Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
Nesta entrevista, o professor e pesquisador da FGV, Cicero Zanetti, analisa o impacto da taxa Selic em 15% ao ano, o maior patamar em quase 20 anos, sobre o agronegócio. Ele explica como a taxa elevada afeta os custos de crédito rural e os investimentos em modernização e expansão do setor. Além disso, a entrevista aborda os possíveis pontos positivos desse cenário, como a valorização do real, a influência de fatores externos na decisão do Copom e o que esperar da taxa de juros nos próximos meses.

Assista em: https://youtu.be/oJrw3g0oDSc

Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews

Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp:
https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00E agora a gente vai falar, né, porque na última quarta-feira, dia 17 de setembro,
00:04a gente precisa falar de Copom, porque a gente sabe que o Banco Central optou
00:09por manter a taxa Selic em 15% ao ano, o que é o maior patamar em quase 20 anos.
00:16Então, para saber como que isso afeta os custos de produção do agronegócio,
00:20nós vamos conversar com o Cícero Zanetti.
00:22Ele é doutor em economia, professor e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas.
00:27Bem-vindo ao Araga do Agro. Cícero, muito obrigada por topar falar com a gente
00:31sobre esse assunto que está permeado na vida do brasileiro,
00:36mas que nem sempre a gente consegue traduzir com facilidade.
00:39Então, a gente sempre gosta de chamar professores, pesquisadores para trazer aqui didatismo.
00:44E eu começo te perguntando o seguinte, como que a Selic elevada, mas a 15%,
00:49mantida, mas continua elevada, impacta o crédito rural?
00:54Como que a gente pode pensar em impactos para investimento de expansão,
00:58modernização da produção?
00:59Estamos falando de uma safra 25, 26 que começa agora, praticamente assim,
01:04mês de plantio em setembro.
01:06Como que essa Selic, como que esse anúncio do Copom é recebido,
01:11claro, pela academia, pela FGV e como que isso se transpõe para o agronegócio?
01:17Oi, olá, tudo bem? Mariana, é um prazer estar falando com todos vocês.
01:21E como você muito bem frisou, a taxa de juros básica da economia, a taxa Selic,
01:28ela influencia todo o nosso dia a dia, seja no consumo, quando a gente vai no mercado,
01:34quando a gente vai fazer um investimento, vai comprar um determinado bem,
01:39e isso também acaba impactando o agronegócio.
01:42E aí também, como você pontuou, a gente está num momento aí de,
01:46que o nosso setor agropecuário, ele vai para a formação das lavouras,
01:52para a nossa safra de verão, e aí então você precisa de crédito,
01:58você precisa de financiamento para custeio da lavoura e também para custeio de investimento.
02:05E aí a gente precisa entender qual é o contexto que a gente está vivendo.
02:09Então a gente já vem de um cenário maior, com taxas de juros mais elevadas,
02:15então é preciso que o pessoal entenda, o nosso telespectador entenda que isso
02:20eleva o nosso custo de oportunidade de ter o dinheiro.
02:24Ter o dinheiro, fazer um investimento, fazer um custeio, se torna mais caro.
02:29E assim como comprar um determinado bem, se torna mais caro.
02:33E se você tem o valor em caixa, você também tem um custo de oportunidade alto desse valor,
02:41porque você pode comprar títulos do governo e ter uma rentabilidade altíssima de 15% ao ano.
02:50Então essa manutenção da taxa de juros a 15%, ela já era esperada.
02:56Então a gente ainda espera que 2026, por todo o contexto de ano eleitoral
03:03e também de que a inflação brasileira, ela vem dando sinais de que está reduzindo,
03:09mas não vem reduzindo na velocidade que o Banco Central gostaria,
03:14então é natural que ainda em 2026 nós tenhamos uma taxa de juros,
03:19não sei se a 15%, mas com certeza em patamares de 14, 13% ao ano.
03:29E quem está hoje atrás de crédito, a gente sabe que começa a operar com esses 15% de Selic,
03:37mas com o spread, com todas as outras porcentagens que vão entrando na calculadora,
03:43a gente sabe que essa porcentagem para crédito, para financiamento, para custeio,
03:47muitas vezes chega a 20%.
03:49Eu queria entender como que a FGV então tem avaliado essa perspectiva de impacto para a safra.
03:57Vocês têm uma divisão inteira de agro que olha para a performance ali de vários números,
04:03o plantio, a safra são um deles.
04:06Eu queria entender se vocês de alguma forma têm colocado em perspectiva mesmo um risco de fato
04:11de o produtor não estar investindo o quanto gostaria para agora a safra 25, 26%,
04:15ou se de alguma forma ele realmente já começa a travar custos ali,
04:22que podem inclusive influenciar na formação de preço de 26, 27%.
04:28Com que leitura um pouco mais ampla que a gente pode fazer dessa taxa,
04:33que de novo, não é risório, 15% é bastante coisa,
04:36junto com o spread do banco chega a 20, 22%, alguns economistas têm falado aí.
04:43É, então, é importante, né, e o que a gente olha para analisar essa questão do risco, né,
04:48do risco de formação das nossas lavouras para a safra 25, 26.
04:53A gente precisa olhar a velocidade com que o crédito ele vem sendo tomado,
04:58os chamados desembolsos do plano safra.
05:00E aí quando a gente olha agora os últimos dados que foram divulgados essa semana,
05:05a gente percebe que a gente está muito aquém dos desembolsos que foram feitos
05:10no plano safra do ano passado, nesse mesmo período, né.
05:15Então você tem processos de recuperação judicial, né,
05:20que estão em andamento, e aí então o governo federal, ele tem uma medida, né,
05:27que dá um pouco mais de fôlego para essa renegociação dessas dívidas,
05:32e aí você consegue captar crédito, captar recursos para investimento e custeio
05:38para formar a lavoura, tá, e a gente também tem que entender que esse passo, né,
05:44mais devagar dos desembolsos, eles estão, está acontecendo porque de fato
05:50as instituições financeiras, elas estão vendo o maior risco de emprestar
05:55esse crédito para o setor.
05:58E aí o que a instituição faz para se proteger desse,
06:03dessa possibilidade, né, de maior risco?
06:06Ela exige uma alienação fituciária, ela exige um spread mais caro,
06:10ela exige uma maior documentação, enfim, isso acaba afetando todo o tempo
06:17de desembaraço desses créditos, desses desembolsos,
06:20e a gente sabe que a atividade agrícola, ela não espera, né,
06:25a gente tem uma janela de período aí para cultivo da nossa safra de verão, né,
06:32e um outro ponto também, que o nosso telespectador, ele precisa entender,
06:37é que quando você forma a lavoura, né, diferentemente de uma atividade industrial
06:42que você consegue parar o sistema de produção, na agropecuária você não consegue parar,
06:47uma vez que você montou o seu sistema produtivo, montou a sua lavoura,
06:52fez o seu custeio, você não consegue voltar atrás, né,
06:55eu não consigo tirar a semente da terra e dizer assim,
06:59bom, agora eu vou guardar para o ano que vem.
07:01Então o risco é mais alto, então a gente vem de dois anos aí com altas taxas de juros,
07:09então isso certamente vai impactar, mas a gente precisa, né,
07:15e estamos acompanhando os últimos dados, a gente espera aí agora o mais rápido possível
07:20que tenha a consolidação dos desembolsos no mês de agosto,
07:24e aí que os desembolsos para os grandes e médios produtores,
07:28eles encostem aí no volume que nós temos no mesmo período do ano passado,
07:33e aí isso nos dá uma segurança de que nós não teremos problemas para a safra 25, 26.
07:39E eu vou emendar nessa questão de RJs que você puxou,
07:45recuperações judiciais, que de fato nos últimos dois, três anos
07:49começaram a ser muito alvo do agronegócio, né,
07:53existe uma avaliação muito cautelosa de vários analistas do setor
07:57de que existiu inclusive uma indústria de RJs, né,
08:01uma coisa que banalizou esse instrumento.
08:03Como que vocês avaliam essa saúde financeira do produtor rural?
08:11Porque muitos, a gente está falando aí de um Brasil muito extenso,
08:14realidades distintas, mas de alguma forma,
08:17certamente tem muitos casos no Brasil de que o produtor entrou em RJ, né,
08:22então ele vai ter que pagar aí dívidas,
08:26e muitas vezes é isso, a renda dele continua sendo a terra, né,
08:30ele continua sendo agricultor,
08:31essa continua sendo a atividade principal para ele pagar as contas.
08:34Então ele vai ter que fazer algum tipo de custeio,
08:37vai ter que fazer algum tipo de investimento
08:40com esses juros de 15% ou mais.
08:43Existe alguma preocupação de que ao final da safra 25, 26,
08:48as RJs, elas se intensifiquem,
08:51já que a gente está falando de uma safra que já começa apertada
08:54e com desafios no sentido econômico?
08:56É, Mariana, essa é uma pergunta bem difícil de responder,
09:02a gente consegue traçar os riscos, né,
09:06dessa recuperação judicial, né,
09:08desse volume grande de recuperação judicial,
09:11mas a gente também precisa entender
09:13a dinâmica de caixa e de investimento
09:17dos nossos grandes médios
09:19e também os pequenos produtores rurais, né,
09:22então a gente tem um incentivo, né,
09:25do contexto de produção brasileiro,
09:27do contexto fiscal também que
09:30que permeia o nosso setor,
09:35de a gente não ter um colchão de caixa, né,
09:39durante um ano safra para outro, né,
09:41então acaba que o crédito rural,
09:45junto com o seguro rural,
09:46são importantes instrumentos para financiar a nossa lavoura,
09:48então a gente precisa analisar com cautela,
09:54entender que é um momento de transição da nossa economia, né,
09:59a gente está apertando o cinto
10:02por conta de uma taxa de inflação alta
10:06e que a gente espera aí que caia,
10:09porém a gente também tem no cenário do ano que vem
10:11um ano eleitoral,
10:13que são sempre anos difíceis para a política monetária,
10:16então a gente tem aí um contexto também político importante
10:20onde você,
10:22historicamente, né,
10:24a gente tem um governo que hoje gasta mais,
10:28um governo mais inchado
10:29e que isso acaba também pressionando
10:32a inflação,
10:36então a gente precisa começar
10:37dando muitos bons exemplos, né,
10:42enxugar os nossos gastos públicos,
10:44botar o pé no freio,
10:46entender quais são as causas da nossa inflação, né,
10:49e com uma taxa de juros mais baixa, né,
10:54uma maior equalização, né,
10:58uma maior disponibilidade de recursos
11:00para o produtor rural,
11:03isso pode dar um desafogo
11:04e aí controlar essa questão das RJs
11:10que aconteceram nos últimos anos.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado