Pular para o playerIr para o conteúdo principal
No Visão Crítica, o Prof. Alexandre Uehara, especialista em Relações Internacionais, explica que a expansão chinesa na região afeta diretamente os interesses americanos.

A crescente presença da China na América Latina, tanto no Brasil quanto em outras economias, acende um alerta em Washington.

Assista na íntegra: https://youtube.com/live/qsE2hdBBY9M

Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews

Siga o canal Jovem Pan News no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan
#JornalJovemPan

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Em opinião do senhor, como é que fica, quer dizer, vocês destacaram muito bem,
00:03há também um discurso interno, e há o discurso externo, como é que o senhor articula isso?
00:10Talvez pegar um pouco agora a parte mais externa, a primeira intervenção eu falei sobre a parte mais interna,
00:15mas eu queria fazer um comentário, assim, meio que quebrando o protocolo aqui,
00:18que você mencionou, do Milley em relação ao Trump, né, e da, vamos dizer, a coisa meio caricata que ele faz, né,
00:26e ele falou, poxa, é uma coisa muito estranha, mas temos que lembrar que para o Milley não deve ser tão estranho,
00:31porque se ele consultava o cachorro morto para fazer os seus programas...
00:35O Conan, o Conan, que é o cachorro morto que ele consulta até hoje e que dá instruções para ele fazer o governo, né?
00:43Então, o Trump menos está vivo.
00:48Mas, enfim, olhando um pouco da perspectiva agora que você mencionou, eu vejo que, assim, existe de fato,
00:55e talvez olhando essas movimentações militares, né, dos navios ali, se de um lado existe, sim, né, essa preocupação interna,
01:05de outro lado, não podemos negar que existe uma questão hoje geopolítica importante,
01:09a presença chinesa, de fato, cresceu muito, o crescimento econômico chinês, as relações econômicas,
01:15seja com o Brasil, seja com a Argentina e outras economias, agora a abertura do porto também, né,
01:20e, eventualmente, uma rota transpacífica ali.
01:23Então, há essa percepção norte-americana que, de fato, olhando a perspectiva internacional global,
01:30a China está ganhando um espaço importante na América Latina e isso, de fato, preocupa.
01:34Não é o comunismo chinês, porque ninguém está preocupado com o comunismo chinês,
01:38porque a China não está preocupada em expandir o comunismo para o mundo.
01:40E nem é comunismo, é um socialismo de mercado, né, pode ser.
01:43Mas, de fato, a economia chinesa está avançando bastante e essa é uma preocupação que, de fato,
01:48eu acho que afeta os interesses americanos.
01:51E aí, de novo, é interesse americano não necessariamente a independência da Venezuela,
01:55a independência do Brasil, né, a salvação da economia argentina,
01:59mas tem um interesse maior ali de como que, às vezes, manter seus status quo,
02:03manter sua posição internacional.
02:05E aí eu entendo que há uma linha, né, que a gente pode pensar desses interesses norte-americanos.
02:10O problema é que é meio paradoxal, né, pelo menos a minha avaliação.
02:14Que, ao mesmo tempo que se busca defender uma posição internacional norte-americana,
02:19de fortalecer essa posição do America First e coisas do tipo,
02:23essas ações que vêm acontecendo têm, como o professor Paulo disse, efeitos contrários.
02:30Porque, enquanto os Estados Unidos estão destruindo pontes, assim na verdade, né?
02:35Incrível.
02:35Porque a relação com a Europa está mais tensa por causa das tarifas, com o Brasil, com os países latino-americanos.
02:42E a China, por outro lado, né, quando a gente olha nessa perspectiva,
02:46ela está low profile, como o tema é inglês, assim, muito calmamente,
02:50simplesmente esperando que os países vão até ela.
02:54Então, os Estados Unidos praticamente estão jogando para a China, no colo da China, os países.
02:58Porque os países, agora, com a falta de mercado, com as dificuldades que tem com o comércio norte-americano,
03:03estão buscando alternativas.
03:05E a China, bom, vamos pegar o caso da soja brasileira.
03:09Hoje, depois dessas tarifas todas, os Estados Unidos passaram a não conseguir mais exportar a soja para a China
03:14e quem está exportando é o Brasil.
03:15Então, se o comércio do Brasil com a China já era intenso antes das tarifas,
03:20agora a relação do Brasil com a China se intensificou.
03:23Então, não é por acaso que existe todo um olhar do mundo, não só do Brasil, para a China.
03:28Então, é curioso, né, que quando a gente pensa nessas relações,
03:33a gente percebe que existe ali um raciocínio dos Estados Unidos,
03:39mas que muitas vezes é muito personalista.
03:42Assim, o que o Trump pensa, e aí não é uma liderança norte-americana
03:47que está pensando em uma grande política externa,
03:49uma política para os Estados Unidos, uma política de Estado.
03:52Não, o que o Trump pensa, o que ele acha que é importante, como é que eu faço,
03:54aumenta a tarifa hoje, aumenta...
