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Ele é um dos chefs mais influentes do Brasil e referência quando o assunto é gastronomia com identidade. Formado no Le Cordon Bleu de Londres, Benny Novak conquistou São Paulo com o lendário ICI Bistrô, ampliou seu legado com casas como Tappo Trattoria e 210 Diner, e também foi sócio da Companhia Tradicional de Comércio, grupo responsável por ícones como Astor, Pirajá e Bráz.
No Match Gastronômico, Benny abre o jogo sobre carreira, gestão, parcerias e a filosofia que o fez se definir como um verdadeiro crooner da cozinha — unindo arte, propósito e empreendedorismo à mesa.
Se você gosta de histórias que misturam paixão, arte e empreendedorismo, esse episódio é pra você!

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00:00Olá, olá, bem-vindos ao MET Gastronômico, o maior programa de gastronomia e empreendedorismo do Brasil.
00:13Eu sou a Manu Carvalho e ao meu lado não está o Gabriel, hoje está o meu outro sócio, que é o André Mifano,
00:20que está aqui, ó, que tem muitas histórias para contar e a gente já já explica o porquê.
00:25Gabriel está de férias, um beijo, Gabi, e está sendo muito bem representado pelo Mifano.
00:30Muito obrigado, quem pode, pode, né?
00:33Bom, eu sou o André Mifano e estamos aqui hoje para explorar os sabores do sucesso e aprender com histórias ultra inspiradoras, no caso de hoje, né?
00:44Que é seu amigo, inclusive, né? Um dos convidados de hoje, você quer apresentar?
00:48Eu, eu... Olha, então, antes de eu apresentar, eu preciso falar uma coisa muito importante.
00:56As pessoas precisam entender que é o seguinte, eu o conheço há mais de 25 anos, trabalhei para ele em uma das casas
01:04e, e, a gente morou junto, não só na mesma casa, como a gente dividia o mesmo quadro.
01:12Ô, quadro não.
01:13Quarto.
01:14O mesmo quarto.
01:15Olha, o nosso convidado de hoje é um dos chefes mais icônicos do Brasil, um verdadeiro crooner da cozinha
01:23que ajudou a mudar a cena gastronômica aqui em São Paulo.
01:26Ele é quem?
01:27Bom, ele é chefe proprietário do Icônico em Cibistrô, do Tapo Trattoria,
01:34e também sócio da Companhia Tradicional de Comércio,
01:37que é o grupo que reúne casas super famosas, como Pirajá, Brás, Açor...
01:42Bom, está aqui do meu lado...
01:44Beninovac.
01:45Opa!
01:45Aê, agora sim.
01:47Você sabe que a conversa de hoje vai ser muito especial, porque temos dois amigos, né,
01:51que tem aí muitas histórias para contar, mas antes da gente começar, não esqueça de
01:55seguir a gente nas redes sociais, que é arroba match.gastronomico e também se inscreva
02:00no nosso canal do YouTube para não perder nenhum episódio e conteúdo exclusivo.
02:04Falando em redes sociais, Ben, fala aí suas redes sociais para o pessoal poder te seguir
02:09lá, ver, saber as coisas da sua vida, projetos.
02:13Beninovac, arroba Beninovac no Instagram, arroba IC, underline bistrô e arroba Tapo Trattoria
02:25é tudo junto, sem underline.
02:29Você é um postador ou não, Ben?
02:31Eu sou um postador.
02:32Eu sou um postador, nas minhas redes, na minha rede, eu sou um postador de comida e música.
02:40Eu não sou um fissurado por postar a minha profissão somente.
02:44Eu posto aquilo que eu gosto.
02:47Eu uso a minha rede social para postar aquilo que de fato eu curto bastante, que é basicamente
02:52comida e música, não só dos meus restaurantes, né, dos outros e coisas interessantes que
02:57eu vejo por aí.
02:58E música sempre, sempre, sempre.
03:00Que tipo de música você gosta?
03:02Ah, eu sou eclético, mas assim, eu vou dizer que blues é o meu principal, jazz, rock
03:11dos anos 70, rock mais antigo.
03:16E os nossos Johnny Cash aí, os nossos...
03:20Já começou a dar as piadas internas.
03:25Quando a gente morou junto em Londres, o Benny toca violão muito bem, muito bem.
03:33Ele levou o violão dele e aí, assim, a gente não tinha dinheiro, estava frio, tinha nada
03:39para fazer, além de estudar, porque a gente estudou junto lá.
03:42Vocês, só voltando para quem está aí em casa, vocês se conheceram em Londres ou antes
03:47de Londres, decidiram ir juntos?
03:49Como é que foi essa jornada?
03:50A gente se conheceu em Londres, na escola, no Cordon Bleu, a gente se conheceu.
03:54Primeiro dia, acho que o André estava com uma pulseira do Brasil, ou você, ou Danica,
03:58não lembro exatamente qual dos dois.
04:01E eu, uma pulseirinha com uma bandeira do Brasil, não lembro qual dos dois.
04:05E eu falei, porra, brasileiro, brasileiro, e acabou.
04:07Acabou.
04:09Literalmente.
04:09Acabou aí, parou aí, a gente se conheceu aí e estamos aí.
04:13Estamos juntos até agora.
04:14Dois meses depois, a gente estava morando juntos, sem dinheiro, sem ter o que fazer,
04:17o Benny pegava o violão dele e a gente passava a noite inteira cantando músicas do Johnny
04:22Cash e do Willi Nelson.
04:23E tomando café, e não dormindo, por causa do frio.
04:27Café é um bom jeito de falar.
04:29Mas foi bom.
04:30Então, você decidiu, a gastronomia na sua vida aconteceu antes da Cordon Bleu.
04:39Como é que foi para você decidir e falar assim, ah, tá bom.
04:41Chegou a hora de eu ir para fora e estudar e entender um pouquinho desse mundo.
04:46Eu comecei mais velho.
04:48Eu comecei na gastronomia com uns 28 anos.
04:50A gastronomia é profissional.
04:51Quando eu fui para Londres, eu tinha 29 anos.
04:53Eu trabalhei com meu pai.
04:58Na verdade é o seguinte, eu queria ser dentista.
05:00Você jura?
05:01Juro.
05:02Porque meu pai era dentista, foi dentista, mas ele não exerceu a profissão.
05:06E tenho tios e primos dentistas, pessoas que eu gosto bastante.
05:08A família dos dentistas?
05:10E eu queria ser dentista.
05:11Os Novak?
05:12Não, não.
05:13Uma outra parte da família.
05:14Tá.
05:16Só que eu sou muito mal aluno, bicho.
05:18Muito.
05:18Eu jamais entraria numa faculdade de odontologia.
05:22E acabei entrando em administração.
05:25Fui trabalhar com meu pai.
05:26Meu pai tinha um administrador de condomínio.
05:27Trabalhei sete anos com meu pai.
05:29E eu gostava muito...
05:32Eu sempre fui muito bom em comensal, né?
05:33Eu sempre adorei comer.
05:35Eu não sou daqueles que aprenderam a cozinhar com a avó, apesar da avó ter sido uma grande
05:39influência na parte de gastronomia.
05:41Mas não era uma coisa que...
05:42Eu não me interessava.
05:43Eu não ficava lá.
05:44Deixa eu cozinhar.
05:45Deixa eu ver.
05:45Não era nada disso.
05:48E eu comecei a cozinhar por prazer mesmo.
05:52Tô comprando livros ali do...
05:54Eu lembro.
05:54O primeiro livro que eu comprei foi um livro do Sérgio Arno.
05:57Depois um livro do Emanuel Bassolet.
06:01E do Charlot.
06:02Do Emanuel ou do Charlot?
06:03Ou não sei.
06:04Um dos dois.
06:04Charlot, acho.
06:05E eu segui a receita.
06:09Os amigos começaram a gostar.
06:11Ou mentiam que gostavam.
06:13Pra se aproveitar da minha boa vontade.
06:15Pra se aproveitar da minha boa vontade.
06:17Olha, eu sou uma mentirosa, então.
06:20Veni.
06:21Não, sei lá.
06:21Porque assim, eu cozinhava.
06:23A galera, ninguém fazia nada.
06:24Eu cozinhava pra todo mundo.
06:25O pessoal, boa, tá ótimo.
06:26Continua cozinhando pra todo mundo.
06:28Eu acreditei que era verdade aquilo.
06:30E eu falei, porra, de repente, né?
06:33Eu tava muito insatisfeito lá com o meu pai.
06:35Era horrível.
06:36Eu detestava aquilo lá.
06:37Quem é criativo tem, né?
06:39Normalmente, acho que uma dificuldade mais em ter esse trabalho, talvez, mais sério no sentido de seriedade da atmosfera, né?
06:53De você chegar, ter que cumprir uma tarefa sem ter tanta criatividade.
06:57Não, era horrível.
06:58E assim, meu pai, sei lá, eu já tinha 30 anos de escritório.
07:03E eu cheguei lá e por mais que eu não gostasse, eu falei, bom, eu já tô aqui.
07:06Então, sei lá, deixa eu tentar gostar de alguma coisa.
07:10Eu olhava e falava, pô, dá pra mudar isso.
07:12Pai, vamos fazer assim?
07:14Não.
07:15Pai, o que você acha de mudar, trocar esse computador de 1615 pra um atual?
07:20Não.
07:21Eu falei, ah, então tá.
07:22Beleza, então fiquei lá.
07:24Então, beleza.
07:24Fiquei lá ganhando meu salarinho, fazendo nada, né?
07:28Pagando contas, assinando os negócios.
07:31E aí chegou uma hora que eu falei, não dá mais.
07:33Não dá mais.
07:33Aí eu cozinhava, né?
07:34Como eu contei antes, eu cozinhava pros amigos.
07:36E eu falei, pô, acho que eu vou fazer gastronomia.
07:38Quero, o pensamento do jovem, né?
07:43Jovem na época.
07:46Eu gosto de cozinhar.
07:48Eu gosto de tocar.
07:50Eu gosto de beber.
07:51Eu vou ter um bar.
07:53É o grande empreendedor, né?
07:55É um pensamento de empreendedor.
07:56Vamos ganhar dinheiro como, né?
07:57Não sei.
07:58Mas eu vou pensar, eu levo meus amigos pra beber comigo.
08:01Vê eu tocar na minha banda, eu cozinho.
08:03E esse foi um pensamento bem simplório, né?
08:07Na época.
08:08Mas um pensamento que me deu um start, um prazer em falar, porra, talvez seja um negócio aí.
08:14E aí eu resolvi...
08:15Na época eu resolvi ir pra Nova York, mas aí eu conheci a mãe dos meus filhos na época, Natasha.
08:24E ela já tava indo pra Londres fazer um mestrado, ou sei lá o que que ela ia fazer.
08:30Uma pose em jornalismo internacional, alguma coisa assim.
08:34E ela falou, ah, eu já tô matriculada em Londres.
08:37Falei, bom, se a gente tá namorando, então eu esqueço o namorado que eu vou procurar alguma coisa em Londres.
08:43E aí cheguei o Cordon Bleu e falei, bom, vamos embora pra Londres e a gente foi morar junto em Londres.
08:47Quando ela voltou pro Brasil, fui morar com o jovem aqui.
08:50Eu que virei a esposa.
08:53O casamento...
08:54O casamento maluco.
08:57Foi daí que...
08:58Foi depois de Londres que você foi pra Miami, né?
09:00Foi.
09:00Eu voltei pro Brasil, né?
09:02De Londres, voltamos para o Brasil.
09:04Sim.
09:05Estagiei no Cantalupe, que era o chefe...
09:10Era o Douglas Sante, era a consultoria do Lohan.
09:13Lohan me deu um...
09:14O Lohan foi o primeiro cara que me atendeu, assim, na primeira semana liguei pro cara.
09:18O cara me arrumou o primeiro estágio.
09:20Foi incrível, Lohan.
09:23Depois eu fui trabalhar com o Rodrigo Martins, que é num restaurante chamado Brooklyn.
09:28Onde os garçons cantavam.
09:30Não sei se vocês lembram dessa história.
09:32Eu lembro bem.
09:33Era a coisa mais louca.
09:34Era um restaurante que, no meio do serviço, um garçom largava o que ele estava fazendo
09:40e começava a cantar música de West Side Story, por exemplo.
09:43Era meio brother.
09:44Um musical, uma coisa maluca.
09:46Foi a minha primeira experiência paga.
09:47E foi a minha primeira demissão também, que eu briguei com o Pia lá e fui mandado embora.
09:52Você jura?
09:53Aconteceu.
09:54Mas foi corretíssimo a atitude do Rodrigo e do subchefe lá.
10:02Saí daí, fui procurar emprego, bati na porta do Alex, da Tala.
10:07Me recebeu super bem.
10:11Conversou comigo ali no Dom.
10:12Falou, cara, não tenho no Dom, mas eu tenho no Na Mesa.
10:14E aí, trabalhei um ano na mesa e, por motivos de segurança, eu e Natasha, a gente foi assaltado
10:26dentro de um restaurante.
10:28A gente falou, ah, não temos filho ainda, acabamos de voltar da Europa, vamos voltar
10:31para a Europa.
10:33Eu não tinha currículo nenhum.
10:34Ela tinha o currículo dela de comunicação e ela mandou, começou a mandar em Europa e
10:39Estados Unidos.
10:39Estados Unidos, ela foi aceita em Miami e a gente foi, aí a gente foi morar em Miami.
10:45Você acha que trabalhar em Miami, lá no, chama-se Bouchon do Grove, né?
10:50Era em Coconut Grove, era um Bouchon lá.
10:53Você acha que esse momento foi ali o que te virou a chave, assim?
10:58Ali você viu o que era um restaurante de verdade, com a forma que os caras trabalham e poder
11:02ver também o lado, né, não só de cozinha, mas de tocar restaurante, essa parte administrativa
11:11e de gestão.
11:12Você acha que ali que você deu...
11:14O lance no Bouchon foi o seguinte, eu cheguei em Miami e trabalhei num restaurante chamado
11:20Grappa, um italiano que era de uns brasileiros, e eu frequentava o Bouchon para comer.
11:25E aí eu, numa das idas lá, um dos donos, na verdade o dono lá, o principal, Jorge Henrique,
11:34que por acaso está morando no Brasil agora, e eu me reencontrei com ele depois de vinte
11:38e poucos anos, assim, que foi incrível isso.
11:43Ele olhou, me viu uma tatuagem de fogão que eu tenho, ele falou, porra, Brasil, que
11:47essa tatuagem de fogão, por que que não sei o que?
11:49Eu falei, pô, sou cozinheiro.
11:51Aí, na hora, ele já virou, já gritou para o cara na cozinha, para o sócio dele,
11:55o Cristian, subchefe.
12:00Eu falei, putz, só entendi subchefe, né?
12:02Eu falei, mas você nem sabe quem sou eu, você não viu cozinhar, não sabe o seu
12:05querido.
12:05Ele falou, tudo bem, não preciso ver nada, eu estou precisando de subchefe.
12:08E me contratou.
12:09Então eu vim para o Brasil, peguei meu vice, porque eu precisava voltar para pegar o vice
12:13permanência, e fui trabalhar no Bouchon.
12:14É um restaurante minúsculo, minúsculo não, desculpa, o restaurante tem 90, 95 lugares,
12:22é um, é um, quase uma cantina francesa, camisa do Zidane pendurada, camisa do jogador
12:27francês, é um, e bistrozão, e a cozinha desse tamanho, assim, minúscula.
12:33E eu ia lá e falava, porra, que delícia, que aqui adoro, mas, meu, deve ser uma loucura
12:38trabalhar nesse lugar.
12:39E quando o cara falou, vem trabalhar comigo, eu falei, não, não, não, não, puta medo,
12:46né?
12:47E aí, beleza, aceitei e comecei a trabalhar lá.
12:52Foi sim, respondendo a sua pergunta depois dessa breve e longa introdução, foi, foi
12:59o lugar onde eu aprendi tudo, porque a gente tinha dois chefes incríveis lá trabalhando,
13:04o Cristian que ficava na cozinha, o Jorge Henrique no salão, tudo de escola de Lyon,
13:09da região, e o cara não tinha tempo nenhum pra falar comigo, ele me deu uma caderneta,
13:17uma caneta, falou, vem atrás de mim, eu vou fazendo, você vai anotando.
