O professor de economia Gustavo Macedo avalia que a presidência brasileira do BRICS em 2025 coloca o país em uma posição de liderança geopolítica inédita. Segundo o especialista, este é o "ano do Brasil, internacionalmente", devido à capacidade de pautar temas globais no grupo que hoje representa mais de 40% da população mundial.
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00:00Então, acho que o Brasil tem uma oportunidade de aproveitar esse momento, que não existe vácuo de poder,
00:08de tentar costurar acordo com o Mercosul, acordo com a União Europeia, uma liderança junto aos BRICS.
00:16E a gente também tem uma questão.
00:18Presidência do G20, o ano passado, COP30 esse ano, presidência dos BRICS esse ano.
00:24Tem mais uma agora, que eu me esqueci, que a gente também estava à frente agora, mais um desses fóruns multilaterais agora esse ano.
00:34A gente está no momento do Brasil.
00:36O 2025 é o ano do Brasil internacionalmente.
00:39Então, eu acho que, em termos de oportunidade, é sim uma oportunidade para a gente conseguir caminhar.
00:45Eu costumo sempre dizer isso.
00:47O Brasil tem um baita potencial.
00:49Eu só tenho dúvida se o Brasil quer.
00:51Essa é a minha dúvida.
00:52É, nós já estamos caminhando já para...
00:56Ele apimentou bem, né?
00:57Apimentou bem.
00:58Ele apimentou bem.
00:59Foi um monte de...
01:00Bom, questões super importantes que o professor Gustavo destacou.
01:04Nós estamos caminhando já para o final do nosso encontro.
01:06Só lembrar como referência, se vocês quiserem isso, que o professor Gustavo, o professor José Souza e também o professor Roberto Dumas colocaram,
01:14sobre a política externa brasileira.
01:16Uma boa referência ao livro do professor embaixador Rubens Recupero.
01:20Isso é uma política externa brasileira que vai lá do Tratado de Madre em 1750 até a primeira edição, ao menos, até 2016.
01:29Evidentemente, pode pegar um chato aí que vai falar assim, 1750 não tinha independência.
01:34Claro que não, meu caro.
01:35Nós sabemos.
01:36Você não é o esperto.
01:38É que nós partimos, nós, o autor, de 1750, porque está redefinindo a fronteira sul e mais importante que o professor Recupero nos fala,
01:47a fronteira norte, a questão da Amazônia, porque sempre olha o Tratado de Madre, a fronteira ali do Prata.
01:52Ele está também, além disso, teve a questão do Amazônia.
01:56Depois tem o Tratado de Santo Hidro e Alfonso, mas eu não vou contar toda a história aqui.
01:59Mas é uma fonte fundamental, porque ele nos explica, o professor Recupero, que o Brasil tem uma excelente diplomacia, herdeira da diplomacia portuguesa.
02:08Porque Portugal sempre teve um grande problema, até hoje, só faz fronteira com o país, a Espanha.
02:13E ali, e lembrar que durante 60 anos teve a União das Coroas Ibéricas, 1580, 1640.
02:19E ali, e a todo momento, sempre ameaça da Espanha, isso marcou a história portuguesa.
02:26Só para situar e apontar uma bibliografia muito importante.
02:30Passo ao professor Roberto Dumas e vamos ver se nós fechamos essa, fechamos, quer dizer, a nossa conversa de hoje,
02:36que isso aqui nós vamos continuar discutindo, muitas vezes vocês estão colocando questões muito importantes.
02:41A questão do negociador, em certo momento da conversa, vocês apontaram, olha, quem vai negociar em nome do governo americano?
02:48Se eu for o Marco Rubio, bem, Marco Rubio foi governador da Flórida, o pai era cubano, só que isso tem a ver com aquela...
02:55Detesta a esquerda.
02:56Detesta a esquerda.
02:57É os que, foram milhares, milhares, milhares, milhares, que desde 1º de janeiro de 1959, saíram de Cuba e acabaram emigrando para os Estados Unidos em diferentes momentos históricos.
03:09E, evidentemente, eles têm uma relação de tensão, isso é óbvio, com Cuba e com o que é chamado socialismo.
03:15Evidentemente que no Brasil nós não temos nenhum governo socialista e muito menos comunista.
03:20Tem gente que delira e diz que nós vemos no comunismo.
03:22Quer dizer, tem doido em todo lugar.
03:24Não leu nada de Marx.
03:26Não, nada, nada.
03:27Mas é o que disse...
03:28E confunde comunismo com socialismo.
03:30Com socialismo.
03:30É aquilo que o Nelson Rodrigues já disse, né?
03:33Os idiotas vão tomar o poder no mundo.
03:36E vão tomar o poder por quê?
03:38Não pela sua capacidade, é que eles são muitos, são muitos, são muitos.
03:41Mas aqui no Visão Crítica, não.
03:43Graças a Deus, espero que no Brasil também não.
03:46Professor Roberto Dumos, como é que fica essa questão?
03:48Quem fala em nome dos Estados Unidos e o que pode favorecer a boa conversa entre Brasil e Estados Unidos
03:53nessa questão de ser o mediador de lá e de cá?
03:57Não sei, pode ser até o vice-presidente da República, que seja o principal,
04:01que vai dialogar principalmente com o representante americano.
04:04Como que o senhor considera?
04:05Veja, a bola tem que parar um pouco no chão, parar de quicar.
04:10Tem o Marco Rubio, tem a Magnitsky, tem tudo isso daí.
04:13Mas vamos falar sobre a parte comercial.
04:16Esse é o ponto nevrálgico também das big techs.
04:20E tentar minimizar o máximo possível o que o Marco Rubio coloca sobre a lei Magnitsky,
04:28sobre a parte de Bolsonaro, etc.
04:30E também deixar alguma coisa no bolso do que eu tenho para oferecer para Trump.
04:36Só uma reticência aqui, por exemplo, só aproveitando uma série do que ele falou dos BRICS,
04:42eu acho que o Brasil tem uma projeção enorme em relação ao sul global,
04:51mas que tem certos momentos que ele não precisa falar.
04:53Por exemplo, quando ele fala, eu quero acabar com a dominância do dólar.
04:58Não precisa falar num momento desse.
05:01A Rússia e a China estão comprando ouro adoidado.
05:04Que nem é consenso.
05:06Nem é consenso entre eles.
05:07Em silêncio.
05:08Perfeito.
05:09Não precisa falar um negócio desse.
05:11Sim.
05:11E isso, como o senhor bem colocou, da União Europeia,
05:15foi lá no discurso de Winston Churchill, de 1946, na Universidade de Zurich.
05:20Tivemos problemas na Primeira Guerra Mundial com França e Alemanha.
05:23Problemas com a Segunda Guerra Mundial com França e Alemanha.
05:26Precisamos dos Estados Unidos da Europa.
05:29Aí veio o tratado de Coal Steel Act, tratado de Roma, etc.
05:33É um negócio que demora.
05:35Então, já chegar e falar, vamos fazer uma moeda única.
05:39Sendo que você demorou, desde 1946, para ter uma crise em 2010 com a moeda única,
05:47você provavelmente não sabe da história.
05:50Então, precisa tomar cuidado com o que você fala.
05:53Não, eu quero fazer uma moeda única, apenas para transacionar entre nós.
05:57Ótimo, o que eu vou fazer?
05:58Eu vou fazer com o Irã, eu venho do frango.
05:59Eu vou receber real iraniano?
06:02O que eu vou receber com essa moeda?
06:04Posso investir em título público do Irã, etc.?
06:07Mas, voltando para a tua pergunta,
06:08Eu acho que a discussão tem que ser absolutamente comercial.
06:14E, no final das contas, quem vai tomar a decisão é o Trump.
06:18E o Lula vai falar, mas quem vai exercer o protagonismo vai ser o setor privado, liderado pelo Geraldo Alckmin.
06:29Que é isso que a gente mais busca.
06:32Nós queremos um acordo comercial.
06:35É isso que a gente quer.
06:37Veja, apesar de eu ter um déficit comercial nas contas externas,
06:44não na conta corrente do balanço de pagamentos,
06:47o Brasil ainda tem uma das tarifas maiores que os Estados Unidos, na média.
06:54Então, poderia negociar isso daí.
06:56Então, o que nós temos no bolso?
06:58Vamos fazer uma reunião comercial.
07:01Não vamos falar desses assuntos.
07:03E depois, é aquela coisa.
07:05Vamos cortar o meio do bolo e ver o que acontece para melhorar, entrar uma empatia.
07:12E depois, eventualmente, se Marco Rubio quiser colocar algum bode na sala,
07:17que coloque o bode na sala.
07:20José, o que você acha?
07:21Você acha que é a questão do negociador, quem é, quem negocia, como?
07:28O que é básico da diplomacia é a negociação.
07:31Existe sempre, claro, os presidentes falam em nome dos seus países,
07:35mas você tem os negociadores.
07:38Claro que a empatia entre presidentes facilita as negociações.
07:45Acaba, em certo momento, sejam muito importantes,
07:47mas não basta isso.
07:48Esses corpos técnicos e tanto o Itamaraty tem...
07:51É onde formam os melhores quadros do Estado brasileiro é no Itamaraty, na minha opinião.
07:57E os Estados Unidos sempre teve, no Departamento de Estado e nas universidades,
08:01nos grandes institutos de altos estudos das universidades,
08:05gente brilhante também que formou a política externa americana.
08:10Isso desde lá do século XIX.
08:12Então, na sua opinião, como é que fica essa questão do negociador?
08:17Como que nós temos, para chegar a um bom termo, entre Brasil e Estados Unidos?
08:22Olha, Vila, eu vou apelar ainda para o substrato concreto da política.
08:28Sim.
08:28O que a gente está tratando aqui são esses entre 80 e 90 bilhões anuais
08:33e uma pauta produtiva importante para ambos os países.
08:39Lembrando que a aula zero do curso de Relações Internacionais é
08:44vivemos num mundo interdependente.
08:47Então, eu acho que esse caráter estrutural, ele vai ter uma certa preponderância
08:51em relação à liderança do negociador.
08:55Acho que isso conta a personalidade, a liderança, o histórico e as perspectivas futuras políticas dele.
09:01Acho que conta.
09:02Mas, como o Gustavo falou também, a gente tem menos de um ano de um governo que ele é secretário de Estado.
09:10Então, esse caráter estrutural, acho que a chave que foi colocada pelos colegas aqui,
09:16é a relação das big techs, porque esse é o setor de maior competitividade
09:24entre as grandes potências no mundo agora.
09:28Explica o que é big tech, por favor.
09:30As grandes empresas de tecnologia que têm bandeira,
09:36que são encampadas pelo governo dos seus respectivos países.
09:41Então, se a gente está falando de Estados Unidos, Google, Amazon, Apple, Facebook, Amazon, Apple, Netflix, Google...
09:51Então, existe uma competitividade no sistema internacional em relação a essas empresas
10:01que são de determinadas nações, de determinados países,
10:05e que elas vão para um enfrentamento de inovação tecnológica,
10:11de clientes, no caso da Netflix, por exemplo, de clientes ao redor do mundo, e assim por diante.
10:19Diferente do caso de complementaridade.
10:21Só para dar o exemplo, quando saiu o tarifaço, o Trump tarifando todo mundo,
10:27recuou quando se tratava do cobre chileno.
10:31Por quê? Porque precisa do cobre chileno.
10:33E o Chile, por incrível que pareça, o Chile tem mais clientes para o seu cobre
10:38do que os Estados Unidos têm fornecedores de cobre para si.
10:42Então, recuou, sem mais delongas, recuou em relação à tarifa do cobre chileno.
10:46Quando se tratou da Índia, o Narendra Modi fez todas as concessões que o Trump determinou,
10:54e mesmo assim a Índia foi taxada por conta da competitividade e da competição das big techs.
11:00Então, eu acho que essa pauta que vai ser negociada em relação ao Brasil
11:06vai determinar, o que vai ser determinante é onde a gente compete
11:11e onde vai aliviar é onde a gente se complementa,
11:16porque é uma pauta muito diversificada, apesar do Brasil ter um papel significativo
11:22em termos de commodities como fornecedor para os Estados Unidos.
11:26Então, eu entendo que esse caráter estrutural vai dar o tom do resultado dessas negociações.
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