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O CURIOSO CASO DE NATALIA GRACE T01EP04 - ID
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TVTranscrição
00:0012 de setembro de 2019, Indianápolis, Indiana.
00:03Boa tarde, senhor.
00:04Oi, Mike.
00:04Ah, um amigo acabou de me mandar um link em que dizem que eu fui denunciado por negligência infantil.
00:11Isso está correto?
00:14Tá.
00:17Senhor, eu...
00:20Honestamente, eu nem sei o que fazer ou o que falar.
00:25Você pode esperar que alguém vai te pegar.
00:26Eles vão te levar a uma delegacia em Indianápolis ou você pode se entregar em Lafayette.
00:32Você precisa se responsabilizar, tá bem?
00:51O curioso caso de Natalia Grace.
00:56Lafayette, Indiana, 2022.
01:06Meu nome é Bob Cooper.
01:09Eu era detetive da polícia de Lafayette.
01:13Investigava de tudo, de casos juvenis a homicídios.
01:16Quando eu estava na polícia de Lafayette, eu acho que tinha uma reputação de ser um investigador muito bom.
01:25Pode-se dizer que eu me importo com a justiça.
01:28Isso é um clichê.
01:29O que eu mais gostava era de tentar solucionar os quebra-cabeças.
01:33Acho que uma das razões para eu ter ficado tão intrigado pelo caso dos Barnett é que foi um dos casos mais difíceis que já tive.
01:42É como um cubo mágico.
01:44Ele não para de mudar.
01:45Quando você acha que já resolveu, descobre que não.
01:48Acho que a família Barnett, quando adotou a Natalia, comprou gato por lebre.
02:00Eles não sabiam o que estavam recebendo.
02:02Era mais do que eles, do que eles conseguiam lhe dar.
02:04Compraram gato por lebre e se livraram dela.
02:08Westfield, Indiana.
02:10Condado de Hamilton.
02:11Casa da Natalia em Westfield.
02:14E eles a levaram para Westfield, Indiana.
02:17Michael e Christine.
02:19Eles já eram nomes conhecidos no Conselho Tutelar em Westfield, Indiana.
02:24Porque a Natalia criava mais problemas do que eles esperavam.
02:28Obviamente, eles tentavam tirá-la daquele ambiente.
02:30E levá-la para um ambiente onde ela não era conhecida.
02:34E eles finalmente a levaram para Lafayette, Indiana.
02:37Lafayette, Indiana.
02:38Condado de Tipcanow.
02:40Queriam tirá-la da vida deles.
02:42E conseguiram.
02:45Eles a levaram para um outro condado, a uma hora de distância.
02:49Existem bairros melhores em Lafayette.
02:51E existem bairros mais abandonados.
02:53Apartamento da Natalia em Lafayette.
02:54Como o que a Natalia foi deixada sozinha em um apartamento.
02:59Existe crime naquela área.
03:01Acho que o objetivo deles era, se ninguém vê, ninguém sabe.
03:04Aquilo iria desaparecer.
03:06Mas isso não aconteceu porque Lafayette foi a cidade errada para deixarem ela.
03:10Eu sou a porra.
03:12Eu não gosto de mentira.
03:14Eu sou assim.
03:14Dois mil e treze.
03:18O instituto em Waterloo, Ontario, Canadá, queria que o Jacob, que tinha 14 anos, fosse para lá, continuar os estudos dele.
03:28Então, íamos nos mudar para o Canadá.
03:30Olha só essas seis combinações.
03:32A Natalia ficou sozinha em uma casa por um ano em Westfield, Indiana.
03:36O contrato de aluguel estava acabando.
03:39Tínhamos que achar outro lugar.
03:41A Christine e a Natalia encontraram um apartamento em Lafayette, Indiana.
03:46Aquele era o melhor lugar possível.
03:48Lafayette, Indiana.
03:49Dava umas voltas pelo bairro, casualmente.
03:53Era uma parte boa da cidade.
03:55Aquele apartamento ficava a dois quarteirões de um supletivo.
04:01E a Natalia se matriculou para conseguir o diploma.
04:03E ainda ficava perto do ponto de ônibus,
04:05de um centro de prevenção de suicídio,
04:08do exército da salvação,
04:10de um mercado que aceitava o vale, a alimentação da Natalia.
04:12Não tinha como pegar um mapa e deixá-la mais bem centralizada.
04:16Em um lugar que atendesse qualquer necessidade que ela tivesse.
04:22A família Barnett achou que tudo estava resolvido.
04:26Eles tinham lavado as mãos.
04:28Bem, é claro que o pesadelo chegou.
04:31O pesadelo era a acusação de negligência infantil.
04:34E aquilo foi realmente um pesadelo.
04:41Me dá aqui. Eu quero esse suco.
04:43Não, eu quero agora.
04:45Não, não, não.
04:45Não, mas eu peguei primeiro.
04:46Não pode comer isso.
04:48Meu nome é Kina.
04:50Eu era vizinha da Natalia.
04:52Eu tenho nove gados.
04:57Dois cachorros.
04:59E cinco filhos.
05:00É, tenho todos os meus filhos tatuados em mim.
05:06Se nós o adotarmos, ele será o sexto.
05:09Eu fiquei sem espaço, aí eu tive que colocar um no mesmo braço.
05:13Para!
05:14Tá de boneca!
05:16Tá, pode ser.
05:18Desculpa, minha casa é barulhenta.
05:19Ainda nem olhei os meus cachorros.
05:21Eu preciso olhar eles.
05:22Antes de...
05:24Eu morei em Lafayette a minha vida toda.
05:28Nasci e cresci aqui.
05:30A primeira vez que eu vi a Natalia foi quando o Michael e a Christine estavam fazendo a mudança da Natalia para o apartamento.
05:37E eu pensei que eles é que iam morar ali, mas eu nunca mais os vi.
05:43Eu conheci a Natalia quando ela veio até a minha casa e bateu na minha porta.
05:50Eu levei um susto, porque eu achei que era uma garotinha na minha porta.
05:53Aí ela explicou que tinha 22 anos, ou que achava que tinha 22.
05:57Eu achei aquilo meio estranho, ela achar que tinha 22.
06:01E a Natalia disse que não tinha comida na casa dela, no apartamento dela.
06:05E ela precisava ligar para os pais, para eles mandarem dinheiro para ela.
06:10Quando eu dei o telefone para ela, ela não sabia como usar.
06:13Ela ficou...
06:14Sabe, uma reação assim...
06:16Aí eu disse, você sabe o telefone deles?
06:18Ah, não, eu não sei.
06:20Aí deixamos o telefone de lado e ela disse, eu estou com muita fome, posso comer um sanduíche?
06:28Eu também achei estranho os Barnett terem a colocado em um apartamento no segundo andar.
06:34Ela precisava subir 16 degraus, mas 3 ou 4 do lado de fora.
06:40São muitos degraus para uma pessoa pequena.
06:43Ela lutava para subir aqueles degraus.
06:46Eu fiquei impressionada.
06:48E mesmo se ela tivesse 22, ela precisava de ajuda, de cuidados especiais.
06:54Por que você a colocaria em um apartamento que fosse difícil para ela usar?
06:58Descer aqueles degraus era extremamente perigoso.
07:01Ela poderia ter caído a qualquer momento.
07:04E ninguém saberia que ela teria caído.
07:06Ninguém saberia.
07:07Tem tantas coisas que poderiam ter acontecido.
07:09E se ela colocasse fogo na casa?
07:12Não só ela teria morrido, mas também tinham outras pessoas no apartamento de baixo que poderiam ter morrido.
07:19Eu só acho que ela foi abandonada para morrer.
07:24Nós morávamos em um quarteirão de um local de ajuda com comida e um sem-teto.
07:30Ficavam na frente daquele lugar.
07:31E também tinha um abrigo.
07:33E a qualquer momento alguém poderia ter ido com ela até a casa dela ou podiam até mesmo sequestrá-la.
07:42Não era uma parte da cidade onde eu deixaria meus filhos ficarem passeando sozinhos.
07:46Chegou ao ponto em que não só eu tenho uma arma na minha casa, comigo, e o tempo todo quando eu saio de casa eu ando com uma arma.
07:55É necessário andar armada.
08:00Espero que a Natália saiba que se eu tivesse me dado conta, naquele momento do que estava acontecendo, eu teria feito alguma coisa.
08:09Eu teria tido alguma atitude para poder ajudar.
08:13Eu espero que ela esteja tendo uma boa vida.
08:21E espero que ela receba a justiça que ela merece.
08:24Ela merece que a Christine e o Michael sejam julgados.
08:30Precisam ser julgados.
08:31E ela merece ter uma rede, uma rede de proteção para que ela se sinta segura.
08:45Eu nem posso imaginar o quanto ela estava assustada.
08:49Se ela tivesse 22, eu tenho certeza que ainda estaria assustada.
08:53Olha só como ela era pequena.
08:56O quanto ela estava indefesa.
08:59Independentemente da idade, ela estava muito assustada.
09:03E sozinha.
09:06E aquela situação nunca deveria ter acontecido.
09:11A verdade é que se eu visse os Barnett, eu provavelmente não teria dito nada.
09:16Eu já ia sair agredindo.
09:17Eu acabei de ser massacrado pelas pessoas do apartamento novo da Natália.
09:24Você não me passou as informações da energia.
09:26Ela está sem luz há três dias.
09:28Pare de tentar controlar como ela interage com as pessoas.
09:31Não funciona e sempre cria problemas.
09:34Eu dei o vale alimentação.
09:35Apaguei os contatos e limpei o histórico dela.
09:40Assim, ela não pode fazer como antes e ligar para todo mundo.
09:43Eu vou apagar a lista de contatos.
09:45Mas se acha que ela não decorou os números, você está louca.
09:49Amanhã eu vou ao apartamento da Natália.
09:52Vou esperar lá dentro com uma espingarda.
09:59Vamos recapitular.
10:01A família Barnett pegou uma pessoa com nanismo, com 90 centímetros de altura,
10:06e a colocou em um apartamento no segundo andar.
10:10Ela precisa subir escadas, que são perigosas, por conta da deficiência dela.
10:17Era um bairro com alta criminalidade.
10:20Ela estava em um apartamento sem nenhuma adaptação para a deficiência dela.
10:25Não alcançava o fogão, não alcançava a máquina de lavar.
10:28Primeiro tiraram o celular dela.
10:31Não tinha um telefone fixo no apartamento.
10:33Então não havia maneira alguma para ela ligar e pedir ajuda, se precisasse.
10:39Isso gerou problemas para eles.
10:41Então eles devolveram o celular dela.
10:43Mas eles apagaram todos os contatos do celular dela.
10:47Em alguns momentos, ela ficava sem luz elétrica ou comida.
10:51O que os Barnett estavam fazendo?
10:53Estavam tentando mantê-la em silêncio?
10:55Estavam tentando se livrar dela de vez?
10:57Academia de Recursos para Adultos
11:03Cerca de um mês depois que ela começou a frequentar a Academia de Recursos para Adultos,
11:07eu não a vi voltar para casa.
11:10Ela desapareceu.
11:12Uma criança menor de idade morando sozinha nesse tipo de ambiente,
11:15ela não sabe com o que tomar cuidado ou do que se distanciar.
11:19Não tinha ninguém para proteger.
11:20Ninguém para garantir que ninguém ia machucá-la.
11:24E isso me incomodou muito.
11:26A Natália podia ter batido em uma porta qualquer
11:28e poderia ter sido a última que bateria.
11:32Lafayette, Indiana
11:34Um dia, já estávamos no Canadá.
11:39Recebemos um telefonema do curso supletivo
11:41no qual a Natália tinha se inscrito e estava frequentando,
11:45perguntando se tínhamos notícias da Natália.
11:49Nós começamos a ligar para as pessoas,
11:52tentando entender as coisas, não conseguimos entender nada.
11:54Quando a Natália sumiu em Lafayette,
11:58de repente o Michael e a Christine ficaram preocupados?
12:01Não estavam preocupados com a segurança dela
12:04para colocá-la numa casa acessível,
12:07num bairro seguro e com um telefone?
12:11Qual é a verdadeira preocupação?
12:12Que ela conversasse com a conselheira tutelar ou com a polícia?
12:17Dias depois, recebemos uma ligação do curso supletivo.
12:22Não se preocupem, nós a encontramos.
12:25Ela está com uma mulher chamada Cynthia Mance.
12:27Isso era preocupante.
12:34Porque sempre que a Christine soube que a Natália tinha conversado com o vizinho
12:39ou interagido com o estranho,
12:41a Christine descobria quem era
12:43e fazia o que fosse possível para impedir o contato.
12:46Isso é dela.
12:47É um defeito dela.
12:48Ela precisa estar no controle.
12:50Então, nós ligamos para a Cynthia.
12:53Conversamos com ela.
12:55Ela nos disse que a Natália estava morando com ela.
12:58Estava tudo bem.
12:59Ela estava morando lá.
13:01Morando lá?
13:03Você conhecia um só há três dias?
13:07A Christine e eu ligamos para a polícia de Lafayette.
13:10Ligamos para o serviço de proteção a adultos.
13:13O serviço de proteção foi até lá avaliar a situação
13:15e entrar em contato conosco.
13:17A Cynthia descobriu que a Natália tinha um vale alimentação
13:21com 500 dólares de saldo.
13:24Então, gastou todo o dinheiro.
13:26A comida estava na casa dela.
13:27Isso.
13:28Se você gostou, faz um joinha.
13:31Se não gostou, faz uma carinha triste.
13:33Ela pegou todo o dinheiro da comida da Natália.
13:36E aí?
13:38E aí, pessoal?
13:40Uma semana depois, eu fui notificado pelo correio
13:43de que os pagamentos da previdência da Natália,
13:45que eram enviados para mim, já que eu deduzia o valor do aluguel
13:49e eu pagava as contas de gás e energia,
13:52não seriam mais enviados para mim.
13:54Depois de duas semanas de conhecer a Natália,
13:57a Cynthia levou até o serviço social
13:59e a Natália passou o dinheiro dela para a Cynthia.
14:02Eles iam alugar o apartamento dela,
14:04o que é contra o contrato de aluguel.
14:06Os Mans estavam ganhando dinheiro
14:09com o apartamento da Natália,
14:10pelo qual já havíamos adiantado o pagamento.
14:12Ordem de despejo.
14:13Ela foi despejada.
14:15O que podíamos fazer?
14:19As histórias sobre a família Mans,
14:21de que eles são predadores,
14:23isso...
14:24isso é uma grande mentira.
14:26Eu posso dizer que sou muito agradecida
14:28pela Natália ter conhecido a família Mans.
14:30Eles estão cuidando dela
14:31e a tratam como se fosse da família.
14:34Entre 2014 e 2019,
14:37várias agências de governo
14:38investigaram ativamente
14:39o caso da Natália Barnett.
14:42Isso culminou em 2019,
14:45quando Brandon Davenport entrou em cena.
14:47Quando o detetive Davenport
14:49começou a investigar
14:50como a Natália chegou ao condado
14:52de Típica New,
14:54os problemas começaram
14:56para Michael e Christine Barnett.
14:5822 de julho de 2019.
15:00Gravação feita pelo detetive Davenport.
15:04Olá, meu nome é Davenport.
15:05Oi, eu sou a Cíntia.
15:07Eu sou detetive da polícia
15:08do estado de Indiana.
15:10Imagino que você saiba por que
15:11estou tentando falar com você.
15:12Sim.
15:14Então,
15:15por acaso vocês já tentaram
15:16adotar a Natália?
15:18Nós tentamos ter a guarda legal dela,
15:21mas o juiz negou.
15:23Ela mora com vocês há quanto tempo?
15:24Ela está conosco desde 2014,
15:28então cinco anos.
15:29Tá bom.
15:30Então ela chegou aí,
15:32você se apaixonou por ela,
15:34tratou como sua filha
15:35e ela foi morar com você.
15:36Ah, é?
15:37Os pais dela acabaram com essa criança.
15:40Eles estavam com raiva dela,
15:42eles cortaram a luz dela e...
15:44Eu disse pra ela que ela não devia mais ficar lá,
15:47ela iria morar na minha casa.
15:49Então, nós temos umas galinhas,
15:51temos comida,
15:52e nós fomos pra casa
15:54e eu fiz uma comida pra ela.
15:56E foi aí que...
15:57A Christine já havia ligado
15:59pro celular da Natália muitas vezes.
16:01Ela estava com muito medo da Christine.
16:04Eu disse a ela,
16:07eu disse que se isso fizer você se sentir melhor,
16:11coloque a ligação no Viva Voz.
16:12Ela colocou.
16:14E a Christine estava gritando com ela
16:16que ela devia estar em casa,
16:18não devia estar em outro lugar,
16:19e eu virei a mãe ursa,
16:20a protetora.
16:23Eu disse pra Christine
16:24que ela não devia falar assim,
16:26que ela tinha largado aquela garotinha aqui,
16:29onde ela não conhecia ninguém.
16:30E ela continuou falando.
16:32Era a filha dela,
16:33e eu não tinha direito de falar nada.
16:36Eu precisava levar ela pro psiquiatra,
16:38porque ela ouvia vozes.
16:40E que ela já tinha feito sexo
16:42e tentado envenenar a Christine.
16:44E ela falou um monte de coisas
16:45que a Natália havia feito.
16:48Eu senti que era um tom de voz perigoso.
16:51Se ela estivesse na frente da Natália,
16:53ela teria machucado a Natália.
16:55Ela gritou comigo,
16:57então eu acabei desligando na cara dela.
16:59Olha só,
17:00eu não estou investigando vocês.
17:02Eu quero encontrar esses indivíduos.
17:05Estou disposto a preencher a papelada
17:06pra conseguir um mandado de busca e apreensão
17:08pra descobrir exatamente
17:09por que eles fizeram isso.
17:11É suspeito.
17:12Indianápolis, Indiana.
17:182014.
17:20Depois de anos, anos e anos
17:22de dor e abuso,
17:25finalmente arrumei coragem
17:26para deixar a Christine.
17:28Ela e os meninos ficaram no Canadá.
17:30Eu voltei pra Indiana.
17:32Foi...
17:33Foi um divórcio muito,
17:35muito difícil.
17:36Não foi amigável.
17:37Nós perdemos a coisa mais importante
17:39de um casamento,
17:40há confiança.
17:41Agora, o Michael está morando
17:43em Indiana.
17:44Em 5 de setembro de 2019,
17:46Davenport o visitou em casa.
17:49Oi.
17:51Meu nome é Brandon Davenport.
17:52Eu sou da Polícia Estadual de Indiana.
17:54Tem algum lugar onde a gente
17:55possa conversar?
17:56Ah, é.
17:57A gente pode sentar lá atrás se quiser.
17:59A gente pode ir lá?
18:00É.
18:00Eu estou bem confuso agora.
18:02Olha, eu vou explicar, escuta.
18:03Eu não vou te prender hoje, tá bem?
18:05Isso aqui não é...
18:05Podemos eliminar a palavra hoje?
18:07Tá, não vamos te prender.
18:09Vamos lá pra trás?
18:10Ok.
18:12Eu vim aqui...
18:14É...
18:15Porque eu tenho especulações...
18:17Eu acho que você é um cara bom,
18:19mas eu estou preocupado com a Christine,
18:21com quem ela é.
18:21É.
18:22A Christine é uma...
18:25Mestra manipuladora.
18:26Faz o que for preciso
18:27até conseguir tudo o que quer.
18:30Você sabe por que ela escolheu o Lafayette?
18:32Ela disse que...
18:33Lafayette era uma...
18:36Cidade de brancos pobres.
18:39Ninguém ligaria.
18:40Ninguém notaria.
18:42Então, a Natália ficaria lá e...
18:45Porque as pessoas eram...
18:47Ela usou o termo brancos pobres.
18:49Acho que foi o termo exato.
18:51Então, a Natália não conseguiria enganar
18:53ou manipular ninguém.
18:54Tá.
18:55Palavras exatas.
18:57Bom, eu acho...
18:59Que a Christine levou até lá
19:00e abandonou uma criança.
19:01Honestamente, eu acho...
19:04Que você sabia que aquilo era errado.
19:07Seja honesto comigo.
19:09Sim, senhor.
19:10Estou sendo honesto.
19:11Quantos anos você acha que a Natália tem?
19:13Nos dias de hoje?
19:14É.
19:14Se eu tivesse que apostar dinheiro...
19:1620, 22 anos.
19:20Me acompanhe.
19:20Isso significa que seis anos antes,
19:23quando ela estava morando em Westfield,
19:25ela tinha 16 anos.
19:27De acordo com os cálculos do Michael,
19:29isso significa que ela ainda era menor.
19:31E ele admitiu.
19:33E parte do depoimento dele foi usada
19:36como base das acusações criminais
19:38contra ele e a Christine.
19:4212 de setembro de 2019.
19:45Boa tarde, senhor.
19:46Oi, Mike.
19:47Ah, um amigo acabou de me mandar
19:49um link em que dizem que eu fui denunciado
19:53por negligência infantil.
19:54Isso está correto?
19:55O que eu devo esperar agora?
20:04É...
20:05O que você pode esperar...
20:08É...
20:09Obviamente, você sabe
20:11que a Natália não tinha idade suficiente.
20:14Eu não acredito que ela tenha 30 anos.
20:16Honestamente, eu não sei...
20:18o que fazer ou o que falar.
20:20Será acusado de algo assim?
20:27É vergonhoso, é péssimo, é nojento, é degradante.
20:33No dia seguinte em que as denúncias foram feitas,
20:36eu e o meu advogado fomos ao condado de Típica Noe
20:38e eu me entreguei.
20:40Primeira notícia, o homem acusado de deixar a filha adotiva
20:44sozinha em um apartamento em Lafayette
20:46se entregou às autoridades hoje.
20:48O caso está nas mãos de promotores
20:51que estavam confiantes para prestar denúncias de negligência.
20:55Fui colocado numa cela sozinho.
20:59Fui fechado.
21:03Coletaram minhas digitais.
21:04E depois veio a hora de tirar a foto.
21:13Me parecia estranho,
21:15mas eu não estava nervoso.
21:17Aquela câmera não me assustava.
21:19Eu estava pensando
21:20nas que me esperavam do lado de fora.
21:23Michael Barnett saiu sob fiança
21:25da prisão do condado de Típica Noe
21:27uma hora depois de se entregar.
21:28Com licença, pessoal.
21:30Sem comentários.
21:31A Christine Barnett se entregou às autoridades.
21:34um dia depois que o Michael se entregou.
21:38Ouvir aquela grade da cadeia
21:40fechar atrás de você,
21:41especialmente a primeira vez,
21:43deve ser uma das experiências mais humilhantes
21:47que uma pessoa pode passar.
21:50Antes disso,
21:51os Barnett estavam em capas de revistas e jornais.
21:55E agora, depois de serem presos,
21:57eles estão sendo fotografados
21:59por um motivo muito diferente.
22:01No dia seguinte,
22:02meus funcionários
22:05estavam lendo as notícias no computador.
22:09Esse é você?
22:11Funcionários mandaram um link
22:13para o meu departamento de RH
22:15dizendo,
22:17sabiam que este monstro trabalha com a gente?
22:20De repente,
22:21eu virei o vilão do universo.
22:23Mas,
22:26minha ex-esposa Christine
22:28era quem tinha o poder.
22:29Eu não tinha controle de nada daquilo.
22:33Daquele dia em diante,
22:34virou Barnett contra Barnett.
22:36Virou uma guerra.
22:38E a Natália não era mais o alvo do Michael.
22:41Era Christine.
22:43Ele não ia levar a culpa sozinho.
22:45Sozinho.
22:49Indianápolis,
22:50Indiana,
22:502022.
22:51Eu sou a definição de um cara
22:56que já teve tudo
22:58e perdeu tudo.
