- 20/06/2025
Vitelio Brustolin, professor e pesquisador de Harvard, analisa a decisão dos Estados Unidos sobre uma possível entrada no conflito entre Israel e Irã, e como a potência militar iraniana influencia esse cenário. A análise repercute o alerta do presidente russo, Vladimir Putin, e debate os riscos de a escalada no Oriente Médio levar o mundo a uma terceira guerra mundial.
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NotíciasTranscrição
00:00E a gente tem também um outro convidado que sempre participa aqui da programação,
00:04os telejornais e programas da Jovem Pan, professor de Relações Internacionais
00:08da Universidade Federal Fluminense, também cientista, pesquisador da Universidade de Harvard,
00:14o Vitélio Brustolin, a quem agradeço demais pela participação mais uma vez aqui
00:18na programação da Jovem Pan. Vitélio, seja muito bem-vindo.
00:23Boa noite, Daniel. Boa noite a todos. Obrigado pelo convite.
00:25Vitélio, oitavo dia de conflito no Oriente Médio, estamos observando nos últimos dias
00:32uma intensificação dos ataques do Irã, ainda que se tenha uma dúvida em relação ao poderio bélico,
00:39mas alvos civis em Israel sendo atingidos pelos artefatos iranianos, principalmente,
00:48chamou atenção no dia de ontem, um hospital na cidade de Bercheva, hospital Soroka,
00:53anteontem, salvo engano, mas as expectativas para a notícia que deve chegar dos Estados Unidos
01:01nos próximos dias em relação à decisão que será tomada por Donald Trump
01:06sobre a possibilidade de entrada ou não dos Estados Unidos nessa guerra.
01:11Enfim, queria pedir uma reflexão para a gente abrir essa entrevista sobre o atual momento da guerra
01:18e as perspectivas, caso os Estados Unidos entrem ou não nesse conflito.
01:24Daniel, existe uma tentativa agora de nós analistas de tentarmos entender
01:30quantos mísseis balísticos com alcance suficiente para atingir a cidade de Israel o Irã ainda tem.
01:37São mísseis que têm alcance de 1.300 a 2.000 quilômetros.
01:43A inteligência de Israel afirmava há dois dias que o Irã tinha ainda por volta de 1.200 desses.
01:50Então, hoje, a nossa estimativa é de que restaram em torno de 1.000.
01:55Israel vem atacando os lançadores desses mísseis, conseguiu destruir dois terços dos lançadores.
02:00O Irã tem usado uma tática diferente daquela que usava no início da guerra.
02:05No início, chegou a lançar 150 mísseis ao mesmo tempo para sobrecarregar a defesa antiaérea de Israel.
02:11Agora lança de 10 a 15 por vez e esconde os lançadores que estavam sendo alvejados.
02:17Então, faz uma tática de disparar e esconder rapidamente os lançadores para não serem alvejados.
02:22Por outro lado, a defesa aérea de Israel, os mísseis de defesa antiaérea,
02:28a estimativa é que possam durar mais de 9 a 11 dias.
02:33Israel tem uma vantagem, porque pode receber mais defesa antiaérea dos Estados Unidos em caso de emergência.
02:41O Irã, porém, não tem possibilidade de reposição desses mísseis balísticos no curto, médio prazo.
02:48O Irã ainda tem outros mísseis, tem mísseis, por exemplo, mísseis de cruzeiro,
02:52que ao invés de levarem de 10 a 12 minutos para atravessar aquela região e alvejar a Israel,
02:57vão levar uma hora e meia.
02:59Então, seriam mais fáceis, em tese, de serem abatidos pela defesa antiaérea.
03:05E o Irã ainda tem drones.
03:07Mas esse prazo do Trump, vou encerrar com isso,
03:10tem sido lido como um cálculo do quanto o Irã vai conseguir resistir contra atacando Israel,
03:19atacando cidades, atacando civis,
03:21e do quanto os Estados Unidos podem esperar.
03:25Porque, veja, o Trump costuma usar essa frase em a couple of weeks,
03:30em até duas semanas, e ele diz até duas semanas.
