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Em entrevista ao Jornal da Manhã, a advogada Barbara Heliodo alertou que a violência contra mulheres no Brasil é uma questão cultural enraizada, exigindo mais do que apenas leis punitivas. Ela citou dados alarmantes, como as duas tentativas de feminicídio registradas diariamente em São Paulo.

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Transcrição
00:00Agora vamos falar de um dado que saiu recentemente da segurança pública aqui do nosso país,
00:07já que realmente é um tema central e que vai continuar para o ano que vem, para as eleições.
00:11Um dado alarmante, que mostram que duas mulheres foram vítimas de tentativa de feminicídio por dia.
00:20Isso aqui em São Paulo.
00:21Os números são dos dez primeiros meses deste ano.
00:26E para falar sobre o tema, porque também tivemos essa semana casos graves de feminicídios em São Paulo e no Brasil.
00:34Aquela mulher que teve as duas pernas amputadas porque foi arrastada por mais de um quilômetro.
00:40Também tivemos caso no Rio de Janeiro de duas mulheres que estavam trabalhando e um homem que não aceitava ser comandado por mulheres.
00:49Foi lá e também atirou nelas e em seguida se matou.
00:53Enfim, são casos que vêm à tona e que deixam a gente muito preocupada sempre, principalmente nós mulheres.
01:01A advogada e especialista em direito da família Bárbara Eleodora vai conversar com a gente agora sobre o tema.
01:07Bárbara, bom dia. Muito obrigada pela sua entrevista aqui no Jornal da Manhã.
01:12Bom dia, Márcia. Vamos falar um pouquinho sobre esse tema difícil.
01:15Vamos. Bárbara, eu queria entender com você se você acredita que esse fenômeno que está acontecendo agora nas redes sociais,
01:25de um crescimento do discurso de ódio entre homens contra mulheres, aquele redpill, alguns grupos que se uniram para falar mal
01:36e para realmente matar mulheres, porque eles acabam ali fomentando muito esse discurso e que começa muito cedo, cada vez mais cedo, na adolescência ainda.
01:48Você acredita que isso pode ter contribuído também para o aumento dos casos de feminicídio no nosso país?
01:53Olha, Márcia, eu acho que a cultura no geral do país, ela já desde muito nova, a gente já vê que vai sendo disseminado, vai sendo passado.
02:04De fato, é uma questão que vai necessitar de muito tempo ainda para que isso seja disseminado da sociedade.
02:11Só que a gente tem a questão também das redes sociais, porque uma coisa está sempre entralada à outra.
02:16Então, eu acho que a falta de impunidade, a questão de você poder chegar em uma rede social e disseminar esse ódio,
02:22que não acontece nada efetivamente, acaba fomentando o movimento de pessoas que vão acabar incentivando esse tipo de crime.
02:33Na verdade, o crime pode acontecer dos dois lados, mas é necessário que a gente debata sobre isso, porque o movimento é grande.
02:41E uma coisa que me preocupa muito é porque existe uma separação sobre pontos.
02:48Quando você apoia o direito de um, você automaticamente anula o direito do outro.
02:53Então, vira um grande movimento de ódio na rede social, quando, na verdade, a gente pode ter situações que necessitam de uma atenção maior
03:02e que isso não anula a proteção do outro.
03:04Então, eu acho, sim, que essa questão pode ser piorada, porque na rede social a gente tem uma falta de efetivo punitivo muito grande.
03:14Ô, Bárbara, a gente tem esses casos que a Márcia citou aqui, que foram um deles muito chocante, né, aqui em São Paulo, no fim de semana anterior.
03:26E, assim, ninguém nasce misógino, né, ninguém nasce odiando as mulheres.
03:30Por onde passa a educação, o dia a dia, o convívio na formação desse cidadão que pensa que a mulher é uma propriedade dele e que age desse jeito?
03:46Ou seja, que tipo de reflexão que a gente pode fazer quando os meninos estão crescendo, por exemplo?
03:53Pois é, né, eu sou mãe de menino, então é uma coisa que a gente tem que fazer desde pequenininho, incentivar isso.
04:01Entendo que é uma questão cultural mesmo, porque até independente das mulheres, a questão das crianças,
04:07quando a gente fala sobre como a gente não pode bater nas crianças, a gente tem a lei do menino Bernardo, né, que proíbe o castigo,
04:14e a gente até hoje vê adultos reproduzindo essa questão de que, ah, mas eu apanhei e não aconteceu nada.
04:20A mesma questão acontece com as mulheres.
04:23Então a gente cria, é criado uma sociedade que aceita esse tipo de relacionamento.
