Uma nova pesquisa Datafolha simula um segundo turno eleitoral para 2026 e aponta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
O resultado reforça a dificuldade do nome de Flávio em expandir seu eleitorado para além da base ideológica.
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00:00O presidente Lula estaria 15 pontos na frente de Flávio Bolsonaro se o segundo turno das eleições de 2026 fosse hoje, segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem.
00:11No levantamento, o petista também aparece 5 pontos percentuais à frente do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e 6 pontos percentuais à frente do governador do Paraná, Ratinho Júnior.
00:24O Instituto ouviu 2.002 pessoas de 16 anos ou mais entre terça-feira e quinta-feira, com moradores de 113 municípios.
00:35A margem de erro é de 2 pontos para mais ou para menos.
00:39A pesquisa atual foi realizada um dia antes do senador e filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro anunciar publicamente que foi escolhido pelo pai para ser o candidato do PL à presidência da República em 2026.
00:53Vamos então abrir a análise agora com os nossos comentaristas, José Maria Trindade e Jesualdo Almeida.
01:01Bem-vindos, bom dia. Vou começar pelo Jesualdo.
01:04A gente vê nessa pesquisa claramente que em todos os cenários o presidente Lula ainda ganha.
01:11Existe uma possibilidade com o fortalecimento agora da campanha de Flávio Bolsonaro disso mudar, Jesualdo?
01:18Márcia, bom dia. Nonato, José Maria. É a nossa audiência da PAN.
01:22Ainda tudo é muito prematuro. Estamos aos dez meses das eleições e muito dependerá do que o governo Lula falar nesses dez meses.
01:30Entretanto, vamos levar em consideração que o governo tem a máquina na mão e o ano que vem será um ano de derrame de dinheiro para a captação de votos, sobretudo.
01:39Entretanto, me parece também que o melhor dos adversários do Lula foi apresentado.
01:44É o Flávio Bolsonaro. Para o Lula, efetivamente.
01:48Acho pouco provável que toda essa transferência de capital político do pai transfira-se para o filho.
01:53E não foi suficiente em 2022 nem para a vitória do pai e não seria suficiente também para a vitória do filho, principalmente dentro desse cenário.
02:02O Flávio tem uma janela de vidro muito grande, será exposto e não me parece o cara mais articulado também quando se fala de debates.
02:10O nome mais provável, mais coerente, mais forte para o enfrentamento do Lula seria, efetivamente, o governador do estado de São Paulo, o Tarcísio.
02:19Entretanto, parece, nesse primeiro momento, parece que é carta fora do baralho.
02:24O Tarcísio já acenava que se não houvesse o apoio direto do ex-presidente Jair Bolsonaro, ele não seria candidato.
02:30A ver, a ver exatamente porque ele é o único nome que parece, nesse momento, capaz de derrotar o Lula no segundo turno.
02:38José Maria Trindade, qual é a tua avaliação dessa pesquisa?
02:42A gente até comentava ontem que mais pesquisas, mais levantamentos vão surgir a partir de agora.
02:48Ainda é cedo para uma análise mais profunda, até porque o presidente Lula tem, de algum modo, corrido sozinho nesse momento?
02:55José, bom dia para você.
02:56Está mesmo. Está sozinho no palanque, sim. Muito bom dia, Nonato.
03:00Bom dia, Márcia. Bom dia, Jesualdo. E bom dia a você que está nos acompanhando aqui no Jornal da Manhã.
03:06Olha, o presidente Lula está rodando o país, fazendo política, inaugurando ali obras, lançamentos e fazendo um papel de candidato.
03:16Até o discurso de candidato e isso deixa em vantagem.
03:20A pesquisa é real, é matemática, se bem feita, se feita dentro das normas e mostra exatamente o quadro atual.
03:29Essa pesquisa coincide com algumas pesquisas privadas que eu tenho visto aqui de alguns partidos políticos.
03:36Os partidos estão fazendo testes com nomes, colocando nomes, fazendo pesquisas qualitativas para ver exatamente qual é a possibilidade de projeção de cada nome colocado contra o presidente Lula.
03:49Se o presidente está na frente, em primeiro lugar, contra todos, é porque ele está fazendo campanha política e os outros ainda não.
03:57São governadores, estão governando os seus estados, né?
04:01E agora o recém-lançado Flávio Bolsonaro não dá tempo de medir exatamente qual é a possibilidade dele.
04:08Mas aí também mostra um quadro preocupante para a disputa do executivo, que é a rejeição.
04:15O presidente Lula tem a mais alta rejeição, né?
04:19A maioria entende que seria inviável, inclusive, a eleição do presidente Lula.
04:26E isso o coloca numa situação sensível.
04:29Agora, essa polarização favorece, sim, favorece o presidente Lula e favorece o grupo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
04:38A indicação é de que Flávio deve crescer e será o nome da direita, quer queiram ou não, os integrantes do Centrão.
04:47Pois é, mas, Jesualdo, o Centrão pode decidir a eleição.
04:52É um peso que vai fazer diferença num cenário tão polarizado.
04:56Você acredita que os líderes do Centrão devem apoiar Flávio Bolsonaro ou o que pode acontecer?
05:05A partir do ano que vem, Flávio Bolsonaro fica um pouco de lado, entra Tarcísio novamente, pode ser uma estratégia eles terem colocado agora.
05:13Enfim, você acredita, de fato, que o Centrão pode apoiar essa candidatura?
05:19Porque, até agora, eles estão dizendo que não era o que eles queriam, já que o nome preferido seria Tarcísio, né?
05:26O Centrão é, antes de tudo, um autosobrevivente.
05:29Pensa em si próprio, pensa nos projetos próprios desse grupo e não num projeto de Brasil, necessariamente.
05:36Eles sempre têm essa tendência de apoiar quem está na frente, de apoiar quem tem perspectiva de vitória,
05:41para colher os frutos lá na frente, exatamente com ministérios, com cargos, com divisão de rendas.
05:47Isso é sabido e conhecido em todos os bastidores.
05:49Eu imagino que, dentro desse cenário, a permanecer esse distanciamento entre o Lula e o Flávio Bolsonaro,
05:55que, ao meu ver, tende a se manter, o Centrão não embarca na campanha do Flávio Bolsonaro.
06:01Ou lançam alguém autônomo, um outsider, que também é improvável,
06:06ou, num segundo momento, mesmo a contra gosto, vão permanecer com apoio ao presidente Lula.
06:12Basta ver que o presidente da União Brasil, quando deu essa declaração,
06:15não mostrou nem um pouco entusiasmado com o nome de Flávio Bolsonaro,
06:19dizendo que precisa, sim, de uma construção de um projeto que não polarize, mas que agrade a todos.
06:25Isso é indicativo de que Flávio Bolsonaro, pelo menos pela União Brasil, não terá o apoio.
06:30Zé Maria Trindade, em relação a esse silêncio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas,
06:36é natural, à medida em que a informação surgiu na última sexta-feira,
06:41é normal que o governador ainda esteja sem se pronunciar,
06:46sem lançar ao menos uma notinha, dizendo se apoia ou não o Flávio Bolsonaro?
06:51O que pode significar isso, hein, Zé?
06:54Pois é, era um anúncio certo, todos acreditavam, né?
06:58E quando veio, surpreendeu, é isso que eu não estou entendendo.
07:02Me disse o governador Zema de que era mesmo esperado o nome da família, né?
07:07Agora, essa posição do governador Tarcísio, ela é muito sábia, né?
07:12Tudo estava prontinho, com apoio de empresários e de partidos políticos de direita, todos, né?
07:19Ele seria lançado com um vice da família Bolsonaro.
07:23Preferencialmente, queriam os líderes que apoiam a candidatura de Tarcísio,
07:27a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro.
07:29Ela cresceu muito nos últimos dias na política e se mostrou, assim, eficiente em discurso e isso seria bom.
07:38Mas aí as coisas mudaram e agora é uma novidade, né?
07:42E aí o Tarcísio tem que se recolher e decidir de uma vez por todas.
07:46Se toca São Paulo como querem.
07:48Olha, várias forças políticas querem Tarcísio em São Paulo.
07:52Entendem que São Paulo não pode abrir mãos da administração dele e da gestão dele
07:58e partir para a tentativa presidência da República.
08:01Então, é isso mesmo, é o momento de avaliar, ver as reações e depois decidir.
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