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O Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor dos Santos, afirmou que o foco da megaoperação era "cumprir mandados de busca e apreensão". Ele também ponderou que "o Estado tem que ouvir a comunidade" após a repercussão da ação.

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Transcrição
00:00Sobre essa equação, eu já quero falar com quem entende do tema e também pode falar sobre ele,
00:03que é Victor dos Santos, secretário de Segurança Pública lá do estado do Rio de Janeiro.
00:07Essa entrevista que foi ajustada e articulada pelo nosso Misael Mainetti,
00:12repórter aqui de São Paulo, que também participará conosco.
00:14Secretário, seja muito bem-vindo, prazer recebê-lo, obrigado por doar um pedacinho do seu tempo aqui ao nosso 3 em 1.
00:19Eu já quero te perguntar sobre a ocupação nesses espaços, né?
00:23Qual é a atuação hoje da polícia nesses locais onde houve a operação
00:27e, principalmente, o projeto de vocês pra impedir que novas crianças e adolescentes
00:33ocupem os espaços de possíveis criminosos que foram mortos nessa operação?
00:39Boa tarde.
00:41Boa tarde, Evandro. Boa tarde a todos.
00:43Bom, a gente primeiro tem que fazer uma diferenciação entre ocupação e retomada, tá?
00:49A ocupação, a gente já viu que não dá certo.
00:52Até porque a ocupação, historicamente, no Rio de Janeiro sempre se deu tão somente com a polícia.
00:57Isso não vai funcionar.
00:59A gente tem que entender que 8,1% da população no Brasil mora em favela.
01:04Se somar em todas as favelas do Brasil, se torna o terceiro maior estado.
01:10Então, isso é uma realidade do Brasil e não somente do Rio de Janeiro.
01:14No Rio de Janeiro, esse percentual é de 22%.
01:17Ou seja, nós temos quase um quarto da população morando em favelas.
01:22E somos o quarto menor estado, mas o terceiro mais populoso.
01:25Isso tem um potencial ainda pior, porque a alta densidade demográfica dessas regiões.
01:32Então, a gente entende que a ocupação sozinha, ela não vai resolver.
01:36Se nós dividirmos 53 mil policiais, colocarmos eles full time dentro das comunidades,
01:43sem atender em delegacia, sem ter expediente de batalhão,
01:46nós, em 1900 comunidades, temos poucos policiais para fazer a ocupação, o que não resolveria.
01:54A retomada é um passo seguinte, é um passo muito maior e é o que o STF reconheceu.
02:03Para haver retomada, tem que haver essa integração entre os três entes da federação.
02:07A gente tem que entender que município, Estado e União têm corresponsabilidade nessa ocupação.
02:15Por exemplo, essa região do Complexo do Alemão e da Penha.
02:19São duas copacabanas de total desordem urbana.
02:23E essa é uma realidade que o Rio de Janeiro vive há dezenas de...
02:29São quase quatro, cinco dezenas de anos que isso acontece.
02:35Então, a retomada é um processo difícil, mas o Estado tem que se fazer presente de forma plena
02:43e não somente com segurança pública.
02:45Por isso que aqui na Secretaria de Segurança Pública, com a decisão do STF,
02:49nós criamos um grupo de trabalho onde ele tem cinco eixos.
02:53O primeiro é segurança pública e justiça, desenvolvimento econômico,
02:58desenvolvimento social, infraestrutura e urbanismo
03:03e o último eixo que é governança e sustentabilidade.
03:07Onde haverá um gabinete integrado de gestão entre município, Estado e União,
03:14mas principalmente a participação da comunidade.
03:17O Estado não pode desenvolver um projeto numa comunidade
03:21e levar a essa comunidade o que ele acha que a comunidade precisa.
03:25Tem que ter o inverso.
03:27O Estado tem que ter a capacidade de ouvir a comunidade
03:30e cada comunidade tem a sua necessidade específica.
03:34E isso tem que ser levado em conta.
03:37O Instituto Data Favela, IBGE e Cufa fizeram uma pesquisa,
03:40publicaram agora no dia 18 de julho,
03:43onde eles perguntaram para a comunidade no Brasil inteiro
03:45qual o maior sonho de quem mora em favela.
03:48O primeiro deles, a habitação.
03:50Então eu acho, Evandro, que por exemplo, um plano de retomada,
03:55se o Estado diz que aquele território é dele,
03:58a primeira coisa é levar dignidade a essa pessoa dando um título de propriedade.
04:04Então a regularização fundiária, ao meu ver, tem que ser o primeiro ato do Estado.
04:09E o Estado, quando eu falo lá do censo, município, Estado e União,
04:12mostrando que realmente o dono do território é o Estado
04:17e por isso vai reconhecer a propriedade ou a aposta daquela pessoa que mora há anos ali
04:21e não deixar que esse espaço seja explorado pelo tráfico ou pela velhice.
04:27Agora, secretário, um dos argumentos dos críticos da operação da última semana
04:31é o fato de que, embora ela seja a operação mais letal da história aqui no país,
04:36não houve a prisão de grandes lideranças do Comando Vermelho.
04:39Como é que o senhor recebe essas críticas e as contra-argumenta?
04:44Bom, Evandro, durante anos a política de segurança pública do Rio de Janeiro
04:49cometeu um grande equívoco, que é olhar a criminalidade da pessoa do criminoso.
04:56E aí o que se fazia no passado?
04:58Elege o inimigo número um.
05:01Esse inimigo número um era preso ou morto,
05:04e o 02 entrava, depois entrava o 03,
05:06sucessivamente a gente já via essa substituição muito rápida.
05:12Hoje, a segurança pública do Rio de Janeiro olha a criminalidade no foco do negócio.
05:17Esse negócio não tem que ser atrativo.
05:20Se a gente conseguir fazer com que esse negócio perca a atratividade,
05:25naturalmente, esses jovens vão deixar de olhar para aquela posição e dizer
05:31é isso que eu quero para o meu futuro.
05:34Então, a gente acredita que esse seja o caminho.
05:37E para isso, a gente tem que focar na estrutura financeira dessas organizações criminosas.
05:43Vou dar só um exemplo do Complexo do Alemão e da PEN.
05:46São 280 mil pessoas, aproximadamente, que moram naquela região.
05:50Se a gente dividir só metade, 140 mil, pagando um plano básico de internet de 100 reais,
05:56nós temos 14 milhões de reais de faturamento por mês só de internet.
06:02O crime virou um negócio.
06:03Infelizmente, o crime no Rio de Janeiro foi ensinando gerações a como explorar isso.
06:09Começou com o jogo do bicho em relação ao território.
06:12Muita gente fala que o território começou com a milícia, com o mando de brilho, nada.
06:16Mas o jogo do bicho é a primeira organização criminosa do Rio de Janeiro a delimitar território.
06:21Os bicheiros têm o seu território e isso era respeitado.
06:24E quem não respeitava, pagava com a vida.
06:27Depois veio a milícia explorando o território.
06:31Enquanto isso, o trafo, seja qual for a organização criminosa,
06:34sempre explorou a questão da venda de drogas.
06:38Mas a milícia acabou vendo que o território poderia oferecer muito mais recursos
06:44através da exploração desses serviços.
06:47Água, luz, gás, transporte alternativo, construção civil, gelo, pão.
06:53Hoje, o traficante entendeu que isso também é fonte de renda e mais.
06:59Ele fatura muito mais.
07:01Volto ao exemplo do complexo do Alemã da Penha.
07:0214 milhões de reais por mês só com internet.
07:06A gente tem que fazer a seguinte reflexão.
07:08Quanto de drogas esse traficante precisa vender para faturar isso?
07:13E a droga você precisa importar, transportar, embalar, vender e manter a segurança.
07:21Todo esse ciclo gera oportunidade dele ser preso.
07:24Ao contrário, a internet, por exemplo, ele manda uma empresa legal
07:28e explora esse sinal cobrando aquela comunidade.
07:32E mais, ele tem um monopólio da região, ou seja, só ele explora.
07:37E mais, taxa de inadimplência é muito baixa.
07:39Você acredita que alguém vai ficar devendo a milícia ou o tráfico?
07:43Então, isso é uma forma de ter receita.
07:47E quando a gente olha a operação e diz
07:49há muitos criminosos, principalmente os líderes fugiram,
07:53o foco não é o líder daquela comunidade.
07:57Os 180 mandados de busca e apreensão foram cumpridos.
08:00Ali, nós buscamos mídia, sinal de Wi-Fi, onde telefones acessaram,
08:07arquivos de nuvem.
