Embalsamento: entenda como é feita a técnica de preservação de cadáveres

O Liberal

O embalsamento, conhecido também como mumificação, é uma técnica antiga de preservação de um corpo para várias finalidades, desde acadêmica até funerária. Por mais que seja mais associado à época do Egito Antigo, o processo é realizado até os tempos atuais, apenas com diferentes técnicas e ferramentas. No Museu de Anatomia Humana, localizado na Universidade Federal do Pará, é possível observar centenas de peças embalsamadas para fins didáticos e expositivos.  REPORTAGEM: BRUNO ROBERTO (ESPECIAL) IMAGENS: CARMEM HELENA EDIÇÃO: KARLA PINHEIRO (SUPERVISÃO TARSO SARRAF)

Transcript

00:00Música

00:00O embalsamento é uma técnica bastante antiga, inclusive quando a gente fala do povo egípcio

00:18a primeira coisa que a gente vê em memória são as múmias

00:22e as múmias eram preparadas porque os egípcios acreditavam que existia uma vida após a morte

00:30em que a preparação do corpo deveria ser de forma adequada justamente para ele poder ter acesso à vida seguinte

00:39Então, quando a gente fala em embalsamento, a gente lembra desse corpo

00:42Então, o embalsamento era feito lá no deserto, por exemplo

00:45Era preparado o corpo lá no sol do deserto, depois com sais, os técnicos daquela época

00:54preparavam durante semanas, meses, misturavam com um guento, resinas

00:58e aquele corpo era preparado, principalmente levando em consideração o conhecimento da época

01:03de uma maneira que até hoje encontramos espécimes, encontramos peças extremamente preservadas

01:13com bastantes características visíveis

01:15Hoje em dia, o embalsamento é feito por meio de substâncias químicas

01:18Então, é uma forma de preparar o corpo, no caso de uma instituição de ensino, para o ensino da anatomia humana

01:26Mas tem o embalsamento feito em funerárias para preparar o corpo para um velório

01:30seja para um translado em viagens internacionais

01:33A técnica que vai ser utilizada vai depender do objetivo e do tempo que se deseja preservar aquele cadáver

01:42Basicamente, a gente utiliza o Formol como solução fixadora de tecidos biológicos

01:48que ajuda na preservação

01:49Na verdade, das centenas de faculdades de medicina espalhadas pelo Brasil

01:55a maioria, a imensa maioria delas, utiliza essa solução

01:59Primeiro, em função da sua fixação

02:01Ela fixa muito bem em tecidos biológicos

02:04Segundo, em função do custo

02:06Se for levar em consideração o segundo método preferido pelas faculdades

02:10que é o método de glicerinação

02:12A glicerina é 5, 10 vezes mais cara a sua obtenção

02:17e tem certas limitações em relação ao Formol

02:19Ele acaba sendo utilizado apesar de muito volátil e cancerígeno

02:25Então, todos os laboratórios de anatomia, por exemplo

02:27Eles têm um odor característico que é o odor do Formol

02:30Por isso é importante a utilização de EPIs, máscaras, luvas, gorros

02:36Todo material adequado de proteção

02:38Basicamente, aquilo que a gente faz aqui no laboratório

02:42é preparar um cadáver para estudar a natureza humana

02:46Diferente da funerária, que é preparar para um velório

02:49Quando o cadáver chega em uma funerária

02:51Ele é preparado também com solução de formaldeído, com formal

02:55Suas cavidades são higienizadas, são limpas

02:59Ele é preparado, vestido adequadamente

03:03Inclusive, é aplicado a chamada necromaquiagem

03:06Muitas vezes é feita a barba daquele cadáver

03:09E o objetivo é preparar para aquele velório

03:12Uma preparação que vai durar 24, 48 ou 72 horas

03:17A depender daquilo que se planeja

03:20Aqui, os métodos de fixação

03:22Eles são para uma preservação mais prolongada

03:26Então, aqui a gente também fixa com formal

03:29Só que a preparação demora muito mais tempo

03:31Até que o cadáver esteja pronto

03:34Para que professores e alunos possam utilizar

03:36São semanas e semanas de preparação

03:39E aí, esse cadáver está pronto para ser utilizado por décadas

03:43Inclusive, aqui na nossa instituição

03:45A gente tem cadáveres da década de 1990

03:49Que ainda hoje, as suas peças são utilizadas para o estudo da anatomia humana

03:53O Instituto de Ciências Biológicas da UFBA

03:55É um dos mais tradicionais aqui do campo de Guamá

03:59Antes dele, nós tínhamos a Escola de Medicina e Cirurgia do Pará

04:05Na verdade, esse espaço que nós temos aqui é o Museu de Anatomia Humana

04:08É recente, em 2016

04:10Mas foi fundado lá atrás

04:12Pelo doutor Manuel da Silva Braga

04:13Que foi professor aqui da instituição

04:15Médico formado na década de 1940

04:18E reuniu uma coleção de peças na década de 80

04:23E aí formou aí o museu

04:25Passou por diversas coordenações

04:27Hoje está comigo a coordenação

04:29Então aqui é o espaço do Museu de Anatomia Humana

04:31O Manuel da Silva Braga

04:32Esse espaço aqui, ele serve aos laboratórios de anatomia

04:36Ele é utilizado também pelos acadêmicos

04:39Pelos estudantes dos diversos cursos da área da saúde

04:42Durante a sua graduação

04:44Durante até mesmo a pós-graduação

04:46A gente tem a utilização do espaço

04:48Por professores dos cursos de pós-graduação

04:50Então aqui no ICB eu tenho esse espaço

04:52Que é o Museu de Anatomia Humana

04:55Eu tenho dois laboratórios de anatomia

04:57Eu tenho uma sala de ensaiação

04:59Eu tenho espaços de aulas práticas

05:01Tudo isso para servir à comunidade acadêmica

05:03Dos cursos de graduação, pós-graduação

05:05Além disso, o público externo

05:07Que nós recebemos aqui

05:08Em diversos projetos

05:10Eu coordeno diversos projetos

05:12Junto, em colaboração com outros professores

05:14A gente recebe escolas de ensino básico

05:16Escolas técnicas

05:18E faculdades mesmo

05:19Ensino superior

05:20Tanto o público quanto o privado

05:22A gente recebe aqui no nosso espaço

05:23Aqui no nosso espaço

05:25A gente não permite fotografar

05:27Nem filmar sem autorização

05:29Porque simplesmente as pessoas

05:30Às vezes tiram fotos

05:31E postam de qualquer maneira

05:33E existe a proteção ao cadáver

05:37Do ponto de vista jurídico

05:38Assim como nós em vida

05:40Não podemos ter o nosso nome

05:43Difamado, caluniado

05:47Utilizado palavras que depreciiem

05:49Não pode ser utilizado também ao cadáver

05:52Existe na legislação

05:53No Código de Processo Penal

05:54O crime de vilipêndio ao cadáver

05:56Que é quando eu utilizo palavras que

05:58Depreciem este indivíduo

06:01Então existe uma legislação que protege o estudo da anatomia humana

06:07Por meio de cadáver

06:09Então escolas de medicina

06:11Onde eu tenho uma faculdade de medicina

06:12Está autorizado a receber um cadáver

06:14A lei 8501 de 1992

06:16Ela ampara a doação desses corpos para o ensino e pesquisa

06:22Normalmente são de indivíduos que não tiveram seus corpos reclamados

06:27A família não foi atrás

06:29Normalmente são adultos do sexo masculino

06:32Dificilmente você vai ver crianças

06:35Mulheres também é bastante difícil

06:37Normalmente são corpos que a família procura fazer o enterro

06:41Então esses indivíduos que não tiveram seus corpos identificados

06:46Eles estão aptos pela legislação a serem doados para institutos de pesquisa

06:51Para estudar anatomia

06:53Para pesquisar

06:55Então mesmo que eles sejam de indivíduos não identificados

07:00A legislação também o protege

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