03:56E também é curioso, só para destacar, que eu tenho comentado,
03:59é que as ferramentas, os instrumentos de política externa norte-americana
04:03neste momento, que a gente poderia chamar de geoeconomia,
04:07basicamente virou tarifa, porque assim, tarifa sobe, tarifa baixa,
04:11vamos adiar, recua, e que é o principal nesse momento,
04:15a confrontação, a oposição é com a China.
04:19E basicamente a gente vê discurso com as tarifas, não tem muita outra alternativa.
04:22Então a gente percebia, é algo que é do século passado,
04:26hoje as tarifas, os grandes países não usam mais tarifas para regular o seu comércio.
04:30Existem outras barreiras não tarifárias, mas o Trump foi para as tarifas.
04:34A gente pode pensar, bom, isso é uma coisa atrasada,
04:37mas por outro lado, é algo que as pessoas veem.
04:40E como eu disse na primeira intervenção,
04:42é importante que as pessoas vejam o que o Trump está fazendo.
04:44Então quando ele fala, vou aumentar de 30%, vou colocar mais 100% no seu discurso,
04:49todo mundo está vendo, o Trump está fazendo alguma coisa.
04:52Só que fica só nas tarifas.
04:54E depois ele recua novamente, porque quando ele aumenta tarifa tem impacto negativo,
04:58como o professor Ramírez falou, em relação à própria economia americana.
05:00Então é uma coisa contraditória, ele chega, vocifera algumas ações,
05:04que é contra o próprio Estados Unidos, ele tem que voltar atrás,
05:07mas basicamente tem sido tarifas.
05:08Então o que eu percebo é que existe ali algumas ações que são colocadas
05:13como de interesse norte-americano, mas que estão sendo efeitos finais,
05:17acho que é até uma conclusão que a gente está chegando aqui,
05:19é que os efeitos finais, os resultados finais,
05:21são de fato muito negativos para o próprio Estados Unidos.
05:25Tanto em relação à América Latina, quanto em relação aos outros países.
05:27Então neste momento que eu vejo, em relação à América do Sul,
05:32que um problema importante para os Estados Unidos
05:35é que apesar de ser um discurso de defesa aos interesses americanos,
05:40ele está de novo destruindo, está queimando pontes,
05:43está criando mais dificuldades.
05:44Então a China neste momento não fazendo nada, já está ganhando.
05:48Os Estados Unidos falam, bom, vamos enfraquecer a China,
05:50é uma América first, mas tudo que os Estados Unidos estão fazendo,
05:53está fortalecendo, seja via BRIC, seja pelas próprias ações
05:57que os Estados Unidos fez contra a Europa,
05:58que agora, se a gente acompanha um pouco da literatura,
06:01dos estudos que são feitos, até recentemente,
06:04até a pandemia ou até a pós-pandemia,
06:07os países europeus estão preocupados com investimentos chineses
06:10e não receber os investimentos chineses, não intensificar e não aprofundar
06:13a dependência econômica em relação à China.
06:15Até porque na pandemia houve problemas, de fato, de abastecimento.
06:18E agora com as tarifas elevadas, com as dificuldades que os americanos colocaram,
06:22até os europeus que estavam com um olhar de desconfiança
06:25começaram a olhar para a China como uma possibilidade alternativa.
06:29Então, a gente olha assim, essa política norte-americana agora,
06:33ainda que o discurso de defender os interesses americanos,
06:35na prática, estão corroendo posições americanas.
06:39E só para finalizar, para não me alongar muito mais,
06:41é assim, que o grande problema, na minha opinião,
06:44dos Estados Unidos neste momento,
06:46é que os Estados Unidos perdeu algo que é importantíssimo
06:50nas relações internacionais, que é confiança.
06:53Então, agora, daqui para frente, qual país do mundo vai olhar para os Estados Unidos
06:57e falar, não, vamos fazer um acordo com os Estados Unidos,
06:58e os Estados Unidos vai ser o fiel ou o fiador de algum acordo.
07:01Não, nós estamos falando agora dos acordos lá na Palestina, com Israel.
07:05Mas será que os Estados Unidos, de fato, é confiável?
07:06Ele vai ser, poder ser o fiador desses acordos todos que estão acontecendo
07:11com a Ucrânia e a Rússia?
07:15Então, o grande problema é que, assim, porque o Trump está aí,
07:18daqui a pouco ele vai ter uma nova eleição,
07:21e a gente não sabe se o novo, seja de divés, seja o outro que vier,
07:25se ele vai, de fato, atender aos compromissos,
07:29ou ele vai modificar, falar, não, poxa, agora é uma outra situação.
07:33Organismos internacionais é um outro problema,
07:35porque o Estados Unidos ajudou, após a Segunda Guerra Mundial,
07:37a construir essas organizações, e hoje, o próprio Estados Unidos,
07:40que ajudou a construir, está enfraquecendo as instituições.
07:43Então, eu vejo que existe um problema importante aí,
07:45para a gente olhar algo mais macro,
07:48do que acontece nas relações internacionais,
07:50que os Estados Unidos, de fato, neste momento, com o governo Trump,
07:53está criando incertezas constantes o tempo todo para o mundo,
07:58não só para os Estados Unidos, mas para o mundo todo.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado