Pular para o playerIr para o conteúdo principal
No encerramento da cúpula do G20, o presidente Lula anunciou que o acordo entre Mercosul e a União Europeia será assinado em 20 de dezembro, abrangendo 722 milhões de habitantes e US$ 22 trilhões em PIB. Especialistas analisam como o acordo pode impulsionar exportações brasileiras e baratear custos para a classe média.

🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC nas redes sociais: @otimesbrasil

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

#CNBCNoBrasil
#JornalismoDeNegócios
#TimesBrasilCNBC

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Nesse domingo, no encerramento da cúpula de líderes do G20 em Joanesburgo, na África do Sul,
00:06o presidente Lula disse que o acordo do Mercosul com a União Europeia vai ser assinado no dia 20 de dezembro
00:12e que deve ser, segundo ele, possivelmente o maior acordo comercial do mundo.
00:19Eu não estou fazendo acordo com a França.
00:22Eu estou fazendo acordo com a União Europeia, que tem tanto o presidente da comissão como a secretária Ursula Wanderlei como os negociadores.
00:34Eles representam toda a União Europeia. É com eles que eu estou fazendo acordo.
00:39Eu posso lhe garantir que no dia 20 de dezembro estarei assinando o acordo União Europeia-Mercosul.
00:47É um acordo que envolve praticamente 722 milhões de habitantes e envolve 22 trilhões de PIB.
00:58É uma coisa extremamente importante. Possivelmente seja o maior acordo comercial do mundo.
01:05E aí, depois que a gente assinar o acordo, vai ter ainda muita tarefa para a gente poder começar a usufruir das benesses desse acordo.
01:14Mas vai ser assinado.
01:15E sobre esse acordo comercial, né, Mercosul União Europeia, eu converso agora com o Vitor Cabral.
01:22Ele é doutorando em Relações Internacionais pela PUC do Rio.
01:26Vitor, boa noite. Muito obrigada por ter aceitado o nosso convite.
01:30Vitor, na sua opinião, o presidente Lula está certo ao afirmar que esse pode ser o maior acordo comercial do mundo?
01:37Oi, Cristiane. Boa noite. Acredito que sim. A gente está realmente falando de um acordo com milhões de pessoas sendo envolvidas,
01:47podendo fazer parte desse mercado consumidor nos dois lados do Atlântico.
01:52Quando o presidente Lula fala sobre essas dezenas de trilhões de PIB, de dólares em PIB dos países,
01:58ele realmente faz sentido, significa que a gente vai ter cada vez maior participação comercial das nações entre a Europa e o Mercosul.
02:08Então pode ser algo realmente muito proveitoso, pode alavancar as nossas exportações.
02:13E o Brasil, como a principal economia do Mercosul, tem muito a ganhar com esse acordo.
02:18E isso pode facilitar, de fato, com que a gente possa exportar cada vez mais produtos para a União Europeia,
02:24assim como também comprar por um preço menor, que eu acho que é o de interesse de todo mundo,
02:28e principalmente algo necessário para a possível campanha de reeleição do presidente Lula no ano que vem,
02:36baratear o custo de vida e ter um bom discurso para a classe média, que é facilitar as compras internacionais.
02:42Na fala que a gente acabou de ouvir, o presidente Lula foi bem enfático ao dizer que o acordo não é com a França,
02:50e sim com a União Europeia, e garantiu que a data de 20 de dezembro vai ser a data da assinatura.
02:57Algum país europeu ainda pode impor outras restrições aos termos desse acordo?
03:05Sim, bem provável.
03:06A França é a principal opositora desse acordo, os agricultores franceses são muito opostos à possibilidade desse acordo,
03:14porque eles indicam que ia baratear muitas exportações de commodities do Mercosul para a União Europeia,
03:21então isso facilitaria com que produtos mais baratos, advindos da carne bovina, das aves, o açúcar e também o minério,
03:29os minérios poderiam chegar mais baratos na Europa, e isso poderia, de alguma maneira, desincentivar a economia francesa.
03:35Então, os agricultores franceses são os mais contrários, já tiveram algumas manifestações em Paris contrárias à possibilidade do Macron apoiar esse acordo.
03:44Na Espanha também já tivemos alguns casos de produtores de grãos reclamando da possibilidade da queda do preço dos grãos acontecerem com a entrada nesse acordo,
03:54mas a Espanha aparentemente está do nosso lado em aprovar esse acordo.
