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Em entrevista ao JP Internacional, o professor de História Americana Lucas de Souza Martins alerta que Marco Rubio, o novo negociador do tarifaço, é o ministro "mais ideológico do gabinete Trump".

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00:00Bom, e pra falar mais sobre esse assunto, a gente recebe o professor de História Americana
00:04Lucas de Souza Martins, que participa com a gente à distância e agora direto de Washington.
00:09Não é isso, professor? Seja muito bem-vindo.
00:14Perfeito, Fabrício. Muito bom falar com você mais uma vez e com todos os colegas aqui da URBAN.
00:20Olha, professor, essa é uma semana que tem mexido bastante com os ânimos
00:25tanto dos brasileiros quanto dos norte-americanos.
00:28A gente já falou sobre os impactos do tarifaço, vamos repercutir isso aqui ainda,
00:33mas eu queria começar te perguntando o seguinte, Marco Rubio, amigo ou inimigo?
00:39O que a gente pode esperar do atual secretário de Estado norte-americano
00:44que tem uma postura, pelo menos tem nesses primeiros meses de governo,
00:49mostrado uma postura bastante ativa em relação aos países da América Latina?
00:53A gente viu na reportagem do Eliseu Caetano a questão de incluir Cuba novamente
00:58na lista de países patrocinadores do terrorismo, também a movimentação dos Estados Unidos
01:03envolvendo a Venezuela, os Estados Unidos que agora ajudam a Argentina financeiramente,
01:08que se envolvem muito proximamente com El Salvador, de Najib Bukele.
01:13O que a gente pode esperar, então, de Marco Rubio para o Brasil?
01:16Sem dúvida, é alguém que desperta bastante curiosidade,
01:23até porque ele vem de uma família cubana, sua família, inclusive, deixou Cuba
01:28um pouco antes da Revolução Cubana, que implementou a Revolução Socialista,
01:35que implementou um novo regime de governo.
01:38Ou seja, o que acontece com o Marco Rubio, isso existe desde a sua época de senador,
01:43depois candidato a presidente dos Estados Unidos e agora também como secretário de Estado,
01:50ele é alguém que enxerga, pelo menos, a América Latina com um olhar bastante ligado
01:56a toda a política de Guerra Fria, em que havia esse embate entre Estados Unidos,
02:02União Soviética, o capitalismo, o comunismo, o socialismo.
02:06Então, ele enxerga regimes, enxerga governos, de acordo com esse espectro político
02:13que tem muita conexão com esse período histórico.
02:16E é por isso que há, por exemplo, uma resistência muito grande,
02:19pelo menos esse dia da parte dele, especificamente,
02:23de fazer qualquer conexão ou relacionamento com o governo brasileiro.
02:27Não é à toa, e o ouvinte vai se lembrar também,
02:32que o discurso escrito pelo Departamento de Estado ao presidente Trump,
02:37que deveria ter sido lido na íntegra nas Nações Unidas,
02:41na Assembleia das Nações Unidas em Nova Iorque,
02:45tinha ali hipóteses críticas ao Brasil com relação não só à questão econômica,
02:49mas também questões ligadas a como a questão da Casa Branca enxergar a distribuição
02:58e o governo brasileiro com relação a direitos humanos, direitos civis.
03:03Então, dá para dizer que Marco Rubio, ele é o mais ideológico do gabinete do presidente Trump,
03:10mas também ele é um funcionário da Casa Branca, ele é um auxiliar do presidente Trump.
03:16E o presidente Trump, nesse sentido, tem uma diferença com relação ao Marco Rubio.
03:21O presidente Trump é mais pragmático, é mais voltado à economia, aos negócios,
03:26não necessariamente pensando na ideologia, mas, sobretudo, no interesse dos Estados Unidos
03:31com relação a relacionamentos com outros países.
03:35Por isso que ele foi indicado, ele, Marco Rubio,
03:38para ser a pessoa responsável pela interlocução com o Brasil,
03:42é um funcionário de Donald Trump, seguirá com a negociação ao Brasil
03:47e terá, sim, que ceder o secretário de Estado Marco Rubio
03:50diante das preocupações e das prioridades de Donald Trump neste momento.
03:56Professor, você trouxe um ponto aqui que me parece bastante interessante,
03:59é uma análise que a gente tem feito já há algum tempo,
04:02de que Marco Rubio tem esse posicionamento,
04:05essa visão do mundo que remete mais à época da Guerra Fria,
04:07até por aquilo que você destacou, as origens dele, os pais que deixaram Cuba
04:11um pouco antes da Revolução, em 59.
04:15Agora, uma coisa é fato, o tarifaço, que teve um acréscimo para o Brasil de 40%
04:21por questões políticas, ele tem um impacto na economia norte-americana.
04:26O americano está pagando mais caro no café, está pagando mais caro na carne,
04:30que era importada do Brasil, e agora tem 50% de tarifas.
04:33Donald Trump, você destacou muito bem, tem uma visão mais pragmática,
04:38negocia com esquerda e com direita, independentemente de qualquer coisa.
04:43O que deve prevalecer, então?
04:44É realmente esse pragmatismo?
04:47A economia vai vir acima da ideologia na hora que os dois países sentarem para negociar?
04:53Claro, e o que já...
05:00Donald Trump é que o trampismo em si, ele supera qualquer motivação necessariamente ideológica
05:08ou conservadora.
05:10Isso já se observa, nós notamos, por exemplo, os diversos diálogos que Donald Trump manteve,
05:17por exemplo, com a China, acordos que foram estabelecidos, algumas vezes rompidos.
05:21Um dos poucos países que construiu um acordo comercial com os americanos neste momento
05:28foi o Reino Unido, que hoje tem um governo trabalhista, um governo mais ligado a uma
05:33política não tão conservadora.
05:36Por isso que dá para dizer que o pragmatismo econômico, lógico, com o viés do interesse
05:43americano, ele prevalece em qualquer relacionamento, seja com o Brasil, seja com qualquer outro país.
05:49E o Marco Rubio, é interessante também voltar àquele ponto de como ele observa a geopolítica
05:56mundial sob o espectro da Guerra Fria.
05:59Por exemplo, ele, dentro do gabinete do presidente Trump, ele sempre representou alguém que enxergava
06:06os russos.
06:07Vladimir Putin como um inimigo central, um inimigo perigoso aos interesses americanos, refletindo
06:15naturalmente o embate antigo com a União Soviética.
06:19Mas Marco Rubio, por mais que estivesse na posição do secretário de Estado, precisou
06:24ceder diante do interesse do presidente Trump de se encontrar com Vladimir Putin no Aláscoa.
06:30Era algo que não necessariamente o Marco Rubio tinha interesse ou enxergava com bons olhos,
06:36mas ele, como bom funcionário da Casa Branca, teve que ceder aos desejos do presidente
06:41dos Estados Unidos.
06:43Agora, professor, para a gente finalizar aqui esse tema, o que a gente tem visto em relação
06:47aos acordos econômicos fechados pela Casa Branca desde o tarifácio é o seguinte, uma
06:52redução parcial das tarifas, tarifas que eram, dependendo do país, de 25%, caindo para
06:5815%, um pouco mais, um pouco menos, a depender do país, mas sempre comprometimentos de investimentos
07:04nos Estados Unidos e prioridade da abertura dos mercados internos para produtos americanos.
07:11Agora, a situação do Brasil é um pouco diferente, é muito mais difícil a gente imaginar empresas
07:15brasileiras investindo em massa nos Estados Unidos.
07:18Onde que está, então, o espaço para manobra, o espaço para barganha nessa negociação?
07:23Bem, o Brasil é o principal fator e o principal parteiro comercial dos Estados Unidos na América
07:32do Sul.
07:33O tamanho da economia brasileira chama bastante atenção e afeta também os americanos.
07:38É um ponto crucial para o governo Trump, que é exatamente o dia-a-dia da economia, o
07:44dia-a-dia dos americanos.
07:46O Brasil exporta produtos muito importantes, a carne, o café, o suco de laranja e também
07:52o investimento de empresas brasileiras no exterior, que estão presentes também nessa
07:58área das commodities, da carne também, sobretudo é um ponto crucial e também a participação
08:05da Embraer em construção e desenvolvimento de aeronaves.
08:11Ou seja, o tamanho da economia brasileira faz muita diferença nessa relação entre Donald
08:18Trump e Brasília.
08:19É diferente, por exemplo, de adotar sanções econômicas à Venezuela por questões políticas,
08:26por um espectro ideológico, até porque o tamanho da economia venezuelana é muito diferente,
08:32pensando no tamanho da economia brasileira.
08:35O Brasil tem, de fato, recursos para poder colocar também os seus interesses diante da
08:42mesa em Washington DC, pelo tamanho de sua economia.
08:46Mais uma vez, é o principal parceiro comercial, já há muito tempo, dos Estados Unidos dentro
08:52da América do Sul.
08:53Bom, vamos mudar de assunto aqui rapidamente no JP Internacional, porque é o seguinte, demorou,
08:58mas chegou.
08:59A primeira fase do acordo de cessar fogo entre Israel e Hamas foi assinado na última quinta-feira
09:05em uma reunião no Egito, em Sharm el-Sheikh, que contou com a mediação dos Estados Unidos,
09:10do Qatar e da Turquia.
09:12O Hamas deve libertar todos os reféns israelenses vivos e mortos, em troca da libertação de
09:18quase 2 mil prisioneiros palestinos, além da retirada parcial das tropas de Israel no enclave.
09:23Só na última sexta, 200 mil pessoas retornaram às suas casas, ao norte da faixa de Gaza,
09:31em meio à trégua.
09:32Agora a questão é se esse acordo vai perdurar e se as próximas fases, que incluem a desmilitarização
09:37do Hamas, a criação de um comitê tecnocrata independente para a gestão da região, serão
09:43atingidas.
09:44E aí eu quero chamar de novo o professor Lucas de Souza Martins.
09:47Professor, Donald Trump fez uma pressão muito grande por esse acordo.
09:50Lá em janeiro, antes do Trump assumir a presidência novamente, foi fechado um acordo de cessar fogo
09:57ainda no governo Biden, que teve aquela disputa pela paternidade do acordo.
10:01O Biden chamou para si, o Trump também, e o acordo não perdurou por muito tempo.
10:06Agora, essa é uma cartada bem importante de Donald Trump, não é?
10:10Sim, e tinha, de fato, o interesse direto de ganhar o prêmio Nobel da Paz, o que acabou
10:20não acontecendo.
10:22Até porque o timing tem muita relação com o que aconteceria na premiação.
10:27O presidente Trump tinha interesse de oferecer, mais do que rapidamente, uma ideia de um plano,
10:33uma série de propostas, inclusive havia a discussão de que ele mesmo viajasse ao Oriente Médio
10:38para estar presencialmente no momento da assinatura e de estabelecimento de qualquer acordo
10:45entre as duas partes, exatamente para forçar e também colocar diante da opinião pública
10:51a ideia de que mereceria realmente o prêmio Nobel da Paz.
10:55Mas o que também observamos, é bastante louvável também observar que nós chegamos
11:02mais uma vez, pelo menos até aqui, a um terceiro setar fogo nesse conflito.
11:07O primeiro e o segundo ocorridos durante a gestão Biden, o segundo, aliás, acontece
11:13exatamente um dia antes da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, mas
11:19ainda nós temos muitas preocupações com relação à sustentabilidade de qualquer acordo
11:25de cessar fogo.
11:26Afinal, nós estamos falando de uma dificuldade muito grande por parte do Hamas, de discutir
11:32e estar aberto à sua desmilitarização.
11:35Obviamente que o Hamas também tem uma abertura maior à ideia de deixar o governo, mas não
11:41deixar necessariamente a luta armada.
11:44Por isso que é muito complicado também de se pensar qual será efetivamente a durabilidade
11:49desse acordo que foi construído, sim, com interesse não só no cessar fogo em si, mas
11:57também com o objetivo pessoal do presidente dos Estados Unidos.
12:00Por isso que a esperança, logicamente, se renova através desses pontos que foram colocados,
12:05um governo tecnocrata, do retorno dos reféns para os seus bares, da libertação dos presos
12:12de guerra, mas a preocupação continua porque certas bases ainda não foram consolidadas
12:18como deveriam.
12:19Professor, a gente já vai falar sobre essa questão das bases, que é interessantíssima
12:23a gente discutir aqui, mas eu queria focar um pouquinho na questão do Nobel da Paz.
12:27Porque, e rapidamente esse ponto, a vencedora foi Maria Corina Machado, oposicionista venezuelana,
12:33até causou uma certa revolta na Casa Branca, que foi acompanhada pelo Celso Amorim, que é
12:38assessor especial da Presidência da República. Mas dá para dizer que o timing, como você
12:42disse, seria pensando já no prêmio do ano que vem? Seria mais fácil? Até porque aí
12:47a gente vai ter uma ideia, né, de como que esse cessar fogo caminhou, não é isso?
12:53Sem dúvida. Funcionaria muito bem, do ponto de vista lógico, pensar no prêmio do ano
12:58que vem, mas quando nós pensamos em fatos políticos, até pensar, por exemplo, na eleição
13:04de midterms nos Estados Unidos, hoje pode até haver um desenho daquilo que pode acontecer
13:10nessa eleição, diante de uma impopularidade atual do presidente Donald Trump, conforme
13:16mostram as pesquisas. O que eu posso dizer é que, nesse mundo político presidencial,
13:22um ano é uma avenida de muitas emoções. Por isso que o presidente Trump, de fato,
13:28nutria esperanças para vencer este prêmio o quanto antes, até porque ele fez essa pressão
13:35para dinamizar este acordo o quanto antes, o quanto possível, considerando que para o
13:41ano que vem ainda não sabemos a respeito da durabilidade desse setar fogo, não sabemos
13:47inclusive da manutenção do Benjamin Netanyahu, o premier de Israel, no cargo, ele que vive
13:54de uma maioria bastante pequena no Congresso israelense. Por isso que há uma avenida de
14:01emoções ainda pela frente daqui a um ano, por isso a pressa de Donald Trump para eventualmente
14:06se castifar como vencedor do Prêmio Nobel da Paz, já em 2025, o que não aconteceu.
14:13Professor, agora sim, falando da questão da sustentabilidade do acordo. Os Estados Unidos
14:16estão enviando 200 tropas lá para Israel para garantir que a libertação dos reféns
14:21vão acontecer. Dá para a gente imaginar que esse acordo se sustenta sem a presença do
14:27exército americano ativamente na região, porque um deslocamento militar é sempre visto
14:32com o pé atrás pela população americana, que tem um histórico, Afeganistão, Iraque,
14:37enfim, a história recente não joga muito a favor de quem envia tropas para o Oriente Médio.
14:43Pois é, o envio de tropas a qualquer canto do mundo, por parte dos Estados Unidos, sempre
14:52vai gerar muita controvérsia. E pelo menos neste momento que nós observamos, não somente
14:59a ideia de envio de forças militares ao Oriente Médio, tem também a questão deste governo
15:05tecnocrata, a própria ideia de se estabelecer quem estaria responsável, quem chefiaria esse
15:12grupo de paz, não só os Estados Unidos, mas também quem seriam os nomes responsáveis
15:18por essa transição. E já surgiu, por exemplo, o nome do primeiro-ministro, o antigo primeiro-ministro
15:25britânico Tony Blair, que era do Partido Trabalhista. E ele tem uma identificação, ele e Blair, com
15:33um passado bastante complicado dos Estados Unidos com relação à questão do Iraque, à questão
15:40do Afeganistão, é alguém que trabalhou com muita proximidade com George W. Bush, presidente
15:46dos Estados Unidos à época, nessas missões que foram enviadas pelos americanos e também
15:54por outras forças europeias, e que não trouxeram resultados que se esperava para os americanos
16:02e para os parceiros dos Estados Unidos naquele instante. Por isso que dá para dizer que é
16:08muito complicado se pensar em avanços considerando esse ponto de vista histórico e também as
16:15pessoas que estão envolvidas neste engajamento, nesta proposta de um governo, de uma administração
16:22tecnocrata. Parece que nós estamos, mais uma vez, pelo menos pelas notícias e pelo prognóstico
16:29que se faz neste momento. Estamos vivendo, mais uma vez, o início do século em que empreitadas
16:35americanas similares contavam com pessoas com pensamentos muito similares.
16:39Bom, vamos ver as cenas dos próximos capítulos. Essa história, com certeza, ainda não acabou.
16:45Professor Lucas de Souza Martins, muito obrigado pela sua participação com a gente aqui no
16:49JP Internacional. Volte sempre.
16:51Obrigado, Fabrício. Boa semana a todos.
16:55Até a próxima.
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