03:33Não quer dizer que a resposta vai sair exatamente daqui duas semanas.
03:35Ele pode simplesmente dar uma resposta, ajudar Israel diretamente no conflito
03:42e dizer que não tinha dado um prazo de duas semanas no total,
03:48mas de que poderia ser até esse prazo.
03:51Ou seja, também pode ser uma forma de tirar o Irã de guarda,
03:57fazer com que o Irã não esteja esperando um ataque iminente,
04:00e aí sim os Estados Unidos fazerem alguma ação pontual, Daniel.
04:04Professor de Relações Internacionais, Vitélio Brustorin,
04:08conversando ao vivo com a gente aqui na Jovem Pan.
04:10Vitélio, vou pedir licença, os nossos comentaristas também vão participar dessa conversa.
04:14O próximo a perguntar é o Roberto Mota.
04:18Professor, como o senhor avalia o posicionamento dos outros países árabes da região
04:25em relação a esse conflito?
04:27Boa noite, Roberto.
04:30Olha, pergunta interessante, porque nas duas vezes que o Irã atacou Israel no ano passado,
04:36alguns países ajudaram a barrar os mísseis do Irã e drones.
04:42Então, por exemplo, a Arábia Saudita e a Jordânia ajudaram a interceptar mísseis do Irã.
04:47A Turquia se posiciona abertamente contra Israel.
04:52Isso tem sido usado pelo Erdogan há muito tempo.
04:56Mas a Arábia Saudita ainda tem interesse em fazer parte do Acordo de Abraão,
05:01naquela mediação dos Estados Unidos, para se aproximar de Israel.
05:05A Arábia Saudita teve uma aproximação diplomática com o Irã em 2023,
05:08mediada pela China.
05:10Veja só, Roberto, pela China.
05:11Não quer uma guerra na região, já se posicionou, inclusive, foi solidária ao Irã.
05:18Mas, ao mesmo tempo, a Arábia Saudita tem como condição para se aproximar de Israel,
05:23que os Estados Unidos ajudem no seu próprio programa nuclear, só que para fins civis.
05:28Então, ninguém quer que o Irã tenha armas nucleares, nem a Turquia, nem a Arábia Saudita,
05:33nem ninguém da região, inclusive, porque entre o Irã e a Arábia Saudita, por exemplo,
05:37existe uma rivalidade histórica.
05:38O Irã é um país tiíta, a Arábia Saudita é um país sunita.
05:41A Arábia Saudita não quer que o Irã fique tão mais poderoso.
05:45A Jordânia é muito menor do que a Arábia Saudita, economicamente, em termos de projeção de poder,
05:51mas ela está no meio do caminho dos mísseis e tem um papel importante, inclusive,
05:56para receber os palestinos.
05:58O Irã diz que protege, que defende a causa palestina.
06:0270% da população da Jordânia é palestina.
06:04E aí tem ainda o Iraque, que depois da queda do Saddam Hussein se tornou um país tiíto,
06:10o Saddam Hussein era sunita, se tornou um aliado do Irã.
06:15A Síria caiu, a Síria era uma aliada, quando tinha o Bashar al-Assad, era uma aliada do Irã e da Rússia.
06:21Agora, o novo governo, o Hayat Tahir al-Sham, o al-Shara, é contra o Irã, justamente porque o Irã financiava a ditadura anterior.
06:29O Líbano não tem muito o que fazer, o Hezbollah perdeu muita força e o próprio Líbano não é contra Israel,
06:37é o Hezbollah, que é contra Israel.
06:39E aí restou o Egito, que está aqui na ponta, para dizer os principais,
06:43o Egito está mais preocupado com Gaza do que com o Irã, Roberto.
06:48Próxima pergunta é do Luiz Felipe Dávila, Vitélio.
06:51Professor, boa noite.
06:55Professor, parece que nessa guerra, todo mundo tem um limite de potencial para levar uma guerra de longo prazo.
07:06O Wall Street Journal publicou hoje que a guerra custa para Israel em torno de 200 milhões de dólares por dia.
07:13O Irã, como o senhor bem disse, tem uma capacidade limitada de lançar mísseis, cada vez menor.
