José Maria Trindade explica como a Polícia Federal chegou ao esquema de fraude bilionária nos combustíveis. A análise detalha os bastidores da investigação. O caso também amplia o debate no Congresso sobre a possibilidade de aprovação da PEC da Segurança Pública.
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00:00José Maria Trindade, aí o ministro Ricardo Lewandowski aproveitou para ressaltar a importância da discussão sobre a PEC da Segurança Pública
00:07nesse momento em que a operação desmantela bilhões e bilhões de reais em empresas e a atuação do crime organizado.
00:16Como é que você avalia a possibilidade dessa discussão a partir dessa operação, meu amigo? Seja muito bem-vindo.
00:23Pois é, a gente fica perguntando por que deixou chegar a esse ponto, né? Obrigado, Silvio. Muito boa tarde, boa tarde a todos.
00:28Olha, eu fico impressionado com esses números, fico impressionado com o resultado desta mega operação, é a maior operação.
00:38Já ouvi outras, quando Sérgio Moro era ministro, ele fez uma operação parecida, atingindo ali o coração econômico do crime organizado.
00:46Eu me lembro que logo depois do ataque das Torres Gêmeas nos Estados Unidos, houve por parte dos americanos um cuidado muito especial no tráfego de dinheiro.
00:56Lá, já todos, a área de segurança tem certeza de que é preciso projetar, é preciso gastar dinheiro, investir, mesmo para o crime.
01:08Para atentados, para o crime, é preciso fazer o investimento mínimo, né?
01:12Então, é mais fácil estrangular o crime organizado exatamente com operações assim, né?
01:19Através do estrangulamento econômico.
01:22Mas como se a Receita Federal sabe exatamente qual é a movimentação, como...
01:28Isso aí tem uma grande novidade, que é a bancarização do dinheiro sujo, do dinheiro de roubo, dinheiro de sequestro, dinheiro de tráfego de drogas, está bancarizado.
01:39São áreas que a gente já conhecia ali de entrada do dinheiro.
01:44Posto de combustível, supermercado e outros que recebem dinheiro vivo.
01:49O dinheiro vivo, ele não é declarado e não tem origem.
01:52Não é como, por exemplo, transferências.
01:55E isso estava dificultando o trabalho da investigação.
01:58Eu ouvi agentes dizendo o seguinte, que haviam várias etapas, né?
02:03De transferência e não dava, não tinha prosseguimento.
02:08Então, não dava para saber a origem do dinheiro.
02:11E isso é que gerou, Bruno, uma desconfiança na investigação.
02:15Essas fintechs, que são esses bancos digitais, né?
02:19Eles, tradicionalmente, só lidam com transferências.
02:23E alguns desses bancos, algumas dessas fintechs, recebiam dinheiro vivo.
02:28Ou não recebiam.
02:29Declaravam que recebeu, né?
02:31Foi isso que acendeu o sinal vermelho da investigação.
02:35E que levou a Polícia Federal a puxar essa malha.
02:38Aí é uma pergunta que não quero calar.
02:40Como isso acontecia?
02:42Eu tenho medo de dizer acontecia.
02:45Vou colocar o verbo no presente.
02:47Como isso acontece até hoje aí, debaixo das barbas do Ministério da Justiça?
02:53Da Polícia Federal?
02:54Da Receita Federal?
02:55Se a gente se esquece de uma declaração aqui, imediatamente a Receita vem em cima da gente?
03:02Como é que esses bilhões são transferidos aí sem absolutamente nenhum controle, né?
03:09Está certa.
03:10A operação é correta.
03:12Esse é o lado correto.
03:13Sobre a PEC, da Segurança Pública, isso aí é uma demonstração de que nem precisa da PEC.
03:18É só ter uma inteligência, um trabalho de inteligência que se pega pela economia ou crime organizado.
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