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DESCRIÇÃO:
O professor de processo penal da PUC-SP e advogado criminalista Carlos Kauffmann analisa a recente decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) em condenar sete réus do Núcleo 4 da trama golpista.

Especialista comenta o papel da Suprema Corte no Estado de Direito, afirmando que a função do Supremo é "julgar, avaliar e fazer com que prevaleça a Constituição".

Assista na íntegra: https://youtube.com/live/qsE2hdBBY9M

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Transcrição
00:00Já daqui a pouquinho, André, já já eu giro esses assuntos com os nossos comentaristas,
00:03mas antes nós temos um chamado ainda de Brasília com a Janaína Camelo.
00:08Durante o julgamento do Núcleo 4, o ministro Alexandre de Moraes votou por reabrir um processo
00:13que investiga o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
00:17Qual inquérito é esse, Janaína? Bem-vinda de volta.
00:23Pois é, Tiago, aquele mesmo inquérito que deu origem às ações penais de golpe, né?
00:28O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, ele chegou a ser indiciado, Tiago,
00:35vamos relembrar no relatório final da Polícia Federal, quando indiciou para a PGR
00:42os alvos do plano de golpe de Estado.
00:47Valdemar Costa Neto foi um dos 36 na época, foram 36 indiciados, ele foi um deles,
00:52mas ele acabou ficando de fora da lista de denunciados pela Procuradoria-Geral da República.
00:57E na época que a Polícia Federal fez esse indiciamento, na investigação,
01:02apurou que ele teria financiado um movimento que questionava as urnas eletrônicas,
01:08que contestava o sistema eleitoral brasileiro, e muito por conta daquela questão ali do relatório
01:14que foi pedido pelo PL ao Instituto Voto Legal, que foi elaborado, foi apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral
01:23na época, depois das eleições, contestando o resultado das urnas eletrônicas,
01:27o resultado das eleições que deram vitória ali ao presidente Lula.
01:32Esse foi o indiciamento da Polícia Federal na época, mas ele acabou não sendo indiciado,
01:36não sendo denunciado pela PGR.
01:38Então ele nunca foi denunciado, nunca virou réu, enfim.
01:42E aí o ministro Alexandre de Moraes, quando ele, no julgamento de hoje,
01:46estava ali votando pela condenação do presidente deste instituto, do Instituto Voto Legal,
01:51que era um dos réus desse núcleo que foi julgado hoje, o Núcleo da Desinformação,
01:56que é o Carlos César Rocha.
01:58Ele então decidiu, por absolver Carlos César Rocha de três crimes
02:02e condená-lo apenas por dois crimes,
02:04de abolição violento do Estado Democrático de Direito e Organização Criminosa Armada.
02:09E no momento desse voto, ele decidiu então pedir a reabertura das investigações
02:15contra Valdemar Costa Leto, já que um caso está ligado ao outro, né?
02:21O nome dos dois estão interligados dentro de um mesmo caso, na verdade.
02:26E o ministro acabou sendo seguido ali pela maioria, a não ser pelo ministro Luiz Fux,
02:30que divergiu, mas todos os outros ministros acompanharam ali essa decisão
02:34do ministro Alexandre de Moraes.
02:36Então, esse caso contra Valdemar Costa Neto vai ser reaberto.
02:40A gente vai ouvir um trechinho desse momento em que o ministro
02:42pede essa reabertura da investigação contra o presidente do PL.
02:46Tiago.
02:47Uma vez configurada a condenação do réu Carlos César Rocha,
02:52para que extraímos cópias da decisão e de todo o acervo probatório,
02:59para remessa para PET-1200, salvo engano,
03:05para nos termos do artigo 18 do Código de Processo Penal,
03:10reabrimos a investigação e análise dos crimes e organização criminosa
03:16e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
03:19em relação ao presidente do PL, Valdemar da Costa Neto.
03:23É o voto, presidente.
03:24Pois é, então as investigações vão ser retomadas,
03:31novas diligências vão ser feitas aí para decidir então se Valdemar Costa Neto
03:35tem que ser, deve ser denunciado ao STF e também no caso da tentativa de golpe de Estado.
03:42A defesa de Valdemar Costa Neto, Tiago, disse que não vai comentar essa decisão aí da primeira turma, viu?
03:48É com você.
03:50Ok, Janela Camelo, com mais informações sobre o Supremo,
03:53agora falando sobre Valdemar Costa Neto e essa decisão agora do Supremo.
03:58Você volta daqui a pouquinho, vou chamar aqui o Cristiano Vilela sobre esse assunto.
04:02Vilela, em relação a Valdemar Costa Neto, o que pode acontecer com ele?
04:05Primeiro tem todo aquele procedimento, oferece a denúncia e o Supremo aceita,
04:11mas o que está no centro dessa discussão?
04:13Pois é, Tiago, através dos elementos que foram trazidos à baila agora no contexto do julgamento,
04:20especialmente no contexto atual desse segmento, desse grupo que o julgamento foi finalizado agora,
04:27mas também no da primeira linha do núcleo político,
04:32onde teve Jair Bolsonaro e demais réus que foram julgados agora no início do mês,
04:37nós tivemos a identificação, ou de acordo com o ministro Alexandre de Moraes,
04:43houve a identificação de que o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto,
04:48poderia ter eventualmente praticado ou dado alguma contribuição à prática desses atos ilegais
04:57que foram objeto de investigação e dos quais ele não foi denunciado.
05:01Diante desse ponto, vem ele agora e requer que haja abertura novamente da investigação com relação a ele.
05:09E aí, nesse sentido, caso essas investigações avancem e encontrem elementos,
05:15deverá seguir o mesmo caminho.
05:17Ou seja, a Procuradoria-Geral da República promover a denúncia
05:21e o Supremo Tribunal Federal, uma vez aceitando,
05:25ele passe a se tornar réu e aí sim, com relação a ele,
05:28vai correr a ação penal que, num primeiro momento, não havia transcorrido.
05:33Ô Dora, queria voltar com você o assunto do André agora há pouco,
05:37e claro, com o Vilela também,
05:38para falar da relação do governo com o Congresso Nacional,
05:40em relação às contas.
05:42E o ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
05:45ele usa algumas expressões falando que houve um acordo com o Congresso,
05:50muitas vezes o Congresso desrespeita os acordos com o governo.
05:53Agora, no final, o André falou que não houve qualquer procura do governo
05:56para essa discussão sobre o orçamento.
05:58De que forma esse nó vai ser desatado, hein, Dora?
06:03Olha só, acho difícil.
06:05Eu queria só dar um pitaquinho ali no negócio do Valdemar Costa Neto,
06:09porque realmente não fazia sentido, né?
06:13Condena a pessoa que foi contratada por ele para fazer o tal do estudo,
06:17e aí a pessoa que contratou ele, o mandante, fica livre.
06:22Realmente é incoerente, né?
06:23Por aí é que eu entendi a decisão do ministro Alexandre de Moraes.
06:27Mas olha só, com relação a essa nova empreitada do governo junto ao Congresso,
06:34isso tem tudo para se tornar um novo antagonismo, né?
06:38Porque o governo insiste em pedir medidas,
06:43pedir que o Congresso aprove medidas de arrecadação.
06:46O Congresso já falou que não vai fazer.
06:49E eu fico achando, fico altamente desconfiada,
06:52de que o presidente Lula está um pouco cavando esse antagonismo, tá?
06:57Que para ele é interessante, porque, afinal de contas,
07:00uma das estratégias eleitorais dele, num momento,
07:04é botar, dizer o Congresso inimigo do povo.
07:08Ele não está por aí?
07:09Não falou outro dia que é de baixo nível?
07:11Toda responsabilidade, sobretudo, é do Congresso?
07:15Então, mas esse antagonismo, para ele, de repente, não vai ser.
07:20Ele pode até contar com o pessoal que ficou com medo de...
07:23Já foram feitas 40 demissões de pessoas indicadas para o deputado
07:28que não deixaram tramitar a MP anterior, 303, 13.033, uma coisa assim,
07:37aquela que substituía o IOF.
07:39Então, de repente, pode ser negócio para ele.
07:42Mas aí eles resolveram dividir em duas partes,
07:46como trouxe o André Anelli, né?
07:48Uma parte fala de corte de gastos,
07:50outra parte fala dessa cobrança dos impostos.
07:53A ideia, em tese, na teoria, é boa,
07:56porque aí uma pode estimular a outra.
08:00Agora, o risco, na prática,
08:04é que o Congresso aprove uma,
08:07aquela do corte de gastos,
08:10e rejeite a outra,
08:11aquela que dá mais dinheiro para o governo
08:14gastar daqui até a eleição.
08:16E aí vem o discurso,
08:18que a Dora estava destacando aqui,
08:20de dizer que o Congresso é inimigo do povo, né?
08:22Agora, ele sabe que as coisas não são muito bem assim, né?
08:25E é preciso, contas públicas é algo
08:27que precisa se olhar com lupa, não é, Vilela?
08:30Exatamente, Tiago.
08:31E o governo federal já deu mostras diversas
08:34de que tem uma certa despreocupação
08:37com relação à questão fiscal,
08:39e especialmente tem uma certa obsessão
08:42pela criação de impostos,
08:45e se utiliza de um discurso político,
08:47como, por exemplo,
08:48colocar toda a culpa do mundo no colo das bets.
08:51Olha, tem que tributar bets,
08:53tem que aumentar o tributo das bets.
08:55Ora, quem regulamentou as bets
08:58foi justamente o governo atual.
09:00Em 2023, nós tivemos a formalização das bets no Brasil
09:04através de uma lei
09:06que está com a assinatura lá do presidente Lula.
09:08O presidente da República era Lula.
09:10Aliás, logo abaixo da assinatura do presidente Lula
09:13está a assinatura do ministro Fernando Haddad.
09:16Ora, até então, não existia formalmente as bets no Brasil.
09:21Foi a partir de 2023,
09:23com a regulamentação mais específica agora,
09:25a partir desse ano.
09:26Então, não adianta,
09:28não há que se utilizar um cavalo de batalha
09:30em relação àquilo que foi criado
09:32dentro do próprio governo.
09:34Nesse sentido,
09:35há um jogo muito mais político
09:37do que efetivamente um interesse em resolver
09:40e se ter aquele rigor necessário
09:44com as contas públicas do país.
09:46O presidente Lula vai anunciar
09:48somente na semana que vem
09:49o substituto de Luiz Roberto Barroso
09:52no Supremo Tribunal Federal.
09:53Em meio a essa expectativa,
09:55o STF também tem maioria
09:57para condenar os céus
09:58do núcleo de desinformação do golpe.
10:01O nosso entrevistado agora
10:02é o criminalista e professor de Direito Penal
10:04da PUC aqui de São Paulo.
10:07Chegando mais uma vez
10:07o professor Carlos Kaufman com a gente.
10:09Tudo bem, professor?
10:10Como vai?
10:10Muito bem-vindo sempre.
10:12Boa noite.
10:13Boa noite, Thiago.
10:14Um prazer estar de volta aqui.
10:15Boa noite, Dora.
10:16Boa noite, Vilela.
10:17Muito obrigado.
10:17Bom, primeiro eu quero começar falando
10:19sobre a escolha
10:20do novo ministro do Supremo.
10:23O senhor não acha que há
10:24uma questão muito mais política
10:27do que se pensar
10:28no que a mudança vai fazer
10:31ou vai provocar no Supremo?
10:34Ainda tem, claro, o aval do Senado,
10:37mas, de qualquer forma,
10:38esses dois nomes
10:39que estão sendo cotados
10:40principalmente
10:41são perfis diferentes,
10:44fariam qual mudança no Supremo?
10:45O senhor acha que está faltando
10:46mais essa discussão
10:47sobre qual a diferença
10:49entre os dois,
10:50principalmente,
10:51se é que os dois
10:52são os mais cotados,
10:53pelo menos,
10:54na boca da imprensa?
10:57Thiago,
10:58essa é uma questão
10:58extremamente interessante
10:59com relação ao ministro do Supremo
11:01que vai ingressar.
11:02Me preocupa
11:03uma escolha
11:03de caráter forte,
11:05de política muito forte
11:07nesse sentido,
11:08pautado muito mais
11:08na confiança de governo,
11:10até porque
11:10eu sou muito contra
11:12o eventual ativismo político
11:13que existe
11:14e que nós estamos vendo
11:16no Supremo Tribunal Federal
11:17e esse ativismo,
11:19esse envolvimento
11:19acaba atrapalhando.
11:20Qual é a função do Supremo?
11:22A função do Supremo
11:23é julgar,
11:24é avaliar
11:24e fazer com que prevaleça
11:25a Constituição Federal.