23:01No dia que eu finalmente
23:03disse para Christine
23:04que eu ia embora,
23:06que eu não aguentava mais,
23:08eu estava me afastando
23:09de toda a dor,
23:10todo o sofrimento,
23:11todo o abuso,
23:12me afastando do controle.
23:14Eu entrei nesse carro,
23:15dirigi o mais rápido
23:16que era humanamente possível.
23:18O pé lá embaixo,
23:20não tinha como
23:21eu me afastar da Christine
23:22rápido o bastante.
23:25O carro,
23:26ele está péssimo.
23:28Não é dirigido há um ano.
23:30Ele não vai andar tão cedo.
23:32Já rodou 280 mil quilômetros.
23:35E aí ele decidiu que já era.
23:37Já tinha cumprido o papel dele.
23:38Tudo bem.
23:40Não tem nada
23:40que seja mais libertador
23:42para te ensinar
23:43o que é importante na sua vida
23:44do que se livrar
23:46de tudo o que você tem
23:47e recomeçar do zero.
23:50É do que preciso.
23:52Funciona para mim.
23:53Estou feliz.
24:03Recentemente,
24:04minha vida é sobre o julgamento
24:05que vai acontecer
24:06daqui a alguns meses.
24:09Se eu achasse
24:10que eu estava fazendo
24:10alguma coisa errada,
24:13eu teria caído fora.
24:15sabendo o que eu sei agora,
24:18sabendo e conseguindo ver
24:20que eu fui manipulado
24:22e conseguindo ver
24:23como meus filhos
24:24foram manipulados
24:25depois do divórcio,
24:27a questão é,
24:29eu acho que a Christine
24:29poderia ter manipulado
24:31a Natália?
24:32É uma pergunta fácil.
24:33A resposta é sim.
24:34Ela poderia ter manipulado
24:35a Natália.
24:36Era muita engenharia mental
24:38acontecendo em mim.
24:40Isso cresceu,
24:41eu explodi
24:41e as coisas terminaram
24:43de maneira muito negativa,
24:44de um modo muito ruim.
24:46Eu e ela
24:47não conseguíamos
24:48nem mesmo,
24:49nem mesmo trocar
24:50um e-mail.
24:52O apelido dela
24:53é malvada
24:54e ela merece cada letra.
24:57Ela torceu,
24:58manipulou,
24:59mentiu,
25:00publicamente,
25:01privativamente
25:02e repetidamente,
25:04de novo e de novo
25:04e de novo
25:05para que ela pudesse
25:06manter o poder,
25:07o dinheiro e o controle
25:08sobre tudo
25:09e sobre todos nós.
25:11meu filho do meio,
25:13meu filho mais novo,
25:14não vejo eles
25:15há mais de oito anos
25:16e eles não querem
25:19mais me ver.
25:21Todos nós
25:22sofremos abuso
25:23naquela casa
25:24e a Christine
25:25era quem abusava
25:27de nós.
25:29Se você quer a verdade,
25:31eu vou logo
25:32avisando para você.
25:34Você pode não gostar
25:35da verdade,
25:37mas eu vou contar
25:37a verdade.
25:41A Christine
25:43colocou a culpa
25:44de tudo
25:44na Natália.
25:46A dinâmica
25:48entre a Natália
25:48e o resto da família
25:49pareceu mudar
25:50no começo.
25:52A minha mãe
25:52entrava em brigas
25:53tentando descobrir
25:54quem a Natália era
25:55de verdade.
25:57O relacionamento
25:57delas
25:58era hostil.
26:00Tá bom,
26:01então,
26:01você me disse
26:02coisas que não
26:03eram verdade.
26:04É.
26:06As coisas,
26:07elas mudavam
26:08rapidamente,
26:10aumentavam rapidamente.
26:11A Christine
26:12e a Natália
26:12estavam correndo
26:13risco iminente.
26:15E os meus filhos
26:16estavam um degrau
26:18abaixo disso.
26:22Eu tenho,
26:23eu tenho certeza
26:24que em cinco anos
26:26alguém estará morto.
26:31Natália,
26:31olha pra mim.
26:33Olha pra mim.
26:34Natália,
26:35há quanto tempo
26:36você está na parede?
26:37o mesmo milita-se
26:38com Michigan
26:39e o lado Michigan
26:40ao norte.
26:41Eu não sei.
26:42Dois minutos.
26:44Tá,
26:44você está com tanta dor
26:45depois de dois minutos.
26:47E com Illinois
26:47ao oeste.
26:48Tá bom,
26:48mas você ainda
26:49precisa ficar na parede.
26:51É.
26:54A minha mãe
26:55acreditava
26:56firmemente
26:57que tipo,
26:58a Natália
26:58era
26:59uma pessoa
27:00hostil.
27:02Sabe
27:02que
27:02ela não era
27:03quem dizia ser
27:04e queria
27:05nos machucar.
27:06todos os dias
27:08a Christine
27:09colocava
27:10um grande
27:10holofote
27:12bem em cima
27:12da Natália.
27:13Me diga tudo
27:14sobre você.
27:15Um dia
27:15cheguei do trabalho,
27:17abri a porta,
27:18disse oi
27:18e a Natália
27:19estava lá
27:20em pé
27:21com o nariz
27:22na parede.
27:23O que ela fez?
27:27E o que me disseram
27:28foi que
27:29a Natália
27:31não estava cooperando
27:32com a Christine
27:33de manhã.
27:33estavam sempre
27:35batendo a cabeça
27:36e honestamente
27:37a Natália
27:37foi a primeira
27:38pessoa a bater
27:38de frente
27:39com a Christine.
27:40Você vai
27:41escrever
27:42as frases,
27:44mas como você
27:44tem sido teimosa
27:45e só fica brigando,
27:46brigando, brigando,
27:47você vai precisar
27:48ficar em pé
27:48na parede.
27:49Às 10 da manhã
27:50ela foi pra lá.
27:52Você vai ficar aí
27:53até que
27:54você venha
27:55até a mesa
27:56e escreva os nomes
27:57das pessoas
27:58que você conhece.
27:59E a garota
28:00ficou ali,
28:01nariz grudado
28:02na parede.
28:02De 10 da manhã
28:03até meio-dia.
28:05A Christine
28:05fez o almoço
28:06de todo mundo,
28:07pegou a comida
28:08da Natália
28:08e colocou bem
28:09ao lado dela.
28:11Você pode comer isso,
28:12mas quando será?
28:13Quando você
28:14sentar a bunda
28:14na mesa
28:15e escrever o nome
28:15de todas as pessoas
28:16com as quais você
28:17já morou
28:18e me falar
28:18quem você é
28:19de verdade.
28:24Quando cheguei em casa,
28:25a Christine
28:26me disse que
28:27ela
28:28tinha permanecido lá
28:31em pé
28:32com o nariz
28:34na parede
28:34por 8 horas
28:36e que ela
28:38não sairia dali
28:39até escrever os nomes.
28:40Michael,
28:41não dirija uma palavra
28:42a ela.
28:43Não ajude ela.
28:44Estou lidando
28:45com isso o dia todo.
28:46Não faça nada
28:47além de apoiar
28:48a sua esposa.
28:49Você me entendeu?
28:54Sim.
28:54Então,
28:57já havia se passado
28:59oito horas.
29:01A Natália
29:01tinha urinado.
29:03A Natália,
29:04segundo a Christine,
29:05tinha urinado
29:06horas atrás.
29:09E pobre Christine,
29:11de propósito,
29:12só para me contrariar,
29:13só para me deixar
29:14chateada.
29:16Aí,
29:17me sentei no sofá
29:17na sala de estar.
29:18A Natália estava
29:19atrás de mim
29:19na cozinha,
29:20a Christine
29:20estava no sofá.
29:21e nós vamos
29:22curtir a nossa noite.
29:24Vamos assistir TV.
29:25Vamos curtir a noite.
29:26Você pode se juntar
29:27a nós.
29:28Você pode assistir TV
29:29quando você nos disser
29:31quem você é.
29:34Às duas da manhã,
29:37a Natália já tinha
29:38defecado.
29:41Ela não havia
29:43se movido.
29:47Ok.
29:47Você já teve problemas
29:49com a Christine?
29:50Tive.
29:52Teve uma vez
29:53que ela me colocou
29:54no canto
29:54e ela me disse
29:56que não ia me alimentar
29:57ou me deixar
29:58ir no banheiro
29:59até que eu escrevesse
30:00a lista.
30:01E eu dizia
30:03sem parar
30:04que eu não sabia.
30:06Então,
30:07ou eu ficava
30:08no canto
30:09na cozinha
30:09ou no canto
30:10da lavanderia
30:11no andar de cima.
30:12Por quanto tempo?
30:14Uns dois dias.
30:15Ela não me deixava
30:16sentar.
30:17Se eu sentasse,
30:18ela dizia
30:18para eu levantar
30:19de novo.
30:19ela...
30:21Eu literalmente
30:21precisava escondida
30:23pegar comida,
30:24mas ela sempre
30:24me via.
30:26Toda vez que eu
30:27chegava em casa,
30:29o melhor cenário
30:30era ver a Christine
30:32sentada no sofá
30:33com raiva
30:34e a Natália
30:35no quarto.
30:35Esse era
30:36melhor cenário
30:38por dois anos.
30:41E qual era
30:41o pior cenário?
30:42eu já disse isso
30:45para a polícia.
30:48Eu disse
30:49para a polícia
30:49quando vieram
30:50falar comigo
30:51há três anos
30:52sobre a Natália.
30:55Então,
30:55se eu fui
30:56honesto
30:57e aberto
30:58o suficiente
30:58para
30:58falar isso
31:00para a polícia,
31:01eu posso
31:01falar
31:02isso agora.
31:06Foram
31:07muitas vezes.
31:08em três
31:10eu fui
31:10testemunha
31:11e eu tenho
31:11certeza
31:12de que foram
31:12muito mais
31:13do que isso.
31:15A Christine
31:16bateu,
31:17mas bateu
31:18muito
31:18na Natália.
31:21Um dia
31:22eu cheguei
31:22em casa.
31:25Acho
31:26que no...
31:29começo
31:29de 2011
31:30e eu senti
31:32a tensão
31:32no ar.
31:33Eu entrei
31:34em casa
31:34e vi
31:36minha esposa.
31:39Eu vou...
31:40eu vou...
31:40eu vou...
31:41tentar ser
31:42o mais preciso
31:42possível.
31:43Aponta a câmera
31:43para o chão.
31:50Eu preciso...
31:51eu preciso
31:51que seja
31:52por aqui
31:52para que você
31:56possa entender.
31:56os espancamentos
32:05eram uma coisa
32:07parecida
32:08com isso.
32:26mas você
32:32viu a Natália
32:32apanhar
32:33muito?
32:35Eu fiquei
32:35surpreso
32:36pelo corpo
32:38da Natália
32:38não ter se
32:39quebrado
32:40em mil
32:40pedaços.
32:44A Christine
32:44enfiava
32:45mesmo
32:46a porca
32:47nela.
32:48Não era
32:49com a mão
32:49aberta,
32:50era com os punhos,
32:51com os
32:51cotovelos.
32:53Eu fiquei
32:54com medo,
32:54fiquei com muito
32:55medo do que
32:56estava acontecendo,
32:57eu estava pirando,
32:58eu não sabia
32:59o que fazer.
33:00Olha,
33:01o que você
33:01me diz
33:02parece real.
33:04Eu acho
33:04que a Christine
33:05era uma
33:05mestra manipuladora.
33:09O detetive
33:10Davenport
33:11estava usando
33:11uma tática
33:12comum
33:12de interrogatório.
33:14Ele faz
33:14o alvo
33:15da investigação
33:16sentir
33:16que estava
33:17do lado dele
33:17para ganhar
33:18a confiança
33:19e conseguir
33:19mais informações.
33:21O Michael
33:22mudou
33:22completamente
33:23o que dizia
33:24depois de saber
33:25como a Natalia
33:26estava sendo
33:27tratada
33:27e dos
33:28espancamentos,
33:29se ela
33:29estava mesmo
33:30escondendo facas
33:31debaixo da cama,
33:32me faz imaginar
33:33se ela não
33:34fez isso
33:34para se proteger.
33:37O espancamento
33:38estava acontecendo
33:40e eu estava
33:41ali
33:42sem saber
33:42o que fazer.
33:44Eu só pensei
33:45numa coisa.
33:50Ligar uma câmera,
33:52ligar um gravador,
33:53eu peguei
33:54meu celular,
33:56escondi ele
33:56e comecei
33:57a gravar.
33:58Como você
33:59pôde trair
34:00minha confiança?
34:01Como você
34:02pôde fazer isso?
34:03Aqui na minha
34:04frente agora
34:04você vai apagar
34:05toda essa
34:06merda?
34:08Vai,
34:09apaga isso,
34:10aperte o sim
34:10e nunca mais
34:13faça alguma coisa
34:14assim.
34:16Eu nunca
34:16me livrei
34:17do celular.
34:19Eu guardei
34:20o celular
34:21a minha vida
34:22inteira
34:23para caso
34:24alguém pudesse
34:25recuperar
34:26todos os arquivos
34:27que estavam lá
34:28e recuperar
34:29também
34:30o vídeo.
34:31Tem um vídeo
34:32de você
34:32espancando a Natália
34:33para c******
34:34na sala de estar.
34:36Quando você
34:36tentou bater nela
34:37até arrancar a verdade,
34:38eu entendo,
34:39eu sei que você
34:39é uma boa pessoa.
34:40Você não é assim,
34:41mas saiu do seu controle.
34:42Ela merecia,
34:43mas mesmo assim...
34:45Eu não ligo,
34:45ela era má
34:46e você sabe disso,
34:46ela é uma sociopata.
34:47Como ousa comparar
34:49eu gritando com ela
34:50a ter uma criminosa
34:51na minha casa
34:52tentando se passar
34:52por uma criança?
34:54Ameaçando,
34:54envenenando e mentindo
34:55para fazer o meu marido
34:56dormir no quarto dela.
34:58Essa conversa
34:59entre Michael
34:59e a Christine
35:00é realmente
35:01uma revelação
35:02fundamental.
35:03O Michael
35:03acusa a Christine
35:04de bater na Natália
35:06e ela não nega.
35:07Então,
35:07isso é como
35:08uma admissão tácita
35:09do que ela fez.
35:11Você está me dando
35:11consentimento
35:12para olhar o celular?
35:14Sim, senhor.
35:14Eu duvido
35:15que tenha alguma coisa
35:16aí que dê
35:16para aproveitar.
35:17Eu tenho pessoas
35:18que trabalham
35:19com a FBI
35:19que chamamos de nerds.
35:21Vamos ver
35:21o que eles conseguem,
35:22tá ok?
35:23Quando chegou o momento,
35:25o Michael
35:25ofereceu a Christine
35:27e a polícia
35:27em uma bandeja
35:28de prata.
35:30Isso é uma coisa
35:31que eu sei
35:33que posso ajudar
35:33e fornecer
35:34o máximo
35:35de informações
35:35possíveis
35:36sobre a Christine
35:37e...
35:38Eu não sei,
35:38eu não sei.
35:40Eu acho que eu já vi
35:41programas de televisão demais.
35:43Eu não sei.
35:44Michael,
35:45o nome disso é
35:45é consideração,
35:46mas eu não posso
35:47prometer nada
35:47e também não posso
35:48fazer nenhum acordo
35:49com você
35:49porque essa não é
35:50minha função.
35:51Essa decisão
35:52é do promotor.
35:53Tá bem?
35:54Antes de você ir,
35:55isso é uma coisa
35:56que você pode não estar
35:57disposto a responder
35:58ou não possa responder.
36:00Quando você falou
36:01com a Natália,
36:01ela disse que...
36:03alguma vez...
36:04Ela disse que
36:05eu nunca a machuquei
36:06e que eu tentei impedir
36:07a Christine
36:07de bater nela?
36:08Mike,
36:10você já machucou ela?
36:13Não.
36:13Então,
36:14se você nunca a machucou,
36:15ela nunca diria isso,
36:16certo?
36:16Correto.
36:17Tá bem.
36:18Então,
36:18eu não vou dizer
36:19uma coisa ou outra,
36:20mas você só me disse
36:21a verdade,
36:21não é?
36:22Sim,
36:23eu disse.
36:23E me falou a verdade
36:24sobre a Christine,
36:25não é?
36:25Sim,
36:26eu falei.
36:26Tá bem.
36:27Então,
36:27eu acho que estamos
36:28falando a mesma língua.
36:32Você pode ajudar
36:33a consertar um erro.
36:34da visão da minha mãe,
36:38a Natália se infiltrou
36:39na nossa família
36:40e queria nos machucar.
36:42Então,
36:43a minha mãe nega
36:44ter feito
36:45alguma coisa errada
36:46e ela estava só agindo
36:47de acordo
36:48com o conselho
36:50de terapeutas.
36:53É,
36:53eu posso te garantir
36:55que nenhum terapeuta
36:56iria indicar
36:58esse tipo
37:00de ação
37:01porque se fizesse isso,
37:04ia perder
37:05o registro
37:06no conselho.
37:11Indianápolis,
37:11Indiana.
37:20Respira.
37:23Esse era
37:24um dos melhores momentos
37:25que nós tínhamos juntos
37:27em família.
37:28Sentar,
37:29comer pipoca.
37:32Isso,
37:32isso,
37:32isso,
37:33isso me traz conforto,
37:34sabe,
37:34ter uma camada de,
37:36talvez seja a felicidade,
37:39talvez seja a pureza,
37:40talvez sejam
37:40só memórias
37:41de um bom momento
37:42que aconteceu aqui.
37:44Isso era
37:44parte das nossas vidas,
37:46isso,
37:47nós gostávamos de filmes,
37:48então,
37:49fazíamos isso
37:50duas ou três vezes
37:51por semana.
37:53O Jacob
37:53sentiu o cheiro
37:54da pipoca,
37:54ele chegou.
37:58Tipo,
37:58gostoso,
38:00você e eu aqui
38:01em pé
38:01comendo pipoca
38:02juntos.
38:03Sabe,
38:04eu
38:04nunca imaginei
38:06que teria isso
38:07de novo.
38:08Eu jamais,
38:09nunca,
38:09em um milhão de anos,
38:10eu sonhei que isso
38:11aconteceria de novo.
38:13Em 2019,
38:14fazia cinco anos e meio
38:15que eu não via você.
38:18Te mandei mensagens
38:19via rede social
38:20para te dizer,
38:22olha,
38:22se você tem alguma pergunta
38:23sobre por que
38:24eu fui embora,
38:25é só me perguntar.
38:29Dos três meninos,
38:32você foi o único
38:32que respondeu
38:33e você me convidou
38:35para ir ver você
38:36em Nova Orleans.
38:38Eu não fazia ideia
38:39do que esperar,
38:40nenhuma.
38:41Eu cheguei lá
38:42e a primeira coisa
38:44que você disse
38:44para todo mundo
38:45foi,
38:47esse é o meu pai.
38:54Eu não tinha ouvido
38:55você falar pai
38:56em quase seis anos
38:58e me deu esperança.
39:04Eu,
39:05eu não tive esperança
39:07por muito,
39:08muito,
39:08muito tempo.
39:11Eu estava
39:12100% convencido
39:13de que nunca mais
39:14ia te ver.
39:16Estou convencido
39:16de que nunca mais
39:17verei seus irmãos.
39:21Desculpa.
39:21está bem claro
39:31que
39:32alguém errou
39:33com uma pessoa.
39:39É muito fácil
39:40andar por aí
39:40e separar as pessoas
39:41em grupos
39:43de pessoas boas
39:44e pessoas más.
39:45mas pessoas boas
39:49fazem coisas más
39:49e pessoas más
39:50fazem coisas boas.
39:53Não quero que a culpa
39:54seja colocada
39:55na pessoa
39:57errada.
39:57eu e minha mãe
40:02estamos passando
40:02por isso agora.
40:05Eu tinha
40:06várias perguntas
40:07em relação
40:08à minha infância
40:08e preocupações
40:10e eu liguei
40:12para ela.
40:15Eu só esperava
40:16que ela talvez
40:17reconhecesse
40:18algumas coisas
40:18que eu estava dizendo.
40:20Tipo,
40:20eu não estava esperando
40:21desculpas dela,
40:22mas nem isso
40:24ela deu.
40:25Natalia,
40:26isso não é certo.
40:27Você está tentando
40:28incomodar as pessoas.
40:32Eu fiz algumas perguntas
40:34sobre coisas relacionadas
40:35à Natalia
40:36que eu não estou
40:38confortável em falar aqui.
40:40parcialmente
40:41porque quero
40:41proteger a minha mãe.
40:43Sabe,
40:44eu sei que ela
40:44não é 100%
40:45inocente
40:46e eu estou preso
40:48entre a cruz
40:49e a espada,
40:50mas eu não quero
40:51magoar ninguém.
40:57E eu reconheço
40:59que talvez
41:00isso não seja possível.
41:04Você pode
41:05exonerar uma garotinha
41:06e esclarecer as coisas.
41:08Como diria
41:09Martin Luther King Jr.,
41:11justiça atrasada
41:12é justiça negada.
41:15Eu preciso pensar
41:16em algumas coisas.
41:18Você tem medo
41:19de que
41:19se você contar
41:20para a gente
41:21o que você sabe,
41:22a sua mãe
41:22seja presa?
41:24Eu não sei
41:25se eu quero falar
41:26sobre isso.
41:30Acabei.
41:30como temos tantas
41:36perguntas,
41:37será que possivelmente
41:38os Barrett
41:39estejam inventando
41:40tudo isso
41:41para encobrir
41:41o que fizeram
41:43de verdade?
41:44Tem alguma coisa
41:45muito
41:46errada aqui,
41:47não parece certo,
41:48tem alguma coisa
41:49errada,
41:50tem cheiro de...
41:51Alguém está
41:53escondendo alguma coisa
41:54em algum lugar.
41:54O Jacob finalizou
41:57a entrevista dele.
41:59Ele não se deu conta
42:00de que a gravação
42:01continua.
42:01então eu falei
42:09para eles
42:09da última vez
42:10que eu falei
42:11com a minha mãe.
42:12Mas eu acho
42:13que a parte moral
42:15que me deixa
42:16dividido
42:16é que eu tenho
42:17esperanças
42:19de que ela tenha
42:19redenção.
42:20Eu acho que
42:21não vale a pena
42:22continuar falando
42:22mal dele.
42:23Ah, eu já fiz isso,
42:24chega.
42:25Você nem ouviu
42:25a minha conversa
42:26com eles ontem.
42:28Eu disse para eles
42:28toda,
42:29toda a verdade.
42:30essa é uma forma
42:32gentil de dizer
42:33que eu coloquei
42:34munição
42:35numa espingarda
42:36e atirei.
42:38Ah, está tudo bem.
42:39Eu sinto que eu tenho
42:39o direito
42:40de contar a minha história.
42:42Ah, eu não contei
42:43para eles,
42:43eu não contei
42:44para eles
42:44sobre empurrar
42:45a escada abaixo.
42:46A gente combinou
42:47que não ia falar
42:47sobre empurrar
42:48a escada abaixo,
42:49não foi?
42:49Foi.
42:50Meu plano hoje
42:51era não falar isso
42:52para eles.
42:53E, além do mais,
42:55eu entendo que existe
42:55um recurso legal nisso.
42:57E você sabe
42:58que eu não estou ansioso
42:59para ser intimado.
43:00Você não pode ser intimado.
43:02Você era a menor idade.
43:03Ah, tudo bem.
43:04Era uma criança em...
43:07Ai, meia.
43:08Ainda estou com o microfone.
43:09Eu sou um idiota.
43:11Meia.
43:11Versão brasileira.
43:13Drymark.
43:13Música
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