até ser divertida até o momento que chega uma pandemia global.
02:28E aí, de fato, nós temos que começar a ter algum tipo de ação estratégica mais clara,
02:33porque aí deixa de ser uma política externa que está longe da população
02:36e passa a ter diretamente impacto na vida das pessoas.
02:40Quer dizer, hoje a gente já fica aliviado se o novo chanceler não atrapalhar,
02:46como o Ernesto atrapalhava.
02:49CD, fica à vontade.
02:51Sim.
02:51Professor, hoje a política externa do Brasil tem muitas prioridades,
02:55todas as quais envolvem, em parte,
02:58consertar os erros do governo Bolsonaro,
03:01entre elas, obter insumos e vacinas em países estrangeiros,
03:05consertar a nossa relação com o governo dos Estados Unidos,
03:09já que o Brasil fez uma opção por fazer uma relação com a ala trumpista
03:15e não com o Estado dos Estados Unidos,
03:17e botar para frente o acordo entre Mercosul e União Europeia,
03:21que, embora tenha sido assinado, ainda não foi ratificado pelos países partes,
03:25e, principalmente, por causa do nosso desmatamento,
03:28do nosso descompromisso com a agenda ambiental,
03:31isso ainda pode demorar bastante.
03:32Se o senhor fosse assessor do novo ministro França,
03:36quais seriam as suas recomendações de prioridades?
03:39Qual erro é preciso consertar primeiro?
03:42Olha, você tem algumas...
03:44Alguns desses erros, como você chama,
03:46eles vão demorar um tempo para serem consertados.
03:48Essas coisas não são fáceis de mudar.
03:51Houve um dano muito ruim à imagem do Brasil.
03:53O Brasil, hoje, é muito mal visto internacionalmente.
03:55Você mostrou no seu vídeo, Ernesto Araújo,
03:59orgulhoso pelo fato do Brasil ser um párea internacional,
04:02coisa que nunca foi, nunca na história do Brasil,
04:06nós tivemos essa postura.
04:07O Brasil é um país periférico,
04:09é um país que precisa de recursos,
04:11é um país que não pode agir defendendo bandeiras ideológicas
04:14como se fosse uma superpotência,
04:16que não tem outros problemas para lidar.
04:18Eu acho que houve um erro de diagnóstico
04:21do lugar do Brasil no mundo.
04:23E uma política que sequer o governo militar seguiu.
04:27Veja que o governo militar também, no começo,
04:29adotou este encantamento com relação aos Estados Unidos,
04:32mas isso logo passou.
04:34E o próprio governo militar,
04:35que, aliás, nunca teve um militar
04:37no Ministério das Relações Exteriores,
04:39adotou um tom um pouco mais pragmático.
04:41Eu acho que, como eu estava conversando com o Claudio,
04:44houve aí...
04:46A realidade, de certa forma, se impôs.
04:49Você já teve aí uma mudança de rumo na política externa,
04:53mesmo com o Ernesto Araújo.
04:54Ou seja, no momento, você está falando mal da China,
04:57o assessor do Ernesto Araújo chegou a falar em vacina xing-ling,
05:01depois ele apagou esse tweet,
05:03e agora está elogiando a China.
05:05Então, já houve uma mudança,
05:07não por conta do nosso pragmatismo,
05:09mas por conta do pragmatismo dos chineses.
05:11Os chineses é que têm uma diplomacia bastante pragmática.
05:14Os chineses é que olham para o Brasil
05:15e não estão nem aí para o Ernesto Araújo.
05:17Eles estão pensando no Brasil daqui a 10, 20 anos.
05:19Ao passo que o Ernesto Araújo está pensando
05:21num prazo muito mais curto de tempo.
05:23Então, a gente teve aí os custos dessa política.
05:27Claro que o problema central agora
05:29é que mostrou como a política externa
05:31não é algo distante das pessoas,
05:33a importância de uma política externa de qualidade,
05:35são as questões relacionadas à pandemia.
05:38Se a gente tivesse feito uma relação
05:40um pouco mais positiva com outros países,
05:42talvez estivéssemos melhor na questão da vacina.
05:44Se tivéssemos planejado um pouco mais nesse sentido,
05:47talvez estivéssemos um pouco melhor na relação com as vacinas.
05:50Veja que o Joe Biden tem vacinas, inclusive, em stock,
05:53que ele está distribuindo para o Canadá e para o México.
05:55Talvez se o Brasil tivesse construído
05:57algum canal de ligação,
05:59se de fato fosse uma relação especial com os Estados Unidos,
06:03alguma coisa diferente do que houve no passado,
06:05a gente talvez estivesse recebendo vacina dos Estados Unidos.
06:08Então, agora nós temos, primeiro,
06:09que correr atrás do prejuízo,
06:11e, segundo, mostrar que há uma mudança de postura, de tom.
06:14Ainda que não haja grandes mudanças em termos de conteúdo,
06:18que mude um pouco a forma da política externa brasileira,
06:21e, como o Claudio falou muito bem,
06:23que pelo menos ajude a não atrapalhar,
06:25que não seja um empecilho,
06:26que não seja uma vergonha,
06:28um embaraço internacional para o Brasil,
06:30como era o Ernesto Araújo.
06:32Qualquer um que conversa com diplomatas brasileiros ou internacionais
06:35sabe de que forma que o Ernesto Araújo
06:37era visto pelos seus pais.
06:44Obrigado.
06:45Obrigado.
06:46Obrigado.
06:47Obrigado.

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