03:57A França é mais reticente, o Macron, na visita que o Lula fez à Paris no início desse ano,
04:04deu a entender que ainda não estava satisfeito com esse acordo, que era necessário fazer algumas modificações
04:09para que estivesse tudo mais azeitado e que, principalmente, que houvesse melhores condições de produção agrícola
04:18para que não só fossem melhor respeitadas as regras ambientais, como também a segurança alimentar da União Europeia.
04:24Então, tem uma preocupação em relação à forma como a nossa carne é produzida e que isso, de alguma maneira,
04:30poderia chegar mais barato e não tão segura na Europa quanto a carne produzida pela França.
04:36Vitor, economicamente, o que pode representar esse acordo para o Mercosul e, mais especificamente, claro, para o Brasil?
04:44Olha, primeiro de tudo, a gente precisa entender que esse acordo vai levar cerca de 10 anos para ser implementado.
04:52A expectativa que a gente tem é que, mais ou menos, 10 anos sejam considerados para redução das tarifas,
04:59de 91% das tarifas da Europa para o Brasil e de 92% das tarifas dos produtos do Mercosul para a União Europeia.
05:08Então, não seria de um dia para o outro. Mas a possibilidade, realmente, de ter um aumento dessas sorocas comerciais,
05:15que é algo que a gente já vem desejando já há mais de 25 anos, que é o tempo que a gente está levando nessa condução desse acordo.
05:22Diversos presidentes já passaram pelo Brasil, pelos países da União Europeia, de diversas posições ideológicas possíveis,
05:29e ninguém conseguiu fechar esse acordo. Mas a ideia é que, sim, que a gente possa aumentar a nossa participação comercial,
05:34o que para o Brasil seria algo muito positivo, já que nós somos conhecidos por ser um país de uma economia muito fechada,
05:40que a gente ainda não tem, realmente, uma entrada internacional considerável, sendo algo que nós deveríamos ter,
05:47considerando o tamanho da economia do Brasil, o tamanho do nosso território, da nossa população.
05:52Então, para nós, brasileiros, seria realmente algo muito vantajoso, principalmente para a indústria agropecuária,
05:58que poderia ganhar muito com essas exportações, já que nós lideramos as exportações do Mercosul,
06:03e também poderíamos liderar a partir desse acordo de livre comércio.
06:06Isso seria realmente benéfico para a gente, porque seria útil para a classe média,
06:10que conseguiria ter acesso a produtos mais baratos, as altas classes, que têm maior controle sobre as áreas de exportação,
06:18também poderiam ser beneficiadas, e isso poderia facilitar não só as nossas exportações,
06:24como as compras, inclusive, de tecnologias, produtos farmacêuticos e termocosméticos.
06:28Eu vou passar para as perguntas dos nossos analistas.
06:31Vamos começar pelo Eduardo Geyer, lá em Brasília.
06:34Geyer, fica à vontade.
06:37Vitor, boa noite.
06:39Hoje o presidente Lula afirmou em Moçambique que gostaria de ver a Petrobras participando da exploração de gás lá no país africano.
06:47A Petrobras já tem um histórico de participação em negócios nos países do continente africano,
06:55mas isso diminuiu muito com a Operação Lava Jato, que descobriu casos de corrupção,
07:00dutos internacionais de corrupção da estatal.
07:04Queria ouvir de você, como um especialista em relações internacionais,
07:08como é que você vê essa intenção do presidente Lula de levar a Petrobras de volta para o continente africano,
07:14à luz do atual cenário geopolítico mundial.
07:20Isso faz sentido, tal como foi feito lá nos anos 2000?
07:27Olha, Geyer, boa noite.
07:28Eu acredito que sim.
07:30É necessário que a gente possa ter realmente maior participação das nossas empresas em outras nações.
07:35O Brasil tem uma perspectiva estratégica por parte da nossa política externa,
07:39que é de maior proximidade com os países do continente africano.
07:43A gente tem uma ideia de aproximação não só com os países do Atlântico Sul,
07:47como também com os países africanos que são banhados pelo Índico.
07:50Isso faz parte da nossa política externa.
07:52Então, faz sentido a gente ter realmente maior dessa participação da Petrobras,
07:58como também de outras empresas estratégicas,
08:00porque isso faria sentido não só nessa aproximação econômica,
08:04quanto também da influência brasileira nessas localidades.
08:07Vale lembrar que desde o governo Temer,
08:09nós fechamos muitas embaixadas no continente africano,
08:13nós nos distanciamos dos nossos parceiros estratégicos,
08:16isso inclusive para questões de segurança,
08:18como por exemplo no combate à pirataria,
08:21é um problema, porque a gente precisa ter essa proximidade com esses países,
08:25mas essa exploração da Petrobras,
08:28apesar de ser criticada num contexto pós-COP,
08:32em relação a uma tentativa de redução de combustíveis fósseis,
08:36ela faz sentido considerando que há muitos mercados de petróleo
08:39não explorados na África subsaariana
08:41e que esse know-how brasileiro de como fazer essa exploração,
08:46essa produção e refino de petróleo de uma maneira mais barata
08:49poderia ser útil para a gente.
08:51Eu vou passar agora para o Vinícius Torres Freire.
08:54Vinícius, por favor.
08:55Boa noite, Vitor.
08:57Além de ter essa possibilidade ainda,
08:59um pouco mais remota agora,
09:00de a França encrencar o acordo,
09:02os europeus estavam aparecendo com legislações,
09:07e não é de hoje,
09:08e nem do ano passado apenas,
09:10como aquela lei que proíbe a importação de produtos
09:14que vêm de áreas desmatadas.
09:16Eles adiaram pelo menos por um ano
09:18e que ia criar problemas para a exportação,
09:21ou pelo menos para os custos dos exportadores brasileiros
09:24que iam ter que fazer certificação melhor.
09:27E a União Europeia vinha colocando algumas barreiras não tarifárias,
09:30que algumas delas caíram agora no acordo,
09:32mas que indicam que o impulso protecionista europeu continua.
09:38Você acha que essa lei de proibição de importação de produtos
09:42de áreas desmatadas e coisas assimilares vão continuar,
09:47ou esse acordo com a União Europeia vai deixar isso para trás?
09:50Porque a União Europeia está fazendo as duas coisas,
09:53fazendo o acordo com certas limitações,
09:55e ao mesmo tempo querendo implementar essa lei de proibição
09:59de importação de certos produtos ambientalmente incorretos.
10:05Eu acho muito provável que essa lei permaneça
10:07na implementação do acordo,
10:09inclusive por pressão da França.
10:12Porque, de fato, a União Europeia vem tentando
10:14fazer um processo de inser liderança
10:17de uma transição verde para as próximas décadas
10:19no combate às mudanças climáticas,
10:22de pensar realmente nesses impactos
10:23que a gente tem no desmatamento.
10:25A principal fonte, por exemplo,
10:27de emissão de carbono do Brasil é o uso da terra.
10:29Então, o desmatamento, as queimadas
10:31são o nosso principal problema,
10:32e nós somos conhecidos justamente por isso.
10:35Então, acho que faz sentido nesse processo de negociação,
10:39no momento em que nós, do Mercosul,
10:41ganharíamos muito com esse acordo de livre comércio,
10:44existia essa legislação que forçaria
10:46com que a nossa produção agropecuária
10:48fosse mais ambientalmente responsável,
10:50e que também condiz com o pensamento brasileiro
10:54de mais proteção da Amazônia
10:56e também de repensar a forma como a gente pode
10:58desenvolver ele economicamente
11:00a partir de questões biológicas mais verdes,
11:05de a gente ter uma transição mais verde
11:07liderada pela Amazônia.
11:08Só que, para isso, a gente não pode desmatar a Amazônia,
11:11a gente não pode queimar o Pantanal,
11:13não podemos queimar essas áreas que são vitais
11:15para a produção de soja
11:17e também da produção pecuária brasileira.
11:19Então, faria sentido realmente essa lei existir.
11:23Do ponto de vista brasileiro,
11:24eu não me ocorria a essa legislação,
11:26porque internamente seria útil para a gente
11:29para reduzir essa nossa pegada de carbono
11:32e também conseguir cumprir os nossos objetivos
11:34com o Acordo de Paris
11:36e, principalmente, manter os financiamentos,
11:38como, por exemplo, foram aprovados agora com a COP30,
11:41da gente começar a ganhar algum dinheiro
11:45com o quanto de terra a gente consegue preservar.
11:48E se o nosso setor agropecuário ainda é o que desmata,
11:53ainda é o que queima,
11:54é necessário, então, que eles passem a ter
11:56uma produção mais economicamente responsável
12:00e consciente ambientalmente para que possam vender.
12:02Preciso ter responsabilidade para querer enriquecer ainda mais.
12:06Vitor, muito obrigada.
12:07É sempre um prazer receber você aqui.
12:09Volte mais vezes.
12:10Boa noite, boa semana para você.
12:13Obrigado, boa noite.
12:14Obrigada a você.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado