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00:00Estamos aqui com o ministro da Economia, Paulo Guedes.
00:04Ministro, acabamos de ter aí a notícia do PIB do trimestre.
00:120,6% de aumento.
00:17O senhor esperava essa notícia?
00:19O que isso significa em termos de projeção para o fechamento do ano?
00:24Eu usava a imagem que o Brasil, a economia brasileira, era como uma baleia ferida
00:29que foi arpoada com impostos muito altos, juros muito altos, excesso de regulamentação,
00:35economia fechada e isso, de certa forma, derrubou a dinâmica da economia brasileira.
00:42Então, nós começamos a mudar isso.
00:44Quando fizemos a reforma da Previdência, nós clareamos o horizonte fiscal por 10, 15, 20 anos.
00:51Isso permitiu derrubar os juros.
00:54Os juros começam a cair, a economia começa a se reestimular,
00:57os investimentos começam a retomar.
00:59Um dado interessante dessa retomada do crescimento,
01:03ainda gradual, porém muito aspiciosa,
01:050,6% em um trimestre é algo bastante importante.
01:10Mas o interessante também é a composição, não é só a velocidade que está aumentando,
01:14mas é a composição.
01:16O setor público encolheu 0,4%,
01:18porque nós estamos segurando os gastos públicos.
01:20Em compensação, o consumo subiu 0,8%,
01:24o consumo privado subiu 0,8% e os investimentos subiram 2%.
01:28Então, o motor da retomada está sendo o aumento do investimento privado.
01:34Especialmente em que áreas?
01:36O tema de construção civil, o interessante é que está bastante distribuído,
01:41o que é um excelente sinal.
01:42Constituição civil é sempre um lugar onde a retomada começa primeiro,
01:47é grande empregador de mão de obra.
01:49Então, você vê que a cada trimestre o desemprego está caindo 0,2%, 0,3%.
01:55É pouco ainda, mas já está dando mais de um milhão em um ano.
01:59E é uma construção civil que não é impulsionada pelo governo.
02:02Exatamente.
02:03É diferente do que aconteceu no passado.
02:05Totalmente diferente.
02:06O que está acontecendo é algo que nós chamamos de sustentável.
02:12um crescimento sustentável.
02:13Não é o voo da galinha que você vai com o empurrão público
02:16e depois você tem que recolher de novo.
02:19Então, o que está acontecendo é que nós estamos desestatizando o mercado de crédito.
02:23Então, nós encolhemos o crédito público e o crédito privado está expandindo aceleradamente.
02:28Agora, o interessante é que mesmo encolhendo o crédito público,
02:31nós estamos encolhendo o crédito dos campeões.
02:33O crédito para pequena e média e principalmente o microcrédito
02:38também está expandindo a taxa de dois dígitos.
02:40Quer dizer, então, ao invés de dar um, dois, três bilhões
02:44para um grande campeão nacional, como acontecia antes,
02:47você corta, vamos supor, de quatro para dois,
02:50você corta pela metade, mas, na verdade, esses dois bilhões são na veia.
02:55É pequeno e média, microcrédito.
02:57Então, é muito melhor para a economia do que você dar o dinheiro
03:00para um campeão nacional que vai lá fora e compra a fábrica,
03:03que é a maior planta de proteína animal do mundo
03:06e não criou os empregos aqui dentro.
03:08O pessoal da JBS está se beneficiando agora,
03:12foi um dos beneficiários dessa política de gigantes nacionais
03:16e, assim como outros grandes frigoríficos,
03:19Marfrig, Minerva, BRF,
03:22e eles hoje estão, vamos dizer assim,
03:24estão surfando com o aumento do preço da carne,
03:27que tem por trás uma série de fatores.
03:29A gente tem um problema de uma crise na China,
03:31de saúde animal, envolvendo a questão dos porcos.
03:35Nós temos também um resultado que vem de alguns anos,
03:38de alguns problemas também de safra aqui, de alimentação.