07:20E os Estados Unidos, essa pressão da ala isolacionista do Partido Republicano,
07:27que não quer ver os Estados Unidos envolvidos em guerra.
07:29Então, nós temos três problemas aí para resolver o conflito no Oriente Médio.
07:33Como o senhor vê essas três forças operando para que se atinja o objetivo militar fundamental,
07:42que é destruir o programa militar nuclear iraniano?
07:48Boa noite, Luiz.
07:50Pois é, vou começar pelo Trump.
07:52Ele prometeu que não entraria em guerras, não se afundaria, especialmente no Oriente Médio.
07:57Ele foi muito crítico à intervenção dos Estados Unidos no Iraque, por exemplo.
08:02sempre criticou a incapacidade dos seus antecessores de negociar, segundo ele.
08:07No Iraque, os Estados Unidos perderam 2 trilhões de dólares, mais de 4 mil vidas.
08:14Em 2002, o Netanyahu fez um pronunciamento ao Senado dos Estados Unidos,
08:19dizendo que se o Saddam Hussein fosse retirado do poder, seria ótimo para o Oriente Médio.
08:25Mas o que aconteceu, no final das contas, foi que o Iraque se tornou um país xiita
08:30e o Estado Islâmico cresceu muito, especialmente no norte do Iraque,
08:34depois se espalhou pelo Oriente Médio, um grupo terrorista que se espalhou
08:37porque o Saddam foi sem combater esse grupo.
08:40Então teve um efeito colateral grave.
08:42No Afeganistão também foi um desastre para os Estados Unidos.
08:45Eles ficaram 20 anos lá, gastaram muito dinheiro, perderam vidas.
08:49E quando saíram, o Talibã voltou ao poder.
08:52E voltou tão ruim quanto era antes.
08:54Inclusive, agora as mulheres não podem nem falar nas ruas, no Afeganistão.
08:59Não podem trabalhar, não podem estudar, agora não podem mais falar nas ruas.
09:02É um regime ainda por cima acusado de ser narcotraficante.
09:07Então, a base de apoio do Trump sempre foi contra esse tipo de intervenção e essas guerras.
09:14Agora veja só, Felipe.
09:16Pode acontecer que os Estados Unidos façam apenas uma intervenção pontual.
09:20porque no ano passado, na Síria, os Estados Unidos lançaram 59 mísseis
09:25para ajudar a derrubar o governo do Bashar al-Assad, destruir os seus arsenais.
09:30E foi só isso. A guerra não escalou.
09:33Então pode ser que os Estados Unidos façam apenas, por exemplo, um bombardeio a Fordow,
09:38usando o GBU-57, que é uma bomba de 13 toneladas e 600 quilos,
09:43que só pode ser lançada de bombardeiros B-2 Spirit, que Israel não tem.
09:48Israel lança suas bombas GBU-28 e GBU-72 compradas nos Estados Unidos e lança do F-15.
09:54Foi adaptado para isso.
09:57Agora, as outras questões, né?
09:59Desculpa me estender um pouco a sua pergunta, foi bastante complexa.
10:02Eu vou terminar dizendo apenas que, para o Irã,
10:05é uma questão de sobrevivência do regime do Khamenei, que está com 86 anos.
10:09Não é só uma questão do programa nuclear ser destruído.
10:13O Khamenei tem um regime muito impopular no Irã.
10:15Tem pesquisas que ouviram mais de 2 mil pessoas que mostram que 81% da população não gosta desse regime,
10:22só tem 15% de apoio, o que também não significa que a população apoie Israel,
10:27mas é contra o regime do Khamenei.
10:30E, do ponto de vista de Israel, é um ponto de vista existencial.
10:34Israel não vai tolerar que o Irã chegue perto de ter armas nucleares.
10:38Mas, inclusive, embora 70% da população de Israel seria favorável a fazer uma paz com o Hamas em troca dos reféns,
10:45você não vê a oposição em Israel contra destruir o programa nuclear do Irã.
10:50Ninguém fala isso.
10:50Os deputados de oposição estão apoiando Netanyahu, inclusive o Lapid, que é líder da oposição.
10:56Então, para Israel, o Israel vai investir nisso até conseguir atingir o seu objetivo mesmo.
11:04Os caminhos possíveis e prováveis para esse conflito que entrou nesta sexta-feira em seu oitavo dia.
11:11Próxima pergunta, Cristiano Beraldo.
11:13Professor, boa noite.
11:16Nós temos acompanhado já há bastante tempo o Irã atuando no financiamento desses grupos terroristas,
11:24como Hamas, Hezbollah, Rutiz e tal.
11:28Nessa situação em que o Irã se encontra, como o senhor acha que será o futuro desses grupos terroristas?
11:35Quem são os parceiros possíveis?
11:37Que risco eles representam, não só a Israel, como sempre apresentaram,
11:43mas também, eventualmente, até o próprio Estados Unidos,
11:45que tem tido aí um protagonismo nesse enfrentamento do Irã?
11:51Pois é, essa é uma pergunta interessante, porque quando Israel ataca o financiador desses grupos,
11:57a estimativa é de que 70% dos recursos do Hamas eram provenientes do Irã.
12:02E esses mísseis, por exemplo, que os Houthis lançam contra Israel,
12:07mas também atacam com drones e com foguetes e embarcações na entrada do Mar Vermelho,
12:14esse equipamento todo é do Irã.
12:18Então Israel, ao atacar o Irã, também está atacando o financiador,
12:23quem entrega os arsenais e treina no Líbano, por exemplo.
12:28O Hezbollah nasceu como uma célula comandada pelo Irã,
12:33foi treinado pela guarda revolucionária iraniana.
12:37Em 1982, quando faz os seus primeiros atentados,
12:40ele era ainda um grupo desconhecido que foi crescendo, sendo inflado pelo Irã.
12:45Então ainda tem essa questão da arquitetura que o Irã criou na região.
12:50É muito interessante quando a gente analisa isso pelo ponto de vista do direito internacional,
12:55porque o terrorismo internacional é proibido pelo direito internacional,
12:58pela carta da ONU, por todos os tratados internacionais que nós temos.
13:03Mas o Irã abertamente criou um programa de política externa de financiamento ao terrorismo.
13:08Isso é fato, abertamente.
13:10Inclusive quando o Soleimani foi morto pelo primeiro mandato,
13:14o Trump no primeiro mandato mandou matar o general Soleimani do Irã,
13:18que estava no Iraque, inclusive,
13:20ele era visto como o arquiteto disso tudo.
13:23Então existe declaradamente uma intenção de um Estado soberano,
13:28membro da ONU, assim como é Israel, de destruir Israel.
13:31Realmente é uma questão muito séria, Cristiano.
13:35Caso caia o regime do Kamenei, eu vou finalizar com isso,
13:38ainda tem a questão de quem ficaria no lugar dele,
13:41porque a sua pergunta envolve o dia seguinte.
13:43Porque o Kamenei é responsável por essa política externa,
13:48mas a Guarda Revolucionária Islâmica,
13:49que provavelmente seria quem tomaria o poder,
13:52seguiria na mesma linha e provavelmente tentaria ainda usar o terrorismo
13:57como instrumento de destruição de Israel,
14:00já que se essa guerra terminar com uma derrota do Irã,
14:03os mísseis serão muito reduzidos, o programa nuclear vai acabar,
14:06então o que vai restar ao Irã será ainda o terrorismo internacional, Cristiano.
14:11Agora, professor, nós temos acompanhado aqui
14:16muitas projeções e exercícios que são feitos por analistas internacionais
14:21que acabam elencando quais seriam possíveis consequências para o mundo
14:27caso os Estados Unidos decidissem entrar de fato nesse conflito.
14:32E aí há muitas possibilidades.
14:35O Irã buscaria uma saída diplomática, os Estados Unidos matariam Kamenei,
14:39haveria deposição do regime, falam no fechamento do Estreito de Hormuz,
14:45escutei inclusive uma entrevista contigo que você tratou dessa questão,
14:50enfim, aí teve esse alerta feito por Vladimir Putin no dia de hoje
14:54sobre uma preocupação que ele tem com a possibilidade do mundo caminhar
14:58para uma terceira guerra.
