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Em um cenário de incertezas geopolíticas, o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Raphael Bulascoschi, desvenda como os contratos de longo prazo firmados entre os Estados Unidos e a China, aliados à dinâmica política entre Trump, Lula e Xi Jinping, podem redefinir o mercado global e reduzir a fatia de exportação de soja brasileira, mesmo após o Brasil ter atingido um volume recorde de vendas para a China em 2025. A entrevista aprofunda, ainda, o paradoxo da recente queda do preço físico da soja no porto em relação à Bolsa de Chicago e como esse descolamento entre o valor internacional e o pago ao produtor no mercado interno afeta diretamente a rentabilidade e a competitividade das exportações brasileiras.

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Transcrição
00:00Para analisar este cenário de incertezas geopolíticas e como isso pode afetar principalmente a compra de soja no Brasil,
00:08nós vamos conversar com o Rafael Bulaskowski, que é analista de inteligência de mercado da Stonex.
00:14Bem-vindo ao RH do Agro, muito obrigada pela sua participação e começo então indo direto ao ponto.
00:20Esses contratos de longo prazo entre Estados Unidos e China podem reduzir o mercado brasileiro de soja?
00:27Já dá para a gente fazer algum tipo de afirmação nesse sentido?
00:32Ou ainda é muito cedo, precisa esperar amadurecer esse diálogo entre os dois presidentes?
00:38Olá a todos, bom, sem dúvidas é um assunto bastante delicado para o mercado de soja brasileiro.
00:48A gente viu ali quando começou essa disputa tarifária entre Estados Unidos e China,
00:53o mercado brasileiro foi o que mais se aproveitou disso, né?
00:57Porque Estados Unidos e Brasil competem no mercado exportador de soja e a China é o principal importador do mundo.
01:03Então realmente a gente viu uma valorização da soja brasileira, o maior interesse de compra da soja brasileira por parte da China,
01:09movimento esse que perde um pouco de força nesse momento em que a soja americana volta para o olhar ali do comprador chinês, né?
01:19Então sim, é um assunto delicado um pouco aqui para o agro brasileiro, mas ainda assim, vale pontuar.
01:27A gente segue com exportações muito fortes para a China, em 2025 essas exportações devem bater um recorde,
01:34e os Estados Unidos, vale sempre pontuar, não tem disponibilidade de exportação para abastecer a China como um todo.
01:40Então de qualquer forma o comércio Brasil e China no campo da soja não está completamente comprometido, né?
01:48É, a gente vem acompanhando esses diálogos que vão acontecendo, né?
01:54Lula e Trump, depois Trump e Xi Jinping tentando fazer esse quebra-cabeça.
02:01Então, dentro do que você falou, é exatamente isso.
02:04O Brasil bateu o recorde de exportação para a China, a gente continua com esse mercado muito bem consolidado,
02:10mas o que que explica, então, mesmo com esse volume recorde, o que que explica a recente queda no preço físico da soja
02:18em relação à Bolsa de Chicago?
02:21Por que que a gente está vendo essa diferenciação e o que que a gente pode esperar, pelo menos, num curto prazo, né?
02:27Não vamos falar de longo prazo, não, porque as notícias estão vindo a uma velocidade muito rápida.
02:32Pois é, bom, falando em preço físico, né, o preço no porto, principalmente,
02:39o que a gente viu foi uma desvalorização bastante expressiva do preço da soja no porto brasileiro.
02:44Naturalmente, essa época do ano, que é uma época de entre safra aqui no Brasil,
02:48ou seja, a nova safra de soja está começando a ser plantada agora,
02:53então a gente tem uma baixa disponibilidade de soja no mercado doméstico,
02:58então, naturalmente, os preços são um pouco mais altos.
03:00Porém, eles vinham operando a patamares ainda mais altos do que seria tradicional,
03:07justamente por esse grande interesse da China.
03:10Uma vez que esse interesse cessa, né, não cessa completamente,
03:14mas uma vez que a soja americana se mostra muito mais competitiva,
03:17porque a safra americana já está terminando de ser colhida,
03:21então, no momento que ela se torna bastante competitiva para o mercado chinês,
03:24então, o chinês tira um pouco de olho do Brasil,
03:27começa a voltar os olhos mais para a soja americana,
03:30a gente vê, então, logo essa desvalorização dos preços da soja brasileira no porto, né,
03:36a gente vê um ritmo de negociação muito lento nos últimos dias,
03:39o produtor não está querendo vender, o comprador não está querendo comprar,
03:42a gente vê um descasamento bastante forte,
03:44mas é basicamente esse o principal fator que explica.
03:48Então, eu vou aproveitar esse finzinho de resposta,
03:51porque é isso, a gente vê esse comportamento, como você falou,
03:54o produtor está segurando, então, assim,
03:56aquele volume de soja que ele não vendeu agora,
03:59ele está segurando para encontrar o melhor preço,
04:02a melhor janela, né, de oportunidade.
04:05Ao mesmo tempo também, então, existe essa cautela agora do comprador,
04:09até porque houve uma grande expansão, principalmente falando de China, né,
04:13já fez ali estoques interessantes, principalmente olhando ali,
04:16inclusive, para a ração, né, para a atividade ali deles de criação de aves,
04:22que está crescendo muito.
04:24Como que esse descolamento, então, entre preço internacional e preço pago,
04:28dentro desse contexto, pode ser lido pelo produtor rural?
04:32Isso afeta a competitividade, afeta a rentabilidade?
04:37Como que a gente pode ajudar o produtor a ler esse cenário, então,
04:41de uma forma mais ampla?
04:43Inclusive, esse produtor que está guardando a soja e que ainda não colocou ela para jogo no mercado.
04:47Pois é, o produtor, para falar bem a verdade, o produtor,
04:54são poucos os produtores que ainda têm soja para comercializar, né,
04:58porque, como eu falei, a gente está no período de entre safra,
05:00então, é um período em que a disponibilidade de soja no mercado brasileiro é mais baixa,
05:05naturalmente, é uma questão mais de sazonalidade mesmo, né.
05:08Então, mas isso deve afetar bastante o que a gente vai ver ali com o início da colheita da nova safra,
05:17que deve começar em janeiro, estender ali entre os meses de fevereiro e março, principalmente.
05:23O produtor, então, ele vai ter, ao que tudo indica,
05:25a gente pode colher mais uma safra recorde no comecinho do ano que vem,
05:28aí o produtor começa a ficar numa situação um pouco mais delicada,
05:32porque aí ele vai ter que competir com a soja americana,
05:36que está entrando no mercado já, nesse mercado chinês,
05:39e o chinês, ele vai estar querendo comprar soja americana também,
05:42se os termos do acordo que a gente viu entre Estados Unidos e China forem realmente cumpridos,
05:48o que pode fazer com que o comprador chinês tenha mais poder de barganha, né,
05:53que faz com que, portanto, o produtor brasileiro
05:57acabe tendo que vender essa soja por um preço ainda mais barato,
06:01do que ele poderia.
06:04Ainda assim, a gente vê essa queda nos bases, né,
06:07que a gente chama, que é o diferencial de preço entre Brasil
06:11e a principal referência, que é a Bolsa de Chicago,
06:14ela é, em partes, compensada com uma valorização do preço internacional, né,
06:20ou seja, o preço em Chicago, uma vez que, com o retorno da China comprando nos Estados Unidos,
06:25os traders, né, na Bolsa de Chicago começam a ficar um pouco mais otimistas com o cenário de preço.
06:30Então, ainda assim, o produtor, ele pode ver um cenário favorável se ele tiver uma gestão de risco bem feita.
06:38E temos falado bastante de gestão de risco aqui no Hora H do Agro.
06:43Para a gente encerrar, Rafael, eu queria colocar mais um componente nessa discussão,
06:47um componente argentina, porque é isso, os produtores dos Estados Unidos,
06:52eles estavam incomodados com os produtores do Brasil e os argentinos,
06:56por conta da nossa capacidade de produção, de exportação, consequentemente,
07:01e havia uma sinalização ali de Trump se aproximando com o Milley na Argentina,
07:09agora, quando ele volta a ser amigo e a ter diálogo com a China,
07:13e a China volta a comprar dos Estados Unidos,
07:17a gente precisa ler isso aqui no Brasil,
07:19mas isso também mexe com os vizinhos argentinos e, por consequência, com o mercado global, né?
07:24Como que você faz, qual que é a leitura de cenário que você faz,
07:28incluindo os argentinos nessa equação?
07:30Pois é, aí a gente pode seguir, essa resposta pode seguir por dois pontos principais.
07:37O primeiro deles é, se dá em lembrar que sim,
07:40a Argentina é um produtor de soja muito importante no mercado global,
07:45porém a maior parte da soja que é produzida na Argentina é processada localmente,
07:50então ela é esmagada dentro da própria Argentina.
07:52A Argentina, às vezes, até importa soja de outros países, como o Paraguai,
07:55para realizar esse esmagamento e acaba exportando subprodutos,
08:00como é o caso do farelo de soja e do óleo de soja.
08:04O que a gente viu em algum momento ao longo do mês de setembro
08:08foi a Argentina tirando as tarifas de exportação,
08:13as detenciones, como eles chamam, para diversos bens agrícolas,
08:18o que fez a China, então, comprar, de fato, o grão de soja,
08:21a matéria-prima do esmagamento,
08:23o que afetou bastante o mercado em Chicago.
08:29Agora, esse movimento não deve continuar,
08:32as detenciones já foram retomadas,
08:34então essas tarifas de exportação já voltaram para o mercado.
08:38Agora, com a entrada da safra americana
08:40e esse maior interesse da China em comprar a safra americana,
08:47os Estados Unidos devem ser uma origem preferencial
08:50e a partir do começo do ano que vem, com a entrada da safra brasileira,
08:53o Brasil torna-se essa origem preferencial.
08:55Então, a Argentina, daqui para frente, vai ser muito menos competitiva
09:01no mercado do grão de soja mesmo, em comparação a esses outros grandes mercados.
09:05Outro fator importante, só para terminar, é a questão do peso argentino.
09:10A gente vê uma trajetória de valorização do peso nos últimos dias,
09:14depois da vitória do partido político do Javier Milley no último domingo,
09:19então isso também acaba tirando um pouco de competitividade das exportações argentinas.
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