03:42Agora temos também a questão do dólar,
03:44que também impacta e que, vamos dizer assim,
03:47favorece a exportação dessas carnes.
03:49No final das contas, eles estão comendo churrasco,
03:52o Joesley está comendo churrasco,
03:54mas quem está sangrando é o consumidor.
03:56Isso é ruim, claro, é um dos aspectos.
04:01Hoje mesmo eu estava andando,
04:04de repente tem um ponto de táxi,
04:06amigos ali onde eu fico,
04:08e eu sempre passo e eles registram alguma coisa.
04:10Mas sempre, força, vamos em frente e tal.
04:12Hoje foi assim, olha a carne, olha a carne.
04:16Eu falei, poxa, mas a gente conserta um e estraga o outro.
04:17Já não foi bom dia, foi olha a carne.
04:20A gente conserta um e estraga o outro,
04:22mas o importante é o seguinte,
04:23nós apontamos sempre que o modelo dirigista
04:28é um modelo que acabou derrubando a economia brasileira.
04:32Arpou a baleia, a baleia sangrando, parou de se movimentar.
04:35E à medida que nós vamos tirando os arpões,
04:36tirando o primeiro grande arpão,
04:38quando derrubamos os gastos com a Previdência,
04:42imediatamente os juros começaram a descer.
04:47E quando você calcula a desaceleração do endividamento,
04:50porque nós estávamos em endividamento em bola de neve,
04:52a primeira grande despesa do setor público
04:54era a aceleração da Previdência,
04:56os gastos da Previdência.
04:57Era o buraco fiscal que ameaçava engolir o Brasil.
05:00Quando nós acertamos aquilo ali,
05:01desaceleramos fortemente o crescimento da Previdência para o futuro,
05:06tirando os privilégios, removendo os privilégios.
05:08Quando nós removemos aqueles privilégios,
05:10a segunda maior despesa desabou também,
05:13que são os gastos com os juros da dívida.
05:15Eu sempre dizia que o Brasil virou o paraíso dos rentistas.
05:18Então, o que aconteceu?
05:20O Mansueta acabou de fazer a conta com a desaceleração desse endividamento.
05:24Nós estávamos endividando rápido.
05:26E com os juros altos,
05:28essas despesas iam a quase 400 bilhões ao ano.
05:32Então, eram 360, 370.
05:35Isso já caiu quase 100 bilhões para o ano que vem.
05:38Então, quando você controlou a Previdência,
05:40você automaticamente derrubou a segunda grande despesa do setor público,
05:44do governo, que são justamente os juros para os rentistas.
05:48Então, isso aí já caiu quase 100 bilhões de reais.
05:50Isso cria uma série de modificações na dinâmica?
05:53Totalmente.
05:54E aí a gente começa a ver isso.
05:56Quer dizer, o campeão nacional, às vezes, está com dificuldade,
05:58rolar uma dívida aqui ou ali,
06:00está com dificuldade, seja pela Lava Jato,
06:03obra parada, o que for.
06:04Por outro lado, microempresário, pequeno e média,
06:08todo mundo em euforia.
06:09Um crescimento aceleradíssimo lá embaixo.
06:11Isso explica esse descolamento?
06:14Porque havia sempre aquela lógica de você controlar juros,
06:18controlar dólar, controlar a inflação,
06:20controlar dólar com a taxa de juros.
06:24E isso você, hoje você está descolado, não é?
06:28Nós mudamos...
06:29Ou não, ou ainda só...
06:30Não, não, você tem razão no seguinte.
06:32Existe uma associação muito próxima.
06:34O que acontece é o seguinte.
06:35Os juros brasileiros desabaram por duas razões.
06:38Primeiro, porque a inflação estava caindo.
06:40Então, os juros já começam a cair,
06:43porque a inflação caindo,
06:44o Banco Central vai descendo os juros.
06:47Mas também os juros reais começaram a cair,
06:50não são só os juros nominais.
06:52Porque sabendo agora que nós não estamos no modelo antigo,
06:56o que era um modelo antigo, Cláudio?
