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No Só Vale a Verdade, o filósofo Roberto Mangabeira Unger compartilha sua discordância com a ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Para o especialista, a visão de Marina sobre a floresta é "arcaica e sentimental", distanciando-se da possibilidade de um desenvolvimento econômico e social que seja sustentável e beneficie a população local.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/UOREuEnpyDg

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Transcrição
00:00O senhor fez uma menção em dois momentos, o senhor fez uma menção à Amazônia e depois fez uma menção crítica à atual, inclusive, ministra Marina Silva.
00:13O senhor quando foi ministro dos assuntos estratégicos, o senhor teve conflitos, vamos chamar assim, sobre a visão da ministra Marina Silva.
00:20Eu rejeitava o extrativismo artesanal.
00:23Explica, por favor, qual era a razão?
00:24Eu acho porque é contra a produção e desenvolvimento, ninguém na Amazônia apoia isso e tem o preconceito de achar que é só sendo arcaicos que nós podemos ser preservacionistas.
00:40Isso é um absurdo, é uma coisa inteiramente absurda.
00:44A população da Amazônia rejeita, ela não tem voto no estado dela, então temos que sepultar essa ideia completamente.
00:54Agora, na minha época em que eu verifiquei que o tema preliminar inicial era a regularização fundiária, podia fazer nada, nada funcionaria no meio daquele caos.
01:08E estava lá, à esquerda do PT, com uma visão arcaica e sentimental da Amazônia, incrustada nos dois órgãos cruciais.
01:21O Ministério do Desenvolvimento Agrário, o MDA, e o INCRA.
01:28E mantendo aquela gente que veio há 50 anos atrás, agora está na terceira geração, como parceiro sem título jurídico.
01:40Permanentemente, por quê? Para mantê-los na dependência política, no clientelismo político.
01:46O presidente Lula me perguntou uma vez, numa reunião de ministros, isso era o PT do Rio Grande do Sul, que dominava o MDA e o INCRA.
01:59Com essa ideologia atrasada, arcaica, contra os interesses da Amazônia e, portanto, contra os interesses nacionais.
02:09O presidente Lula me perguntou, diante de todos os ministros, qual é o maior problema da Amazônia?
02:17E eu respondi de pronto, o Rio Grande do Sul.
02:21Essa é boa, hein? Essa é boa. Essa é ótima.
02:27E aí, aproveitando, porque a questão da Amazônia é importante, claro, no sentido econômico,
02:32agora deve ter um problema na fronteira norte, com as ameaças norte-americanas ao governo da Venezuela,
02:38o que cria um programa também de segurança nacional.
02:41O regime militar usava uma expressão à época, integrar para não entregar.
02:46Isso lá nos anos 1970.
02:47Sim, e exigia que os colonizadores lá nossos, as agrovilas do sul, derrubassem a floresta.
02:55Essa era a ideia daquela época.
02:58Como agora combinar, então, essa, que não é essa ideia que o senhor está defendendo,
03:02quer dizer, garantir a soberania nacional sem que a nossa ação em relação à Amazônia,
03:08que representa a maior parte do território nacional, se vamos pegar a Amazônia legal, né?
03:13Garantindo uma economia moderna, dinâmica, essa economia do conhecimento.
03:18Nós temos mais de 20 milhões de brasileiros que moram e trabalham lá.
03:22Sim.
03:23Não há desenvolvimento sustentável se não houver opções sustentáveis para aquela população.
03:29Portanto, envolvê-las nesse paradigma que eu descrevi de desenvolvimento sustentável
03:41baseado na economia do conhecimento.
03:44Algumas coisas já existem, pelo menos conceitualmente, como uma indústria madeireira sustentável.
03:52Outras são só sonhos, por enquanto.
03:55As pessoas falam em mobilizar a biodiversidade da Amazônia para, por exemplo, a indústria farmacêutica.
04:03Mas falta até a ciência básica.
04:05Aliás, na floresta, na indústria madeireira, também falta.
04:10Eu vou dizer o seguinte, quase toda a indústria florestal que evoluiu no mundo
04:16evoluiu para manejar florestas tropicais homogêneas, florestas temperadas homogêneas,
04:25e não florestas tropicais heterogêneas.
04:28Então, trabalhando junto com os países ricos e com os outros grandes países florestais,
04:38a Indonésia e o Congo, nós teríamos que construir uma outra tecnologia florestal.
04:45Mas tudo isso é invenção, tudo isso é alta ciência, alta tecnologia.
04:50Não é tirar nozes do chão, tirar látex da árvore, as populações nativas vegetando no seu paraíso verde,
05:02que o Cris da Cunha chamava a nossa Sibéria tropical, com mais realismo.
05:09É verdade.
05:10Você acha que a COP30 pode ser um caminho para isso?
05:12Eu acho que o caminho está mal parado pelo seguinte,
05:21o único setor em que a ONU funciona, de alguma maneira,
05:27é como guarda-chuva dessas coalizões de estados.
05:31E desse ponto de vista, as reuniões de clima são bons.
05:35Porque eles estão reunindo os estados para cooperar, para resolver, para evitar males globais e conseguir bens globais.
05:47Mas o que é esquisito ali é que o foco está todo em precificar as chamadas externalidades negativas.
06:00Por exemplo, pagar pelo carbono.
06:04Mas ninguém está definindo qual é a matriz energética do futuro.
06:09Em que é que nós vamos apostar?
06:13É a energia indiretamente solar?
06:17É a energia vegetal?
06:19É a fusão nuclear?
06:24Qual é?
06:25Qual é o negócio?
06:26Em todas as travessias anteriores de modelo energético,
06:31do carvão para o petróleo, por exemplo,
06:36havia uma ideia clara sobre o caminho.
06:40Agora, pela primeira vez, não há.
06:42Esse é o problema maior.
06:44Então, acho que nós estamos tratando da periferia,
06:47não estamos tratando do problema central.
06:51Em tudo, eu quero que o Brasil assuma uma liderança no mundo.
06:56Que nós rompamos com o colonialismo mental.
06:59Então, eu falei, por exemplo, no grande projeto mundial
07:04de construir uma economia do conhecimento para muitos,
07:09em vez da economia do conhecimento para poucos que temos no mundo.
07:15É o segundo passo depois do capitalismo popular,
07:19que é o primeiro passo.
07:21Para isso, nós precisamos nos imaginar como grandes.
07:26E toda a nossa tradição é nos imaginar como pequenos.
07:31Então, nós temos que aguardar para ver qual vai ser a onda no mundo,
07:36para, então, surfar nessa onda.
07:39Eu não quero isso.
07:40Grandes seremos nós.
07:42Nós é que temos que tomar a liderança.
07:44E, para resolver os nossos problemas,
07:48trazer uma mensagem à humanidade sobre o caminho.
07:51Essas opções, essas alternativas que eu discuti,
07:55são opções para o mundo todo.
07:58Nós não podemos imaginar que uma ortodoxia universal,
08:03como é o neoliberalismo,
08:06possa ser eficazmente combatido por heresias locais.
08:11Uma ortodoxia universal só pode ser convertida,
08:17combatida por uma heresia universalizante,
08:22como o liberalismo e o socialismo foram no século XIX.
08:28É isso que eu estou pregando.
08:30Eu não estou pregando uma idiosincrasia brasileira.
08:34Eu estou pregando a representação,
08:37a construção pelo Brasil de um caminho para o mundo.
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