13:21Caderneta continua aí, e tudo que eu aprendi em relação à logística de cozinha pequena,
13:26apertada, restaurante lotado, gestão, porque eu fazia todos os pedidos, porque eu entrei
13:33como subchefe, ele ficou um mês na França, eu assumi um mês aquilo lá como chefia, não
13:38me pergunta como, e deu certo.
13:41E é um ponto muito, é um ponto muito interessante, né?
13:45Porque quando a gente fala das principais cidades da gastronomia, Miami não entra, e você ter
13:51Miami como a grande escola, já tendo passado por Londres e outros lugares, é muito curioso,
13:59né, é porque era muito, o buchon ele é muito original, ele é um restaurante de Lyon
14:05montado em Miami, um buchonzinho, que é um, buchon é um tipo de bistrô, né, eles
14:14têm denominações ali, a gente aqui, ou fora da França, usa bistrô pra qualquer coisa
14:18também.
14:19Sim, é francês é bistrô.
14:20É, então assim, mas bistrô é bistrô, buchon é buchon, assim, então, buchon seria
14:25menorzinho, com vinho da casa, então, mas são denominações diferentes.
14:31Então era muito original, então era como se eu estivesse trabalhando na França, só
14:37que num ambiente instalado em Miami.
14:40Então, pra mim, foi um aprendizado de culinária, de técnica clássica francesa e serviço super
14:51busy, super cheião, né, sei lá como eu falo em português.
14:58Sim, sim, mas lotado, né?
15:00Sim, lotada.
15:03Foi lá, foi com eles.
15:05Eu acho que isso é a prova máxima de que, falando de Miami, né, como não sendo uma
15:10cidade considerada uma cidade gastronômica, mas eu acho que essa é a prova máxima que
15:14a nossa profissão, né, a história da gastronomia sempre foi e sempre é e sempre vai ser baseada
15:22em pessoas, é isso.
15:24É uma, eu tenho pouco medo da inteligência artificial em relação à nossa profissão
15:30por causa disso.
15:31Então, assim, você pode pegar, se você pegar dois caras muito, muito bons de Lyon
15:36e colocar em qualquer cidade do mundo, esse restaurante vai ser muito, muito bom.
15:41A nossa profissão é baseada nas pessoas, né?
15:44Exatamente, é isso.
15:45É uma experiência 100% francesa, um chefe incrível no salão, um chefe incrível na
15:51cozinha, os dois cozinhavam, só que o do salão não queria mais entrar na cozinha.
15:57Então, a experiência foi incrível pra mim, profissionalmente foi o melhor lugar, assim,
16:00que eu, o melhor aprendizado.
16:02Você voltou de Miami, veio pro Brasil e resolveu empreender abrindo o ICI, né, bistrô.
16:08Isso, é isso daí.
16:09E tinha essa culinária, já que você aprendeu em Miami, né, não deve ser à toa que era
16:15uma culinária francesa.
16:17Faz sentido ou não?
16:17Não, 100%.
16:18Eu voltei, eu saí de Miami, eu não queria sair de Miami.
16:21Tá bom.
16:21Mais uma vez fui movido pelo trabalho da Natasha, né, que foi chamada pra voltar pra São Paulo
16:28pra trabalhar na Folha.
16:29Eu saí de Miami com a ideia, eu falei, o Renato Hades, que é meu sócio desde a montagem
16:40do ICI, desde 2002, ele me mandou uma mensagem lá falando, pô, fiquei sabendo que você é
16:46cozinheiro, você quer montar um negócio.
16:49Falei, não pretendo voltar.
16:50Deu três meses, já pretendia voltar.
16:52Mandei pra ele e quando voltei pro Brasil já vim com a ideia.
16:55Eu vou montar um buchon aqui em São Paulo.
16:58Eu vim com a ideia de trazer o conceito do buchon de Miami pra São Paulo.
17:04Esse é o meu prazer hoje na culinária, é ter um bistrô de bairro, cozinha clássica
17:10francesa, técnicas clássicas francesas, que foi a nossa escola.
17:15E montei isso.
17:16Vim com essa ideia e conceito pronto do lugar que eu trabalhei.
17:21Eu me lembro o dia da inauguração do primeiro ICI.
17:24Eu tava lá e era exatamente isso.
17:27Microscópico, super de bairro, num lugar, imagina, na frente do cemitério, né?
17:34Que era da construção e era um lugar que...
17:37E hoje voltou para lá, né?
17:39Depois de 19 anos na Rua Pará, levantaram um prédio, como tudo que acontece aqui em São
17:44Paulo, e a gente voltou pra Rua Mato Grosso, no espaço maior, no mesmo lugar.
17:48E era isso.
17:49E era, assim, eu imagino, eu nunca fui no buchon, mas eu imagino que tinha essa alma desse micro
17:56restaurante e tal.
17:57E acabou que virou, assim, a gente não tem como andar em volta dessa história, que
18:01virou um ícone da cidade, mesmo com todas essas dificuldades, e muito rápido.
18:08Essa pergunta é horrível, assim.
18:12Se eu não quisesse pra mim, eu não ia saber responder.
18:15Você tem ideia do segredo?
18:16Tem um segredo desse sucesso?
18:18Por que que virou um sucesso tão rápido?
18:21E, obviamente, como que você fez pra manter esse sucesso gigantesco até hoje?
18:26Veja bem, vamos lá.
18:31Segredo, o segredo de sucesso pra restaurante, se a gente tiver que escrever uma cartilha,
18:40eu diria que tem que ser atendimento, né?
18:45Generoso, acolhedor e padrão.
18:49Padrão de comida, padrão de serviço, padrão...
18:51Você acha o padrão mais importante do que a comida, ou a comida mais importante que
18:55o padrão?
18:55O padrão da comida, ou seja, padrão...
18:58Os dois.
18:59Os dois.
19:00Mas vamos lá, o sucesso, cara, André, como é que foi tão rápido?
19:05Eu acho que a gente trouxe pra São Paulo, o que que a gente tinha em São Paulo?
19:09Ótimos restaurantes franceses, né?
19:12Antigos.
19:13La Casserroli.
19:14La Casserroli, Marcel.
19:17Chef Rouge.
19:18Chef Rouge, acho que já tinha, mas era...
19:21Se o Chef Rouge já existia, ele era recente.
19:23Mas tô falando, a gente tinha aqueles serviços mais antiquados, as caras que eram ótimos.
19:28Que era mais largo da batata, que era uma coisa mais do centro.
19:31E a gente trouxe um bistrozinho mais moderno, focado em Estados Unidos, uma coisa mais jovial,
19:41uma maneira de servir mais jovem, mais contemporânea, assim.
19:45E cardápio simples, cara.
19:50Eu acho que foi isso.
19:51A gente trouxe um conceito novo pra uma culinária antiga, em São Paulo.
19:56Acabou levando, acho que pelo local também, atrás do cemitério ali, na frente do cemitério,
20:02sei lá como, e uma rua onde não tinha nada, tinha um tráficozinho pequeno e umas...
20:09É, tinha um mini...
20:10Aquele tráfico pontual, umas senhoras da vida ali, que ficavam lá.
20:17Acho que acabou gerando uma curiosidade.
20:19A galera começou aí, viu que a comida era boa e simples, preço bacana.
20:24E a gente foi embora.
20:25E como manter isso?
20:26É isso, é padrão, cara.
20:28Se você comer um filé poivre em 2002, você tem que comer o mesmo filé poivre hoje lá, cara.
20:33O molho tem que ser igual, porque é isso que faz você voltar.
20:35Se eu gostei do filé poivre ontem, hoje eu quero comer igual, não quero comer um outro estilo.
20:41O cozinheiro mudou, então muda o molho.
20:44Não.
20:45Padrão, padrão de serviço, padrão de atendimento, padrão de receita, de receituário.
20:52Tentar fidelizar ao máximo a tua clientela e fidelizar a tua equipe, porque isso te traz padrão.
20:57Eu ia tocar nesse assunto agora, que o padrão dele, quando ele falou, se um cozinheiro sai,
21:02o poivre tem que estar exatamente igual se outro cozinheiro entra.
21:07Acontece que no ICI, para a gente que se conhece há muito tempo, a gente sabe que nenhum cozinheiro vai embora.
21:13E eles estão os mesmos caras desde sempre.
21:16Realmente, a gente teve um giro muito pequeno.
21:20O meu chefe hoje, que é o Coquinho Hernandes, ele está comigo desde a pia.
21:25Ele está há 23 anos comigo.
21:27O subchefe, que é o irmão dele, está comigo há 21 anos.
21:31E eu tenho funcionário do dia da abertura até hoje, está lá comigo, no salão também.
21:36A gente vê uma grande dificuldade hoje, para quem trabalha com gastronomia, de segurar os colaboradores.
21:42O que você acha que você fez ou faz, que faz com que o seu colaborador fique mais de 20 anos com você?
21:48Eu sou, a gente, eu e o Renato, a nossa política ali dentro sempre foi eles em primeiro lugar.
21:55Parece uma bobagem, mas é isso.
21:59Eles em primeiro lugar.
22:00Então, assim, isso é um mérito do Renato, porque ele que cuida dessa parte.
22:07Eles nunca ficaram sem receber.
22:10A gente nunca pegou caixinha deles.
22:13A gente nunca deixou de dar caixinha para eles.
22:15Eles receberam o que a gente promete, a gente cumpre.
22:20Eu acho que isso traz uma energia e uma responsabilidade muito grande, essa troca de responsabilidades.
22:29A nossa parte, a gente faz.
22:31Se eu falei para você que vai acontecer isso, isso e isso, é isso que vai acontecer.
22:36Eu não vou te prometer te pagar 100 mil reais, se eu posso te pagar 5.
22:42Eu vou te falar, eu posso te pagar 5.
22:43E vai receber o 5.
22:45Mais ou menos isso.
22:46Esse é só um exemplo dessa troca que você tem que ter com a tua família ali.
22:51A gente passa 15 horas, 20 horas do dia ali com a galera, né, cara?
22:56Não tem como ser diferente.
22:57O papo está muito bom.
22:59Eu vou ajudá-los a servir.
23:01Ó, o que temos aqui, Beni?
23:03Ah, eu trouxe...
23:03Esse...
23:05Eu trouxe do ICI.
23:06A grávida tá chateado.
23:08Apesar de ter o taco também na parada, eu trouxe só do ICI.
23:11Eu trouxe o steak tartar, que é um clássico nosso.
23:14É...
23:15Que a grávida não pode comer.
23:16Não deve comer.
23:18Não pode, né?
23:19Isso é médica a ver.
23:20E eu trouxe um...
23:21Aproveitando um friozinho que tá por aí, eu trouxe um caçulê com confio de pato.
23:25Eu vou trazer os dois pratos mais pra cá, pra gente poder experimentar juntos.
23:29Mas enquanto isso, antes da gente terminar, né, você citou o tapo.
23:35Quando que veio o tapo?
23:36Por que que você resolveu mudar, então, a culinária?
23:40O tapo veio...
23:41O tapo veio por um acaso.
23:43A gente tem um cliente chamado André Almada, que é um dos reis da noite aí de São Paulo.
23:51E ele pegou o ponto onde eram na mesa do Alex Atala, ali na Consolação, e montou um lugar chamado Mercadinho.
23:59Isso em 2005, 2006, por aí.
24:02Ele montou esse mercadinho e viu que ele é dono da...
24:10Eu não sei se existe mais, mas foi dono da The Week, foi dono da...
24:14Acho que ainda existe, não sei.
24:17Eu não sei se ele ainda é dono disso.
24:19E ele falou, chegou pra gente e falou, cara, vocês não querem pegar o ponto desse mercadinho aqui?
24:23Porque eu montei um negócio que não tem nada a ver comigo.
24:26Minúsculo, pequeno, né?
24:29E eu olhei pro Renato e falei, eu acho que a gente pode pegar.
24:31Foi onde eu trabalhei.
24:32Na mesa tem um lado emotivo aí, emocional.
24:40E a gente pegou.
24:41Quando a gente pegou, a gente olhou um pro outro e falou, beleza, e agora?
24:45Pegamos pra quê?
24:45Vamos fazer um IC Express?
24:47Vamos fazer o quê?
24:48Aí eu falei, porra, eu adoro italiano.
24:50E você?
24:50Ele falou, eu adoro também italiano.
24:51Então eu falei, tá bom, então vamos fazer um italiano.
24:53E você se sentia super à vontade em fazer uma outra culinária?
24:56Sem dúvida.
24:57Culinária.
24:58Não é porque no Cordon Bleu a gente tem...
24:59Ah, sim, é 90% francês.
25:02Mas você tem técnicas de tudo ali.
25:04E a nossa referência italiana era muito grande.
25:07O Renato é filho de italiana.
25:09E referência de gastronômica, de comer por aí afora e batalhar.
25:15Então foi um sucesso ali.
25:17A abertura foi um sucesso.
25:19André Mifano foi nosso primeiro chefe ali.
25:22Depois saiu pra abrir o Vito.
25:27E foi um sucesso na Consolação.
25:29A gente ficou aberto na Consolação durante 14 anos.
25:33A pandemia chegou.
25:34A gente fechou.
25:35É muito pequeno.
25:35Não tinha como regras de distanciamento.
25:38Não tinha como ficar lá.
25:39A gente passou o ponto.
25:42E esperou a hora certa pra reabrir o TAPO.
25:46E a gente reabriu agora, há um ano e meio, ali em Genópolis, na Rua Alagoas, em frente
25:52à Praça Buenos Aires, embaixo do edifício icônico do bairro, que é o Edifício Paquita.
25:57Sim.
25:58E tá incrível.
25:58Deixa eu te perguntar, mudar um pouco de assunto.
26:04Em 2012, foi quando você virou sócio da Companhia Tradicional, correto?
26:09Isso.
26:09E aí abriu uma marca nova, que é o Eci Brasseri.
26:13Isso foi uma outra chave que eu imagino que deve ter virado?
26:18Porque eu entendo a diferença de você ter o seu restaurante e, de repente, você entrar
26:21num grupo enorme, já de muito sucesso, que tem um monte de protocolos, um monte de
26:28de formas diferentes de trabalhar.
26:33Isso pra você foi um choque ou, na verdade, foi um aprendizado?
26:36Pra você entender como que você faz pra escalar os restaurantes e aprender a fazer
26:41coisas maiores e entender como são essas logísticas, assim.
26:46E a segunda parte da pergunta é, te ajudou depois no TAPO e no Eci?
26:53Ou são duas coisas completamente diferentes?
26:55Não.
26:55Não.
26:56Ajudou, sem dúvida.
26:57Começando pelo final, ajudou muito.
27:00Voltando pro começo, sem dúvida, pra gente, assim, ser chamado pela Companhia Tradicional,
27:06eu era cliente da Companhia, conhecia os donos.
27:10Ser chamado pela Companhia pra conversar já foi uma honra enorme ter um grupo desse tamanho,
27:18desse profissionalismo gigantesco, aí chamar a gente pra uma conversa, saber se a gente tem
27:23interesse em montar alguma coisa junto, já foi incrível.
27:27Decidimos, por levar a marca em si, montar uma brasserie, que é um pouco maior, né, pra
27:34shoppings, que o espaço é maior que o bistrô.
27:37E foi, sem dúvida nenhuma, foi um aprendizado, é um aprendizado, trabalhar ao lado de seis sócios
27:48incríveis ali, cada um cuidando da sua área, cada um e eu meio perdidão ali no meio,
27:56ouvindo e tentando pegar, tentando aprender o máximo que eu pude com eles ali.
28:00É incrível, muito bacana.
28:03Bom, você me perguntou se foi um aprendizado, né, se mudou alguma coisa, se ajudou no ensino,
28:10no tapo.
28:11Eu tenho que falar pra você que ajudou muito, assim, na minha, na importância de pensar
28:18na experiência global do cliente, pensar que restaurante não é só qualidade de comida,
28:25é custo, despesa, aprender a trabalhar em grupo, aprender a ouvir, porque assim, eu
28:34sozinho lá, eu falo, eu quero isso, e isso acontece.
28:38Eu, num grupo gigantesco desse, eu quero isso, tem umas cinco, seis pessoas pra debater
28:43comigo o porquê disso.
28:44Sabemos bem.
28:45Então, tá sabendo, né?
28:47Sabemos bem.
