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A intervenção no Banco Master, a maior da história, é tema de análise. No Visão Crítica, Adriana Valéria Pugliesi, especialista em Direito Comercial, afirma que o processo de liquidação seria mais eficiente se fosse realizado no Poder Judiciário.

Ela destaca que a questão pode atingir "todas as pessoas que tenham contribuído com a crise financeira", incluindo diretores e conselheiros.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/EJY9M4xijUA

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Transcrição
00:00Uma polêmica, não é o caso agora, de papéis podres na desestatização.
00:05Lá nos anos 90, é chato ser historiador, porque a gente sempre tem de lembrar de assuntos meio desagradáveis, né?
00:12Mas teve uma grande discussão, é uma questão bastante complicada,
00:17certas empresas foram compradas quase a um valor zero, porque parte era papéis podres,
00:22mas tem uma longa história, e o Brasil esquece o que ocorreu ontem,
00:26quanto mais que ocorreu nos anos 90, do século XX, viu, que eu estou falando, não é, do século XIX.
00:32Então, professora Adriana Poliesi, eu estava justamente pensando aqui em casos não tão distantes,
00:40houve o caso do Banco Santos, que não faz muito tempo.
00:44Também era um banco que surgiu aparentemente do nada, em relação a instituições financeiras de décadas ou seculares aqui no Brasil,
00:52aí, geralmente, aparece, vira mecenas, quem sai do nada, o papel de mecenas é muito bom,
01:02você precisa construir uma figura pública de mecenas, e aquele senhor proprietário do banco que o fez,
01:08tendo que construir uma grande mansão, mostrar muito luxo.
01:11Não pensa que tem de ser um armador aguiar, como foi o fundador do Bradesco, né?
01:16Que andava todo simples, tal, andava de meia, não usava sapato,
01:20ou com o doutor Antônio Hermílio Moraes, dono do Morbo, grupo, grupo Votorantim,
01:24que saía ali atrás do Teatro Municipal, a sede da Votorantim era ali,
01:28ele andava tranquilo pela rua, com paletó, que acho que tinha comprado nas lojas do Cal,
01:33que nem existe mais hoje, absolutamente tranquilo.
01:36Não, nós só falamos de outro tipo de gente, de outro tipo de pessoa,
01:40que precisa exteriorizar a riqueza até para vender algo que não tem, terreno na lua, né?
01:45E esse é o tipo de pessoa.
01:48E dá certo durante o momento.
01:50Eu pergunto à senhora, o caso do Banco Santos foi um caso muito grave,
01:53estourou, envolveu fundos de previdência de estados,
01:57o que parece que nesse caso do Banco Mássia tem ocorrido também.
02:01E as pessoas davam a impressão que sabiam que a situação do banco era muito grave,
02:05não vou falar de qual estado, porque isso dá sempre confusão,
02:08mas é um estado do Nordeste, que fez um depósito pouco antes do Banco Rui.
02:12E eu pergunto à senhora, quer dizer, essas figuras aparecem subitamente,
02:20desaparecem, mas as outras grandes instituições sólidas,
02:23que têm sua história, compliance, etc., essas permanecem.
02:27Então, o que há nesse momento, será que há um vácuo entre a legislação
02:31que a senhora destacou, que é uma legislação competente e existente no Brasil,
02:35e o processo de fiscalização, ou esse pessoal é muito esperto,
02:40numa linguagem mais popular?
02:42Eu não acho que exista um vácuo na legislação.
02:49O que eu acho é que em todos os ambientes, nós vamos encontrar fraudadores.
02:55E eu não estou aqui dizendo que A ou B cometeu fraude,
02:59mas em todos os ambientes de mercado, nós vamos encontrar fraudadores.
03:03E a gente não deveria medir o ambiente econômico ou nem a estrutura legislativa
03:12através da fraude.
03:17A gente tem que medir essas estruturas através do que dá certo.
03:20E aí eu volto a dizer o que disse aqui o nosso professor Nelson.
03:36Nós não vamos ter muito como escapulir dessas questões políticas envolvendo esses escândalos.
03:42E por que eu digo isso?
03:45Porque não há nenhuma racionalidade econômica em fazer investimentos.
03:50E nós estamos vendo que há exemplo do que aconteceu no Banco Santos,
03:54entidades de previdência, fundos de previdência,
03:58que deveriam ter aí uma regulação também por via do Conselho Monetário Nacional
04:08dentro do sistema financeiro,
04:11que não possibilitasse um fundo vir investir num banco com essas características.
04:18Porque esses fundos de previdência são considerados investidores profissionais.
04:23são liderados por pessoas que sabem onde estão colocando esse dinheiro.
04:29Ao contrário daquele pequeno poupador referido pelo professor Hugo,
04:33que não tem uma instrução financeira adequada.
04:38Agora, lidar com a fraude, nós vamos ter que lidar com os mecanismos próprios
04:44fora já do ambiente de mercado,
04:47com as sanções que nós já estamos vendo aí que estão ocorrendo no caso do Banco Master.
04:53Existe a possibilidade, eu vejo até com uma possibilidade alta nesse caso,
05:03de essa liquidação ser convolada em falência, no regime falimentar,
05:08exatamente como ocorreu no Banco Santos.
05:10O que é isso? Explica só para nós, por favor.
05:12Explico.
05:12É uma...
05:14Existe uma discricionariedade do Banco Central,
05:17dependendo das características do regime de liquidação extraordinária da instituição financeira,
05:25que recomendam que a instituição financeira não seja liquidada no ambiente administrativo do Banco Central.
05:35O que o Banco Central vai fazer?
