O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quarta-feira (1º) que ainda não há definição sobre o formato ou a data de um possível encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o norte-americano Donald Trump. Segundo ele, conversas com a Casa Branca estão em andamento para encontrar um momento adequado, reforçando a importância do diálogo para as relações bilaterais. Cristiano Vilela e José Maria Trindade comentaram. Reportagem: André Anelli Comentaristas: Cristiano Vilela e José Maria Trindade
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00:00Em meio às expectativas sobre uma possível redução das tarifas, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou que ainda não há data e nem local definidos para a conversa entre os presidentes Lula e Donald Trump.
00:13Quem tem os detalhes é o André Anelli.
00:15O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que conversou com assessores da Casa Branca e estão tentando encontrar um momento adequado para uma reunião bilateral entre o presidente Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
00:32Apesar dos esforços, segundo Mauro Vieira, ainda não existe previsão de data, local e nem horário sobre esse possível encontro.
00:41Mesmo assim, o ministro afirmou que o governo brasileiro segue na expectativa para negociar um possível fim do tarifaço aos produtos importados do Brasil.
00:51O presidente Lula jamais se negou a qualquer tipo de interlocução. Ele já teve as melhores relações com vários chefes de Estado dos Estados Unidos e de outros países, inclusive da região, de pessoas com uma posição ideológica e com uma origem partidária totalmente oposta dele.
01:11Mas ele sempre deixou muito claro que a posição dele é de defesa do interesse nacional e por isso estará sempre pronto a conversar com todos os chefes de Estado, como tem feito até agora.
01:23Até o momento, a principal possibilidade de encontro entre os dois presidentes é durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático, no final do mês, na Malásia.
01:50A reunião ocorreria paralelamente ao evento, o que já tem as presenças de Trump e Lula previstas.
01:58Uma reunião por telefone anterior a esse possível encontro pessoalmente não está descartada.
02:05Os detalhes sobre o assunto foram dados pelo ministro Mauro Vieira na sexta participação dele na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, desde o início do atual governo.
02:17Na ocasião, Mauro Vieira também elogiou a proposta dos Estados Unidos para a paz entre Israel e o grupo Hamas.
02:25A medida prevê a libertação de reféns em até 72 horas, cessar fogo imediato, reconstrução de Gaza e criação de um governo provisório supervisionado por um conselho internacional.
02:38Mauro Vieira disse que o Brasil aplaude a iniciativa.
02:43A posição do Brasil em favor no cessar fogo permanente na faixa de Gaza, incluindo a libertação de todos os reféns israelenses remanescentes.
02:52Essa posição foi, inclusive, manifestada nessa mesma nota que se refere ao requerimento.
02:57A defesa do cessar fogo se soma à tradicional e enfática defesa do Brasil em favor da solução de dois Estados,
03:06com um Estado palestino independente e viável convivendo lado a lado com Israel em paz e segurança dentro das fronteiras de 1967,
03:16o que inclui a faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital.
03:22É, por sinal, a posição tradicional do Brasil há muitas décadas.
03:27E ainda durante participação no colegiado, Mauro Vieira comentou sobre outro assunto, a militarização da América Latina.
03:35O ministro afirmou que manter o Caribe como zona de paz é uma prioridade do governo brasileiro.
03:42Sem citar nomes, ele fez essa declaração em referência ao recente envio de navios de guerra americanos
03:50no contexto de uma animosidade, em especial com a Venezuela.
03:55De Brasília, André Anelli.
03:59É tema aqui para os nossos analistas, José Maria Trindade e Cristiano Vilela estão com a gente nesta quinta-feira,
04:05analisando os principais temas do noticiário.
04:08José Maria Trindade, vou começar com você essa rodada de análises,
04:12à medida em que a gente tem aí toda essa expectativa em torno do encontro de Lula com o Donald Trump,
04:17que ainda não se confirmou, para muita gente há uma demora e pode-se até perder aí o timer
04:23enquanto o assunto está quente ou pelo menos está favorável a partir daquela fala do Trump lá na Assembleia Geral da ONU.
04:30Como é que você vê essa discussão toda, José?
04:33E a possibilidade de que esse encontro possa ocorrer e quem sabe modificar aí um pouco as tarifas
04:39que os Estados Unidos impuseram ao Brasil?
04:41Todos estão torcendo para que esse encontro aconteça, né?
04:47A política de relações exteriores, a política internacional do Brasil, está a todo vapor.
04:53Aí eu decidi ir a campo e conversar com os dois lados, com integrantes do governo e de oposição.
04:59Fiquei surpreso porque o governo, o governo brasileiro dirigido pelo presidente Lula,
05:06não quer se afastar dos Estados Unidos.
05:08Isso me surpreendeu o grau de comprometimento do próprio governo em manter relações e relações até próximas com os Estados Unidos.
05:18Nesse momento, o Brasil está sendo empurrado para o colo da China.
05:22Mas o governo se preocupa porque o nível de relacionamento e de exportação para a China está muito alto.
05:28Então, deixaria o país nas mãos dos chineses e isso não é bom.
05:33A importação dos Estados Unidos é de boa qualidade, né?
05:37São bens de produção, ou seja, maquinário importado significa emprego por aqui.
05:42E é notável que esse relacionamento com os Estados Unidos é antigo, né?
05:46Mais de 400 anos.
05:48Foi o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil.
05:51Então, relacionamento histórico.
05:53E aí o governo brasileiro está fazendo um processo de aproximação
05:57que encontra barreiras no governo do presidente Donald Trump.
06:02Mas há uma boa vontade.
06:04O ex-ministro Celso Amorim, que é o assessor de relações internacionais, está trabalhando,
06:11está informando o presidente Lula.
06:13Há um processo, inclusive, de treinamento do presidente Lula
06:16sobre os possíveis assuntos a serem abordados nesta reunião.
06:20A ideia é que primeiro seja uma reunião virtual e depois a possibilidade de uma reunião presencial.
06:27Mas não é só esse assunto que acaba agitando.
06:30O governo brasileiro está entendendo de que o novo conceito mundial de relacionamento
06:36está sendo inaugurado e que o Brasil não pode ficar para trás.
06:40E nesse conceito todo está a militarização da América do Sul.
06:44Me contaram que o governo brasileiro acabou cancelando uma atividade junto com os Estados Unidos,
06:53que seria uma manobra muito importante, com o argumento de que faltam verbas para as Forças Armadas.
06:59É uma verdade.
07:01Mas, na verdade mesmo, é que o Brasil teria que assinar a entrada aqui de armamento pesado dos Estados Unidos,
07:07que a manobra seria conjunta, e o governo brasileiro cancelou.
07:11E agora, a notícia nova é que os Estados Unidos conseguiu a autorização da Argentina para fazer uma manobra.
07:18Ou seja, eles estarão muito próximos aqui do Brasil com o armamento norte-americano.
07:23Eu estou falando tudo isso porque esse relacionamento sobre tarifas
07:28é apenas um ponto desta consertação mundial, do novo relacionamento mundial entre países.
07:36Agora, Vilela, vale lembrar também que nas últimas semanas o presidente Lula priorizou e muito a agenda nacional, a agenda interna.
07:43Não priorizou nenhum encontro, nenhum tipo de ligação com o presidente Donald Trump.
07:49E por outro lado também, o presidente Donald Trump agora também pode estar priorizando a crise orçamentária,
07:56e deixando de lado também esse encontro.
07:58Pois é, Paulo, no que se relaciona a Lula, fica muito evidente que desde o princípio ele está priorizando os seus interesses eleitorais.
08:07Desde que eclodiu esse conflito do tarifácio no dia 9 de julho,
08:12o presidente Lula passou a surfar na sua forma de interagir com esse problema,
08:18no sentido de capitalizar politicamente, e viu os seus números nas avaliações aumentarem
08:25de que a estabilidade do governo, de que nas pesquisas de opinião o governo se demonstrasse melhor, mais bem avaliado.
08:33Isso acabou fazendo com que o governo brasileiro, especialmente o presidente da República,
08:38perdesse talvez o momento de descer do palanque.
08:42É compreensível talvez naquele primeiro momento ter uma fala mais dura, uma fala mais firme,
08:47Mas depois disso, o que o governo deveria ter feito é saído do palanque, é retirado o figurino eleitoral,
08:55figurino do embate político, e ter passado a vestir o figurino diplomático,
08:59como me parece que agora está em vias de realizar.
09:04Naturalmente, depois de um elogio, de um afago mútuo havido na ONU na semana passada,
09:11eu vejo que seria muito mais interessante ao governo brasileiro deixar um pouco de lado determinadas agendas locais
09:18e partir realmente para essa negociação com os Estados Unidos.
09:22É de interesse do Brasil uma negociação, e os Estados Unidos, eles são um parceiro extremamente estratégico
09:29do ponto de vista geopolítico e do ponto de vista comercial, que não podem ser relegados a segundo plano.
09:35Infelizmente, mais uma vez, a política fala mais alto do que a diplomacia e as relações comerciais.
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