15:00E aí algumas pessoas fazem essa reflexão.
15:02Bom, se os Estados Unidos entram do lado de Israel,
15:05será que haveria também uma coalizão de outros países do lado do Irã?
15:09Queria que você trouxesse suas percepções sobre essa tese de muitas pessoas e analistas
15:16de que estaríamos próximos de uma terceira guerra.
15:19Pois é, Daniel, o Putin falar em terceira guerra mundial,
15:24sendo que ele ameaça usar bombas atômicas semana sim, semana não,
15:28é até chegar a soar sarcástico, né?
15:32Eu vou fazer uma comparação com a Segunda Guerra.
15:35A Segunda Guerra não começa como uma guerra mundial, evidentemente.
15:38Ela começa com guerras regionais.
15:39A Alemanha nazista projetando poder sobre a Europa,
15:42e aí em 1941 o Hitler traiu o Stalin, porque eles eram aliados,
15:46em 1939 dividiram a Polônia e boa parte da Europa,
15:49fizeram um pacto de não-agressão.
15:51Em 1941 o Hitler traiu o Stalin e começa a marchar sobre a União Soviética.
15:55O Japão imperial projetava poder sobre a Ásia Pacífica e sobre a China,
16:00e a Itália do Mussolini projetava poder sobre o mar Mediterrâneo e a Etiópia.
16:05Num dado momento, os três perceberam que tinham interesses em comum
16:07e formaram o eixo.
16:09Nesse momento, as parcerias são muito mais próximas.
16:13Já existe uma parceria estratégica entre China e Rússia,
16:17entre Rússia e Coreia do Norte,
16:19que inclusive enviou 15 mil soldados para lutar em Kursk,
16:21que está mandando mais 5 mil agora para reconstruir.
16:24Entre a Rússia e a Venezuela,
16:26que assinaram uma parceria estratégica há poucos meses.
16:31Entre a Rússia e o Irã.
16:33O Irã fornece os drones Shahed,
16:35que a Rússia usa para atacar a Ucrânia,
16:36ou fornecia pelo menos até agora.
16:39Esse deve ser um dos efeitos colaterais para a Rússia dessa guerra.
16:41Já existe um eixo formado.
16:44Só que veja só, Daniel,
16:46esse eixo não prevê que os países vão se ajudar em casos de guerra.
16:50É por isso que nós não vemos a Rússia ajudando diretamente o Irã nesse momento.
16:55E veja que a Rússia assinou um tratado,
16:58assinou um pacto com o Irã em 17 de janeiro desse ano,
17:01logo antes da posse do Trump.
17:03Mas o pacto não prevê defesa mútua.
17:06Então, embora haja já um eixo formado,
17:10esse eixo não está pronto para uma guerra mundial.
17:14E caso a Rússia tente ajudar mais diretamente o Irã nesse caso,
17:19os Estados Unidos podem simplesmente,
17:21como moeda de troca, ajudar mais a Ucrânia
17:24na guerra contra a Rússia,
17:25que já tem três anos e quatro meses.
17:28Dificilmente, é muito improvável
17:30que a Rússia vai conseguir fazer alguma coisa pelo Irã.
17:33A Rússia perdeu a Armênia há pouco tempo.
17:36A Armênia perdeu uma guerra contra o Azerbaijão.
17:39A Armênia é membro da Organização do Tratado de Segurança Coletiva,
17:43que é a organização que a Rússia criou para fazer frente à OTAN.
17:47Foi criada apenas seis meses depois da dissolução da União Soviética,
17:50quando acabou o pacto de Varsóvia.
17:52Mesmo a Armênia, que está ali perto da Rússia,
17:55a Rússia não ajudou.
17:56Imagina o Irã lá no Oriente Médio.
17:57A Rússia já não conseguiu ajudar o Bachar Al-Assad,
18:00que caiu na Síria depois de décadas de ditadura.
18:04Então, muito provavelmente,
18:05não vai ser por conta desse conflito entre Israel e o Irã
18:09que nós teremos a Terceira Guerra Mundial.
18:11É mais possível e mais provável que isso que o Putin está fazendo
18:15faça que a corrida armamentista na Europa acelere,
18:20já está acelerando, com 800 bilhões de euros investidos,
18:23e gere uma guerra maior para a humanidade
18:25do que essa entre Israel e o Irã.
18:27Daniel.
18:28Informações e análises importantes,
18:30as perspectivas para essa guerra no Oriente Médio.
18:33Mais uma pergunta, agora do Roberto Mota.
18:38Professor,
18:40que sistema político prevalecerá no Irã,
18:45no final de tudo?
18:46existe alguma esperança do Irã ter algum regime no estilo capitalista,
18:54democrático, liberal, ocidental?
18:57Ou vai ser alguma variação de um regime autoritário?
19:03E o Irã vai conseguir deixar de ser uma teocracia?
19:07Qual é a sua visão sobre isso?
19:10Então, Roberto, são duas perguntas.
19:12Primeiro, o Irã já foi uma democracia.
19:14Até 1953, o Irã era uma democracia.
19:18E aí, o que aconteceu?
19:19Os britânicos exploravam o petróleo do Irã
19:22e exploravam sem dar direito nenhum ao Irã.
19:26Então, o Irã resolveu que ia cortar isso,
19:30que não aceitaria que a riqueza do seu subsolo
19:33fosse escoada por outro país.
19:36No final dessa negociação,
19:39o Irã até ofereceu metade do petróleo
19:41para os britânicos, eles não aceitaram.
19:44E aí, os britânicos e os americanos
19:47deram um golpe, ajudaram a dar um golpe no Irã.
19:50Entrou no poder uma monarquia.
19:52O Shas, o Shapalev.
19:55Shá, em persa, significa rei.
20:00E essa monarquia do Reza Palev
20:02ficou no poder até 1979.
20:05Só que a gente lembra do Irã,
20:08as mulheres de biquíni,
20:09o Irã mais liberal,
20:10que era da monarquia do Palev.
20:13Só que era uma monarquia também sanguinária.
20:15E era uma monarquia muito corrupta.
20:18Então, as pessoas odiavam aquele governo.
20:22E tanto é que quando chega
20:23a Revolução Islâmica de 79,
20:25que é a Revolução dos Ayatollahs,
20:27primeiro o Khomeini,
20:28a partir de 79,
20:30depois, a partir de 89, o Khamenei,
20:32há uma comemoração
20:34pelos Ayatollahs.
20:36Só que esse regime dos Ayatollahs
20:38vai ficando cada vez mais impopular.
20:40Ele é lido atualmente como um regime
20:42que não lida bem com a economia.
20:44As sanções aplicadas ao Irã
20:46atrasam muito.
20:47O Irã é o segundo país mais sancionado do mundo,
20:49só fica atrás da Rússia.
20:50A Rússia tem 24 mil sanções,
20:52o Irã tem mais de 5 mil.
20:54Então a população não gosta do regime.
20:55O regime também mata por questões.
20:58Aquela jovem, Masha Mini,
21:01ela tinha um pouco do cabelo para fora do véu.
21:03A polícia dos costumes matou ela apauladas.
21:06E aí, Roberto, as pessoas foram nas ruas protestar
21:09e mais 500 pessoas foram mortas pelo regime
21:11por protestar.
21:12Imagina, é uma coisa absurda.
21:14Agora, veja só.
21:16Voltar à democracia que havia antes de 53,
21:19seria muito difícil.
21:20Nem os Estados Unidos, nem ninguém conseguiu
21:22impor uma democracia ao Iraque, por exemplo,
21:25o Afeganistão.
21:27Então seria muito difícil restituir.
21:30Provavelmente, se o regime dos ayatollahs cair,
21:34quem deve assumir o poder é uma espécie
21:36de governo militarista.
21:38Talvez não seja mais uma teocracia,
21:40e sim um regime militar.
21:42E provavelmente esse governo seria comandado
21:44pela Guarda Revolucionária Islâmica,
21:46que é quem manda nas forças armadas do país.
21:48São mais de 120 mil integrantes nessa guarda.
21:51Provavelmente eles tomariam o poder, Roberto.
21:53E suas últimas informações e também as análises necessárias
21:58sobre essa guerra no Oriente Médio.
22:00Mais uma questão agora com Luiz Felipe Dávila.
22:02Você, Dávila.
22:05Professor, um fato curioso é que,
22:08apesar de toda a repressão, ditadura,
22:11desse regime teocrático,
22:14existe uma sociedade civil dinâmica no Irã.
22:17E essa sociedade civil parece que começa a se mobilizar
22:20em torno de um segundo período pós-guerra no Irã.
22:26Esse movimento civil tem condições de amenizar
22:31ou democratizar ou liberar o próximo governo iraniano
22:36justamente para ter respaldo da população?
22:39Ou, como o senhor bem trouxe aqui há pouco,
22:42pode ser até uma ditadura mais militarista e menos teocrática?
22:49Qual é a chance dessa sociedade civil,
22:51que foi sufocada durante tanto tempo,
22:54passar a ter uma voz importante
22:55para legitimar o próximo governo do Irã?
22:59Olha, Luiz,
23:02isso ainda está um pouco longe
23:05na nossa perspectiva de análise de cenários,
23:09mas veja só,
23:11para a população do Irã conseguir derrubar
23:13esse regime opressor,
23:15que é mantido no poder pela força,
23:18a população teria que ter armas.
23:21E aí já tem uma crítica ao Netanyahu
23:23porque ele estaria dando armas,
23:26miliciando grupos que se insurgem
23:29contra o Hamas na faixa de Gaza.
23:31A oposição está toda no pé dele.
23:33O Lapid acusou ele de dar armas,
23:35primeiro de ter ajudado o Hamas
23:37e agora de ajudar uma milícia
23:39que no futuro pode se insurgir contra Israel.
23:41Então imagina como é que seria
23:43para esses países, Israel, Estados Unidos,
23:46ajudar a população a derrubar as forças armadas.
23:49Geraria uma guerra civil dentro do Irã
23:51e ainda por cima uma população
23:53que não é simpática a Israel.
23:54No passado até era,
23:56no regime do Shah,
23:58o Irã foi um dos primeiros países
23:59a reconhecer a Israel como Estado soberano,
24:02era um aliado dos Estados Unidos,
24:04mas a população não é simpática a Israel,
24:07nem ao Netanyahu.
24:09Então imaginar que essa população
24:12que poderia derrubar o regime
24:14depois de derrubar seria democrática,
24:17faria um governo democrático,
24:18ainda por cima aliado dos seus antigos aliados,
24:21isso é muito distante das análises
24:24que a gente tem feito.
24:26Infelizmente, o cenário realista não é positivo.
24:31Mesmo com a queda do Kamenei,
24:32que está aí com 86 anos,
24:33não tem sucessor,
24:35não pode fazer o filho dele,
24:36o Mojitab Kamenei, sucessor,
24:39porque ele é um regime que se impôs
24:41contra uma monarquia.
24:42Então imagina o que seria
24:43o Yatolá fazer o filho dele como líder.
24:46É muito difícil que a população consiga
24:51retomar as rédeas do país e controlar o país.
24:55A gente não viu isso no Iraque,
24:57não viu no Afeganistão,
24:58não viu na Síria,
25:00apesar da Síria estar agora
25:02novamente aliada dos Estados Unidos,
25:04pelo menos por enquanto.
25:05Não sabemos muito o que esperar do HTS,
25:07mas estamos observando.
25:09mas provavelmente a gente não vai ver isso
25:11também no Irã, Luiz Felipe.
25:14Pois é,
25:15as muitas facetas
25:17e também aspectos
25:18que a gente precisa debater
25:20e analisar
25:21nesse conflito que acontece
25:22no Oriente Médio,
25:23recebemos o professor
25:25Vitério Brustolin,
25:26de Relações Internacionais,
25:27sempre colaborando com a gente
25:28aqui na Jovem Pan.
25:30Professor,
25:30grande abraço,
25:31bom fim de semana
25:32e até breve.
25:33Obrigado pelo convite,
25:35bom fim de semana a todos.
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