04:28E é muito comum, a gente pode fazer esse link que a criança, né, a mulher, quando ela é pequena
04:34e quando ela tá inserida num contexto social, num contexto de violência,
04:39e que ela aprende que aquele tipo de abuso, aquele tipo de violência na sua infância
04:44é um modelo de amor, é um modelo aceitável,
04:47ela vai pra vida adulta acreditando que parceiros que tratem com violência
04:52ou que tem um relacionamento tóxicos e abusivos, esteja normalizado.
04:56Então isso é uma questão que a gente tem legislação,
04:59claro que a gente tem que aumentar demais a fiscalização, o efetivo, a punição,
05:04porque de fato isso também é uma questão, porque muitas vezes
05:06quem de fato precisa da proteção não consegue a proteção do Estado.
05:10Quando o homem quer efetivamente acabar com a vida de uma mulher,
05:14ele vai conseguir muito provavelmente, porque ainda que a medida protetiva
05:17ela tenha esse poder de dar uma certa proteção, não é de fato efetivo
05:22para aqueles crimes mais de ódio que a pessoa vai com aquele objetivo.
05:27Então a gente precisa olhar com esse, lá no base.
05:30Então não é só ter a lei, a gente precisa da proteção,
05:34a gente precisa mudar a cabeça.
05:36E mudar isso hoje com a rede social, que nós não tínhamos nos anos 70,
05:41e a gente precisa falar sobre isso.
05:44Não aceitar.
05:45A violência psicológica, ela demorou a vir na nossa sociedade,
05:48mas ela vem e ela não é trabalhada com efetividade.
05:52É difícil que a gente tenha no judiciário um reconhecimento
05:55dessa violência psicológica, ela ainda é muito banalizada,
05:58e isso precisa ser fortalecido para que lá na frente a gente tenha pessoas
06:02que consigam reconhecer que estão inseridas no ciclo de abuso
06:08e saiam dele antes que se chegue a uma violência física
06:11e que talvez seja irreversível.
06:14Agora, doutora, vamos falar um pouco do Estado.
06:17Você começou já nessa última pergunta do Nonato a falar desse papel do Estado
06:21que ainda falha, e muito com as mulheres.
06:24Eu recebi essa semana uma mensagem de uma mulher
06:26dizendo que foi vítima de violência doméstica
06:28e que ela entrou na delegacia e não conseguiu registrar a ocorrência
06:32porque o delegado não acreditou no que ela tinha dito.
06:35Então, existe uma deslegitimização dessa fala da mulher.
06:40A mulher já não é incentivada a denunciar
06:42porque ela acredita que não vão acreditar nela
06:45dentro de uma delegacia, por exemplo.
06:47O que está faltando no Estado, nessa rede de apoio
06:51para que a proteção à mulher seja mais efetiva, doutora?
06:55Olha, Marcia, eu vou tocar num ponto muito sensível,
06:58mas é importante a gente falar sobre isso com relação a essa deslegitimidade.
07:03A mulher, ainda que seja, obviamente, uma questão menor,
07:08a gente tem muitas falsas denúncias.
07:10E por que eu estou tocando nesse ponto?
07:11Porque a deslegitimização dessa mulher,
07:14que de fato é uma vítima real da violência,
07:16ela acaba sendo reflexo de muitas falsas denúncias.
07:20Então, além da mulher que é vítima real,
07:23ela está deixando de ser atendida por uma pessoa,
07:25ou um sistema que está focado em uma pessoa
07:27que está fazendo uma denúncia falsa,
07:29esse reflexo de tantos, de um número grande de denúncias falsas
07:33voltadas a questões de litígio,
07:35de questões de família, de guarda, de alimentos,
07:39acabam trazendo esse reflexo,
07:41que é muito ruim para as verdadeiras vítimas.
07:44Então, quando a gente fala de violência contra a mulher,
07:46essa mulher que é verdadeiramente vítima,
07:49ela é a primeira a ir contra aquela mulher
07:51que está trazendo essa narrativa falsa,
07:53porque o reflexo é exatamente esse.
07:55Então, é óbvio que o delegado nessa situação está errado,
07:59isso tem que ser averiguado,
08:00isso é uma coisa que o judiciário tem que tomar cuidado,
08:02mas é muito importante que as mulheres não autorizem,
08:06não se deixem, só porque a mulher,
08:09que essas outras pessoas que não precisam,
08:12que usam dessa lei tão importante
08:13para questões parentais ou outros litígios de família,
08:19anulem, porque o reflexo é exatamente esse.
08:21muitas pessoas, muitas mulheres que precisam,
08:25acabam não tendo a sua voz.
08:27Isso é um movimento importante,
08:28a gente precisa falar sobre isso,
08:30porque isso também é falar sobre a proteção da mulher.
08:34Muito obrigada, doutora,
08:36advogada especialista em direito da família,
08:38Bárbara Eliodora.
08:39Volte sempre aqui ao Jornal da Manhã.
08:40Obrigada, Mães.
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