28:47Tá sabendo bem, né, da situação.
28:49Então, assim, eu aprendi muito, o meu aprendizado na companhia foi, primeiro, é ouvir, né,
28:56que os caras têm um know-how absurdo.
28:58Segundo, é trabalhar, trabalhar em grupo com eles e ouvir não, que é uma coisa muito
29:04difícil pro chefe de cozinha.
29:06É ouvir não, não vai rolar, isso não cabe aqui.
29:09Entre as outras coisas que eu falei, eu acho que é, foi, foi, é muito importante trabalhar
29:16com eles.
29:16Ajudou demais no TAPO e em si, sem dúvida nenhuma.
29:19Eu acho que a visão, ela fica mais 360, né, Beni?
29:23100%.
29:23É um business, né, cara?
29:24Não é só uma poesia.
29:26É isso.
29:26Não é...
29:27Que esse, essa é a maior dificuldade na gastronomia, é você colocar poesia dentro
29:32do business e dar certo.
29:34Principalmente pra um chefe de cozinha, principalmente pra um cozinheiro.
29:37O empreendedor, o investidor, ele não vai olhar a poesia somente, né?
29:43Ele vai olhar os números e a última linha ali, que é um business, a coisa tem que dar
29:48certo, cara.
29:49Não adianta você querer servir foie gras e vender a preço de banana, porque não vai
29:53rolar o negócio.
29:54É, o investidor, ele tem esse mindset, ele já entra com esse mindset de business,
29:58de negócios.
29:59Como é que eu vou fazer pra esse, pra ganhar dinheiro nesse, já pensando em escalar pro
30:03próximo, próximo.
30:04E a gente, como cozinheiro, o cara, assim, meu, a gente frita ovo pra viver.
30:09Então, o nosso negócio é assim, é focado na comida, isso aqui tem que ser legal.
30:13Ah, meu, essa carne não tá boa?
30:15Eu quero uma com 10 vezes a qualidade.
30:17Ah, mas aí o CMV vai ficar alto.
30:20O CM quem?
30:21Não, não, não, não, não, não, não.
30:22Eu quero que esse negócio...
30:23Eu acho que é isso mesmo.
30:25Essa, essa...
30:26A gente poder ter alguém pra falar pra gente e ensinar pra gente que isso é um business,
30:33quantos anos que a gente tá nessa?
30:3420, 30 anos tentando aprender.
30:3725, 26 anos.
30:39Pois é.
30:40Esse é o...
30:41Esse é o...
30:42Eu ainda tô aprendendo, mas...
30:44E eu tenho sorte, porque no ICI, no Bistrô e no Tapo, eu tenho o Renato, que é um amante
30:50da gastronomia e entende esse lado mais...
30:53Criativo.
30:53Poesia, sim.
30:55Então, a gente até, sei lá, a gente abre mão de ganhar em algum prato pra poder
31:03ter ele no cardápio pela poesia do negócio.
31:07Sim.
31:08Então...
31:08Tem os dois lados, né, Beni?
31:11É.
31:12Ó, chegou aquele momento que é o retrato do convidado que a gente vai conhecer um pouquinho
31:15melhor o Beni.
31:16Então, roda a vinheta.
31:19Retrato do chefe.
31:21Beni, qual foi a melhor experiência gastronômica da sua vida?
31:27Puts, uma?
31:28É, aqui, tipo assim, te lembra.
31:30Só uma?
31:31É.
31:31Opa!
31:32Nossa, mas tem tanta, bicho.
31:35Pô, uma só?
31:39É...
31:39Ele é geminiano.
31:41Não, eu sou a Ariana.
31:43E eu não entendo nada disso.
31:45Eu também não.
31:47Geminiano, ele nunca gosta de escolher.
31:49Ele tá puto, quer um.
31:50Eu tô pensando aqui, porque eu tive Thomas Keller, eu tive Daniel Bolu, Echebari, tive
31:59esses, né, os clássicos.
32:05Um.
32:06Tem um negócio, pode ser um prato que se lembra.
32:08Até porque a gente vê muito, na grande maioria das respostas, que não é só sobre a comida,
32:13é muito mais sobre o momento.
32:14Então, às vezes, vai ter um que puxa mais o coração.
32:17Ah, então, se eu for falar por um momento, eu vou falar das viagens pra Itália que eu
32:21fiz com os meus amigos aí.
32:23Pô, tem a Osteria da Gema, cara, que é a coisa mais simples, a comida mais do Piemonte ali, comida clássica e bem executada e muito simples e barata.
32:36Se eu tiver que escolher uma, eu diria que foi... é muito difícil, hein? Eu tenho várias, mas é a Osteria da Gema.
32:43O que você comeu lá?
32:46Putz, eu comi carne cruda, comi vitelo tonato, comi o tajarim com ragu bolognese.
32:57E sempre enrola, a gente enrola, enrola, enrola, e a resposta é sempre um negócio mais simples que a gente já comeu.
33:03Porque, assim, se a experiência tem que ser essa, você tem que escolher um, e a experiência tem que ser aquela que te toca a alma, bicho, eu acho que é isso.
33:11Não tem... eu não teria outra.
33:14Teria outra na Itália também, nesse segmento aí, que é o Bardom também, que fica lá.
33:19Tudo graças ao Deco, Deco Lima.
33:24Outra boa.
33:26Quem é o profissional, o cozinheiro, a personalidade de gastronomia que mais te inspirou?
33:34Pra você ser quem você é como cozinheiro.
33:36Se eu tiver que escolher um só, eu diria que foi o Christian Ville, que é o meu chefe de Miami.
33:46Mas eu tenho outras inspirações de chefes renomados aí, famosos, Marco Pierre White, Nicola Dennis,
33:56Raymond Blanc, Pierre Kaufman.
33:59Clássicos, os Irmãos Roux, são, assim, cozinha clássica, francesa, cozinha clássica italiana.
34:09Ponto.
34:10Se você não fosse chefe, eu imagino já a resposta, o que você teria escolhido ser?
34:16Eu teria escolhido ser músico.
34:18Ah, eu achei que era dentista.
34:19Não, dentista...
34:20Ele já percebeu que não ia rolar, né?
34:22É, dentista.
34:23Dentista seria o meu ganha-pão, mas se eu tivesse que escolher alguma coisa, eu teria sido músico.
34:28Sempre nesse lado artístico.
34:30É, sempre.
34:31Sempre.
34:32Eu estou adorando estar desse lado.
34:34É diferente, né?
34:35É muito bom.
34:36É muito bom estar desse lado, porque eu posso fazer as perguntas que eu nunca consegui responder.
34:40Qual é o ingrediente que não pode faltar na sua cozinha?
34:45Paixão.
34:48A infecção é demais, né?
34:52O ingrediente que não pode faltar na minha cozinha é sal, bicho.
34:55Sal não pode faltar, não tem como.
34:58Se bem que você pode substituir por outras coisas, né?
35:00Uma chovinha, um namplá, mas sal não dá pra faltar.
35:06Se fosse a sua última refeição do mundo, qual seria?
35:09Vai acabar o mundo, você vai escolher um lugar pra comer.
35:13Ah, no caso da minha avó, bolinho de frango, salada de tomate, batata frita e arroz.
35:19Melhor resposta.
35:20Delícia, hein?
35:22Sem dúvida, sim.
35:23Mas sem dúvida, talvez com o bife da minha mãe também, vai.
35:28Sua mãe.
35:31Qual o seu guilty pleasure?
35:34Aí não dá pra ter um.
35:35Eu sou o rei do guilty pleasure.
35:38Eu sou puta.
35:39Eu posso falar uns 60 guilty pleasure.
35:41Bom, eu posso falar desde...
35:45Começa por...
35:46Esquibon, batom.
35:48Ah, vai, jura?
35:50Porra, eu juro, meu.
35:51Eu posso...
35:52Super guilty pleasure.
35:54O esquibon...
35:55E eu gosto do esquibon grande.
35:57Gosto também do mini lá.
35:58O esquibon eu sabia, mas o batom aí...
36:01Batom, batom é incrível, é uma delícia.
36:03Nossa, cara, posso falar mais uns 600 aí.
36:08Sei lá, um monte de trash coisa aí.
36:11Arroz e show.
36:13Arroz e show e queijo ralado.
36:14Oi?
36:16Essa você sabia também?
36:17Essa eu sabia bem.
36:18Arroz, show e queijo ralado.
36:20Isso é um guilty pleasure incrível, meu.
36:22E o que tiver de mistura, né?
36:24Se tiver um franguinho, vai franguinho.
36:26Se tiver uma carne moída, vai junto.
36:27Se tiver nada, vai nada.
36:29É isso.
36:30Ovo.
36:30Chegamos na parte especialíssima do programa
36:34Onde os Chefes Comem, com o Beni.
36:38Onde os Chefes Comem.
36:42Ó, isso aqui só vale nome de restaurante, tá?
36:46Eu não posso falar a casa da minha mãe.
36:48Não, só vale nome de restaurante.
36:50Melhor italiano.
36:53Tirando os meus.
36:56Tapo e braço tratoria.
36:59Temos o Dona.
37:00Toma aqui, né?
37:04Fazendo jogo.
37:05Não, não.
37:06Mas olha só.
37:06Não, melhor italiano.
37:07Agora, vamos lá.
37:08Eu vou falar dois italianos que eu tenho amado.
37:13Bom, um eu amo há 45 anos da minha infância,
37:17que é o Jardim de Nápoles, que é do lado de casa.
37:19Ganha muito.
37:20Pra comer simples, pra comer...
37:21Eu adoro o parmegiana deles, mais do que o polpetone,
37:26que é o clássico dele.
37:27E o fuzile, molho de tomate.
37:29Nossa.
37:30E tem um outro lugar que eu tenho adorado ir,
37:32que é ganhar uma família nova,
37:34que é a cozinha dos Ferrari, na Moca.
37:37É um italiano bem legal.
37:39Eu não conheço.
37:40Divertidíssimo.
37:42A Nona, incrível.
37:45O Mauro, que cozinha.
37:46O pessoal muito legal.
37:47A Maíra, incrível.
37:49Ó, mais um pra nossa lista.
37:51Já anota.
37:52A melhor pizza.
37:57Ser sócio de uma...
37:59De uma multimarcas dá nisso, né?
38:02Tem a melhor pizza.
38:04Brás.
38:05Brás, tratoria.
38:07Bass.
38:08Vamos falar de outras.
38:09Eu gosto da pizza da Moca.
38:14Eu gosto da...
38:16Uma pizza mais...
38:17Classicona.
38:20Eu, apesar de ser uma massa muito fina,
38:23camelo, eu...
38:25É um guilty...
38:26O bom e velho camelo.
38:28O bom e velho camelo.
38:28É, mas é muito gostosa.
38:30Gosto.
38:30É uma pizza que dá pra comer inteira.
38:33E juntar com estrogonofe.
38:35Nossa, estrogonofe e camelo também é bom.
38:37Muito bom.
38:39E tem um parmegiana ótimo lá também.
38:42Olha, eu sou viciada em parmegiana.
38:44Não comi nem no Jardim de Nápoles,
38:46nem no camelo.
38:47Vou experimentar.
38:48E tem uma pizza muito boa também no...
38:51A de Bari, no Ipiranga, que é muito legal.
38:55Melhor hambúrguer.
38:58Melhor hambúrguer.
39:00Vamos lá.
39:01Melhor hambúrguer.
39:02Eu tenho...
39:03Esse é um outro guilty pleasure meu aí.
39:06Tem Rob Lanches, que é...
39:07Total.
39:08Que é...
39:09Quer você saber a resposta?
39:10Não, que é assim.
39:11É aquele hambúrguer que eu comia quando era moleque, né?
39:14Que é o melhor de São Paulo.
39:15I don't know.
39:16I have no idea.
39:18Mas é...
39:18Desculpa pelo inglês.
39:19Vamos voltar aí, né?
39:20Clássico.
39:20É o seu.
39:21Clássico.
39:22Mas é um classicão.
39:23É um classicão meu.
39:25O Rob, pra mim, é incrível.
39:27E temos o...
39:29Ritz e Zedeli.
39:30Tem dois...
39:30Os caras têm um hambúrguer...
39:32Zedeli é tipo...
39:34É.
39:34É.
39:35Um sim ou não aqui?
39:36É tipo...
39:36É, um sim ou não?
39:37É.
39:39Melhor árabe.
39:42Melhor árabe.
39:46É...
39:46Tenho dois pra falar.
39:48Tem da do Nilo.
39:49E eu tenho gostado muito do...
39:52Não é um árabe, a cozinha do Oriente Médio.
39:54E é o chuk, que é um...
39:56Não conheço.
39:57O chuk é muito legal.
39:58Muito bacana.
39:59Muito gostoso, moderno.
40:00Tem um agora...
40:02Tem dois, né?
40:02Tem um em Pinheiros, Baixo Pinheiros.
40:05E tem na...
40:06Na Vila Madalera, o chuk Esfiras.
40:09É...
40:10Bem legal.
40:11Muito gostoso.
40:12Mais um pra lista.
40:13Mais um.
40:13Até hoje tá bom, né?
40:15Melhor japonês.
40:16Melhor japonês.
40:22Nunca tem um só, né?
40:23Mas assim...
40:24Eu gosto muito do Tanuki.
40:27Gosto...
40:27Também já, sim.
40:28Agora...
40:28Vamos botar um...
40:31Levar um...
40:33Um degrauzinho acima, assim.
40:35Você tem...
40:36Você tem o Kansushi, que eu adoro.
40:39Você tem o Shinzushi, que é incrível.
40:42Quem isso tem muito pra gente?
40:43Você tem o...
40:44Porra, de Omakase.
40:45Você tem o...
40:46O...
40:47Canoe do Tadashi, que é absurdo.
40:52Gostei muito do Goya também, quando fui.
40:55É...
40:55Muito legal.
40:56E o da...
40:57Do lado de casa, que eu vou sempre, que é o Sushi Papaya, cara.
40:59Que...
41:00Incrível, ali na Praça Vila Boim.
41:02Bairro.
41:03Saiu com...
41:04Acho que o Facundo falou.
41:05É...
41:06Se não me engano.
41:06É, falou, falou.
41:07Eu vi que o Facundo comentou também, junto com o Tapo.
41:11Falou do Sushi Papaya.
41:12É o bairro, né?
41:13A gente mora ali.
41:14Bairristas.
41:16A melhor comida brasileira, na sua opinião?
41:20Tordesilhas.
41:21Um.
41:22Jiquitaia.
41:24É isso.
41:25Melhor sobremesa.
41:29A minha rabanada.
41:32Pronto?
41:32Eu não sou o cara de sobremesas, assim.
41:34Mas eu sou a pessoa da rabanada.
41:36Putz, eu amo.
41:36Mas a minha rabanada, realmente, modéstia à parte, é muito boa.
41:40E outra, cara, duas minhas, sei lá, o pessoal vai achar que...
41:44Mas eu sou muito difícil de comer sobremesa em restaurante.
41:47Mas a minha rabanada e a panna cotta do Tapo são...
41:49Rabanada do Sushi e panna cotta do Tapo são incríveis.
41:53Mas eu poderia dizer, uma última sobremesa que eu comi, a merengada lá do Zedeli, que eu comi, eu adorei.
41:59Simples, muito simples e estava muito gostosa.
42:04A sua comida favorita, onde?
42:07Onde?
42:08E o quê?
42:10Tom Roy.
42:12Sem...
42:13Olha quem falou do Tom Roy.
42:14Eu dei a mesma resposta.
42:16Eu frequento o Tom Roy há 30 anos, sei lá, 25, 30 anos.
42:21Eu vou, no mínimo, duas vezes por mês eu estou no Tom Roy.
42:26E você pede o quê?
42:27Eu...
42:28Macarrão, tem um macarrãozinho.
42:31Quer falar?
42:32Não.
42:33O André gosta tanto do Tom Roy que ele está...
42:35Não é.
42:36Posso contar uma história rápida?
42:38Depois que eu vim aqui e falei do Tom Roy, no mês...
42:41Na semana seguinte eu fui lá e eu falei da costelinha agridosa, doce e azeda, que é o meu prato favorito, que eu como há, tipo, 30 anos.
42:49E eu tomei uma baita bronca lá.
42:52Porque depois que a gente falou aqui, na semana eles venderam literalmente o dobro e eles não estavam preparados para isso.
43:01Então eu estava aqui, na verdade eu estava sorrindo esperando para ver o que é que vai vender o dobro lá para ligar para avisar dessa vez.
43:08Então, ó, Tommy, Johnny, James e Teresia, preste atenção.
43:13Se prepare, hein?
43:14O que eu como lá, a costelinha que o André falou, só que eu como ela sem o molho agridoce, eu como ela sem molho.
43:22E o macarrão com missô, carne moída e pepino.
43:30Eu posso falar uns 10 pratos que eu como lá, que eu adoro.
43:33Tem o famoso 110, que é o cotier, que é um guioz ali na chapa, que eles fecham na hora, que é incrível, tanto suíno quanto bovino.
43:43E eu posso ficar aqui, a gente pode passar uma meia hora falando do Tom Roy, que para mim é o restaurante de São Paulo.
43:50Eu vou lá no sábado.
43:52A gente pode ir.
43:53Vamos?
43:54Aí, ó, mais um encontro.
43:55Nossa, duvido que vai dar certo, mas vamos.
43:57Eu também duvido, vamos testar.
43:58Não, não, não, vamos nessa.
44:01Mas é isso mesmo, Tom Roy para mim é o meu restaurante preferido de São Paulo.
44:08Tem alguma coisa nesse mundo que você não come de jeito nenhum?
44:11Tem.
44:12Buchada.
44:14Eu não sou o rei dos miúdos, assim, eu não sou um grande apreciador de miúdos, como pouco.
44:19Mas não consigo.
44:22Uma vez, o Jacquin me chamou para comer...
44:25É super francês, né?
44:27Ele me convidou para comer andouillette, que é a que eu não consegui.
44:34Eu tive que tacar muita mostarda para comer andouillette.
44:37Você fingiu que você comeu ou você falou, puta, não vai?
44:39Eu fingi, fingi, fingi que comi.
44:40Eu, o Renato e o Jacquin na mesa lá, quando ele teve a Brasserie ali em Genópolis.
44:44Então, eu não sou muito dos miúdos, assim, não sou...
44:49Experimento.
44:50Não tem nada que eu falo, não, de jeito nenhum.
44:53Mas matar um pratão de buchada, você não vai me ver fazendo isso.
44:57Vou sair com fome.
44:59E vai no Tom Roy depois, no Tapa ou no em si.
45:02Fode.
45:02Agora, chegamos no momento panela de pressão.
45:10Panela de pressão.
45:14Se você pudesse dar uma dica única de ouro para quem quer investir no setor gastronômico hoje, qual seria?
45:22Escolha bem seus sócios.
45:25Escolha bem seus sócios, sem dúvida nenhuma.
45:27Tenha afinidade com seus sócios, assim, de...
45:31Coloque tudo aqui...
45:33Eu estou pensando em mim como cozinheiro, né?
45:34Vamos lá.
45:35Estou pensando em alguém, cozinheiro, escolhendo...
45:38Coloque muito bem, abertamente, os seus pontos em relação à tua culinária, o que você quer que seja o teu negócio.
45:48E...
45:48Muita coragem.
45:50E determinação.
45:52Que é uma profissão desgastante.
45:54Não tem descanso.
45:57Você não fecha a porta sexta-feira e volta segunda.
46:01Você não fecha a porta no ano novo.
46:03Talvez no ano novo, sim, mas...
46:04Feriados.
46:05Cabos.
46:06Não.
46:07Então, assim, coragem, determinação.
46:10Muita disposição.
46:11E escolha bem seus sócios.
46:13Escolha bem quem vai estar com você nessa jornada aí, que é longa.
46:18É isso mesmo.
46:19Bom, na sua opinião, qual que é o maior gargalo na gestão de restaurante hoje em dia no Brasil?
46:30Bom, isso pode ser no Brasil, assim.
46:31Ou em São Paulo.
46:32Eu acho que talvez em São Paulo seja até mais característico, porque São Paulo é um lugar muito diferente.
46:39E é o lugar que a gente conhece, assim.
46:42Qual que você acha que é esse gargalo?
46:43Qual é o maior problema do restaurante hoje em dia?
46:45Hoje em dia, pra mim, tá sendo pessoa.
46:50Contratação.
46:51Que é a alma do negócio, né?
46:52A gente tá muito difícil, staff, pessoal.
46:58Muito complicado.
47:00Eu acho que a pandemia deu uma reduzida.
47:04A gente tinha muitos funcionários que viviam aqui, que eram do Nordeste ou do Sul, que viviam em São Paulo.
47:11Trabalhavam no setor.
47:12Na pandemia, por conta da decisão de querer voltar, ficar perto dos pais.
47:19Que era uma situação preocupante, gigantesca, né?
47:23A família, a galera resolveu voltar.
47:27E percebeu que talvez, ficando lá e trabalhando no próprio negocinho lá, era melhor do que voltar pra São Paulo pra esse tempo.
47:36Então a gente perdeu muita mão de obra.
47:39E tá aí, pra mim, acho que pra todo mundo, né, André?
47:43Eu vejo pela companhia que estão, sei lá, 1.500, 1.600 funcionários.
47:47A gente não tem, falta gente.
47:50Tá muito difícil a contratação.
47:52Esse é o grande gargalo no momento.
47:53Eu acho que além disso, aconteceu uma coisa pós-pandemia também, que foi uma explosão de abertura de novos negócios, de novos restaurantes.
48:03São Paulo borbulhou de um jeito absurdo nos últimos três anos, que a gente não via há muito, muito tempo.
48:11E aí, todo mundo precisa de funcionário.
48:15E essas pessoas têm um número finito de pessoas que querem trabalhar no meio.
48:20Então a gente vê isso, inclusive, das pessoas trabalhando muito, por períodos muito menores em cada restaurante, pipocando, assim.
48:28É verdade.
48:29Eu acho que esse é um...
48:30Saindo por um valor mínimo, né?
48:32É isso, exatamente.
48:32Eu sempre falava isso.
48:35Às vezes a gente tinha a sensação que a coisa mais legal que eu tentava fazer nos meus restaurantes era mostrar para aquela galera da cozinha que aquilo é uma profissão.
48:45Que não é um passatempo.
48:47Ah, eu estou trabalhando na cozinha.
48:48Então, que ser cozinheiro ou ser garçom é uma profissão legal.
48:53Eu não queria que ninguém saísse de lá por 100 reais a mais para ir dirigir um caminhão ou para ir fazer outro trabalho.
49:01Entendeu?
49:02Eu queria que eles entendessem que eles estão em uma profissão muito bacana.
49:05E hoje em dia, isso mudou muito.
49:07O pessoal tem um olhar muito diferente para a profissão de cozinheiro e garçom.
49:13Incrível.
49:13Hoje em dia, também, serviço de salão, barman e tudo isso, toda essa área.
49:17Que era uma subprofissão.
49:19Nos anos 70, sempre foi, né?
49:22Não sempre foi, não.
49:22Mas nos anos 70 para cá, foi uma subprofissão.
49:25A gente enfrenta um grande problema quando a gente fala de staff.
49:28que é essa coisa do tempo hoje em dia, né?
49:33Ninguém mais quer trabalhar no fim de semana e não quer, às vezes, entender que essa, né?
49:39A gente faz parte disso, que essa é a profissão.
49:42Tem prós e contras, né?
49:43Exatamente.
49:44Eu acho que a juventude já vê o contra e nem quer tentar entrar para o nosso meio.
49:50E a tecnologia que fez isso está exacerbando esse sentimento.
49:59Porque através do celular, hoje em dia, tem gente que consegue, né?
50:02Vira influencer ou vira, ou trabalha, ou fica de home officer.
50:07Todas essas palavras em inglês que entraram no nosso dialeto e que são absolutamente prejudiciais
50:14para o real funcionamento da economia formal de verdade, né?
50:18Essas pessoas, o cara fala, pô, peraí, por que eu vou trabalhar num restaurante de pé
50:23se eu posso ficar em casa atendendo o telefone?
50:26Ou virar influencer, entendeu?
50:28Exato.
50:29E o ponto positivo disso é que a gente começou a enxergar,
50:33a gente, digo, os donos de restaurantes e empreendedores,
50:36começou a enxergar uma possibilidade de uma escala 5x2, né?
50:40De ter um pouco...
50:41Porque, assim, na nossa época e anterior,
50:43é uma coisa nova, 5x2, vamos lá, dentro de restaurante.
50:48Sim.
50:48Eu só tinha uma folga semanal e um domingo por mês.
50:51Sim.
50:52Você tem uma escala 5x2, eu ouvi até a escala 6x2 aí,
50:57que quem me falou foi o Benê, do ZDL também,
51:01que eles fizeram uma transformação para dar um pouco uma humanizada,
51:05um pouco melhor nessa profissão que é tão desgastante, né?
51:08E, realmente, você não tem final de semana.
51:11Não dá.
51:12Ah, eu quero trabalhar em restaurante e não ter final de semana,
51:15só se você fechar o restaurante.
51:17É igual o jornalista esportivo que não quer ver jogo.
51:19Exato.
51:20Não quero ir no estádio, não quero trabalhar em casa.
51:22É mais ou menos por aí.
51:23Mas tem um lado positivo que a gente começou a tentar enxergar
51:27e humanizar um pouco mais também as escalas de trabalho
51:32dentro de uma profissão tão desgastante fisicamente e psicologicamente,
51:38porque é uma pauleira ali.
51:40Total.
51:40É, cobrança o tempo inteiro.
51:42Então, é...
51:43Eu vou mudar um pouquinho o jogo aqui do programa,
51:46já que o Gabriel não está aqui com a gente.
51:49E tem o Mifano, que é amigo do Benê há bastante tempo.
51:52Eu queria que o Mifano trouxesse como amigo uma história que te lembra o Benê.
51:58E...
51:58Vamos fazer aquele momento fantástico
52:01para a gente chorar.
52:03Chorar?
52:04Estou brincando.
52:05Chorar não vai acontecer.
52:07Então, não é que...
52:08Se não é rio, vai ser cortado, né?
52:11Primeiro, eu gostaria de dizer que você me paga,
52:14porque não estava combinado isso.
52:16E assim, a maior parte das nossas...
52:18Eu não sei que horas passa isso aqui na televisão.
52:20Exato.
52:21Que precisa ver.
52:22A gente morou junto em Londres.
52:24Muita calma nessa hora, André.
52:26Pense bem.
52:27Fala que o meu casamento foi bonito.
52:30É verdade.
52:31Olha, eu sou padrinho de casamento do Benê, quando a gente voltou de Londres.
52:402000 e...
52:412000.
52:44Eu tenho...
52:45Eu tenho duas histórias interessantes, mas eu acho que eu tenho uma história...
52:49Quando a gente morava em Londres, teve o lançamento de um filme, que era um documentário.
52:58E a gente resolveu ir assistir esse documentário.
53:05E era um documentário que chamava The Last Train, o último trem, que era o documentário do Steven Spielberg sobre a Segunda Guerra Mundial.
53:16Principalmente sobre o que aconteceu com os judeus nos campos e tal.
53:21E a gente foi rindo, fazendo bagunça, como sempre a gente fez.
53:26Tomamos uma antes de ir e tal, não sei o quê.
53:28E a gente foi andando, ficava no final da rua ali, de onde a gente morava.
53:34E na volta...
53:35E assim, o documentário começou e mais ou menos no quarto minuto eu comecei a chorar.
53:42Pesado.
53:42E a gente voltou, e aí terminou o documentário, a gente voltou e eu permanecia chorando.
53:49E aí o Beni absolutamente...
53:54Ele não sabia o que fazer comigo, então...
53:56A gente...
53:57Mas foi muito emocionante.
53:59A gente voltou e aí ele...
54:01A gente chegou em casa e eu não conseguia parar de chorar, eu queria ligar para minha mãe, para o meu avô, não sei o quê.
54:05E aí ele começava a pegar as coisas que nos faziam feliz durante o...
54:12O curso.
54:13Não, enquanto a gente estava em casa.
54:16Então assim, ele tocou violão, ele me trouxe uísque para beber, ele tentava contar piada, a gente queria cantar música.
54:23Mas eu acho que esse momento é interessante para mostrar a ligação humana que a comida e a cozinha traz para as pessoas.
54:30A gente, a nossa profissão cria conexões muito íntimas, não só entre as pessoas que trabalham nisso, porque entendem o que é ser cozinheiro, entendem quais são as nossas emoções, mas cria conexões muito fortes entre pessoas em geral.
54:48Então assim, em volta de uma mesa, quando a gente faz comida, eu acho que a gente cria conexões muito poderosas.
54:54E eu acho que essa... A história parece triste, mas na verdade é uma história de amizade, mas também do que a nossa profissão faz com o ser humano, sabe?
55:07Bonito.
55:08A gente passa muito tempo junto, dentro de um restaurante, dentro de uma cozinha.
55:11Então, eu digo, eu tenho quatro filhos, que é a minha família.
55:20Eu passo muito mais tempo com os meus funcionários, o meu staff, a minha galera na cozinha, do que com a família em si, assim.
55:31É muito tempo que a gente passa dentro de um restaurante.
55:33Pelo... Bom, escala de trabalho, que era absurda.
55:40E sete dias por semana, né?
55:43O ICI abre de segunda a domingo.
55:45O TAPO não, o TAPO abre de terça a domingo.
55:48Mas é isso, a gente passa muito tempo junto e cria essa intimidade.
55:52Cria essa relação familiar mesmo.
55:55Tem alguma história que a gente não contou?
55:57Pra terminar agora o programa?
56:00Emocionados? Já estamos, né?
56:01Tem muita história que a gente não contou e também não poderia.
56:04E nem vai contar.
56:05Nem vai contar, fica pra próxima, fica pra...
56:08Só pro programa a partir da uma da manhã.
56:10Não, acho que tem uma coisa interessante também.
56:16A gente estava em Londres em 1999, muito antes de você nascer, no caso.
56:21Quase.
56:22Mas já existia um artefato muito interessante, que era uma câmera de filmagem VHS.
56:32Super.
56:33E a gente resolveu documentar o nosso dia a dia dentro desse apartamento.
56:42Você já era um blogueiro antes de ter blogue.
56:44Muito antes de existir.
56:45É, mas é tipo, a gente não pode...
56:47Blogueiros.
56:47Não, então...
56:48E aí...
56:49Eu te devolvi já?
56:50Nunca.
56:50Está com você.
56:52E a gente morava, eu, o Beni, o Daniel Ribeiro, que hoje mora em Londres.
56:59Portugal ou em Portugal?
57:00Ou em Londres?
57:01Londres.
57:01É Londres, né?
57:02Eu acho que Londres ainda.
57:03E um americano, chamado David.
57:06E tinha um outro americano que vivia lá com a gente, o Mike.
57:10E a gente se filmava o dia inteiro.
57:15As coisas que a gente filmou, tinha muita coisa interessante.
57:18Mas, na volta, o Beni ficou com essa fita e passou para DVD.
57:24E esse DVD existe.
57:25Quem sabe um dia...
57:26O DVD eu te dei.
57:27Não me deu.
57:28Eu não te dei as fitas originais.
57:30Em algum lugar, está.
57:32Quem sabe um dia a gente libera cenas dessa fita.
57:36Era muito legal.
57:38Nossa, meia.
57:39Era muito legal.
57:40Olha, gente, foi uma honra ter essa dupla aqui comigo hoje.
57:44Obrigado pelo convite.
57:44O programa foi sensacional.
57:46Obrigada, Beni.
57:47Obrigada, Mifano.
57:48Uma aula de gastronomia, arte, negócio, propósito.
57:53E, para mim, aprender com líderes, chefes como vocês é sempre uma honra.
57:57Obrigada mesmo.
57:58Obrigado pelo convite, Manu.
57:59Valeu.
57:59Eu que agradeço.
58:02É isso.
58:03Se você também curte história de quem transforma a paixão em estratégia,
58:07já se inscreva no canal e compartilhe esse episódio.
58:10Até a próxima.
58:11Com mais ingredientes que fazem a gastronomia brasileira ferver muito.
58:16Beijo.
58:16A opinião dos nossos comentaristas não reflete necessariamente a opinião do Grupo Jovem Pan
58:36de Comunicação.
58:41Realização Jovem Pan.
58:43Tchau.
58:44Tchau.
58:45Tchau.
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