- há 6 meses
Em conversa com Felipe Moura Brasil, de O Antagonista, o deputado federal Paulo Ganime (Novo-RJ) fala sobre as dificuldades de aprovação do congelamento salarial do funcionalismo público, o lobby das categorias de servidores, as diferenças entre Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, as posições do Novo para além da economia, as saídas de Sergio Moro e Luiz Henrique Mandetta do governo, além do combate à corrupção, ao coronavírus e aos gastos com cotão parlamentar e vergas de gabinete.
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NotíciasTranscrição
00:00Salve, salve! Eu sou Felipe Moura Brasil e recebo hoje mais um convidado especial
00:03aqui nessa minha série de entrevistas durante a quarentena, eu que estou em home office em São Paulo
00:08e ele está lá em Brasília, o deputado federal Paulo Ganim do Partido Novo, lá do meu Rio de Janeiro.
00:14Boa tarde, deputado.
00:16Boa tarde, boa tarde, Felipe. Boa tarde, pessoal do Antagonista.
00:20Muito bem, deputado. O senhor deu uma declaração que rendeu manchete no Antagonista hoje,
00:25abro aspas, para o senhor.
00:27O cara que está sem poder ganhar dinheiro é quem pagará o aumento do servidor.
00:33Fecho aspas.
00:34Isso foi, evidentemente, uma crítica sua em relação à votação que ocorreu na noite de ontem
00:40do projeto de socorro a estados e municípios e houve o destaque do PDT que suprimiu a expressão
00:47que liberava reajustes apenas para profissionais diretamente envolvidos no combate à Covid-19,
00:54como os da saúde e da segurança pública.
00:57Portanto, vai poder ser reajustada a remuneração de outros profissionais além dessa categoria,
01:03pelo menos de acordo com a decisão que foi tomada na Câmara dos Deputados.
01:07Só que agora, pouco antes da gente começar essa entrevista, já houve uma decisão no Senado
01:12que mudou um pouco esse rumo.
01:14Mas eu quero saber da decisão da Câmara.
01:15Como é que foi e o que o senhor achou?
01:18Na verdade, Felipe, tiveram alguns destaques além desse, como também aquele que incluiu
01:23os professores no hall das categorias que não poderiam ter seus salários congelados.
01:29E, com isso, todo aquele pacto que foi firmado no Senado para que houvesse uma contribuição
01:36do funcionalismo público nesse momento de crise, ele foi derrubado aqui na Câmara.
01:41Originalmente, o texto falava de 120 a 130 bilhões de contribuição com esse congelamento
01:48salarial.
01:49Ou seja, sem reduzir salário de ninguém, sem ter uma medida muito dura, mas sim congelando
01:55por um ano e meio só, só um ano e meio, os funcionários públicos estaduais e municipais,
02:01a gente conseguiria ter uma economia de 120 bilhões.
02:05Com todas essas mudanças que a gente fez aqui ontem na Câmara, é provável que essa
02:08economia caia para cerca de 20 e tantos, 30 bilhões.
02:12Ou seja, um projeto que a gente está dando auxílio aos estados e municípios, na ordem
02:17de 60 bilhões, ele teria um impacto positivo, um impacto fiscal positivo, e agora tem um impacto
02:22fiscal negativo.
02:24Esse auxílio é importante, a gente precisa dar esse auxílio porque os estados não vão
02:28ter como pagar a conta, não vão conseguir pagar os profissionais, principalmente os
02:33profissionais de saúde, de segurança, que estão na linha de frente.
02:36Mas a gente esperava que todo mundo contribuísse.
02:38Porque hoje, todo mundo da iniciativa privada, desde o trabalhador que não tem contrato de
02:43trabalho, que é o cara informal, o cara profissional liberal, ou até mesmo o trabalhador, o cara
02:49que está com carteira assinada, todo mundo está sofrendo.
02:53Empresário está sofrendo, microempreendedor está sofrendo, e todo mundo está dando essa
02:56contribuição, contribuição não voluntária, é uma contribuição automática por conta
03:01da parada das atividades econômicas.
03:03Agora, não faz sentido que todo mundo que ganha dinheiro do governo, que no final das
03:08contas esse dinheiro vem da população, porque o governo não produz nada, quem gera dinheiro
03:13é a atividade econômica, a população, as empresas, essas pessoas estão sem ter como
03:18ganhar dinheiro, mas vão continuar pagando seus impostos, e esses impostos vão continuar
03:22indo para o funcionalismo público.
03:24E pode chegar até numa situação mais grave, né, Felipe?
03:27Daqui a pouco, nem o governo mais tem dinheiro para pagar os próprios servidores.
03:31A gente já viu isso no Rio de Janeiro, recentemente, o Rio parou de pagar servidores públicos
03:36estaduais, e pode ser o futuro também.
03:38E aí, esse negócio de reajuste vai ser o menor dos problemas.
03:41A gente vai estar falando aí de salário do dia a dia, dinheiro para botar comida na
03:45mesa que os servidores públicos não vão ter mais, que o funcionalismo da iniciativa
03:51privada já não estão tendo.
03:52Então, é muito grave isso.
03:54A gente está num momento de crise, num momento que todo mundo precisa contribuir.
03:57Está todo mundo contribuindo de alguma forma.
04:00Quem não está sendo impactado ou quem tem mais fôlego financeiro está tentando ajudar,
04:04dando empréstimo, dando ajuda, doando dinheiro.
04:07Por que o funcionalismo público não pode dar sua cota de contribuição?
04:10Isso, para mim, vale também para nós, políticos, deputados e tudo mais.
04:14A gente é favorável que todo mundo dê sua cota de contribuição.
04:16O senhor falou aí em 120 bilhões de reais em economia que seria obtida com esse congelamento
04:25salarial de servidores.
04:26Tem manchetes na imprensa que estão falando em 130 bilhões de reais.
04:29Quer dizer, fica aí nessa faixa.
04:31Seria, obviamente, uma economia alta.
04:33E o que está sendo noticiado é que ela caiu, com essas mudanças ocorridas na Câmara
04:37dos Deputados, para 43 bilhões de reais.
04:40Quer dizer, uma queda muito grande, de 130 bilhões ou 120, como o senhor disse, para
04:4543 bilhões de reais.
04:47E o que se diz é que houve muito lobby do funcionalismo público.
04:51Eu até pergunto por que as pessoas, muitas vezes, leem isso e não sabem como isso ocorre.
04:55O senhor vê isso acontecer na Câmara dos Deputados, nos bastidores do Congresso Nacional?
05:00Esse lobby, quem é que faz?
05:02Como faz?
05:03É aquele diálogo no pé do ouvido?
05:05Aquelas pessoas representantes da categoria querendo ter reunião com os deputados?
05:09Já nos corredores?
05:10Como é que isso acontece?
05:12Bom, no momento normal de funcionamento da Câmara, as pessoas vêm aqui, vêm para
05:17a tribuna, vêm para o plenário, vêm para as comissões e fazem esse lobby pessoalmente,
05:24fisicamente.
05:25Muita gente, o profissional que está trabalhando no seu estado, ele não consegue vir, ele manda
05:29mensagem pelo WhatsApp, liga para os deputados, manda e-mail, muito e-mail, mensagem nas
05:35redes sociais.
05:36Quando a gente votou a Previdência e outros momentos, que a gente votou alguma coisa que impactou,
05:39alguma categoria, que mais tinha era a mensagem do Instagram, a WhatsApp, Facebook, dessas
05:46categorias, pedindo para a gente votar, de certa forma, as matérias.
05:50Isso vale agora.
05:51Agora a gente não tem a pressão física, ninguém está podendo entrar na Câmara, mas as pressões
05:56via redes sociais acontecem.
05:57E além disso, tem muitas dessas categorias que já estão bem representadas politicamente
06:03já como deputados aqui na Câmara, professores, policiais, militares, ainda mais aí na última
06:10eleição, com a onda Bolsonaro.
06:13Toda a categoria da segurança pública foi muito fortalecida aqui dentro.
06:17Então já tem a representação própria.
06:18E os que não têm representação própria têm essa pressão, e também não só a pressão
06:24direta dos servidores, mas também dos sindicatos e tudo mais.
06:28Então é uma mobilização muito forte.
06:30E esse foi sempre o problema.
06:31A gente teve na política, principalmente no parlamento.
06:34O parlamento não representa a maioria da população.
06:37Ela representa minorias bem organizadas.
06:40Esse foi sempre o problema.
06:41Inclusive a gente do Novo, a gente quis entrar para a política e foi formado o partido
06:45para representar essa maioria diversa, essa maioria espalhada que não tinha uma representatividade,
06:50não tem uma cara, não é professor, não é empresário, não é policial.
06:55A maioria da população são pessoas comuns que querem trabalhar, mas que não tinham
06:59representatividade.
07:01Certo.
07:02Acabou de sair, enquanto a gente está gravando essa entrevista aqui, uma notícia no Antagonista
07:06sobre a posição do deputado Vitor Hugo, que é o líder do governo Bolsonaro na Câmara,
07:11a respeito dessa flexibilização do congelamento de salários.
07:17E ele disse, tem sido caracterizado como uma facada do líder do governo no ministro da
07:22Economia.
07:24E elogiou a competência do Paulo Guedes, mas deu o seu recado aqui, segundo o site, ao
07:29defender o destaque do PDT, que suprimiu aquela expressão que eu falei no começo.
07:33Foi uma determinação, esse que é o ponto importante, do presidente da República, cumprida
07:38pelo líder do governo.
07:40Eu sou o líder do governo, não de qualquer ministério.
07:43Então, essa foi a declaração do deputado Vitor Hugo e o Antagonista continua.
07:47A orientação para o governo votar sim ao destaque do PDT partiu do próprio Jair Bolsonaro,
07:53segundo o relator Vitor Hugo, em ligação ontem à noite.
07:56Como noticiamos mais cedo, aí o Antagonista registra aquilo que a gente já registrou da
08:00queda do valor da economia.
08:02O que o senhor acha, deputado, de o presidente Jair Bolsonaro dar uma orientação seguida pelo
08:08líder do governo para que haja uma postura diferente daquela defendida pelo ministro da
08:15economia, Paulo Guedes?
08:17Eu fico muito surpreso que isso aconteça.
08:20A gente tem aí um ministro, que é um ministro, inclusive, com bastante poder, o Ministério
08:24da Economia juntou diversos ministérios.
08:28Antigamente era o Ministério da Fazenda, juntou vários ministérios e era a pessoa tida
08:32como responsável por grande parte da influência do presidente Jair Bolsonaro, desde as eleições.
08:39Era o posto piranga do presidente.
08:42Inclusive, o presidente sempre colocou que para esses temas econômicos ele iria se basear
08:46na opinião do ministro da economia, do ministro, na época então, ainda Paulo Guedes e hoje
08:52ministro Paulo Guedes.
08:54Eu fico surpreso que hoje, um ano e pouco, quase 15, 16 meses depois dele eleito, o que
09:02deveria ser uma ainda mais afinidade entre um e o outro, uma parceria ainda mais forte,
09:08visto que eles estão trabalhando juntos há quase um ano e meio, a gente vê aí o caso
09:13do processo contrário, quando a gente vê que o presidente da república e o ministro
09:18da economia, que é um dos principais ministros, não estão falando a mesma língua, eu fico
09:22não só surpreso, como eu fico preocupado, porque será que isso vai ditar os pulos da
09:27economia daqui para frente?
09:29Será que, porque a gente não é o primeiro fato, não é o primeiro caso, a gente viu
09:33ali recentemente a apresentação daquele plano para o Brasil, para o Brasil, pelo ministro
09:37da Casa Civil, que é de encontro à visão liberal, à visão do Paulo Guedes, que
09:42é a minha visão também, fazendo um plano aí de investimento público, de onde ia
09:47sair o dinheiro, eu não sei, e muito contrário ao que o Paulo Guedes acredita, aí uma semana
09:51depois, alguns dias depois, o presidente da república diz, ah não, mas quem fala de
09:55economia aqui é o Paulo Guedes, dá um abraço nele, mostra que eles estão juntos, e aí
10:00agora vem isso de novo, ou seja, qual é o governo que a gente está falando, o governo
10:03que é liberal, que acredita numa economia liberal de fato, e que vai fazer um ajuste fiscal
10:09importante, como a reforma da previdência foi, como a gente espera também com a reforma
10:13administrativa, ou é um governo que vai proteger categorias, visto que essas categorias têm
10:18afinidade, seja, diversas afinidades com o presidente, com parte da base do presidente
10:25da república e dos deputados que aqui estão.
10:26Eu espero que seja o governo da economia do Paulo Guedes, pelo menos do ponto de vista
10:32econômico, foi isso que ele foi eleito, ele foi eleito o presidente da república, ele
10:36até poderia ter falado e falou realmente que o ministro Moro não estava na campanha e não
10:42foi essencial para as eleições dele, mas o Paulo Guedes foi, as pessoas votaram no
10:48presidente da república pensando em duas, três coisas na verdade, uma era essa defesa da
10:53bandeira liberal, a segunda era o combate à corrupção, e a terceira, que na verdade
10:57foi o meu voto no segundo turno, foi por causa disso, porque eu não queria o PT de volta.
11:01Então a gente vê aí, o Moro saiu, não que o Moro saindo signifique que o combate à
11:07corrupção vai acabar, mas é uma mensagem simbólica importante.
11:12E ele começa a enfrentar o Paulo Guedes e a gente se pergunta, quem é o governo, qual
11:16é o governo que a gente vai ter?
11:17Eu espero que seja um governo liberal e que combate a corrupção.
11:20Eu vou acreditar nisso e vou votar aqui na Câmara sempre que ele trouxer pautas nesse
11:24sentido de forma apavorável.
11:26Mas quando o líder do governo, o líder que representa o presidente da república fala
11:30isso e fala que ele não está representando aqui um ministro, não um ministro de qualquer
11:34parte, na verdade nenhum ministro pode ser chamado de ministro qualquer, todos eles representam
11:39o presidente da república, tem autonomia dada pelo presidente da república para assinar
11:44naquelas pautas e a gente espera que esses ministros estejam alinhados com o presidente
11:48da república, inclusive o próprio presidente da república disse que um dos motivos da
11:52saída do Mandetta era essa falta de alinhamento dele com o presidente da república.
11:57Então se os dois começam a divergir, será que isso representa o início de um fim?
12:02Eu espero mais uma vez que não, espero que não, é porque eu quero que o Brasil dê certo
12:07e eu acredito que o Brasil tem muito mais chance de dar certo que o Paulo Guedes como ministro
12:11da economia.
12:11Inclusive na campanha, num comercial de TV, Jair Bolsonaro disse a frase que nenhum presidente
12:17é maior do que o seu ministério.
12:19Agora essa tensão com o Paulo Guedes realmente existiu desde a campanha, uma grande dúvida,
12:24eu escrevi um artigo para a newsletter do Antagonista que perguntava, o título era mais ou menos
12:29assim, até onde vai o liberalismo econômico de Jair Bolsonaro e na época de João Doria
12:35também, que também tinha várias posições vacilantes e eu apontava todas elas e perguntava
12:40e aí, até onde vai isso?
12:43Houve muitos questionamentos a respeito e agora o senhor mesmo estava dizendo de deputados
12:49que já são representantes de categoria.
12:51Isso é o que o Jair Bolsonaro foi durante 28 anos na Câmara dos Deputados, defendendo
12:55ali interesse de militares, de policiais, com aqueles posicionamentos mais considerados
13:01mais corporativistas e agora, justamente numa votação que é a respeito disso, que
13:07envolve esse alinhamento ou não com categorias profissionais, ele volta a adotar uma postura
13:13parecida com aquela do então deputado.
13:16O senhor acha que isso pode ser fruto de um desgaste político que ele esteja tendo,
13:22tanto em razão da pandemia, quanto em razão das saídas do Mandetta e do Moro e agora
13:28esteja querendo distribuir, vamos dizer assim, no jargão político, um pacote de bondades
13:34maior para evitar um maior desgaste?
13:37É uma possibilidade.
13:39A gente vê, inclusive, essa aproximação dele com os partidos do centro e tudo mais.
13:45Tem uma política muito mais popular, populista e é muito mais fácil agradar a população
13:52no curto prazo, é claro. Inclusive, esse foi talvez um dos grandes erros do PT, achando
13:58que a população era de esquerda ou que era petista, mas a população queria dinheiro,
14:03queria emprego, queria ter oportunidades. Enquanto o governo estava funcionando nesse sentido,
14:08até por conta do boom das commodities, do petróleo e tudo mais, ele conseguiu ganhar
14:13essa popularidade. Mas a mesma população que foi crítica ao PT, foi defensora do PT num
14:18primeiro momento, foi crítica depois. Aí o presidente da República é a mesma coisa,
14:23se ele achar que ele vai conseguir melhorar o Brasil com medidas populistas, antiliberais,
14:29ele pode até conseguir alguma vitória no curto prazo, mas isso não vai garantir longevidade
14:34nem para o governo dele e muito menos ainda para a economia do Brasil. E isso é o grande
14:39risco. Agora, claro que isso é muito mais fácil. É muito mais fácil a gente defender
14:43aqui coisas populistas do que a gente defender uma pauta liberal e que você precisa fazer
14:48ajuste, reduzir salário, diminuir regalias do funcionamento público e até mesmo da população
14:54como um todo. Então, ajuste fiscal, reforma administrativa, reforma tributária da Previdência
15:01são pautas que são muito difíceis de serem vendidas. A gente até conseguiu com uma certa
15:06facilidade que a população entendesse a necessidade da reforma da Previdência, mas é difícil
15:12vender isso. Então, é mais fácil você conseguir esse apoio com essas pautas mais populistas
15:17que vão justamente de encontro à visão liberal do Paulo Guedes e a minha visão também.
15:22E pode ter um interesse, eventualmente, até eleitoral de se conseguir uma reeleição.
15:26Quem é que apoia essa pauta? Não estou falando só do presidente.
15:30Para depois, de repente, talvez, se não chover, adotar o liberalismo econômico em maior
15:35profundidade. Vamos ver qual vai ser a postura do Paulo Guedes diante disso tudo.