06:58O que foi o Brasil durante 40 anos?
07:02Os gastos públicos subindo descontroladamente.
07:05Então, era um fiscal frouxo.
07:06E aí você tentava frear com a moeda.
07:11Então, você botava o juro na lua.
07:12Era o fiscal sempre frouxo e o juro na lua,
07:15você tentando frear a inflação.
07:17Nós mudamos o mix.
07:19Nós mudamos radicalmente o mix.
07:22Nós falamos o seguinte.
07:22Agora é o seguinte.
07:24Freio no fiscal.
07:26E aí você pode baixar os juros.
07:29Então, em vez daquela combinação...
07:31E aí o câmbio vem junto.
07:33Você teve durante 40 anos o juro na lua
07:36e o câmbio sobrevalorizado.
07:38Câmbio no chão.
07:39Juro lá em cima e câmbio lá embaixo.
07:40Você lembra do câmbio é 1,80, 2, 2,10.
07:45Então, era o juro na lua,
07:46que é impedindo investimentos,
07:49prejudicando o consumo, o crédito pré-consumo, tudo isso.
07:52E, ao mesmo tempo, a taxa de câmbio lá embaixo,
07:58desindustrializando o Brasil aceleradamente,
08:01trazendo importações baratas para competir com a indústria nacional.
08:05Nós mudamos isso.
08:07Nós botamos agora o juro mais alto, mais baixo
08:09e, consequentemente, o câmbio um pouco para cima.
08:13Então, quando você muda esse desenho,
08:16o que nós chamamos disso é de coordenação de política monetária fiscal.
08:20Antes, elas estavam descoordenadas.
08:23Você acelerava no fiscal e freava no monetário.
08:27Agora, nós fizemos a coordenação.
08:29Nós desaceleramos o fiscal, cortamos o fiscal, seguramos.
08:33Quando você segura isso, o juro desce.
08:35E o juro descendo, o câmbio começa a subir.
08:38Empresas brasileiras estão tomando dívida aqui fora
08:42para pré-pagar a dívida externa.
08:45Está mais barato tomar dinheiro aqui face ao risco cambial.
08:48Agora, o Donald Trump está chamando isso de desvalorização da moeda
08:52de forma artificial.
08:54É um equívoco.
08:54É um equívoco dele.
08:56Então, ele está defendendo uma política protecionista.
09:01Para nós...
09:03Tem manipulação?
09:05Não há qualquer manipulação.
09:07Não há manipulação?
09:08Não, nenhuma manipulação.
09:09Você acha que esse discurso do Trump também...
09:11É um discurso político.
09:12Tem a ver com eleição, reeleição, impeachment, pariedade.
09:16Então, é um equívoco dele achar que nós fizemos uma desvalorização.
09:21Quer dizer, ele acusa sempre a China disso.
09:24Sim.
09:24De manipulação cambial para ganhar vantagem competitiva no comércio internacional.
09:30Está longe de ser o nosso caso.
09:32No caso da China, é verdade.
09:33No caso da China, é o problema deles lá que eles estão discutindo entre eles.
09:37Que eu agora não posso dizer.
09:38Mas durante anos eu escrevi que era verdade.
09:41Agora eu não posso falar nada.
09:43Mas o interessante, no nosso caso, é que é um equívoco brutal.
09:48O Trump está cometendo um equívoco brutal de achar que nós estamos promovendo desvalorizações competitivas.
09:56Não.
09:56Nós só mudamos o nosso mix macroeconômico.
09:59O senhor já ligou para alguém lá?
10:00Já tentou explicar?
10:01Vale a pena explicar?
10:02Olha, há coisas que a gente tem que refletir, deixar amadurecer.
10:08Nós dissemos o tempo inteiro duas coisas.
10:14Primeiro que nós queremos abrir a nossa economia, independentemente de políticas protecionistas dos outros.
10:21Nós acreditamos que há ganho de comércio para nós fazermos.
10:24Quem quiser trabalhar conosco vai ser muito bem-vindo.
10:29É a primeira coisa.
10:29Então, isso vale certamente para os Estados Unidos.
10:32A maior economia do mundo.
10:33Nós temos todo o interesse em promover o comércio entre nós.
10:36Então, para nós, tecnicamente, é um equívoco que ele está cometendo.
10:41Um equívoco grave de dizer que o Brasil está promovendo uma desvalorização artificial.
10:47Nós, inclusive, abrimos a questão do etanol.
10:49Nós abrimos o etanol.
10:52Nós permitimos também aumento de exportações deles de trigo.
10:58Nós estamos conversando, estávamos conversando, tivemos excelente conversa.
11:07Eu acho que nem os assessores econômicos dele estavam por dentro do que ele falou ontem.
11:12Porque eu tinha tido uma excelente conversa com o Wilbur Ross, com o Larry Kudlow,
11:16dois ou três assessores dele, numa reunião ótima com os CEOs de empresas brasileiras e americanas.
11:23Exatamente, semana passada.
11:26E, de repente, ele deu um tiro para cima e falou o que falou.
11:29E eu acredito que seja política.
11:33Política.
11:34A eleição está chegando e ele quer explicar para todo mundo que, olha, estou de olho aqui nos meus eleitores.
11:39Agora, isso...
11:40A turma do aço, a turma da agricultura.
11:42Para muitos eleitores, inclusive, do Bolsonaro, do governo, nós vimos exatamente o governo do Bolsonaro
11:51fazendo uma série de concessões unilaterais, abrindo-se, fazendo um alinhamento automático aos Estados Unidos.
11:59Agora, com essas reações.
12:01Primeiro, tivemos a questão da OCDE privilegiando a Argentina.
12:05E agora, essa reação dura aí, inclusive, com a ameaça de sobretaxar o aço e o alumínio.
12:11No final das contas, o que a gente tem, a gente entrou de...
12:16Foi uma política ingênua?
12:19Ou isso é parte de um xadrez 4D, como o pessoal que apoia o Bolsonaro?
12:27É parte do show.
12:28É parte do show.
12:29Vamos, vamos...
12:30Aliás, você abordou dois aspectos interessantes.
12:33O primeiro é a OECD.
12:35No caso da OCDE, como a gente fala aqui, no caso da OCDE, realmente não houve má-fé deles.
12:43Antes do presidente Bolsonaro ser eleito, antes dele tomar posse, os americanos já tinham dito aos europeus
12:51que os europeus queriam colocar vários países dentro da OCDE.
12:57E os americanos, eu acompanho isso há algum tempo, os americanos diziam sempre o seguinte,
13:02olha, não adianta querer botar três ou quatro, não, porque vocês estão só querendo aumentar a sua capacidade de voto
13:06para, inclusive, fazerem alianças contra os americanos.
13:11Então, o europeu enfia quatro países europeus lá na OECD e aí votam contra os Estados Unidos nas matérias.
13:19Então, os americanos já tinham dito aos europeus o seguinte, olha, vocês vão colocar um e nós vamos colocar um.
13:24E o Trump era amigo e dizem até que foi sócio do pai do Macri.
13:30Eles eram amigos, estavam alinhados, estavam dançando juntos.
13:34Então, antes até do presidente Bolsonaro assumir, isso nos foi comunicado, assim, na primeira reunião com ele,
13:42eles já falaram, olha, nós propusemos o nome da Argentina para a OCDE.
13:46Então, vocês tomem a senha, vocês estão logo, vocês embarcam logo depois da Argentina.
13:53Então, quando ocorreu que eles não estavam colocando o nosso nome e tal, foi uma injustiça.
13:59Acho que foi uma falha de comunicação.
14:01Foi uma falha de comunicação.
14:01O governo se manifestou como se fosse entrar amanhã em você.
14:04Foi uma falha de comunicação, porque realmente o que eles deram foi a senha.
14:08Falaram assim, olha, depois da Argentina vão vocês, nós vamos apoiar vocês.
