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Leonardo Corrêa, advogado e presidente da Lexum - uma associação de juristas - avalia como o resultado das eleições presidenciais em 2026 podem influenciar os caminhos da Justiça no Brasil e de que maneira o presidente da República terá grande responsabilidade neste processo.

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Transcrição
00:00Leonardo, no próximo ano teremos eleição presidencial, suponhamos que vença um presidente de direita.
00:07E ele o convoca ao Palácio e diz assim, eu quero que você faça o papel do Escalia aqui no Brasil
00:13e diga-me o que nós temos de fazer para que a Constituição volte a ser respeitada,
00:19para que nós possamos voltar a ter esta deferência em relação à lei e à Constituição
00:26e para de ter esse ativismo que olha a lei como ela deveria ser,
00:31porque, na verdade, no Brasil quer atrair muito investimento,
00:35quer restabelecer a estabilidade das regras do jogo, a confiança na justiça.
00:40Que medidas você sugeriria ao presidente da República?
00:43Eu acho que não tem medida em mais de ata.
00:45Eu acho que o presidente da República vai ter que se preocupar muito com todos os cargos jurídicos
00:49que vão aparecer para ele indicar.
00:51O passado brasileiro, até no lado da esquerda, ninguém nomeou, até mais recentemente,
01:01juízes se preocupando com qual caminho que eles seguiriam.
01:06Então, os juízes, Ministério da Justiça, secretários,
01:12todos esses você vai precisar trabalhar pessoas que acreditam nos valores que,
01:17pelo menos, os que a gente defende, que o Estado existe para preservar a liberdade,
01:20separação de poderes, que o juiz tem que dizer o que ela é, não o que ela deveria ser.
01:24A gente precisa de pessoas dentro do governo que hajam dessa forma.
01:29Então, o conselho que eu daria para quem assumir a Previdência
01:33é não simplesmente aceitar as indicações do amigo do amigo,
01:39para usar aquela frase paradoxal da capa da Cruzoé,
01:46mas não usa o amigo do amigo, vamos tentar pensar em pessoas
01:49que vão endereçar as ideias que nós acreditamos e que o governo acredita.
01:55Digamos que ganhou um presidente da direita, não da esquerda.
01:59Busque advogados que acreditam nisso, não busque advogados
02:02simplesmente porque alguém o indicou ou porque ele foi ranqueado em alguma instituição.
02:09Não é por isso, tem que buscar pessoas comprometidas.
02:12Vai ser um caminho lento, não vai ser um caminho imediato.
02:15Reagan não mudou tudo imediatamente.
02:18Aquelas mudanças todas que foram feitas dentro do Ministério
02:21começaram com a indicação de pessoas que tinham os mesmos valores
02:26com relação ao respeito ao direito.
02:28Aí nós temos um outro desafio, que é coisa muito típica do Brasil.
02:33Uma associação de magistrados contesta a constitucionalidade
02:38da reforma trabalhista no Brasil.
02:41Aqueles que têm que aplicar a lei, eles questionam a legitimidade e a constitucionalidade da lei.
02:48O que nós podemos fazer para que juízes cumpram a lei
02:52e não apenas interpretem a lei do seu ponto de vista?
02:59Porque essa é uma das coisas que acaba gerando enorme insegurança jurídica.
03:02É possível o Conselho Nacional de Justiça, alguma entidade,
03:07premiar ou punir juízes que seguem rigorosamente a lei
03:11e aqueles que interpretam a lei de acordo com as suas convicções pessoais?
03:15Eu acho complicado fazer isso.
03:17Eu não acho que isso seja um caminho eficiente.
03:20Mas eu vou acrescentar à minha resposta anterior um ponto.
03:23Se existe uma mudança que precisa ser feita,
03:28é acabar com as ações diretas de constitucionalidade no Supremo Tribunal Federal
03:33e acabar com o foro privilegiado.
03:35Isso é uma ação que precisa acontecer no país.
03:40E não por nenhum preconceito com relação ao Supremo, nem nada disso.
03:44É que a Suprema Corte tem que ser uma corte de apelação.
03:48O juiz de primeiro grau...
03:49Está todo mundo incomodado com o fato de juízes de primeiro grau
03:52estarem decidindo contra o Trump nos Estados Unidos.
03:54Mas eles não entendem a lógica da coisa.
03:57O juiz de primeiro grau decidiu.
03:58O que acontece?
03:59Tem recurso para o Tribunal de Apelação.
04:02Depois do Tribunal de Apelação, tem recurso para a Suprema Corte Americana.
04:05Mas veja, esse caminho não dá para você fazer etapa.
04:10Você não pode queimar a etapa.
04:12Ele tem que partir do primeiro grau.
04:14Porque existe um amadurecimento da causa.
04:17O Sérgio Bermude gostava de dizer que o advogado precisa se aculturar com a causa.
04:23Você, quando pega a causa, vai aprendendo sobre a causa à medida que ela vai rolando.
04:28O próprio juiz também.
04:29Ele vai ter que se aculturar com as causas.
04:32O que a gente está fazendo é cortar essa etapa inteira.
04:35A cognição humana é limitada.
04:38Mas veja que coisa.
04:39Se eu tiver um juiz de primeiro grau decidindo, já é um processo de cognição.
04:43Eu vou para o Tribunal, tem três decidindo.
04:47Eu estou aumentando o processo de cognição.
04:49Eu vou ao Supremo no final, tem mais onze.
04:52Então, quanta gente passou pelaquela decisão?
04:54Quantos argumentos foram sendo amadurecidos ao longo do tempo?
04:57É muito melhor do que você jogar direto na largada no Supremo,
05:01sem permitir que toda essa dialética processual prossiga,
05:05e acabar botando o Supremo contra a parede,
05:08que acaba se transformando em um tribunal um pouco com viés político.
05:12Porque, no fundo, está decidindo questões políticas imediatas.
05:14Se ele discute só em grau de recursos,
05:17a função dele não é discutir a tese como um todo.
05:20A função dele é verificar se os juízes de primeiro grau aplicaram a lei.
05:25É uma diferença de mentalidade que você gera também quando você faz essa mudança.
05:29Então, se tem uma coisa que precisa ser mudada no país o quanto antes,
05:34é transformar o Supremo, de fato, em uma corte constitucional de apelação,
05:39que vai julgar depois que se esgotarem todas as outras instâncias.
05:45E eu acho que aquele receio enorme com relação ao juiz de primeiro grau,
05:50que as pessoas ficam tão apavoradas,
05:53ele é uma falácia.
05:55Porque se, de fato, o juiz de primeiro grau não está apto a julgar
06:00deputados, senadores, o que quer que seja,
06:03significa que ele não está apto a julgar para a gente também.
06:06Por que ele estaria apto para julgar nós, indivíduos,
06:08se ele não está apto para julgar os representantes eleitos?
06:12Então, deixa ele julgar, ele vai julgar errado eventualmente,
06:15vai ser influenciado, de repente, numa comarca por poderes políticos,
06:18mas tem o Tribunal de Justiça, tem os TRFs,
06:21tem todo esse aparato para corrigir um caminho ruim de uma decisão.
06:29O shortcut, o corte do caminho, é que, para mim, é o grande problema.
06:36Então, você acha que não tem nenhuma outra forma de fazer com que haja uma mudança
06:42de atitude em relação à lei, que aplique à lei,
06:44que isso tem que ser mais uma decisão desses colegiados,
06:47conforme a apelação chega aos tribunais superiores?
06:53Eu acho pelo seguinte, Luiz, o...
06:56não aplicar a lei do jeito que eles estão fazendo hoje,
06:59pode ser até simplório dizer isso, porque eles vão falar assim,
07:02não, eu estou aplicando de acordo com a teoria, né,
07:04o constitucionalista, o pós-positivista, o que quer que seja.
07:07Ele vai dizer que ele está aplicando,
07:09e que ele está fazendo de acordo com aquilo.
07:10Então, o que você precisa subverter é uma hegemonia de um pensamento
07:15que transforma o juiz em filósofos morais.
07:18Porque ela está construída, tem lá uma base.
07:20Eu posso discordar dela, eu discordo dela no meu livro,
07:23explico por que eu acho que ela não deve ser dessa forma,
07:27mas eles estão defendendo a tese.
07:29E eu não defendo destruir a tese deles, não.
07:31Eu não defendo aniquilar nada.
07:33Quem defende aniquilar são os totalitários.
07:35Eu acho que o que precisamos é subverter, alterar a hegemonia.
07:41Hoje você tem uma hegemonia, os estudantes de direito estão estudando,
07:45partindo do pressuposto que os princípios são a base de tudo.
07:48E, vamos lá, a dignidade da pessoa humana é um princípio constitucional.
07:52Mas ele está protegido pelos 60? Não.
07:54Ele não está protegido pelos 60.
07:56Ele está protegido pelos 60 é o artigo 5º,
07:58separação de poderes, forma federativa e o voto.
08:01Isso é que está protegido pelos 60.
08:02Então, como é que eu posso pegar um princípio que sequer cláusula pétrea é
08:07e usar ele para anular um direito fundamental que está lá no artigo 5º?
08:12Isso não faz o menor sentido,
08:14mas a gente vai precisar convencer as pessoas que isso não faz sentido.
08:17Porque se você baixar uma lei dizendo que não pode fazer isso,
08:22eles vão interpretar pelo neoconstitucionalismo
08:24e vão acabar subverdando a própria lei que foi criada.
08:27Então, o caminho não é imediato, não adianta.
08:30As pessoas, muita gente fica um pouco frustrada quando eu falo isso,
08:34mas, repito, eles demoraram mais de 20 anos
08:38para chegar na situação que a gente está hoje na corte.
08:41A gente não vai reverter esse quadro em 5 anos.
08:45Você acredita no poder de autocontenção do Supremo
08:49para tomar decisões mais baseadas em colegiado,
08:53diminuir o uso de medidas monocráticas,
08:56ou isso só virá com o legislativo aprovando algumas medidas
09:02que dão sinal claro que se esse poder de autocontenção não for aplicado,
09:07que será, entre aspas, curado
09:10por um restabelecimento do equilíbrio dos poderes
09:13com leis aprovadas pelo legislativo
09:15para conter o avanço do Supremo,
09:18principalmente na seara do poder legislativo executivo.
09:22Eu acho que o legislador precisa agir não só com lei,
09:26mas com, por exemplo, eventual julgamento de impeachment,
09:28de impeachment, se for o caso.
09:31Isso tem que acontecer, não é só legislando que a gente vai mudar o país,
09:37mas eu acho que se a gente tentar olhar isso
09:43sobre a ótica de mudanças imediatas,
09:47a gente não vai resolver o problema.
09:48O problema está lá atrás
09:49e ele é um problema que não é solúvel por medidas imediatas.
09:54Não vai ser assim que a gente vai conseguir mudar.
09:58Tem algumas coisas que talvez a gente possa pensar.
10:04Eu andei meditando sobre uma ideia.
10:07No direito constitucional americano,
10:09existe a doutrina da departamentalização.
10:12Cada poder é um departamento.
10:14Então, a Suprema Corte americana sabe
10:17que ela não pode tomar uma decisão
10:19que os demais poderes não vão entender como razoáveis
10:23porque ela não vai ser executada.
10:25É uma coisa engraçada.
10:27O americano, quando a gente fala sobre as decisões direto do Supremo,
10:30mandando a Polícia Federal ir para algum lugar ou outro,
10:32a gente fala assim, não, mas como é que pode acontecer isso?
10:34Porque na cabeça deles, você tem que ir para o Executivo,
10:37pedir para o Executivo para executar a medida,
10:39porque ele é o Executivo.
10:40Então, eu acho, eu acho,
10:44eu não tenho ainda um martelo batido com relação a isso,
10:48mas eu acho que a Constituição brasileira não nega
10:50e não impede a teoria da departamentalização.
10:53Se a gente tivesse alguma espécie de funcionamento assim,
10:58o juiz mesmo teria que pensar na decisão que ele vai tomar.
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