11:27O Supremo é um órgão político,
11:28sem dúvida nenhuma
11:29que é um órgão político,
11:30mas ele não pode
11:31se envolver em política
11:32e não pode ter viés político.
11:34Então, na verdade,
11:36as escolhas
11:36elas devem ser
11:37absolutamente isentas.
11:38O que nós esperamos,
11:39nós que atuamos,
11:41estamos no Brasil,
11:41nós que atuamos
11:42perante o judiciário,
11:44a advocacia em geral,
11:45estava esperando
11:46uma escolha isenta.
11:47E era um momento
11:48que se discutia muito
11:49e realmente qualificar
11:52e colocar uma mulher
11:53no Supremo Tribunal Federal
11:54era o momento
11:55de fazer isso,
11:55existe uma única ministra
11:57para dez ministros
11:58historicamente
11:59as mulheres são a minoria
12:01dentro do Supremo,
12:02mas assim,
12:02de uma maneira geral,
12:03na advocacia,
12:05no mundo atual
12:05as mulheres já são a maioria.
12:06Então, estava na hora
12:07de buscar um equilíbrio
12:08nesse sentido,
12:09era isso que estávamos
12:10todos esperando,
12:11mas pelo visto
12:11não é o que vai acontecer.
12:13É isso.
12:13Professor, vou passar
12:14para os nossos comentaristas,
12:15Dora Kramer faz
12:16a próxima pergunta.
12:17Dora.
12:19Boa noite, professor.
12:20Vamos continuar
12:21nessa vibe
12:22da composição,
12:24como é que chegam lá.
12:26Essa coisa
12:27da afinidade,
12:28da proximidade,
12:30há muito tempo
12:31que eu vejo,
12:32mas está ficando
12:33escancarada
12:34de uma maneira
12:35que ninguém procura
12:37mais esconder.
12:37Vamos pegar só
12:39o presidente Lula.
12:41As primeiras indicações
12:43dele foram
12:43completamente diferentes.
12:45Não tinha muito,
12:46né,
12:47esse viés,
12:48mas aí ele se arrependeu.
12:49Bom,
12:50então eu queria
12:51que o senhor
12:51Smilsassi falasse mais
12:52desse processo
12:54da indicação
12:56como ele está
12:57sendo feito
12:58hoje, tá?
12:59Da indicação
13:00até o escrutínio
13:01do Senado,
13:02porque também tem
13:03a qualidade
13:04das sabatinas,
13:05tá certo?
13:05Que ficam ali
13:07como um ato
13:08formal.
13:10Pelo jeito,
13:11já sei,
13:12tem críticas.
13:15Quais são elas
13:16e como seria
13:17melhor
13:18se fazer
13:19esse processo
13:20da indicação
13:21até a aprovação
13:22ou não
13:23pelo Senado?
13:25Dora,
13:26meu comentário
13:26bastaria subscrever
13:27a parte inicial
13:28da sua pergunta,
13:29né,
13:29que na verdade
13:30lá atrás
13:31as indicações
13:32do Supremo
13:33em que pese
13:33ter o viés
13:34da confiança,
13:35do conhecimento
13:36ou até
13:37uma proximidade,
13:39eles faltavam
13:39muito mais
13:40na qualidade jurídica.
13:41Eu não estou aqui
13:42falando de nenhum demérito
13:43de qualidade jurídica
13:44qualquer ministro que seja,
13:45todos são qualificados,
13:46mas na verdade
13:47prevalecia
13:48a qualidade jurídica
13:49e tinha um valor
13:50menor, tá,
13:51a proximidade.
13:53E nós vimos essa história
13:53no Supremo.
13:54Então o Supremo,
13:55como eu disse,
13:55sempre foi um órgão político.
13:57Agora,
13:58está na hora de repensarmos
13:59a forma de escolha
13:59de ministro do Supremo
14:00do Tribunal Federal,
14:01tá,
14:02está na hora de nós repensarmos
14:03essa liberdade ampla
14:04e restrita
14:04que existe para o presidente
14:06da república
14:07escolher quem ele quiser.
14:09Então,
14:10nesse sentido,
14:10nós tiramos os critérios
14:11de avaliação jurídica.
14:13Vou trazer um exemplo.
14:14Nós temos
14:15uma forma de formação
14:16do Tribunal de Justiça
14:17ou do Tribunal Federal,
14:18o exemplo é
14:19o quinto constitucional,
14:20ou seja,
14:21um quinto dos embargadores
14:22é formado por advogados
14:23e por membros
14:24do Ministério Público,
14:25indicados pelo seu órgão
14:26de classe.
14:27O Supremo não,
14:28ele tem uma escolha
14:29livre e completamente
14:30independente
14:30dentro de todas
14:32as pessoas
14:32que tenham
14:33conhecimento jurídico,
14:34notório saber jurídico.
14:35E, depois disso,
14:37obviamente,
14:38a escolha do presidente,
14:39ela passa pelo Senado
14:40e nós sabemos
14:41também,
14:42historicamente,
14:43que o Senado,
14:44ele não recusa ninguém.
14:45O Senado,
14:45ele acaba questionando,
14:47discutindo,
14:47avaliando,
14:48mas ele acaba aprovando
14:49todas as pessoas
14:50que ingressam.
14:51Então,
14:51quando o que é
14:51a hora de pensarmos,
14:53é a hora de tentar mudar
14:54essa sistemática.
14:55É a hora de começar
14:56a pensar
14:56como que poderia
14:57se chegar
14:58ao presidente da república
14:59os nomes
15:00que poderiam integrar
15:01o Supremo Tribunal Federal.
15:02Poderíamos pensar,
15:03por exemplo,
15:04uma lista triplice
15:05vindo da advocacia,
15:06vindo do próprio judiciário,
15:08vindo do Ministério Público,
15:09uma lista cêxtula,
15:10por exemplo,
15:11dois indicados
15:11de cada grupo.
15:12Esses seis nomes
15:13submetidos ao Congresso Nacional,
15:15ao Senado,
15:16e o Senado escolhe
15:17três nomes
15:17e indicaria para o presidente
15:19escolher um,
15:19homologar um.
15:20Seria uma forma
15:21distinta de se pensar,
15:22uma forma diversa
15:23para sairmos da caixinha
15:24e buscarmos um critério
15:25muito mais jurídico
15:27do que político.
15:28Porque hoje,
15:28o que vigora
15:29é tão somente
15:30o critério político
15:31e é isso que nos preocupa.
15:32Além do que,
15:33a longevidade
15:34dessas indicações
15:35com a aposentadoria
15:36até os 75 anos
15:37faz com que persistam
15:38indicações,
15:39muitas vezes,
15:40dentro de um cenário
15:41político anterior,
15:42que vai se modificando
15:43e vai ficando defasado
15:44com o passar dos tempos,
15:45o que gera problemas,
15:47problemas futuros,
15:48inclusive,
15:48na análise daquilo
15:49que é o mais importante
15:50dentro do nosso sistema,
15:51que é a Constituição Federal.
15:53Cristiano Vilela.
15:54Professor,
15:55pegando o gancho
15:55desse seu último ponto agora,
15:58na sua avaliação,
15:59o senhor entende
16:01que seria mais adequado
16:03a existência
16:05de um mandato
16:06para ministro
16:06do Supremo Tribunal Federal,
16:08inclusive,
16:08até por conta
16:09do desgaste,
16:10ministro Barroso
16:11frisou muito
16:12essa questão
16:12do desgaste
16:13agora nos últimos tempos,
16:14seria mais correto,
16:16portanto,
16:16a existência
16:16de um mandato
16:17de 10,
16:1812 anos
16:18do que a indicação
16:20vitalícia,
16:21como temos hoje,
16:22ministros que permanecem
16:23até 30 anos
16:24no cargo?
16:24Vilela,
16:27olha que interessante,
16:28nós estamos discutindo
16:29aqui eventual
16:30mandato
16:31ou possibilidade
16:32ou prazo
16:32de exercício
16:35de jurisdição
16:35de um ministro
16:36em razão
16:37do desgaste.
16:38Se nós voltarmos
16:3915 anos
16:40no Supremo Tribunal Federal,
16:41voltarmos 10 anos
16:42no Supremo Tribunal Federal,
16:44a gente não podia
16:44falar em desgaste.
16:46Ou seja,
16:46a partir do momento
16:47que o Supremo
16:48deixou de cuidar
16:49internamente
16:50dos processos
16:51e passou a ser
16:52um órgão
16:53onde a discussão
16:54dos votos
16:54são publicizados
16:56dessa maneira
16:56mais ampla possível,
16:58onde você não discute
16:58resultado,
16:59mas a cada decisão
17:00e mais do que isso,
17:02nós temos um Supremo
17:02que tem uma plena
17:04atividade na imprensa
17:06com decisões,
17:06com comentários
17:08e discussões
17:08pela imprensa
17:09acerca de cada voto,
17:10cada decisão,
17:11cada passo do Supremo,
17:12nós chegamos
17:13nessa questão
17:13do problema,
17:14da problematização
17:16que existe
17:16diante dos votos.
17:18Então,
17:18se nós voltarmos
17:18até a fase
17:19pré-lava-jato,
17:20não existia
17:21esta discussão.
17:22O Supremo
17:22decidia,
17:23o Supremo
17:24avaliava
17:25e nós começamos
17:26a ter essa discussão
17:26a partir do Mensalão
17:27com os julgamentos públicos,
17:30com o fato
17:31de televisionar
17:31os julgamentos.
17:33Eu acho
17:33que não sei
17:34de outros países
17:35que fazem isso.
17:36A maioria dos países,
17:37se nós pegarmos
17:38uma corte norte-americana,
17:39na França
17:40ou em todos
17:40os outros países,
17:42os julgamentos
17:42são fechados,
17:43participa
17:44quem é parte
17:46naquele julgamento,
17:47quem realmente
17:47tem alguma relação
17:48com o julgamento
17:49e os resultados,
17:50obviamente,
17:50quem tiver interesse
17:51vai ler
17:52uma decisão.
17:54Agora,
17:54a partir do momento
17:54que se traz
17:55esse comentário
17:55aberto e público,
17:57você permite
17:57esse julgamento,
17:58permite essa discussão
17:59da validade
18:00e o questionamento
18:01acerca do que
18:02está sendo feito.
18:03Então,
18:03essa problematização,
18:05este fato
18:06que estamos enfrentando,
18:07essa crise do Supremo,
18:08e a Casa tem
18:09essa crise, sim,
18:10em razão até
18:10das decisões
18:12que são polêmicas
18:13muitas vezes,
18:14faz com que nós
18:15repensemos
18:15uma outra forma
18:16do Supremo Tribunal Federal.
18:17Eu acho que é outra
18:18forma de pensar,
18:19estabelecendo um prazo
18:20de atuação,
18:21por exemplo,
18:21eu acho que isso
18:22seria válido,
18:23seria viável.
18:24Enfim,
18:24eu acho que não existe
18:25uma resposta,
18:26não é,
18:27nós estamos
18:27a tratar de matemática,
18:29não existe uma resposta
18:30correta para isso,
18:31mas a discussão,
18:32ela tem que começar.
18:34É necessário
18:35começarmos a discutir
18:36o que fazer
18:37com o Supremo,
18:38é necessário
18:39começarmos a discutir
18:39o poder de atuação
18:41e como vai continuar
18:42agindo e sendo nomeado,
18:44e vão continuar sendo nomeados
18:45os ministros
18:45do Supremo Tribunal Federal.
18:47Professor,
18:47Carlos,
18:48para a gente
18:48fechar a nossa conversa,
18:50eu queria fazer uma pergunta
18:51sobre os posicionamentos
18:52do ministro Luiz Fux,
18:54que vem destoando
18:54no caso
18:55da turma
18:56que ele faz parte,
18:57inclusive hoje
18:58veio informação
18:58que ele está pedindo
18:59para trocar de turma,
19:01quer ir para outra turma,
19:02e hoje também,
19:04no julgamento
19:04do Núcleo 4,
19:06ele chegou a discutir
19:08e a declarar
19:09que ele exagerou
19:11em decisões
19:12sobre os envolvidos
19:14no ato de 8 de janeiro,
19:15de que forma
19:16ele vem destoando,
19:18claro que isso faz parte
19:19da democracia,
19:20dos posicionamentos,
19:22ele pode discordar
19:23de qualquer posicionamento,
19:24mas e esse pedido
19:25para se trocar de turma,
19:27isso é algo comum,
19:28incomum,
19:28a quem compete
19:29essa decisão?