14:12E eles têm reafirmado esse compromisso com o Brasil.
14:15Eles têm dito que, olha, nós vamos apoiar vocês para entrar lá.
14:19Então, esse episódio é totalmente superado, tranquilo.
14:22Agora tem um novo episódio.
14:25Esse novo episódio, eu digo que, tecnicamente, é um equívoco do presidente Trump.
14:33Ele está cometendo um equívoco.
14:35Depois de 40 anos com o juro na lua e o câmbio lá embaixo, o Brasil trocou o mix de política macroeconômica.
14:43Ele agora, em vez de fiscal frouxo e freio monetário, aperto monetário com o juro na lua
14:48e o câmbio sobrevalorizado, derrubando nossas exportações, estimulando importações.
14:55Essa sim, artificialmente, porque você estava com o juro na lua.
14:59O Brasil agora caiu numa posição confortável, correta.
15:03A política fiscal está coordenada com a política monetária.
15:06Então, justamente como nós estamos controlando os gastos públicos,
15:09e a prova foi até esse dado agora, está havendo uma desaceleração.
15:14O governo encolheu e o setor privado, consumo e investimento, se expandiram.
15:20E, principalmente, o investimento expandido, que é extraordinariamente benéfico para o Brasil isso.
15:27Porque o Brasil, justamente, o nosso diagnóstico tinha sido que o governo cresceu tanto
15:30que ele ficou primeiro no cangote do povo brasileiro.
15:34Economia estagnada, excesso de impostos, juros muito altos, câmbio muito baixo.
15:38Então, nós corrigimos uma política perversa.
15:41Ainda em relação ao Trump, eu acho que é importante a gente, para se entender de forma clara,
15:47essa mudança pode ser uma bravata política, pode ser uma estratégia real.
15:54Ele está em guerra comercial com a China.
15:59Só acha que há o risco, até pelo peso específico,
16:01que eles se entendam com a China e acabe prejudicando ainda mais,
16:06e a situação fica ainda mais difícil para o Brasil?
16:11Eu acho que o Brasil, e nós temos dito isso,
16:14o Brasil é uma economia que ficou fechada de costas para o mundo 40 anos.
16:20Então, não vai faltar com quem a gente dançar.
16:24Todo mundo vai querer dançar conosco.
16:27Porque a grande verdade é que, depois de fazerem os ganhos mais fáceis do comércio,
16:31que foram esses últimos 30 anos de globalização,
16:34quando você começa a se integrar nas cadeias globais, tem ganhos muito rápidos.
16:38Você exporta os seus produtos onde você tem vantagem comparativa,
16:42traz os produtos onde você não tem essa vantagem e precisa importar,
16:46traz ganhos para os consumidores.
16:48Esses ganhos são muito rápidos.
16:49Então, o mundo celebrou uma festa por 10, 20, 30 anos.
16:54E o Brasil ficou fora.
16:55Então, o Brasil agora vai se integrar gradualmente e vai ter ganhos com essa integração.
17:01Com quem nós vamos nos integrar é justamente uma questão em aberto.
17:07Logo no início, quando nós nos aproximamos e declaramos a nossa aliança geopolítica com os americanos,
17:14somos parte do Ocidente, estamos juntos,
17:17nós tivemos o cuidado de dizer sempre o seguinte, nós vamos dançar com todo mundo.
17:20Então, os americanos estimulam sempre,
17:25não, vamos conversar aqui e tal, deixa o chinês para lá, etc.
17:30Não, nós vamos dançar com todo mundo.
17:32Se eles estão cansados de dançar, quiserem parar para descansar, a gente dança com o chinês.
17:36A gente dança com o europeu, nós vamos para o comércio.
17:40Vamos para o mundo oriental.
17:41Nós vamos.
17:41Agora, me incomoda um pouco, aliás, essa observação sua de ir para o mundo oriental é importante.
17:47O eixo de crescimento do mundo hoje está do lado de lá.
17:51Está do lado de lá.
