Operação no RJ: Dos 99 mortos identificados, 78 tinham antecedentes criminais | TEMPO REAL - Vídeo Dailymotion

Jovem Pan News

A Polícia do Rio de Janeiro detalhou o perfil das vítimas da Operação Contenção, realizada nos Complexos da Penha e do Alemão. Dos 99 mortos já identificados, 78 tinham antecedentes criminais, 42 possuíam mandados de prisão em aberto e 40 eram de outros estados. O balanço oficial indica 121 mortes, incluindo quatro policiais, consolidando a ação como a mais letal da história. Jesualdo Almeida e Monica Rosenberg opinaram. Reportagem: Rodrigo Viga Comentaristas: Jesualdo Almeida e Monica Rosenberg  Confira na íntegra: https://youtube.com/live/t-8B6mL6F5I  Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/  Inscreva-se no nosso canal: https://www.youtube.com/c/jovempannews  Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S  Entre no nosso site: http://jovempan.com.br/  Facebook: https://www.facebook.com/jovempannews  Siga no Twitter: https://twitter.com/JovemPanNews  Instagram: https://www.instagram.com/jovempannews/  TikTok:  https://www.tiktok.com/@jovempannews   Kwai: https://www.kwai.com/@jovempannews  #JovemPan #TempoReal

Transcript

00:00O assunto primeiro já, o começo dessa nossa edição, já é claro sobre a operação no Rio de Janeiro.

00:0572 horas após a operação, que foi a mais letal da história do Brasil,

00:10o governo do Rio de Janeiro divulgou a lista parcial com os nomes dos mortos na ação,

00:17nos complexos da PEN e do Alemão.

00:18Dos 99 mortos identificados, 42 tinham mandados de prisão em aberto.

00:25A gente vai agora ao vivo, então, conversar com o Rodrigo Viga, direto do Rio de Janeiro.

00:31Oi, Viga, boa tarde, bem-vindo. O que mais foi detalhado nessa operação?

00:36Tudo bem, Márcia. Boa tarde para você, para o Bruno, para o nosso ouvinte, espectador e internauta da Jovem Pan.

00:41Tem muita gente se questionando, viu, Márcia, com relação à ligação ou não dessas pessoas com o crime organizado.

00:49Se são, de fato ou não, criminosos ligados ao Comando Vermelho, facção criminosa,

00:55que ali na região da PEN e também do Alemão, na zona norte da capital,

01:01é dominada pelo Eduardo Andrade, conhecido como DOCA, segundo a Polícia do Rio de Janeiro.

01:05Inclusive, nessa operação da última terça-feira, esteve muito perto de prendê-lo.

01:10Foi por um triste, como disse o secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o delegado Felipe Cury.

01:15E acha que, em breve, DOCA, que tem uma atuação bastante truculenta e violenta,

01:22inclusive despertando incômodos moradores, vai ser preso pela Polícia do Rio de Janeiro.

01:27Saiu, então, essa lista parcial dos 117 que seriam ligados ao crime organizado,

01:33que morreram na área de mata, na Serra da Misericórdia, na floresta ali da Misericórdia,

01:39no alto, no topo de Alemão e também Penha, na última terça-feira.

01:43E os dados apontam que, desses 99 identificados até agora,

01:47um detalhe, 39 mortos são de outros estados.

01:5242 tinham mandados de prisão já em aberto.

01:57E ainda, amigos, ouvintes, espectadores e internautas da Jovem Pan,

02:0278 apresentavam histórico relevante.

02:06Ou seja, homicídio, tentativa de homicídio, tráfico de drogas,

02:10desorganização criminosa, entre outros delitos.

02:13E temos ainda informações que, desses 39 que eram de outros estados,

02:1913 vieram do Pará, 7 do Amazonas, 6 da Bahia, 4 são do Ceará,

02:24estavam remotamente aqui protegidos pelo Comando Vermelho,

02:27comandando seus negócios do Alemão e também da Penha,

02:30um da Paraíba, 4 de Goiás, um criminoso.

02:33Era do Mato Grosso e um outro, na verdade, outros três do Espírito Santo.

02:39Então, até agora, a polícia do Rio de Janeiro já conseguiu identificar

02:4399 dos 117 mortos.

02:47E o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro,

02:51delegado Victor Santos, garantiu que todos,

02:53apesar de nem todos até agora terem sido identificados,

02:56tinham, sim, ligação com o Comando Vermelho.

02:59Vamos ouvir aqui na Jovem Pan um pouco dessa entrevista coletiva,

03:02começando aí com o secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro,

03:05Felipe Cury, falando dessa operação,

03:08que está sendo interpretada como histórica, simbólica,

03:11marcante e bem-sucedida pelas Forças de Segurança do Rio de Janeiro.

03:16Quem interessa fazer com que não haja uma perícia no local

03:24feita pelos peritos da polícia?

03:27A quem interessa?

03:29A gente que não é.

03:31A quem interessa retirar, remover os corpos,

03:36retirar aquelas roupas táticas que eles estavam usando,

03:39coletes, coturnos, e só deixá-los de cueca no meio da rua

03:42para chamar atenção?

03:45A quem interessa fazer remoção de corpos,

03:49como já está sendo provado numa investigação feita pela Polícia Civil,

03:52nós estamos agindo da forma mais transparente possível.

03:58Então, a gente aqui não tem nada a esconder,

04:00muito pelo contrário, estamos aqui abertos,

04:04prestando satisfação a toda a sociedade, a toda a imprensa.

04:08A ação que nós fizemos foi uma ação legítima do Estado.

04:14Há, então, o secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro,

04:18o delegado Felipe Cury,

04:19reforçando que foi uma ação legal, legítima, embasada e fundamentada,

04:22inclusive, por um pedido do Ministério Público à Justiça

04:26e a autorização para o cumprimento dos cerca de 100 mandados de prisão

04:31e mais de 150 de busca e apreensão

04:35nesse território, que é um verdadeiro campo minado.

04:37Complexos da Penha do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro,

04:41que são comandados, como eu bem disse, por esse criminoso,

04:44que por muito pouco não foi preso,

04:46que tem uma atuação bastante truculenta,

04:48bastante violenta e até um protocolo de atuação.

04:52Esse protocolo prevê que, em momentos, assim, mais bélicos e de crise,

04:56esses grandes criminosos do Comando Vermelho

04:58fiquem abrigados em complexos de favelas,

05:01como o Alemão, Penha, Maré, que tem uma certa divisão por lá,

05:04o Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na região metropolitana,

05:07e ainda a Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul,

05:10da Capitão Ariadobre, aqui do Rio de Janeiro.

05:11Marcia.

05:13Obrigada, Viga.

05:14A gente volta ainda hoje, então, com mais informações.

05:17E a pergunta da enquete do dia é a seguinte.

05:19Como você avalia essas operações policiais em comunidades em todo o Brasil,

05:23não só no Rio de Janeiro?

05:24Você acredita que essas operações ajudam a trazer mais segurança

05:29para quem mora nessas regiões?

05:31Ou elas geram ainda mais violência, mais medo,

05:34ou, na sua opinião, ela não muda nada?

05:37O crime continua mandando e desmandando.

05:39Vota na nossa enquete que está rolando agora no YouTube,

05:42no Instagram, tem também o nosso WhatsApp que está aparecendo na tela,

05:46no 119-1325-8055.

05:49É o nosso canal direto com você,

05:50porque ao longo do programa eu vou ler algumas mensagens que vão chegando.

05:54Vamos abrir os nossos comentaristas do dia?

05:56Começando pela Mônica Rosenberg.

05:59Boa tarde, Mônica. Bem-vinda.

06:01Quero detalhar duas situações.

06:03O Jesualdo também está aqui com a gente.

06:04Jesualdo, muito obrigada também pela sua participação.

06:07Mas eu vou começar com a Mônica falando o seguinte.

06:10A gente viu que temos ali 78 já fechados,

06:15muitos comandados de prisão,

06:17mas a lei previa o quê?

06:19Que eles cumprissem a pena, né?

06:22Não que eles fossem executados.

06:25Outra questão que foi falada pelo secretário, Felipe Cury.

06:28Ele disse, a quem que interessa tirar aquelas pessoas?

06:32A quem interessa tirar as roupas?

06:34Mônica, por que a polícia não ocupou aquele lugar,

06:37não preservou a cena do crime?

06:39Pelo contrário, deixou a população fazer o que fez

06:42e ficou tudo ali ao léu.

06:45Então, existem ali alguns pontos nessa operação

06:48que não foram ainda divulgados.

06:50Quanto ela custou,

06:51o que de fato realmente era para ter sido feito.

06:54Então, há uma celebração, que me parece,

06:58exacerbada do governo do Rio de Janeiro,

07:01mas críticas pesadas ainda estão por viver.

07:04Porque as histórias estão agora aparecendo.

07:06As histórias dessas pessoas,

07:08que nem todas, pelo que tudo indica,

07:10são bandidas e criminosos, como eles estão dizendo.

07:13Pois é, Márcia.

07:14Nós precisamos realmente buscar a verdade.

07:16É o que você falou.

07:17Hoje nós estamos aí trabalhando com versões

07:19e é muito difícil fazer uma análise

07:21com base em versões que são tão díspares,

07:24metade das pessoas estão aplaudindo,

07:26outra metade está absolutamente indignada,

07:28romantizando tudo isso.

07:30E nós precisamos chegar, na verdade,

07:32é lamentável, mais uma vez vamos falar,

07:34a importância de câmeras corporais.

07:37Se houvessem as imagens, se houvesse o registro,

07:39nós teríamos condições de trabalhar com a verdade.

07:42Quais são as certezas que nós temos hoje?

07:44Pelo menos uma certeza de que não é possível

07:47aplaudir, achar normal e achar bom,

07:49que a polícia execute.

07:53132 pessoas, 4 policiais mortos,

07:55essa quantidade de mortes não é aceitável,

07:58não pode ser normalizada.

08:00A outra certeza que nós temos

08:01é que havia uma disputa territorial,

08:04o tráfico estava ocupando o território,

08:06o DOCA precisa ser contido

08:07e no confronto com o tráfico gera-se uma zona de guerra.

08:11Em zona de guerra morrem inocentes,

08:14morrem pessoas que não deveriam morrer

08:15e nesse caso, olhando os números,

08:1778 já com passagem pela polícia,

08:2040 e tantos, 42 com mandado de prisão,

08:24você percebe que realmente

08:25não foi apenas uma invasão na comunidade

08:27que saíram atirando para todo lado.

08:29Houve aí uma facção fortemente armada

08:34que precisava ser de alguma forma

08:36segurada, impedida e contida.

08:39Então, está faltando inteligência

08:41quando você ouve o secretário dizendo

08:43que a operação foi um sucesso,

08:44o que é que ele considera um sucesso?

08:46É o número de mortos?

08:47Houve um enfraquecimento do Comando Vermelho

08:50na região dessa facção?

08:52Não me parece ser o caso.

08:53Então, está faltando sentar, pensar, discutir,

08:57entender os números

08:58e não simplesmente já polarizar,

09:00metade aplaudindo,

09:01metade dizendo que é o fim do mundo,

09:03ninguém entendendo que se a gente não se juntar,

09:05esse problema não será só do Rio de Janeiro,

09:08será um problema do Brasil inteiro.

09:10A gente segue com essas análises,

09:12agora o Jesualdo Almeida,

09:13que também nos acompanha aqui em Tempo Real

09:16nesta sexta-feira.

09:17Jesualdo, a gente viu então esse levantamento

09:20que um número alto já tinha um histórico na justiça,

09:23uma ficha criminal extensa, na verdade.

09:26Então, se a justiça funcionasse,

09:28eles não estariam nas ruas,

09:30estariam dentro de um regime fechado,

09:32já cumprindo as suas sentenças,

09:34as condenações,

09:35e não estariam nas ruas.

09:37Agora também fica claro que eram soldados do crime,

09:41tinham armamento,

09:42tinham uma vasta experiência.

09:44Se os agentes das forças de segurança

09:46não agem rápido,

09:48eles é quem seriam assassinados, não?

09:51É verdade,

09:52tudo isso traz uma análise muito plural da situação,

09:55mas o que mais chama a atenção é o seguinte,

09:57qual o efeito prático dessa operação?

10:00A polícia subiu no morro e desceu.

10:02Não há mais nenhum policial no morro,

10:04fazendo nenhum tipo de fiscalização,

10:06nenhum tipo de ronda.

10:07Morreram quatro policiais,

10:09morreram 120 pessoas,

10:11alguns provavelmente inocentes,

10:13morreram criminosos, armados,

10:15verdadeiros animais,

10:17tudo para cumprir ordem de prisão,

10:19busca e apreensão,

10:21medidas judiciais que já haviam sido deferidas

10:23e que o Estado não conseguiu cumprir.

10:26Entretanto, o que se fez,

10:27da forma como se fez,

10:28sem um planejamento posterior,

10:31foi apenas tirar algumas lideranças e prendê-las

10:33e dar oportunidade que outras lideranças do crime

10:36sejam colocadas no seu lugar.

10:38Talvez houve um enfraquecimento do Comando Vermelho,

10:41ainda que pequeno,

10:42mas isso implica apenas em que outros tomarão o seu lugar.

10:44Vamos fazer uma conta aqui de padaria.

10:46A polícia disse que são mil criminosos armados

10:49que tem nesses moços.

10:50Eles prenderam 60,

10:51morreram outros 60,

10:53e mais mil lá sobrando ainda.

10:54Portanto,

10:56a questão prática e efetiva,

10:58o verdadeiro problema não foi enfrentado

11:00e não haverá esse enfrentamento

11:02enquanto o Estado não voltar a ser Estado.

11:05Aquelas pessoas,

11:06não é que elas estão à mercê do crime,

11:08elas dependem dos criminosos

11:10para a sua própria sobrevivência daqueles lugares.

11:12Elas são reféns do crime.

11:14E se o Estado não fizer

11:15uma organização,

11:17de forma organizada,

11:19retomar essas áreas da mão do crime,

11:21essas medidas feitas como agora,

11:24essas operações realizadas,

11:26apenas implicarão em morte de pessoas,

11:28morte inclusive de policiais,

11:30sem trazer resultado efetivo

11:32para o fim da criminalidade.

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