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O setor de café manifestou preocupação com a possível retaliação do Brasil ao tarifaço dos Estados Unidos. Em entrevista para a Jovem Pan, o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Márcio Ferreira, afirmou que a medida de reciprocidade seria "muito inadequada no momento".

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Transcrição
00:00Uma parte do mercado tem reclamado e muito sobre essa reciprocidade, usar ou não.
00:07E a gente conversa agora com o representante do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil
00:12que vem manifestando muita preocupação em relação a essa aplicação da lei da reciprocidade econômica.
00:20Vamos ouvir então as reflexões do Márcio Ferreira, atual presidente do Secafé.
00:27Tudo bem, Márcio? Ótimo dia a você. Que bom conversarmos aqui ao vivo na Jovem Pan.
00:34Eu quero ouvir um pouco sobre essa reciprocidade, se é o sentimento do mercado mesmo de fato
00:40em usar essa lei que foi aprovada no Congresso Nacional sobre reagir contra essas ações recentes do governo americano.
00:50Ótima tarde, seja muito bem-vindo à Jovem Pan.
00:52Bruno, boa tarde. Prazer estar com vocês aqui. Obrigado pelo espaço para o Secafé,
00:59para a cafeicultura em geral.
01:01Para o setor, a medida de reciprocidade, ela é num momento muito inadequado,
01:09até porque o que nós tratamos junto ao governo,
01:12na pessoa do vice-presidente da República, o Geraldo Alckmin e os ministros,
01:18é que nós iríamos negociar, negociar e negociar.
01:23Não houve, ao nosso entendimento, nenhum fator novo
01:27que gerasse necessidade de qualquer ação de reciprocidade no momento.
01:31E avaliando o café, hoje, eu costumo dizer que o tempo, na verdade, tem sido nosso aliado.
01:39Por quê? Porque a produção mundial de café, ela está muito exata ou até abaixo do consumo.
01:48E aí vamos para os fatos, o que aconteceu com o mercado de café a partir do dia 6 de agosto,
01:54já que no dia 7 começou a imperar os 50% aplicados de tarifa a Brasil.
02:00No dia 6 de agosto, a Bolsa de Nova York estava 286 por libra.
02:06Na sexta-feira agora, ela fechou 386, 387 por libra.
02:11Ela subiu 35%.
02:13Então, o café para o mundo inteiro subiu 37% arábica.
02:19O Condilon, que é o Robusta, estava 3.300 a Bolsa de Londres
02:24e ela já fechou acima de 4.800, na verdade, fechou 4.815.
02:32Isso representa uma alta de 44%.
02:35Ou seja, o café subiu para o mundo inteiro, isso fora tarifa,
02:41já 35% no arábica e 44% no Robusta.
02:45Então, olhando para o lado do produtor, independente da tarifa,
02:51o preço já subiu absurdamente.
02:54O café Robusta era cotado a mil reais no dia 6 de agosto
02:59e hoje ele está cotado a 1.600 reais.
03:02E o arábica, que era cotado a 1.800, está cotado a 2.300, 2.400, chega a 2.500, dependendo da qualidade.
03:11Então, para o produtor, o mercado subiu muito nos últimos tempos.
03:15Todos os demais erros da cadeia, e aí nós vamos pegar o comércio, a indústria,
03:21compradora lá fora, o mercado subiu para o mundo inteiro.
03:25Quais as razões dessa alta?
03:27Nós tivemos uma queda de rendimento na safra brasileira, na hora de 10%.
03:33Então, a arábica deve cair em torno de 4 milhões de sacas.
03:36Nós tivemos uma pequena geada no Cerrado, mas que impactou 600 no SAC com a próxima safra.
03:42Mas, principalmente, a tarifa criou um ambiente muito de incerteza, muita insegurança.
03:51E esse ambiente de insegurança provocou uma alta no mercado, não só da Bolsa,
03:57mas no mercado físico, porque a partir do dia 7,
04:00os torradores nos Estados Unidos se viram sem condições nenhuma
04:06de fazerem novos contratos com o Brasil,
04:10e até mesmo de embarcar os contratos que já estão firmados.
04:15Ou seja, aplicar 50% sobre algo que não estava calculado.
04:20A partir desse momento, eles vão buscar outras origens.
04:23Então, eles foram para a Colômbia, a América Central e outros.
04:26O que aconteceu imediatamente?
04:29Essas origens começaram a subir muito os seus preços.
04:32Lembra que eu te disse que a produção mundial está aquém do consumo muito justa.
04:37Ao subir os seus preços, as bolsas também vão subir,
04:40também com esses outros defeitos que eu citei aqui.
04:42E quando o torrador fala, tá bom, mesmo com essa alta, me proponho a comprar.
04:47Você tem o produto? A resposta é simples.
04:50Não tenho.
04:50Então, o consumidor no mundo inteiro está sofrendo com novas altas de preço,
04:59especificamente no caso do americano.
05:02Nova alta de preço, majorada, no caso da Colômbia,
05:06em mais 10%, fora alta do prêmio, que eles têm um prêmio sobre a bolsa.
05:11Alta do preço, mais 20% em caso do Vietnã.
05:15E outros países também com alta de preço, Indonésia e os demais.
05:19E o Brasil, alta de preço, que atingiu o mundo inteiro.
05:23E essa alta, eu falei aqui, 35% a 45%, dependendo da variedade.
05:28E aí, mais 50% do Brasil.
05:30Então, se tratando de café brasileiro,
05:32o café subiu o Arábica para o consumidor,
05:35na Bolsa de Nova York, mais de 50%.
05:37Ele já vai a 90%.
05:39Ele chega a um preço proibitivo,
05:42o que vai levar a indústria americana a prejuízo muito sério.
05:45E, com certeza, cafeterias, principalmente as menores, a fechar.
05:52Não tem como se manter nas tocas.
05:53Então, para que nós vamos falar de reciprocidade
05:57no momento em que o maior aliado nosso é o próprio consumidor americano?
06:02Ele já está sofrendo tanto que...
06:04Essa semana, inclusive, eu vi, você deve ter acompanhado aí,
06:08que teve um tribunal nos Estados Unidos
06:10que julgou improcedente as tarifas.
06:15Obviamente, isso é mais uma etapa de tudo isso.
06:17O presidente Trump está recorrendo.
06:20Mas isso mostra o descontentamento da população americana
06:22com o que está acontecendo com o nível de preço do café.
06:25Então, a nós nos cabe, setor público, ficar aguardando
06:30e deixar o setor privado ir negociar.
06:35Está todo mundo viajando a partir de hoje.
06:36O próprio Secafé, nosso diretor, Marcos Mato,
06:39está indo para o Austin para aquela questão da Sessão 301
06:42para defender o Brasil.
06:45E, ao mesmo tempo, nós precisamos encontrar
06:47um ambiente menos acirrado possível
06:49para avançar nas negociações.
06:51Se as portas estão fechadas para o setor público,
06:55o setor privado está buscando e está conseguindo
06:57ter diálogo através de seus pares
06:59e até mesmo junto às autoridades americanas.
07:03Eu vou rapidamente aqui chamar também na conversa
07:05o João Bellucci, que também faz uma pergunta agora.
07:09João, por favor.
07:11Senhor Marcos, queria perguntar para o senhor
07:13no sentido de se há uma coordenação de atuação
07:16tanto como o Secafé quanto produtores de outros grãos,
07:19de outras leguminosas, enfim, para essa atuação em conjunto.
07:23E como que tem sido o trabalho de vocês
07:25junto aqui ao governo brasileiro,
07:26que a gente até comentou na matéria anterior,
07:29você tem o Geraldo Alckmin e outros players do governo
07:32fazendo as negociações,
07:34ao mesmo tempo que você tem o próprio líder,
07:35como o Lula ou a Gleis, fazendo discursos mais de afronta.
07:39Sendo que, na medida em que o Brasil é um produtor,
07:41é um vendedor, às vezes vale mais a pena engolir um sapo,
07:44como o próprio governador Tarciso mencionou,
07:46às vezes é melhor engolir um sapo,
07:47deixe eles com alguma vitória, mas vamos ganhar.
07:50Como que estaria essa questão de atuação de vocês, então,
07:53com outros produtores de outros grãos
07:54e também essa questão da interlocução com o governo
07:57no sentido de, ó, pra gente tanto faz
07:59quem vai ganhar a discussão,
08:00que a gente quer vender o produto
08:02para que não percamos empregos e nem investimentos no Brasil.
08:07O Secafé, ele está indo lá,
08:11junto com a delegação que está indo à CNI também,
08:13mas o café, ele, até pelo que ele representa historicamente,
08:18Brasil e Estados Unidos,
08:20ele tende a negociar principalmente,
08:22vamos dizer, mais isolado.
08:25Ele vai participar da defesa da Sessão 301,
08:29mas a negociação do café,
08:30ela vai ser mais, como tem sido desde sempre,
08:34mais isolada,
08:35porque ela tem realmente uma força muito grande,
08:38o Brasil representa 33% de tudo que os Estados Unidos consomem em café
08:42para cada dólar exportado,
08:44são 43 dólares na economia americana,
08:47então o café é entendido pelo lado de cá,
08:50setor privado,
08:51e pelo lado de lá, setor privado também,
08:53é melhor que nós caminhemos,
08:55negociemos de forma isolada,
08:56embora estejamos participando da Sessão 301,
08:59junto com a CNI,
09:00e tratando, ouvindo, obviamente,
09:03conselhos de várias,
09:04e muitas das vezes é importante,
09:05porque o direcionamento que parece ser bom não é.
09:09Falando agora para você das tratativas com o governo aqui,
09:14é bom lembrar que nas reuniões o governo prometeu
09:19e está trabalhando para isso,
09:21para dar o suporte necessário aos prejuízos gerados
09:24com as quedas de exportações para os Estados Unidos.
09:27Entretanto, até agora, somente o café solúvel,
09:31que representa só 10% de tudo que o Brasil exporta para os Estados Unidos,
09:35ou para o mundo também,
09:37somente o café solúvel foi contemplado com 3% de reintegra.
09:41As exportações para os Estados Unidos, se você olhar,
09:43ela é, ou brasileira, também para o mundo,
09:45parece mais ou menos coincidente,
09:47você tem 10% de solúvel,
09:5010% de robusta,
09:52e 80% de arábica,
09:54Estados Unidos é principalmente arábica.
09:55E esses 90% de grão cru,
09:59que é o 10% de robusta e 80% de arábica,
10:02eles não tiveram nenhuma contemplação de prejuízo para o setor exportador.
10:07Tanto que a gente tem ações,
10:09quando eu digo ações, é trabalho sendo desenvolvido,
10:13via Congresso,
10:14para que nós alcancemos, obviamente,
10:17a compensação pelos prejuízos.
10:20Porque eu volto a dizer,
10:21o setor produtor,
10:23a curto prazo,
10:24está sendo contemplado com alta.
10:26Mas a médio e longo prazo,
10:28pode nos levar a perder
10:31market share,
10:33de muita intensidade,
10:34no maior consumidor
10:36do mundo,
10:37que é os Estados Unidos,
10:38o maior comprador de café brasileiro.
10:40Isso, para a gente,
10:41algo que estaria fora de cogitação.
10:43E quanto à sua pergunta,
10:44à questão política,
10:46é, obviamente, nós,
10:47enquanto setor privado,
10:48procuramos nos manter no âmbito do setor que somos.
10:51É, o que a gente pede,
10:53é, realmente,
10:54essa questão de,
10:55é, um pouco de silêncio da parte,
10:59do poder público,
11:00no sentido de entender,
11:02bom, não há necessidade de nenhuma ação nossa aqui,
11:05porque as coisas estão avançando,
11:07segundo o setor privado.
11:08E foi reação do setor privado,
11:10praticamente como um todo,
11:11grande parte,
11:12quase todo,
11:13que a reciprocidade não cabe nesse momento.
11:16A gente segue, então,
11:18acompanhando,
11:19porque é uma história que vai render,
11:21e muito,
11:21tanto aqui dentro do governo brasileiro,
11:24quanto também nos Estados Unidos.
11:26A equipe que está indo também a Washington
11:27para essas reuniões,
11:29na semana que vem,
11:30é um setor muito importante,
11:32e aí, também,
11:33esse estudo,
11:34que será feito nos próximos dias,
11:35sobre a reciprocidade.
11:37Eu agradeço a gentileza em conversar
11:39com a Jovem Pan.
11:41Qualquer novidade também,
11:42é só acionar,
11:44que a gente volta a repercutir o assunto, viu?
11:46Ok, Bruno,
11:48muito obrigado mais uma vez,
11:50e um bom domingo aí para vocês.
11:51Ao senhor também,
11:52seu Marcio.
11:53E os espectadores.
11:53Ótimo final de semana.
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