19:30Olha, eu acho que esse pedido
19:33é uma questão
19:33de foro íntimo dele,
19:35ele tem os motivos
19:36pessoais dele,
19:37eu acho que não é só
19:38em razão a resultado,
19:39mas é evidente
19:40que fica um pouco difícil
19:41você atuar
19:42e você ser voto vencido
19:44em todos os pontos,
19:45então eu não sei
19:45o que leva
19:46ou se há alguma outra coisa
19:48por trás,
19:48algum outro motivo
19:49que tenha levado
19:50a pedir para mudar
19:52de turma,
19:53então nós vamos ter
19:54uma turma,
19:55duas turmas
19:56completamente distoantes,
19:57o que acaba
19:58acaba preocupando muito,
20:00inclusive em termos
20:00do Supremo Tribunal Federal,
20:01nós teremos duas turmas
20:02que não estarão
20:03tão equilibradas
20:04em termos de voto,
20:05uma muito mais conservadora
20:06e outra muito mais
20:08de forma distinta,
20:09dependendo do assunto,
20:10até outra conservadora
20:11e outra não,
20:12vai depender muito
20:12do assunto
20:13que nós vamos,
20:15que vai acabar acontecendo
20:16nesse sentido.
20:17Agora,
20:18com relação ao ministro Fux,
20:19existe uma diferença
20:20entre a fase inicial
20:21de recebimento
20:22da denúncia,
20:23ele justificou isso também,
20:24e a fase atual
20:25de julgamento,
20:26então existe um
20:27problema fundamental
20:29que nós temos
20:30que entender
20:30que quando se inicia
20:32o processo
20:33e você recebe
20:33a denúncia,
20:35os indícios,
20:36os elementos
20:36que indicam
20:37a existência
20:37de um processo,
20:38eles são avaliados
20:39em favor da sociedade,
20:41o que significa isso?
20:42Quando a gente fala
20:43que indube o pró-societat,
20:44significa o seguinte,
20:45se eu não tiver certeza
20:47de um fato criminoso,
20:48eu não tenho certeza,
20:49eu instauro o processo,
20:50eu sou a favor
20:51da instauração
20:51do processo,
20:52para que ao longo
20:53do processo,
20:54eu consiga avaliar
20:55aquela situação
20:56e saber se eu vou
20:57condenar ou se eu vou
20:57absolver.
20:58Já em uma sentença
20:59final,
21:00os fatos têm que estar
21:01efetivamente provados
21:02de forma indiscutível,
21:04havia até um acórdão
21:05antigo que falava assim,
21:06claro como a luz solar,
21:08justamente para permitir
21:10que se venha
21:11uma sentença condenatória,
21:12pois o mínimo de dúvida
21:13deve gerar,
21:14inclusive,
21:15a absolvição.
21:16E há uma diferença também
21:17entre os votos anteriores
21:19que ele deu
21:19e os votos atuais,
21:21esses últimos votos,
21:22os últimos dois processos,
21:23que envolveram esses núcleos
21:24um e quatro
21:25aqui dos fatos
21:27relacionados ao oito de janeiro,
21:28e nesse sentido,
21:29ele mesmo justifica
21:30dizendo o seguinte,
21:31eu passei a avaliar,
21:32passei a rever as posições,
21:34passei a rever o processo,
21:35o que é o ser humano,
21:36o ser humano pode rever,
21:38não é porque você dá um voto,
21:39que você dá uma decisão,
21:41que você vai ter que permanecer
21:42sempre votando daquela forma,
21:44você pode ser convencido
21:45de uma ou de outra maneira,
21:47de um ou de outro fato,
21:48diverso,
21:49justamente permitindo
21:50que você mude a sua posição,
21:51de acordo com aquilo
21:52que você está avaliando
21:53naquele momento,
21:54naquelas circunstâncias,
21:55com aquelas provas,
21:56ou diante do que é trazido
21:58para a sua reflexão
21:59interna e pessoal.
22:01Lembrando que a decisão
22:02de um juiz,
22:03eu diria,
22:03é livre para se convencer
22:05e para decidir
22:05da maneira que ele quiser,
22:07desde que seja com base
22:07na prova do processo.
22:09E se a prova do processo
22:10permite uma modificação,
22:12uma alteração,
22:13que são processos distintos,
22:14cada um tem a sua análise específica,
22:16ele, obviamente,
22:17tem total liberdade
22:18para fazer isso,
22:19desde que fundamente,
22:20que foi o que ele fez,
22:21fundamente a sua decisão.
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