15:38Agora, como eu estava falando no começo, pouco antes da gente começar essa entrevista,
15:43saiu uma notícia sobre a decisão do presidente do Senado, porque esse projeto estava na Câmara,
15:48mas foi para o Senado. E o Davi Alcolumbre, presidente do Senado, aceitou parcialmente
15:53as mudanças feitas pela Câmara e excluiu agentes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária
15:59Federal, guardas municipais, agentes socioeducativos, profissionais de limpeza urbana, além dos profissionais
16:05de saúde e assistência social do congelamento de salários por 18 meses.
16:10O congelamento, diz aqui a matéria do Globo, é uma contrapartida pedida pelo governo para
16:15o repasse de 60 bilhões de reais de auxílio para estados e municípios.
16:20O que você falou, na verdade, o que ele fez é que ele tirou as categorias que a Câmara
16:25tinha dado o benefício de não ter o reajuste, ou de ter, na verdade, o reajuste, ele voltou
16:32atrás e voltou com o texto mais próximo do que foi aprovado no Senado, que era o que
16:36ele tinha dito. Ontem ele falou, assim que a gente aprovou o projeto aqui na Câmara,
16:41que ele ia rejeitar todas as modificações e voltar ao texto original.
16:43Desse ponto de vista das contrapartidas, do reajuste, é positivo. A gente acha que
16:49isso foi bom para o texto, porque vai ter a contrapartida que a gente estava falando
16:53antes. Agora, a distribuição da verba entre os estados, a proposta que ele apresentou,
17:00não fazia sentido nenhum, que foi, inclusive, o destaque do Globo, para tentar melhorar um
17:04pouco a proposta que ele tinha feito com relação à distribuição da verba.
17:08Infelizmente, ele vai voltar atrás também nisso, o que faz com que ele ganhe politicamente,
17:13no Amapá, que é o estado que foi mais beneficiado proporcionalmente nesse texto que ele apresentou
17:20no Senado e que, pelo visto, ele está voltando agora de volta no Senado.
17:25Então, só reformulando aqui, a manchete principal é, o Columbre mantém policiais federais,
17:31mas exclui professores de blindagem a congelamento de salários.
17:37Então, está havendo aí essas mudanças, elas vão ser debatidas e mais informações
17:41sobre isso, você pode conferir lá em o antagonista.com.
17:46Agora, outra votação que está sendo discutida aí no Congresso Nacional, deputado Paulo Ganime,
17:53é em relação a uma proposta do Novo, um destaque, que muda o critério de distribuição
17:58de recursos aos estados.
18:00Como é que é isso?
18:01Então, o texto do relator, do Columbre, presidente do Senado, ele considerava vários critérios.
18:10Até foi um texto muito confuso, todo mundo teve dificuldade para entender como é que ele
18:14tinha chegado nesse cálculo.
18:16O relator na Câmara, deputado Pedro Paulo, até fez algumas, deu mais clareza nessa divisão,
18:24deixando mais claro como é que seria feita essa distribuição.
18:27O grande problema é que essa distribuição, ela considerava uma parte do valor dos 60
18:33bilhões, 37 bi, iriam para os estados, o resto iria para os municípios.
18:38Desses 37 bi, tinham 7 bilhões de reais que seriam distribuídos de acordo com a epidemia,
18:46pandemia, a infecção do coronavírus.
18:50O que, para mim, não faz sentido, porque, na verdade, uma parte do dinheiro realmente vai
18:54para a saúde pública, mas os estados estão mais comprometidos em função da perda de
18:59arrecadação, por conta do ICMS e os municípios, por conta do ICMS também, porque eles recebem
19:06uma fatia, mas também por conta do ISS.
19:10Então, o texto que saiu originalmente da Câmara, daquele PLP 149, ele compensava essa
19:16perda e o critério de entrega para os estados e municípios era afinado com a perda econômica.
19:23Nesse caso agora, ele fez uma emaranhada de critérios e esse 7 bi era a ver com a contaminação.
19:31Só que, ao invés de ele pegar a contaminação pelo número de pessoas infectadas, ele pegou
19:36a proporção entre infectados e população.
19:40E o estado dele, o estado do Amapá, era o estado mais beneficiado proporcionalmente
19:44com isso, porque tem uma população pequenininha, um número de infectados pequeno também,
19:49bem pequeno, e conseguia com isso ganhar ali um valor muito acima, em termos proporcionais
19:56da média do Brasil.
19:58Seja per capita, seja em termos de arrecadação, seja qualquer critério que você olhasse, não
20:04fazia sentido o Amapá estar recebendo tanto dinheiro.
20:07Só fazia sentido por uma coisa, o relator e o presidente do Senado são do Amapá,
20:10que é a mesma pessoa.
20:12Esse era o único motivo justificável, lógico, para isso.
20:16E aí a gente corrigiu isso.
20:18Corrigiu isso colocando um critério de infectados.
20:21Ainda acho que é um critério ruim, mas a gente não tinha como mudar mais do que
20:25isso.
20:25Porque o critério de infectados é ruim por vários motivos, mas entre eles, que é algo
20:29computável.
20:30É um valor que está mudando ao longo do tempo e vai ser considerado da data da sanção
20:36da lei.
20:36Então, se algum estado aumentar muito o número de infectados daqui a uma semana,
20:41duas ou três, ele vai manter o critério original.
20:44Mas tudo bem.
20:45Mas que seja pelo menos, então, um estado como São Paulo e Rio de Janeiro, não é porque
20:49eu sou do Rio, nem nada, mas estados que estão com muitos casos, até o estado do Amazonas,
20:55que está com muitos casos também, ele estava proporcionalmente com muito menos acesso a
21:00esses recursos.
21:01E aí alguns deputados, senadores, alegaram o seguinte, não, mas não é justo, são estados
21:05mais pobres, são estados mais carentes, a população precisa de mais ajuda.
21:10Gente, a gente não está fazendo aqui uma reforma tributária, a gente não está revendo
21:13o Pacto Federativo, a gente está fazendo uma ajuda para a pandemia.
21:17Então, a gente tem que entender o que é o caso da pandemia e que vai ajudar quem está
21:22sendo mais impactado.
21:23A gente não está falando aqui de caridade, nem um gesto de revisão do nosso modelo federativo.
21:28A gente está falando aqui especificamente de uma ajuda pontual e emergencial para o
21:33momento atual.
21:35A carimônia.
21:36Só para esclarecer, tudo isso faz parte da mesma votação, do mesmo pacote?
21:42Porque a gente falou no começo em relação a uma proposta do PDT sobre o congelamento
21:47salarial e agora teve esse destaque do novo.
21:50Isso foi dentro da mesma coisa?
21:52Isso, era o PLP, saiu da Câmara com o PLP 149, projeto de lei complementar 149.
22:02No Senado, eles rejeitaram o texto inteiro, o projeto, e fizeram um novo projeto, que era
22:08o PLP 39, que veio do Senado.
22:11Então, a Casa Iniciadora era o Senado agora e ele não mudou tanto a ideia do conceito do
22:18auxílio, mas mudou a forma de calcular o montante e também de distribuir.
22:22E aí ele voltou para a Câmara, na verdade veio para a Câmara, como estava mencionando
22:26de novo no Senado, veio para a Câmara com o PLP 39.
22:30Chegou aqui, cada partido pode apresentar um ou mais destaques ao texto.
22:36São ou emendas, ou seja, uma parte do texto que eu quero que ela seja diferente, ou no
22:42caso que é o destaque do novo, é um destaque para votar separado.
22:46O que a gente chama de destaque supressivo, para votar separado uma parte do texto.
22:51Então, o destaque do PDT era para tirar uma parte do texto que garantia que só aqueles
22:59profissionais diretamente ligados ao enfrentamento da pandemia que seriam beneficiados, podendo
23:05ter aumento ao longo do próximo ano e meio.
23:08O destaque do novo, que também era um destaque supressivo, era para votar separado uma parte
23:14que falava de taxa D, ou seja, ao invés de ser o número de infectados, era a taxa de
23:19infectados.
23:20E aí altera o conceito, ao invés de ser número absoluto, se São Paulo teve mais infectados
23:25ganha mais, e o texto do Senado tinha lá a taxa.
23:28Então, era o número de infectados dividido pela população.
23:32Então, você vota primeiro, eu, Tito, da Câmara do Senado, você vota primeiro o texto
23:37principal e aprova esse texto.
23:40E aí, depois disso, a gente vota esses destaques.
23:44Então, no mesmo projeto do PLP 39, tinha o destaque do PDT, que criou essa facilidade
23:51para aqueles profissionais que estavam fora do benefício, e tinha o destaque do novo,
23:56que mudava esse critério de distribuição dos recursos entre os estados.
24:01Então, era no mesmo projeto de lei complementar destaques separados de cada partido.
24:07Tinha mais destaques, são só dois exemplos que a gente está falando.
24:12Deputado, o senhor falou agora há pouco em relação à pauta anticorrupção.
24:16Houve esses ruídos entre Jair Bolsonaro e o Sérgio Moro durante muito tempo, eu apontei
24:22todos eles durante o ano de 2019, quando muita gente dizia que aquilo não estava acontecendo,
24:29que era fake news, e está tudo aí revelado.
24:31documentado, inclusive, pelo depoimento do Sérgio Moro à Polícia Federal.
24:36Eu estou colocando esse assunto aqui porque, muitas vezes, a gente sente pela crítica de
24:42conservadores, conservadores de verdade, não reacionários em busca de cargos para tentar
24:47transformar a sociedade por meio do Estado brasileiro, em relação aos liberais, de uma
24:52preocupação exacerbada, não exacerbada, na verdade, uma preocupação exclusiva com a
24:58economia.
24:59Claro que a economia merece toda a preocupação, mas ela, muitas vezes, muda em razão de outros
25:04elementos que estão fora desse âmbito da ciência mais específica.
25:09Agora, a gente está vendo, por exemplo, uma questão de saúde pública mudando completamente,
25:13praticamente, da noite para o dia, os rumos da economia do mundo inteiro, não só do Brasil.
25:19E, muitas vezes, tem questões de moralidade pública que também mudam os rumos da economia,
25:24como a gente viu acontecer quando foram revelados os grandes esquemas de corrupção, etc.
25:28Então, o senhor acha que o Novo está conseguindo ter representatividade fora da pauta econômica
25:38e fazer uma oposição moral a todos os comportamentos imorais da classe política, por exemplo?
25:46Ele está dando um exemplo desde o início, desde a sua fundação e a sua atividade parlamentar
25:51e política, desde o combate aos privilégios.
25:53A gente tem, desde que todos os mandatários novos, vereadores em 2016, nós eleitos em 2018,
26:01a gente abriu mão de cota parlamentar, de verba de gabinete, de auxílios diversos que a gente teria direito
26:09e que são coisas que mostram uma diferenciação entre a classe política e o resto da sociedade
26:16e a gente acha que isso não é o valor correto da sociedade.
26:20Inclusive, principalmente em 2020, isso é um momento diferente.
26:23A gente tem rede social, a gente tem comunicação via WhatsApp, a gente acha que não precisa
26:28ter todas essas mordomias que não seriam justificadas em momento algum, mas principalmente agora
26:33no mundo moderno que a gente tem, que a gente tem uma proximidade, uma facilidade de se comunicar
26:38com a população de forma mais direta, mais fácil e também transparente.
26:42Então, tudo isso já é um exemplo de que a gente consegue atuar mostrando que a política
26:47pode ser diferente, mas as pautas ligadas ao combate à corrupção e até a criminalidade
26:52têm sido pautas prioritárias, desde o abuso de autoridade, que foi o que é muito ruim,
26:59que é aprovado na Câmara, foi um dos partidos que não foi o que mais batalhou contra, foi
27:05um dos que mais batalhou contra, a questão da prisão em segunda instância, em todos os
27:09momentos, até antes mesmo do debate vir para o Congresso, nós nos manifestamos lá atrás
27:16quando foi aprovada a prisão em segunda instância, depois quando foi revogada agora mais recentemente,
27:23então tudo isso a gente tem batalhado muito, a Adriana Valtura, nossa deputada de São Paulo,
27:28presidente da Frente Parlamentar contra a Corrupção, o Marcelo Varrata do Rio Grande do Sul,
27:34vice-presidente da Frente pela prisão em segunda instância, então a gente tem participado
27:40muito ativamente em todas as comissões, em todos os debates quanto a isso, então acho
27:44que a nossa pauta do mundo sempre foi muito firme na questão econômica, mas não é economia
27:51pela economia, a pauta econômica é porque a gente quer mudar a vida das pessoas, eu acredito
27:55que a gente vai mudar a vida das pessoas dando condição das pessoas terem trabalho, terem
28:00sustento, terem renda e isso garante que elas tenham a dignidade delas, seja para
28:04colocar comida em casa, como também para ter uma educação melhor, para ter saúde
28:08melhor, ainda mais para o Brasil em que a saúde pública, a educação pública é tão
28:13ruim, a melhor forma de você melhorar a vida das pessoas é garantir que elas tenham
28:17condição de estudar e trabalhar e com isso garantir o pagamento da sua própria saúde
28:22e própria educação, não que a gente não precise resolver o problema da saúde pública
28:27nem da educação pública, mas isso é mais demorado e a gente precisa resolver isso
28:31de outra forma.
28:32Agora, outra coisa também, Felipe, que eu acho que é fundamental, o papel do Estado,
28:36o papel primordial do Estado, antes de falar de saúde e educação ou até segurança,
28:41segurança, acho que já entra um pouco mais no papel fundamental, é o que?
28:45É garantir o direito à liberdade, direito à propriedade e direito à vida das pessoas.
28:49Essa é a origem de tudo, esses três direitos.
28:53Quando a gente não tem combate à corrupção, quando a gente não tem combate à violência,
28:59a gente não está garantindo isso.
29:01Vida, óbvio, porque quando a gente deixa alguém matar alguém, seja diretamente através
29:06de um crime violento ou indiretamente, como o Sérgio Cabral matou um monte de gente no Rio
29:12de Janeiro, porque tanto que ele roubou, tirou dinheiro da saúde, tirou dinheiro de saneamento
29:17básico e de várias outras coisas, como também direito à propriedade, porque o roubo violento
29:23ou até a corrupção é você tirar a propriedade de alguém, porque você está tirando ali,
29:28seja dinheiro, seja um bem físico das pessoas.
29:32E o direito à liberdade, porque se você não tem as condições de ir e vir, dinheiro
29:36para ele e vir, e condição de ter saúde, segurança para tudo isso, é a liberdade.
29:41Então, isso é um papel fundamental do Estado.
29:43Isso a gente vai sempre brigar por isso, antes mesmo até das pautas ligadas à economia,
29:48saúde e educação, porque isso é mais.
29:51Se a gente não tem isso, os valores morais nesse sentido, moral nesse sentido, não é
29:55moral se você pode, menino pode namorar com menino, menina com menino, não é isso.
30:00Moral do que é certo e que é o respeito de um com o outro.
30:05Aí, nesse sentido, o roubo sempre vai ter isso como prioridade.
30:09A liberdade e o liberalismo, eles são, na verdade, ferramentas para a gente melhorar
30:16a vida dos outros.
30:17O roubo não é um partido liberal, por ser liberal, porque a gente quer encontrar o liberalismo
30:20do Brasil e do mundo.
30:22O liberalismo é a solução dos problemas, não é o fim, ele é o meio.
30:26E a gente acha que o nosso fim é melhorar a vida das pessoas e tudo isso que eu falei
30:31agora é fundamental para isso.
30:34Certo, deputado.
30:34O senhor falou aí de verba de gabinete, de cotão parlamentar, todo esse dinheiro público
30:40a que parlamentares têm acesso e toda hora a gente noticia, a gente apura e vê aí o uso
30:48que a gente considera moralmente indevido, embora, lamentavelmente, muitas vezes seja
30:54legal.
30:55Quer dizer, as regras, elas são elásticas o suficiente para permitir esse tipo de imoralidade
31:00que indigna e causa revolta na população.
31:03Hoje mesmo o antagonista noticiou, e eu até estava cobrando ontem no meu Twitter, que
31:08algum parlamentar propusesse regras mais rígidas.
31:12E hoje o antagonista deu que o deputado Kim Kataguiri propôs a redução de 50% dos
31:17salários e da cota parlamentar de deputados em meio à pandemia da Covid-19.
31:21Eu acho lamentável que tenha sido necessária uma pandemia para que esse tipo de proposta
31:26viesse à tona.
31:27Não dá para haver um movimento, uma formação de um bloco parlamentar para tornar as regras
31:33melhores.
31:34A gente viu agora o caso, por exemplo, da deputada Caroline Detoni, que veio aqui para
31:38São Paulo para uma manifestação dessas bolsonaristas contra isolamento social e outras pautas
31:43também, se hospedou num hotel e pagou a conta do hotel, uma conta alta, um quarto, um cômodo
31:50confortável, com o dinheiro do cotão parlamentar.
31:53A deputada bolsonarista Bia Kicis também foi notícia no antagonista, porque tem ali verba
31:59também, dinheiro público, sendo usado para moderação de chat em live ou coisas desse
32:04tipo.
32:05A gente viu na CPI, CPMI das fake news, o caso de um assessor de gabinete do deputado
32:11Eduardo Bolsonaro, que tinha uma conta anônima sendo usada para atacar adversários.
32:16Quer dizer, tudo isso é gasto de dinheiro público de uma maneira que a gente considera
32:21moralmente indevida.
32:23Não tem uma possível busca de solução para isso?
32:27A gente defende isso desde o início, já apresentando as ideias nesse sentido e a gente não usa esse
32:32dinheiro, então o Novo já dá um exemplo, até porque eu acho que para você brigar
32:36por algo é importante começar fazendo você mesmo.
32:39Então a gente tem feito isso.
32:41Inclusive, nesse momento agora de pandemia, a gente apresentou, a gente tem uma PEC que
32:46está protocolada, não tem as assinaturas ainda necessárias que vão nesse sentido,
32:51reduzir o gasto de gabinete, cota parlamentar, reduzir o salário do servidor público, inclusive
32:58deputados, ministros, juízes e tudo mais.