08:09Então, esses dados são muito mais importantes do que esse líder,
08:14que se ele for preso, segundo a nossa legislação,
08:18quantos a gente viu que ficaram presos alguns anos e logo foram soltos.
08:21Vou dar um exemplo recente.
08:22O Sardim. O Sardim é uma grande liderança da Cidade de Deus.
08:26Foi posto em liberdade, em agosto desse ano,
08:29para a saídinha do Dia dos Pais.
08:31Voltou? Ele não voltou.
08:33Adiantou focar e prender o Sardim?
08:36Então, a gente precisa fazer essa reflexão,
08:39e essa mudança de paradigma da segurança pública,
08:42precisa ser encarada dessa maneira.
08:44O foco tem que ser a estrutura financeira.
08:46Então, nessa operação do Complexo do Alemão e da Penha,
08:50o foco era cumprir esses mandados de busca e apreensão.
08:53Mas, claro, nós tínhamos que ter uma estratégia
08:56para fazer com que essas buscas e apreensão
09:00fossem realizadas com a maior segurança
09:02para essas 280 mil pessoas que moram ali.
09:06E, por isso, o cumprimento dos mandados de prisão,
09:08ou seja, na hora de capturar os criminosos,
09:12nós deslocamos ele para uma área de mata
09:14para que lá diminuísse o risco de ter algum inocente baleado.
09:19O que acabou acontecendo?
09:20Foram quatro moradores baleados sem gravidade.
09:25Secretário, eu vou abrir aqui um espaço para o Misael Mainetti,
09:27nosso repórter que fez a costura dessa entrevista aqui.
09:30Vai lá, Misael, bem-vindo. Boa tarde para você.
09:32Oi, Evandro. Muito boa tarde para você,
09:34para todo mundo que acompanha o 3 em 1.
09:36Bom, secretário, boa tarde. Obrigado por falar conosco.
09:39Pegando o gancho em retomada de território que o senhor falava,
09:43o ministro Edson Fachin já disse em outros momentos
09:46sobre retomar território, mas diminuir letalidade.
09:50Queria saber do senhor, isso é possível?
09:53E só por meio da pasta de segurança pública
09:55ou a gente precisaria de braços tanto do Estado e da União
10:00para fazer retomada de território?
10:02Misael, a retomada de território tem que ser precedida
10:07de uma investigação naquela região.
10:09E aí, uma investigação, ela tem algumas fases.
10:14A primeira delas é a produção de conhecimento.
10:18E aí você vai verificar os locais,
10:20quem são as lideranças,
10:22qual a capacidade bélica de cada um deles.
10:24E depois de conseguir todas essas informações,
10:28você passa para um segundo momento,
10:30que é a fase de planejamento.
10:32Então, você faz como fizemos no alemão.
10:36Entendíamos que a existência haveria ali cerca de 500 soldados do crime.
10:43A superioridade operacional foi um critério
10:47para que fosse um fator inibitório.
10:50Ou seja, nós entramos para aquele território com cinco vezes
10:54aquele efetivo que nós entendíamos que poderíamos enfrentar.
11:01A gente entende que ele olhando,
11:03cada um criminoso olhando cinco policiais para cada um deles,
11:07isso fosse um fator inibitório.
11:09Só que existem fatores externos que nós não temos controle.
11:12Como exemplo, o uso de drogas.
11:13A necessidade dele achar que tem que sustentar aquele fogo
11:18para o líder dele fugir,
11:21isso a gente não tem controle.
11:22A ação da polícia, na realidade,
11:24ela depende de uma ação do criminoso.
11:27Então, o policial sempre reage a essa ação.
11:30Então, a letalidade, na realidade,
11:32o que a gente diz no planejamento operacional,
11:34é o previsível e não desejado.
11:37Ter uma operação como essa do Complexo do Alemão e da Penha
11:41como a operação mais letal,
11:44ela foi letal nos dois sentidos.
11:46Tanto no número de criminosos neutralizados,
11:48mas também de policiais mortos e feridos.
11:52Tivemos 13 policiais feridos.
11:54Um delegado perdeu a perna.
11:57Um outro policial ficou 13 minutos morto.
12:00Foi reanimado pela equipe médica.
12:02E esse acompanhamento,
12:05ele foi assistido, na realidade,
12:07para que os órgãos dele não parassem definitivamente,
12:10pudessem, mesmo com a volta dele,
12:12não ter nenhuma sequela.
12:13Ou seja, a operação foi muito complexa.
12:16Mas, dentro desse planejamento,
12:18a questão da resistência e letalidade
12:22é o que a gente considera como previsível,
12:24mas não desejável.
12:25Secretário, eu vou abrir um espaço aqui
12:27para o nosso Fábio Piperno te fazer uma pergunta.
12:28Vai lá, Piperno.
12:30Secretário, boa tarde.
12:30Eu acho que o senhor fez um diagnóstico muito importante
12:33sobre causas e sobre envolvimento,
12:35inclusive, de outros setores do crime,
12:39como, por exemplo, os bicheiros,
12:41que foram muito bem tratados,
12:44também, por segmentos importantes da sociedade do Rio.
12:47Eu estava olhando aqui, secretário,
12:49eu tenho guardado aqui no meu celular
12:51dois prints de uma edição do Jornal do Brasil,
12:55final do governo Moreira Franco,
12:56quando ele recebeu a cúpula do bicho
12:59do Palácio, lá do, enfim, do Guanabara,
13:03e tratando os bicheiros como se fossem os Beatles,
13:06palavras dele.
13:07E aí, recentemente, em um dos desfiles aí no Rio de Janeiro,
13:11a gente viu, por exemplo,
13:13o então presidente da Câmara,
13:15Arthur Lira,
13:16sambando animadamente na passarela
13:19ao lado de Anísio Abrão.
13:21Então, um bicheiro, né?
13:23Um notório bicheiro.
13:24Então, eu pergunto pro senhor o seguinte, secretário,
13:27no Rio de Janeiro,
13:29essas conexões entre sociedade civil
13:31e jogo do bicho
13:33e outros setores criminosos,
13:35não foram muito normalizadas com o tempo?
13:37Olha só, Fábio, você tem total razão.
13:41A gente vê uma hipocrisia muito grande.
13:44Parece que o Carnaval é um momento de anistia,
13:48onde você vê autoridades junto com bicheiros,
13:52todos curtindo aquele momento,
13:54dizendo que aquilo é uma grande festa cultural.
13:57Concordo que seja assim.
13:59Mas eu entendo que o Estado,
14:00eu digo Estado, município, Estado e União,
14:04deveriam ser o protagonista disso.
14:06A gente não pode admitir uma escola de samba, por exemplo,
14:10ter como patrono, ou até um samba-enredo,
14:13homenagear um criminoso.
14:17E é isso que aconteceu no Rio de Janeiro.
14:19Então, são coisas que a gente olha no Rio de Janeiro,
14:22parece que o Rio de Janeiro vive uma crise moral há anos.
14:27Você ter esse tipo de relação,
14:30onde autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário
14:33frequentam esses ambientes,
14:34como se nada estivesse acontecendo.
14:37E sabendo que aquele ambiente, na realidade,
14:40é um ambiente predominantemente dominado
14:42por banqueiros ou bicheiros no Rio de Janeiro.
14:46Secretário, eu queria te perguntar se o senhor apoia
14:48o fato de haver uma classificação desses grupos
14:51que atuam no Rio de Janeiro e em outras partes do país
14:53como grupos terroristas.
14:54Bom, primeiro que a gente tem que entender
14:58que existe um princípio de direito,
15:00que é o princípio da reserva legal.
15:02Ou seja, a gente não pode dizer que isso é crime
15:05se não houver uma lei que o defina anteriormente.
15:08Hoje, a nossa legislação anti-terror,
15:11que é de 2016,
15:12ela requer algumas motivações,
15:16seja ideológica, política, religiosa.
15:20Então, hoje,
15:22e eu vou fazer um parênteses aqui
15:23para voltar um pouquinho atrás
15:25em relação ao complexo de Israel,
15:28onde tem o peixão,
15:29por conta da intolerância religiosa,
15:32mas especificamente sobre o assunto do Comando Vermelho.
15:35Hoje, a legislação no Brasil,
15:37ela não ampara isso,
15:38não ampara esses atos,
15:40dizendo ou caracterizando como terrorista.
15:43Claro que existe todo um processo legislativo.
15:46A gente vê e enxerga essa movimentação
15:48do Congresso nessa mudança
15:51e a gente torce para aqueles lá
15:54que é um momento adequado
15:55e é um ambiente adequado
15:57para que haja esse tipo de discussão democrática
15:59e se chegue a uma conclusão.
16:02Como aconteceu em 2016,
16:03naquele momento político,
16:05entendeu que as ações terroristas
16:07deveriam ter aquela definição
16:09que hoje tem a lei.
16:11Falando de fora,
16:12para fora do Brasil,
16:14tanto a Europa como os Estados Unidos,
16:16se a gente for imaginar,
16:17vou dar o exemplo da milícia no Rio de Janeiro,
16:20que domina algumas áreas também.
16:22Imaginar, por exemplo, em Paris,
16:25alguém armado com um fuzil,
16:26cobrando taxa de acesso à Torre Eiffel,
16:29ou a qualquer outro monumento histórico,
16:34artístico, cultural.
16:35Imaginar isso lá fora,
16:38que esse criminoso armado com um fuzil
16:40seria encarado ou teria submetido
16:43a uma legislação normal,
16:45tratado como um criminoso normal?
16:47Claro que não.
16:48Então, essa é a reflexão que a gente tem que ter.
16:51Eu digo que o Rio de Janeiro,
16:52a segurança pública do Rio de Janeiro,
16:53vive uma simbiose
16:55entre segurança pública e defesa.
16:58Território é soberania.
16:59Que diferença faz
17:01tentar tomar...
17:03Puxa vida, perdemos a comunicação ali
17:07com o secretário de Segurança Pública
17:08do estado do Rio de Janeiro.
17:09A gente vai tentar reconectar
17:10para que ele possa encerrar a fala
17:12e a gente continuar aqui o nosso papo.
17:14E, enquanto isso,
17:15eu quero ouvir um pouco de vocês
17:16sobre essas falas do secretário.
17:18Ele menciona e aborda os pontos
17:20que a gente justamente estava trazendo aqui
17:21como dores do Rio hoje
17:23e de outras partes do país
17:24para que não tenham acesso a isso.
17:26Antes do debate,
17:27nós conseguimos voltar com o secretário
17:29de Segurança Pública.
17:31Secretário, pode concluir.
17:32O senhor estava dando esse exemplo
17:33relacionado a outros países do mundo
17:35como tratariam esses criminosos
17:37e como eles são tratados aqui no país.
17:40Não temos ele?
17:41Tem?
17:42Por favor, secretário, pode continuar.
17:45Eu estava dizendo o seguinte.
17:47Você imaginar que, por exemplo,
17:48em Paris,
17:50um homem,
17:50um criminoso armado de fuzil
17:52cobrando taxas
17:54para as pessoas entrarem
17:56e ter acesso a Torre Eiffel.
17:58Lá,
17:59esse criminoso
18:00seria tratado como um criminoso comum?
18:03Claro que não.
18:04No Rio de Janeiro,
18:06no Brasil,
18:06é tratado dessa maneira.
18:08Por isso que eu digo
18:09que a segurança pública
18:10do Rio de Janeiro
18:10vive uma simbiose
18:12entre segurança pública
18:13e defesa nacional.
18:15Território
18:16é soberania.
18:18Que indiferença faz você
18:20tomar um país inteiro
18:21de uma vez
18:22ou tomá-lo de forma fracionada?
18:24E é isso que as organizações
18:26criminosas fazem
18:27no Brasil.
18:28O Comando Vermelho,
18:29hoje, já está em 25 estados brasileiros.
18:32Só pede para o PCC.
18:33Então, essa realidade,
18:35a gente precisa enfrentar.
18:36A legislação,
18:37ela precisa acompanhar
18:39essa evolução criminosa.
18:41e essa discussão
18:42tem que ser feita onde?
18:44Exatamente onde está sendo feita
18:46hoje no Congresso Nacional,
18:47que é um ambiente democrático
18:49que os partidos
18:50e os legisladores
18:52possam discutir
18:52e encontrar
18:53a legislação mais adequada
18:55para que a gente consiga
18:57combater efetivamente
18:58esse tipo de organização criminosa.
19:01Vai lá, Zé Maria Trindade.
19:03Zé Secretário,
19:04nós estamos assistindo agora
19:06o início de uma CPI,
19:07uma comissão parlamentar mista
19:09do Senado Federal.
19:11Eu entendo que
19:12qualquer investigação nacional
19:14que possa unificar
19:15ou definir os pontos em comum
19:17entre essas organizações
19:19do Rio, São Paulo, Nordeste,
19:21isso seria bom.
19:22Qual é a expectativa do senhor
19:24e o que o senhor teria a contribuir
19:26para essa investigação
19:27do Senado Federal?
19:30Bom, a gente sempre se coloca
19:32à disposição.
19:33A gente tem um pouco de experiência
19:35em relação ao Rio de Janeiro.
19:37Tive a oportunidade de trabalhar
19:39em outros locais.
19:40Eu sou delegado da Polícia Federal
19:41aposentado,
19:42me aposentei em 2023
19:43quando assumi
19:43essa posição aqui na Secretaria.
19:46A gente entende que existem
19:48profissionais no Brasil inteiro
19:50com capacidade
19:51de auxiliar tecnicamente
19:53essa CPI
19:54na busca desse objetivo
19:56que ela foi criada.
19:58Então, na realidade,
19:59a gente sempre se coloca
20:00na condição de auxiliar
20:02no que for possível.
20:05Alan Gani agora.
20:06vai lá, Gani.
20:07Secretário, boa tarde.
20:09Parabéns aí pelas falas lúcidas
20:11e pela operação.
20:12A minha pergunta é,
20:14os policiais têm uma grande frustração
20:17porque acabam realizando operações,
20:19prendem os criminosos,
20:21mas muitas vezes,
20:22chega lá na audiência de custódia,
20:24o criminoso é solto,
20:25é reincidente,
20:26ou seja,
20:27a justiça é falha.
20:29Como resolver este gargalo?
20:32Porque eu vejo que a certeza
20:34causa da impunidade
20:35é um dos principais fatores
20:37para o aumento da criminalidade.
20:39Se a gente não atacar isso,
20:41vamos enxugar gelo.
20:42O senhor concorda?
20:44A gente precisa primeiro
20:46fazer uma correção.
20:46A justiça não é falha.
20:48A legislação, sim.
20:49A justiça, muitas vezes,
20:51aplica à legislação
20:52aquele fato concreto.
20:54Então, não é culpar aqui
20:56a justiça em relação
20:57a essa realidade
20:58que a gente vê
20:59do prende e solta.
21:00O policial sente muito,
21:02realmente,
21:03e na nossa posição,
21:04você motivar um policial
21:05a continuar a missão dele
21:07de prender,
21:08mesmo sabendo
21:09que aquele criminoso
21:10não vai ficar muito tempo preso,
21:12é a grande dificuldade
21:14que nós temos aqui.
21:16Mas essas legislações,
21:18que são,
21:18na grande maioria,
21:19muito lenientes,
21:21a gente tem que
21:22ter o processo de mudança.
21:24Isso já foi feito
21:25através do COSUD,
21:27que é o Consórcio Sul-Sudeste,
21:28através do CONSESP,
21:29que é o Conselho Nacional
21:30do Secretário de Segurança Pública
21:32do Brasil,
21:33nacional, né?
21:34Então,
21:34essas mudanças
21:35já foram propostas
21:37tanto na Câmara
21:38quanto no Senado.
21:39A gente espera
21:40que realmente
21:40haja essa mudança,
21:42porque no Rio de Janeiro,
21:43um traficante
21:43que é preso,
21:45portando um fuzil,
21:47ele vai ficar,
21:48no máximo,
21:48um ano e três meses.
21:50Isso faz com que
21:51seja atrativo para ele.
21:54Existe um economista
21:55americano
21:56chamado Gary Beckham,
21:57Ele desenvolveu a tese
21:59da teoria econômica
22:00do crime.
22:01Ele diz que a decisão
22:03do criminoso
22:05entrar para a vida
22:06do crime
22:06é uma decisão racional.
22:08Ele mede
22:09o quanto ele tem
22:10que investir,
22:11o quanto ele vai ganhar
22:12e qual é o risco dele.
22:15Hoje, no Brasil,
22:16o risco é pequeno
22:18por conta
22:19dessa questão
22:20da legislação
22:20que é muito leniente
22:21e com uma criminalidade
22:23tão violenta
22:24como acontece
22:25no Rio de Janeiro
22:26e em outros estados
22:27do Brasil.
22:27E, secretário,
22:28como é que o senhor
22:28se posiciona
22:29em relação
22:29à DPF das favelas
22:31e o acompanhamento
22:31do Supremo Tribunal Federal
22:33agora com o ministro
22:33Alexandre de Moraes?
22:36Bom,
22:36a DPF da favela,
22:38quando entramos aqui
22:39em dois mil e vinte e três,
22:40assumimos a responsabilidade
22:42de defender o Estado
22:43na DPF
22:43meia três e cinco
22:45no Supremo.
22:46A gente trabalhou bastante
22:47e conseguiu,
22:49até pela decisão,
22:51comprovar que,
22:52na realidade,
22:53a gente concordava
22:54que o Rio de Janeiro
22:55vive um estado
22:57de coisas inconstitucionais.
22:58O que é isso?
22:59É a lesão
23:00ou desrespeito
23:01de direitos
23:02e garantias
23:03de forma genérica
23:04e sistêmica.
23:05O que a gente batia
23:06é que isso
23:08não é infringido
23:09pelas forças policiais
23:10e sim
23:10pelas organizações criminosas.
23:13E a decisão do SF
23:14foi exatamente
23:14nesse sentido.
23:15Reconheceu, sim,
23:17que existe um estado
23:18de coisas inconstitucionais
23:19que ele é infringido
23:20e imposto
23:22pelas organizações criminosas.
23:23e, obviamente,
23:25impôs aos três entes
23:26da federação
23:27a retomada
23:28desse território
23:29para devolvê-los
23:31à população de bem.
23:32Então, nesse sentido,
23:33a gente hoje entende
23:34que a decisão
23:36da DPF-635
23:37é um farol
23:38para a segurança pública
23:39do Rio de Janeiro.
23:40Secretário,
23:42nós temos mais uma pergunta
23:43aqui do nosso
23:43Misael Mainete.
23:44A gente já está chegando
23:45ao fim para liberar o senhor,
23:46claro, mas o Misael
23:47vai fazer mais uma.
23:48Vai lá, Misael.
23:49Secretário,
23:49é surreal,
23:51entre aspas,
23:52mas assusta a gente
23:53quando a gente vê
23:53a entrada de fuzis.
23:55O senhor já me disse
23:56em entrevista,
23:57fuzis esses
23:57que vêm dos Estados Unidos
23:59para o Brasil.
24:01Pois bem,
24:01li também que o senhor
24:02tem medo,
24:03tem um temor
24:03em relação
24:04a armas de guerra
24:05vindas da Ucrânia
24:07ou vindas de Gaza.
24:09No primeiro momento
24:10que eu li isso,
24:11confesso que eu falei,
24:11será que isso pode acontecer,
24:13mas a gente não duvida
24:14mais de nada.
24:15Existe realmente
24:16um temor
24:16em relação a isso?
24:19Olha, Misael,
24:20historicamente,
24:21ao final de toda a guerra,
24:23todo esse espólio,
24:24o que sobra
24:25de armamento,
24:26artefato explosivo,
24:28acaba sendo levado
24:29para zonas de conflito.
24:31A África sofre muito
24:33com isso há muitos anos.
24:34Os senhores das armas
24:36pegam esse espólio
24:37e acabam vendendo
24:38para países
24:39onde tem esse conflito.
24:41O Rio de Janeiro
24:41é um destino,
24:43é um destinatário
24:44ou um provável
24:45destinatário
24:46dessas armas.
24:47E para isso
24:47a gente vem trabalhando
24:48em relação
24:49à cooperação internacional,
24:52a integração
24:52com a Polícia Federal,
24:54integração com a Senasco,
24:55exatamente,
24:56para que a gente tenha
24:57um cuidado
24:58muito especial
24:59com as nossas fronteiras,
25:01com as divisas
25:02do Estado.
25:03Tivemos ontem
25:04uma reunião
25:04com o doutor Sarrobo,
25:06que é o nosso Senaspe,
25:07exatamente para a gente
25:08alinhar essas ações
25:09e minimizar
25:10essa possível entrada
25:12dessas armas
25:13no Rio de Janeiro.
25:14São armas de guerra,
25:15armas com grande
25:16potencial lesivo
25:17e, obviamente,
25:18quando essas armas
25:19utilizadas
25:20em regiões
25:21com alta densidade
25:22demográfica,
25:23coloca muito em risco
25:24a vida de inocentes.
25:26Secretário,
25:26eu vou só finalizar
25:27a nossa entrevista
25:27com uma pergunta
25:28que vem da nossa audiência
25:29voltada justamente
25:30para o Rio de Janeiro.
25:32Vamos chamar aqui
25:32no nosso telão
25:33para quem nos acompanha,
25:34que é do Fábio Guerra.
25:35Boa tarde.
25:36Baseado nas palavras
25:37do nobre secretário,
25:38eu pergunto,
25:38por que a polícia
25:39não faz uma operação
25:41de alto nível
25:42no Complexo de Israel
25:43aplicando a lei
25:44antiterrorismo
25:45de 2016
25:46da ex-presidente
25:47Dilma Rousseff?
25:49E aí,
25:49o pessoal da rádio
25:50está conosco agora?
25:50Bem-vindos vocês
25:51que nos ouvem.
25:52Estamos ao vivo
25:52aqui no nosso
25:533 em 1,
25:54conversando com o
25:54secretário de segurança
25:55pública do Estado
25:56do Rio de Janeiro,
25:57Victor Santos,
25:58e com uma pergunta
25:59da nossa audiência.
26:00por que a polícia
26:02não faz uma operação
26:03de alto nível
26:03no Complexo de Israel
26:04aplicando a lei
26:05antiterrorismo
26:06de 2016
26:07de Dilma Rousseff?
26:08Secretário,
26:09se o senhor puder
26:09nos responder,
26:10eu agradeço.
26:11Claro,
26:13o Fábio Guerra
26:14tem razão
26:15que ele entende
26:16que o que acontece
26:18naquele Complexo de Israel
26:19é ato terrorista.
26:22E a motivação,
26:23a nosso ver,
26:24ela está justificada
26:26pela intolerância
26:27religiosa.
26:28Você imaginar
26:29que um criminoso
26:30ele mata,
26:32expulsa pessoas
26:33inocentes
26:34daquele território
26:36porque ele entende
26:38que a religião,
26:39o Deus dele
26:40é que deve prevalecer,
26:42principalmente religiões
26:43de matrizes africanas,
26:45ele não permite
26:47que se estalhe
26:47naquela região,
26:49a nosso ver,
26:50isso é um ato terrorista.
26:52Atirar
26:52para pessoas inocentes
26:54na Avenida Brasil
26:55ou locais longe
26:57de onde está
26:58ocorrendo a operação,
27:00isso para nós
27:00é ato terrorista.
27:02Mas,
27:02infelizmente,
27:04a capitulação disso
27:06pelas autoridades
27:07judiciárias,
27:08muitas vezes
27:09do Ministério Público,
27:10é difícil
27:11e aí a gente pergunta
27:13se realmente fosse terrorismo,
27:15a Polícia Estadual
27:16nem teria atribuição
27:17para isso.
27:18A atribuição seria
27:19da Polícia Federal,
27:20competência da Justiça Federal
27:22para processar
27:22e julgar
27:23esse tipo de crime.
27:24Então,
27:25eu respondo,
27:26é difícil a capitulação
27:27e quanto à operação,
27:29ela vai ocorrer.
27:32Ela vai ocorrer.
27:33Só que
27:34a investigação,
27:35ela tem um tempo
27:36de maturidade.
27:38Essa investigação
27:39de alto nível,
27:39como ele falou,
27:40ela vai ocorrer,
27:41não só nesse complexo,
27:43mas em todo o grande
27:44complexo do Rio de Janeiro.
27:46Não vai haver território
27:47no Rio de Janeiro
27:48onde as forças policiais
27:49não vão atuar
27:50e, obviamente,
27:51sempre focando
27:52em barrar
27:54a entrada
27:55dessas armas
27:56e atacar
27:57a estrutura
27:58financeira
27:59dessas organizações criminosas.
28:00Secretário de Segurança Pública
28:02do Rio de Janeiro,
28:03Victor Santos,
28:03obrigado por conversar conosco.
28:05O espaço está sempre aberto
28:06por aqui.
28:06Até a próxima.
28:08Até a próxima.
28:09Eu agradeço.
28:10Um grande abraço.
28:10Até mais.
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