05:37Ele vai vender todos os ativos,
05:39levantar todos os credores,
05:41num quadro geral de credores e efetuar o pagamento desses credores na medida das forças possíveis dos recursos recebidos.
05:50Existem circunstâncias em que esse mesmo processo de liquidação administrativo conduzido pelo Banco Central
05:57teria uma eficiência maior se fosse realizado no Poder Judiciário.
06:02Existe uma vantagem, ao meu ver, de que um processo de falência no Poder Judiciário,
06:12você abre as entranhas de tudo que está acontecendo para todos, porque o acesso é público, né?
06:19A não ser que exista alguma motivação específica de algum procedimento específico relacionado
06:26que possa correr em sigilo, mas não é o que acontece.
06:29Por exemplo, o processo de falência do Banco Santos,
06:33todos os estudiosos da área de insolvência conhecem todos os desdobramentos, né?
06:39Então, eu acho que aqui, dentro dessa discricionariedade, que o Banco Central terá.
06:45Como é que funciona?
06:46Nomeou-se um liquidante,
06:48esse liquidante agora vai fazer uma avaliação do grau de dificuldade
06:53que pode envolver número de pessoas para serem atendidas, valores, etc.
06:59E vai pedir uma autorização para o Banco Central para requerer um processo de auto falência.
07:05E com isso, ajuíza-se um procedimento de auto falência
07:10e, a partir daí, o juiz é obrigado a conceder a auto falência
07:15e o processo, então, vai correr judicialmente como um processo de liquidação falimentar
07:21com as mesmas características.
07:23Venda de todos os ativos, pagamento do passivo nas forças da massa.
07:28E se não for suficiente a venda de todos os ativos para pagar esse passivo
07:33entre os bens pessoais dos controladores?
07:36Sempre.
07:36Nós temos, como eu disse, uma legislação muito específica na área de instituições financeiras
07:43e existe uma legislação da responsabilização não apenas dos controladores,
07:49mas essa responsabilização pode atingir também diretores, conselheiros fiscais,
07:54conselheiros de administração e todas as pessoas que, nos últimos 12 meses,
07:59tenham, de alguma forma, contribuído para o estado de crise econômico-financeira
08:05em que a instituição agora se encontra.
08:08Professor Nelson Marconi, é comum se ouvir, especialmente em momentos de campanha presidencial,
08:15mas, normalmente, que o sistema financeiro brasileiro é muito concentrado em alguns bancos.
08:21E aí, muitos falam que é quase um oligopólio e tal, e que deveria abrir esse mercado,
08:29não necessariamente para bancos estrangeiros, mas tem uma série de restrições
08:34para novos bancos adentrarem esse mercado.
08:37Então, vamos dizer que o Banco Master fosse um desses novos bancos, hipoteticamente.
08:43Será que...
08:44O que ocorre?
08:46Quer dizer, de um lado, são poucos bancos.
08:49Banco do Brasil, estatais, que não é plenamente estatal.
08:53A Caixa Econômica, assim, é 100% estatal, o Banco do Brasil é aberto,
08:56mas controlado pelo governo.
08:58Itaú, Bradesco, Santander, são, grosso modo, os principais bancos.
09:03Depois, BTG, etc.
09:05O que acontece?
09:07Por que o mercado é tão concentrado no Brasil?
09:09E quando tem um banco menor, como é o caso do Banco Master,
09:12e como foi o Banco Santos,
09:15acabam acontecendo situações anômalas, para ser bem educado.
09:19O mercado, historicamente, como você mesmo gosta de dizer,
09:26concentrado no Brasil, porque ele nasceu já com poucos bancos,
09:30ele foi...
09:31Esses bancos foram conseguindo comprar outros,
09:34e a regulação em relação a essa concentração de mercado,
09:38ela era muito fraca, né?
09:39Ela não era uma legislação que realmente fazia,
09:43que impedia esse grau de concentração.
09:45Isso foi acontecendo ao longo do tempo.
09:46Eu acho que a própria forma como o governo foi financiando sua dívida,
09:52junto a esses bancos, a taxa de juros, como ela foi crescendo,
09:56isso acabou propiciando esse crescimento do capital nesses bancos,
10:01que foram comprando outros.
10:03Você lembra de bancos estrangeiros, por exemplo,
10:05que entraram no Brasil no passado e eles saíram, né?
10:08Porque eles não estavam acostumados, talvez, com essa dinâmica
10:11dessa retroalimentação, digamos, em cima da dívida pública,
10:17toda essa dinâmica em cima de títulos públicos,
10:21e essa taxa de juros talvez muito alta,
10:23que para o sistema financeiro, logicamente, eles estão ganhando bem,
10:26mas acho que eles estavam acostumados com outra dinâmica,
10:29outro tipo de empréstimo, outro tipo de operação.
10:33E o mercado foi concentrando em cima desses bancos.
10:36Eu acho que faltou regulação num certo momento para o mercado se concentrar.
10:41E hoje o que acontece é que tem dificuldade desses bancos menores
10:45entrarem no mercado, porque eles precisam.
10:48Muitas vezes eles não conseguem fazer determinado tipo de operação,
10:52porque eles não têm muita, vamos dizer, eles não têm liberdade,
10:55que a gente chama de alavancagem suficiente, né?
10:58Quer dizer, capital suficiente para fazer determinado tipo de operação.
11:02Ficam nos bancos mais, as grandes operações,
11:04o filé mignon fica nos bancos maiores.
11:08E os bancos menores, o que eles fazem?
11:10Começam a tentar achar estratégias para conseguir arrumar recursos,
11:15para conseguir se financiar, captar recursos.
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