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  • há 7 semanas
"Faz 17 anos que nós tivemos essa subtração. E, agora é um momento de alegria, porque é a terceira obra mais valiosa que estamos conseguindo recuperar e trazer de volta para o nosso acervo”, disse o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Nilson Gabas Júnior. Após 17 anos do furto, o MPEG viveu, na manhã desta sexta-feira (17), um momento histórico. Em uma cerimônia simbólica, no Salão de Leitura da Biblioteca do Campus de Pesquisa, na avenida Perimetral, em Belém, o museu recebeu de volta uma de suas obras mais valiosas: “De India utriusque re naturali et medica”, do médico e naturalista Guilherme Piso, publicada em Amsterdã, em 1658.

REPORTAGEM: DILSON PIMENTEL
IMAGENS: IVAN DUARTE
EDIÇÃO: BIA RODRIGUES (SUPERVISÃO: TARSO SARRAF)

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Transcrição
00:00Nós ficamos extremamente felizes em ver que continua a atuação contundente da Polícia Federal
00:06em associação com a Interpol, no sentido de recuperar algumas das obras raras
00:11que foram subtraídas da nossa coleção de obras raras.
00:14Isso lá em 2008.
00:16Faz 17 anos que nós tivemos essa subtração, que nós soubemos dessa subtração.
00:22E agora é um momento de alegria, porque é a terceira, a obra mais valiosa que nós estamos conseguindo recuperar
00:30e trazer de volta para o nosso acervo, que é uma obra valiosa no sentido de que, tecnicamente,
00:36ela descreve um período da história do Brasil em que nós éramos, por um breve período,
00:42colônia da Holanda, sob Maurício de Nassau.
00:45E nesse período veio o autor dessa obra e fez uma descrição das práticas culturais,
00:52inclusive medicinais, das populações do Brasil.
00:56Isso rebate no equilíbrio climático do planeta, porque isso vem através da valorização cultural.
01:03Então, você conhecendo essa cultura, você valoriza a sua cultura e é uma questão, inclusive, de soberania nacional.
01:08Ela tem tratamento de antropologia, tem de arqueologia, tem de geografia, tem de a parte de botânica,
01:20zoologia, é a história natural completa.
01:23São três autores dentro de um livro só, onde você vê que foi Maurício de Nassau que pediu para fazer,
01:30que era dentro do Brasil, que a gente pode dizer que é a Pernambuco, né?
01:34Então, Pernambuco não era tido como um Brasil nesse momento, né?
01:39A Holanda, ali, estava segurando aquele pedacinho de Pernambuco.
01:44Então, Pernambuco teve um desenvolvimento muito grande nesse período.
01:47Desde que a gente detectou o furto das obras em 2008,
01:51quando eu assumi a direção do Museu Guild, esse foi um problema que eu assumi também.
01:56E tomei as medidas em parceria com o Ministério de Ciência e Tecnologia,
02:00que nós precisamos de... A época, isso foi em 2009, 2010, foi o início de um período de obras
02:09que nós precisamos implementar aqui e de criação de uma sala-cofre.
02:13Então, foi criada uma sala-cofre com identificação digital, com controle de umidade, controle de temperatura,
02:19não apenas na segurança, no acesso aos acervos, mas a segurança também do próprio acervo.
02:25Nós tivemos a preocupação de ter um sistema de controle de umidade, de controle de temperatura,
02:30entrada e saída de pessoas.
02:32Então, eu posso, com certeza, dizer que o que aconteceu em 2008,
02:36da gente ter visto, percebido essa subtração,
02:40de lá para cá, faz 17 anos e nenhuma obra mais foi subtraída da instituição.
02:44Então, eu acredito que as medidas de segurança que a gente adotou,
02:47elas estão servindo para prevenir outros acontecimentos e outros ocorridos como esse.
02:52A obra realmente era nossa, né?
02:55Porque teve o antiquário que comprou essa obra em 2008, no mesmo período que foi furtado daqui, né?
03:02E tinha as nossas marcas, os nossos carimbos.
03:06Ele mandou a mensagem e mandou as fotos do livro com todas as nossas identificações.
03:13Então, quer dizer, ele não escondeu nada, ele mostrou quase o que ele dizendo
03:17O livro é de vocês, vem e buscar.
03:19Então, não houve, assim, de eu ir lá identificar que o livro era nosso.
03:24Ele estava com todas as nossas marcas, todos os nossos carimbos
03:27e ele fez questão de mostrar que ele estava com o livro lá, né?
03:33São obras que elas não têm um valor assim estimado, né?
03:37Porque quando você chega com uma obra dessa para alguém e oferece 100 mil,
03:41a pessoa dá, se o outro vem e diz assim, não, eu quero 300, eles dão para você.
03:46Porque são obras que falam no início científico do Brasil.
03:51É a ciência, o Brasil sendo mostrado fora, por cientistas estrangeiros,
03:57que não eram brasileiros.
03:59Então, até o século XIX a gente vê isso.
04:01E é importante, naturalmente, como eu te dito, dada a própria qualidade do bem cultural brasileiro.
04:09O Brasil, evidentemente, especialmente a Amazônia, guarda uma relevância mundial inigualável.
04:17Então, tendo em vista essa característica, acaba sendo de grande interesse mundial
04:23obras dessa natureza e desse tipo.
04:26Daí, a importância da recuperação desse tipo de obra,
04:30uma vez que trata, evidentemente, do próprio patrimônio histórico nacional brasileiro.
04:36Portanto, é algo nosso, é algo brasileiro.
04:38Não deve estar em nenhum outro país que não é aqui.
04:41Então, nesse contexto, nesse âmbito, é com extrema satisfação
04:45que nós estamos recebendo essa obra em específico.
04:49E a gente espera que, com esse movimento, e que esse movimento continue,
04:53e que consigamos repatriar e trazer de volta para a instituição
04:57mais obras das que foram subtraídas na instituição.
05:01A palavra fundamental é cooperação.
05:03Além de atuar na Delegacia de Meio Ambiente,
05:06também sou representante regional da Interpol, aqui no estado do Pará.
05:10E a parte de cooperação internacional é absolutamente fundamental.
05:14Sem a cooperação internacional, a gente não obtém a repatriação da obra.
05:18Então, para que a obra aqui esteja, foi graças à cooperação.
05:22Então, a palavra é cooperação.
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