17:52Então, nós temos que olhar para a Índia, por exemplo.
17:54Você vê, nós comercializamos com a China 100 bilhões de dólares ano.
18:00Esse número, quase 20 anos atrás, 2 mil mais ou menos,
18:04o PIB da China era do tamanho do nosso.
18:07Em 98 o PIB da China era igual ao nosso.
18:092 mil já era um pouquinho maior.
18:12E eles comercializavam conosco 3, 4 bilhões de dólares só.
18:17Nesses últimos 19 anos, nós estamos comercializando agora 100 bilhões de dólares.
18:21Quanto nós negociamos com a Índia, que cresce mais que a China e vai ter uma população maior do que a China nos próximos 10 anos?
18:28Apenas 6 bilhões de dólares.
18:30Na situação anterior que tínhamos com a China.
18:33Exatamente.
18:34Então, nós temos aí todo um horizonte de expansão de comércio com os BRICS.
18:42Então, a Índia é um caso extraordinário.
18:45Quer dizer, além de reforçar nossos laços com a China, nós vamos trabalhar com a Índia também.
18:50Porque a Índia pode sair de 6 e ir para 100 bilhões de dólares em negócios conosco.
18:54Então, nós vamos reavaliar essa situação com os americanos, uma conversa tranquila.
19:00Agora, essa expansão do comércio, ela passa também por você industrializar o país.
19:06Porque senão a gente fica naquela história só de commodities e fica ao meu prazer das variações também dos preços da commodities.
19:16O que o governo tem de concreto para estimular a reindustrialização no país?
19:24Nós vamos trabalhar em várias dimensões.
19:26As primeiras vocês já estão observando.
19:28Quer dizer, quando você tem um investimento crescendo 2% num trimestre, isso é um número expressivo.
19:35Então, a retomada do crescimento está sendo via investimentos.
19:40O quê?
19:41Então, vem aí os investimentos.
19:44Segunda coisa importante, os juros descendo, você vai ter essa expansão também do consumo
19:51e um estímulo à indústria brasileira de começar a se movimentar de novo.
19:56Primeiro para retomar a capacidade que está ociosa e, finalmente, depois para, de novo, acelerar os investimentos.
20:02Você tem também o câmbio.
20:05Embora o Trump esteja preocupado com o nosso câmbio, o erro técnico dele é achar que é artificial.
20:14Não é artificial.
20:15A situação anterior é que era artificial.
20:17O Brasil com juros na Lua.
20:19É um câmbio alto.
20:20É absurdo.
20:21O dólar alto para a gente beneficia os exportadores.
20:23Você tem um estímulo aí.
20:25Mas essa que é a situação natural.
20:27Mas voltando à questão da industrialização.
20:29O senhor falou de crédito.
20:29Não, eu vou chegar lá.
20:30Eu vou chegar lá.
20:31Eu vou chegar lá.
20:31Então, dois componentes importantes.
20:33Eu estou indo devagar dizendo o seguinte.
20:34Primeiro, os juros mais baixos.
20:36Depois, nós vamos mexer nos impostos.
20:38Terceiro, nós estamos agora com o câmbio mais forte mesmo.
20:41Porque mais forte, entre aspas, é mais desvalorizado.
20:45Mas é uma situação sustentável.
20:47Por isso que eu disse outro dia.
20:48Já tivemos o câmbio alto recentemente, inclusive.
20:51No governo Temer.
20:52Mas antes eram flutuações.
20:53Mas antes você tinha muitas flutuações que eram coisa de especulação política.
20:58Aí vai para cima.
20:59Aí o governo bota o juros na Lua.
21:00Aí o câmbio afunda de novo.
21:02Agora não.
21:02Agora é uma situação onde nós vamos ter juros mais baixos por muitos anos.
21:07E um câmbio um pouco acima do nível que nós estávamos acostumados por muitos anos.
21:12Eu não estou dizendo que vai para 4,50, 4,20.
21:14Eu não estou dizendo isso.
21:15Melhor não dizer.
21:16É, eu estou dizendo que o normal agora é o câmbio um pouco acima e os juros abaixo do que eram antes.
21:24Agora, o mais importante é o choque na energia barata.
21:27A nossa reindustrialização vem aí num outro choque que nós já encomendamos, já está em andamento.
21:34Foi uma articulação complexa.
21:35O Cade advertiu à Petrobras que ela não podia ficar com o monopólio de fato na exploração e na distribuição do gás.
21:48A Petrobras começou a se movimentar, começou a vender distribuidoras de gás, a TAG, que era uma linha de distribuição de gás que ela tinha.
21:57Ao mesmo tempo, nós fomos a governadores estaduais e conversamos com eles para eles abrirem mão do monopólio na distribuição de gás.
22:08Então, nós demos um choque duplo, na verdade.
22:12Nós quebramos dois monopólios na exploração do gás e na distribuição do gás.
22:17Quando nós quebramos esses dois monopólios, o preço do gás natural vai começar a descer.
22:22A reindustrialização brasileira vai ser feita em cima do gás natural barato.
22:26Da mesma forma que os Estados Unidos estão se reindustrializando em cima do cheio gás, do gás barato deles lá, nós também.
22:34Para você ter uma ideia, Cláudio...
22:35Em quanto tempo a gente vai perceber?
22:38Porque até um leitor aqui mandou uma pergunta e ele perguntou assim, usando a sua expressão,
22:42em que tomada tem que colocar o dedo para receber o choque da energia barata?
22:47Está chegando já, já.
22:49Os preços já estão descendo, os contratos...
22:52A Vale do Rio Doce, por exemplo, está tentando já comprar gás natural há sete, há oito, para 25, 30 anos.
23:00São contratos de 25, 30 anos.
23:01Porque tudo isso aí tem a ver com a industrialização.
23:04Sim.
23:04Você reduz o preço da energia, você tem condição de produzir mais.
23:08Sim.
23:08A desindustrialização brasileira...
23:10E você vai ter condição de produzir energia para sustentar esse crescimento?
23:15Sim, sim, sim.
23:17Esse é exatamente...
23:18É aí que vem o choque na energia barata.
23:20O que acontece?
23:21Só para ter uma ideia, para vocês terem uma ideia, o gás natural no Brasil está em torno de 12, 13 dólares, o que eles chamam de milhão de BTUs.
23:29Milhão de BTUs é uma unidade.
23:30É uma unidade.
23:31É British Thermic Units.
23:32Unidades térmicas britânicas.
23:34Um milhão de BTUs custam...
23:36O pessoal está acostumado a ver no ar-condicionado.
23:38É, custam 12 dólares, 12, 13 dólares no Brasil.
23:42O Brasil tem gás natural.
23:45Nos Estados Unidos, que também tem gás natural, 2,5 dólares.
23:50Aí, se você for para a Europa ou para o Japão, que também não tem gás natural, esses dois não têm gás natural.
23:56Nos Estados Unidos tem gás natural a 2,5, o Brasil a 12.
24:01Japão e Europa não têm gás natural e importam da Rússia.
24:04A Rússia tem 7 dólares, quase a metade do nosso preço, sendo que nós temos gás natural.
24:10Então, o nosso problema foi justamente esse monopólio.
24:13É o monopólio das estatais na produção e na distribuição.
24:16Na hora que nós quebrarmos esse monopólio, nós quebramos, nós já quebramos, esse choque já foi deflagrado.
24:23O que vai acontecer em um ano e meio, eu falei em dois anos, há uns seis meses atrás.
24:27Então, agora eu tenho que falar em um ano e meio.
24:28E um ano e meio, esse preço do gás natural terá caído uns 40% pelo menos.
24:34Vocês estão vendo aí, um ano e meio, marca aí no calendário.
24:36Bota o dedo na tomada, já vai sair o gás natural 40% mais barato.
24:42E aí você começa toda a reindustrialização brasileira.
24:58E aí você começa toda a reindustrialização brasileira.
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