33:01A gente, a PEC ainda não foi, não avançou, mas a gente apresentou isso também como emenda
33:06no próprio orçamento de guerra.
33:09Quando passou pela Câmara a primeira vez, foi uma das emendas que o Novo apresentou.
33:15Infelizmente ela foi indeferida, até foi uma polêmica grande, um indeferimento, que
33:19a gente entendeu o seguinte, se a gente está querendo um orçamento de guerra, de onde vem
33:23o recurso.
33:24Boa parte do recurso desse funcionamento de guerra vai vir através do endividamento
33:27público.
33:28Mas, se você tem dinheiro aqui dentro do cofre público que a gente pode destinar de
33:33uma coisa para outra, ainda mais no momento de pandemia, por que a gente não faz isso?
33:38E a gente não conseguiu aprovar.
33:39Então, o Novo tem defendido isso com medidas concretas para isso, assim como sobre o fundo
33:45partidário, o fundo eleitoral, que a gente acha também que é uma anomalia dentro do
33:50sistema, tem tanto dinheiro para financiar a campanha eleitoral, quando tem gente passando
33:54fome sem acesso à saúde.
33:57A gente tentou fazer isso também já antes da pandemia e durante a pandemia com uma nova
34:02proposta, desde uma emenda no orçamento de guerra, como também um projeto de lei que
34:06vai nesse sentido.
34:08Agora, uma coisa que é importante, Felipe, saber sobre a questão da cota parlamentar,
34:12da guerra de gabinete, dos assessores e tudo mais, o custo fixo da Câmara e o custo
34:17fixo do Senado, eles são muito mais pesados até do que essas cotas.
34:22Então, a gente tem que começar a brigar também por isso.
34:24O presidente Rodrigo Maia, ele já disse que ele tem uma reforma para fazer nesse sentido.
34:29Eu acho que isso é muito importante.
34:30Espero que isso saia do papel, que a gente consiga aprovar essa reforma, porque isso é,
34:35acho que 80% dos gastos da Câmara não estão nesses gastos dos políticos.
34:40Não estou falando que não precise mudar isso também.
34:42Estou falando que a gente precisa enfrentar os dois problemas.
34:45um problema com isso, como os deputados podem usar.
34:49Tem um outro número também, Felipe, que o que a gente vê, porque não aparece lugar
34:52nenhum, que é a questão dos gastos médicos.
34:55Um deputado, um senador, pode ir lá e gastar quanto quiser no hospital, apresenta uma fatura
35:02e recebe um emulso integral.
35:05Eu não uso isso, eu tenho um plano de saúde, até um plano de saúde vinculado à Câmara,
35:11mas com qualquer empresa que eu pago a minha mensalidade e tenha a minha participação.
35:17Mas eu não uso o emulso de saúde da Câmara dos Deputados, que eu teria direito,
35:23aquele direito que você falou, que é legal, mas que é imoral.
35:26Mas eu não uso.
35:27Mas é um valor absurdo, muito dinheiro gasto nisso, que infelizmente o contribuinte paga por isso também.
35:33Deputado, encaminhando aqui para o final, aliás, muito obrigado por essa disponibilidade
35:37entre várias votações.
35:39Em alguns momentos o áudio está mudando de tom, adquirindo um tom mais metálico,
35:44mas está dando para entender tudo o que o senhor está falando.
35:46Só para concluir, o João Amoedo foi questionado se já havia convidado o Sérgio Moro
35:52para se filiar ao Partido Novo e ele respondeu, qual é o partido sério que não gostaria
35:56de ter Moro em seus quadros?
35:58O convite está feito.
35:59Talvez, obviamente, o Moro não queira falar disso nesse momento, mas o que o senhor acha
36:06dessa possibilidade que foi aventada aí pelo próprio João Amoedo?
36:11Olha, eu já até respondi essa pergunta também outras vezes.
36:15Do ponto de vista do combate à corrupção, aparentemente ele é bem alinhado com a visão
36:19do Novo, uma das grandes bandeiras, como a gente já falou aqui hoje.
36:23Agora, eu não conheço o posicionamento dele nas outras pautas, se ele é liberal na economia,
36:28se não é, mas acho que é importante entender isso também, porque eu acho que isso é
36:32um ponto importante.
36:34Agora, se ele não for também muito rígido nos valores, mesmo que ele não seja 100%
36:37alinhado, a gente dá ali um livro para ele, do Mises, algum livro liberal, ele vai aprendendo
36:46e consegue, de repente, se alinhar com o Novo, até porque todo mundo pode evoluir.
36:50Então, acho que se ele for alinhado com os outros valores ou se alinhar, acho que ele
36:54é um bom quadro, sim.
36:55Não teria plano nenhum, pelo contrário, acho que seria uma pessoa bem-vinda dentro do
36:59Novo, principalmente pela visão dele do combate à corrupção.
37:03Deputado, só para encerrar, enquanto a gente está aqui conversando, sai uma notícia de
37:07que o Bolsonaro ultrapassou o Temer e o Collor em pedidos de impeachment.
37:11Já são 32 solicitações contra o presidente que aguardam análise de Rodrigo Maia.
37:17Qual é o seu posicionamento a respeito disso?
37:19Agora que tem um inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal para avaliar exatamente o
37:24que aconteceu aí em relação à interferência alegada pelo Sérgio Moro na Polícia Federal
37:29por parte do presidente.
37:31E qual é o clima que o senhor vê no Congresso Nacional nesse momento, que inclusive é um
37:35momento de pandemia para esse tipo de atitude?
37:39Felipe, eu acho que tem que ver primeiro se de fato ele cometeu algum crime.
37:46A denúncia que o ministro Sérgio Moro fez é muito grave, muito séria.
37:51Tem que ser investigado, tem que ser apurado.
37:53A gente é favorável a que o inquérito do STF avance.
37:57Assinei a CPMI do Cidadania aqui na Câmara, no Senado, no Congresso, na verdade.
38:03Então, sou favorável a todas as iniciativas para que tudo isso seja apurado.
38:08Hoje, eu não vi ainda nada que justifique o impeachment.
38:13E uma coisa que tem que ser dita é o que é crime comum e o que é crime de responsabilidade.
38:20Boa parte do que o próprio ex-ministro Sérgio Moro falou podem ser considerados crimes comuns.
38:26E por mais que isso também represente o afastamento do presidente até a perda do mandato, não
38:32é impeachment.
38:32É um outro processo.
38:34É similar, mas tem uma diferença importante.
38:37O caso do impeachment, ele passa pela Câmara e depois vai para o Senado.
38:41Enquanto que o crime comum é via STF, a Câmara tem que autorizar.
38:46E aí, com isso, o presidente é afastado por 120 dias, se não me engano, 160 dias.
38:52E depois, sim, que ele sendo julgado, ele é afastado em definitivo.
38:57Então, tem que saber primeiro isso.
38:58Cometer algum crime?
38:59E o novo vai ser favorável a uma visão técnica.
39:03Se ele cometer o crime, seja de um lado ou de outro, crime de responsabilidade ou crime
39:07comum, ele tem que ser julgado e condenado de acordo com o crime que ele cometeu.
39:12Se ele não cometeu, não é por conta de crises das falas que ele faz, ou de irresponsabilidades,
39:19inclusive.
39:19Porque todo mundo que votou nele, inclusive eu, que votei nele no segundo turno, sabia um pouco o que esperava.
39:26Não se imaginava que fosse ser tão rápida a confusão e tão dura assim.
39:31Mas a gente não pode também tirar um presidente só porque ele está falando besteira no Twitter
39:36ou nas entrevistas dele, mas se ele cometeu realmente algum crime.
39:40Eu não acho que tenha clima ainda que, inclusive, eu ousaria dizer que eu acho que não é interesse
39:46da esquerda que o presidente sofre impeachment.
39:49Eu vejo que é muito mais interessante para a esquerda, politicamente, inclusive pensando
39:56em 2022, ter um presidente capengante ali que consiga, que apanhe, que faça besteira,
40:04do que ter um presidente mais estável, mais sereno e que consiga conduzir a política econômica
40:10de forma ajustada e que evite a volta da esquerda em 2022.
40:14Então, eu acho que o clima não existe ainda, mas é claro que tudo isso pode mudar de acordo
40:18com que as denúncias vão ser apuradas e tudo mais.
40:23Isso aí está bem claro, eu tenho comentado a respeito.
40:25O Lula não deu aval para esse avanço em relação ao impeachment por parte do PT e também
40:33dos partidos satélites ali do PT, mas vamos acompanhar os desdobramentos.
40:37Só para encerrar, eu queria saber a sua opinião em relação às posturas do presidente
40:40na pandemia, quer dizer, essas manifestações contra o isolamento social, aí tem gente ali
40:47que é intervencionista, que levanta cartaz de AI-5, que pede fechamento do Congresso,
40:52do STF.
40:53Qual tem sido aí a sua posição a respeito disso?
40:57Eu acho bem ruim, Filipe.
40:58Eu acho que, primeiro, com relação à condução do governo na pandemia, eu acho que não
41:04só o papel ali, a relação com o ministro, ex-ministro Mandetta, que independente se quem
41:11estava certo ou errado, mas não é normal, volta até ao tema que a gente estava falando
41:15antes do ministro Paulo Guedes, não é normal o presidente da República ficar ali batendo
41:19cabeça com o ministro.
41:21Então, ali já foi ruim.
41:22piorou, o mais grave ou tão grave ainda, a relação dele com os governadores.
41:27Posso entender a briga dele política com o Dória, com o Witzel e tudo mais, não estou
41:32nem aqui defendendo quem está certo ou quem está errado mais uma vez, mas, olha, num
41:36momento como esse, você tem que falar, sentar com as pessoas e falar, olha só, vamos esquecer
41:40todo o nosso problema político, o Brasil precisa da gente, a população precisa da gente,
41:45é o momento da gente dar as mãos e resolver o problema.
41:49depois, quando acabar essa crise, e até porque a eleição 2022 falta muito, já faltava
41:55muito sem pandemia, com pandemia falta mais ainda no sentido figurado, não no sentido
42:00temporal, mas no sentido de que é menos relevante ainda falar em eleição 2022, depois a gente
42:05briga, e agora não, agora a gente faz, e falta essa coordenação, o presidente da
42:09República está ali para coordenar isso, não para fazer com que isso vire ainda um embate
42:13político maior ainda.
42:14Eu sou favorável, sim, que a gente tenha muita limitação, que tenha isolamento e tudo
42:20mais, mas eu acho também que tem que ser estudado caso a caso, cidade a cidade, estado
42:25a estado, que a gente tenha aí um planejamento ligado ao crescimento da curva, mas que tem
42:30um planejamento, mas está faltando isso agora, um planejamento, ok, e depois?
42:34É a retomada, quando a gente vai retomar, não um quando temporal, mas um quando ligado
42:40aos indicadores, que a gente comece a entender, porque senão daqui a pouco a população já
42:44está de saco cheio, a população quer saber quando ela vai poder voltar para a rua, quando
42:48é que ela vai poder trabalhar, botar dinheiro em casa.
42:50Se a gente não pensar nisso, daqui a pouco vai estar todo mundo na rua sem planejamento,
42:55sem organização, sem máscara, sem nada, e aí vai ser uma pandemia mais grave ainda.
43:00Eu acho que é importante a gente começar a trabalhar nisso e parar de ficar fazendo
43:04esses embates ideológicos, lembrar que ele já foi eleito presidente da República,
43:08o cargo dele é muito importante, e dar peso ao cargo e não tirar a responsabilidade que
43:14o cargo tem.
43:16Maravilha, esse é o deputado federal Paulo Ganim, do Partido Novo, lá do meu Rio de Janeiro,
43:21meu conterrâneo, muito obrigado por essa entrevista aí no meio de várias votações.
43:25Boa noite, bom trabalho, deputado.
43:27Obrigado, Felipe, boa noite, um abraço aí para todo mundo.
43:29Tchau, tchau.
43:30Tchau.
Seja a primeira pessoa a comentar