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O programa Jornal da Manhã deste domingo (03) conversou com o professor de relações internacionais Vladimir Feijó para analisar as tratativas entre Trump e Lula, em meio ao tarifaço dos EUA sobre o Brasil. O especialista repercutiu também as tensões entre o país norte-americano e a Rússia, em meio ao ressurgimento da “Mão Morta”, arma nuclear da Guerra Fria.

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Transcrição
00:00O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elogiou a disposição do presidente dos Estados Unidos em dialogar com o Brasil.
00:07Donald Trump afirmou que espera apenas uma ligação do presidente Lula para tratar do tarifácio formalizado pelo país.
00:13Sobre esse assunto, a gente recebe o professor de Relações Internacionais, Vladimir Feijó, que gentilmente atende aqui a Jovem Pan.
00:20Bom dia, professor. Bem-vindo, hein?
00:23Bom dia, Alberto. Uma satisfação poder contribuir aqui com o debate na Jovem Pan.
00:27Bom, professor, a gente teve essa fala do Trump numa pergunta feita por uma jornalista brasileira
00:33e ele respondeu ali de uma maneira informal, dizendo, só ligar, estou aqui para conversar e etc.
00:40Mas claro que é necessário que os canais oficiais possam, de algum modo, alinhar essa conversa.
00:47Mas, de qualquer modo, o senhor entende que é uma abertura para que o Brasil procure ouvir o Donald Trump nesse momento?
00:54Isso. De alguma forma, a diplomacia tradicional foi estardalhaçada, ou seja, quebrada pela política do Donald Trump,
01:04que optou, sim, por uma diplomacia presidencial, que também existe dentro do direito internacional.
01:10O Brasil não faz isso muito diferente durante as gestões do governo Lula, que indica, orienta os subalternos, né?
01:19Os membros da diplomacia formal, como conduzir os debates.
01:23Então, dessa forma, sem o sim do Donald Trump, qualquer encarregado de negócio ou ministro de Relações Exteriores
01:30não avançaria com as negociações.
01:32E, diante o vencimento do prazo, que o Donald Trump não gostaria de continuar com a pecha lá nos Estados Unidos,
01:40de sempre reverter, que era de 1º de agosto, ele não tinha interesse de nenhuma negociação
01:46antes que saísse o decreto executivo que formalmente explicasse qual era a emergência específica
01:53da necessidade das tarifas do Brasil, que não aquela que era aplicada para os outros países,
01:58que era exclusivamente pelo déficit contínuo e reiterado do comércio com os americanos.
02:05Então, agora, já tendo a justificativa, já tendo a certeza, né, que as tarifas entrarão em vigor,
02:11inclusive os setores americanos que mais poderiam ser prejudicados já foram isentados dessa tarifa,
02:17agora existe a abertura.
02:19Não sei, Nonato, se a conversa fluirá muito bem, já que o Brasil, dentre as suas três estratégias,
02:27a primeira, conversar com os diferentes setores, a segunda, identificar quem que seria o encarregado
02:35para a negociação de alto nível e a primeira, separar o que não se negocia.
02:40E aí, isso, o Donald Trump, nas diversas entrevistas que concedeu,
02:45acha que esse tema teria que estar dentro de negociação.
02:48Qual é o tema?
02:49A discussão da separação de poderes e a atuação do Poder Judiciário,
02:53algo que a nossa Constituição não empodera, nem o Legislativo, nem o Executivo,
02:59de fazer concessões em troca de alguma questão comercial.
03:04Agora, professor, eu acho que uma pergunta aqui que poderia ser feita é quem pega o telefone primeiro, né,
03:09nessa situação.
03:10Você pega Donald Trump, você pega Lula.
03:12Nesse caso, parece muito simples, né, uma resolução muito simples.
03:16Lula pegar esse telefone, ligar para Donald Trump e falar,
03:18olha, vamos amenizar essas tarifas aqui para o Brasil, vamos resolver essa situação.
03:23Esse seria realmente o caminho certo para conseguir amenizar esse tarifácio aqui no Brasil?
03:30Paulo, é exatamente uma questão importante.
03:33Ambos têm que ter espaço na agenda, mas alguém tem que encaminhar esse pleiteio formal,
03:39e não através das conversas indiretas.
03:41seja pela mídia social, né, a plataforma de cada um dos governos,
03:46seja a plataforma pessoal de cada um, ou seja, através da imprensa.
03:51Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva estão se comunicando,
03:55recebem notícia dos dois lados, dos interesses dos dois lados,
03:58mas não a comunicação direta, essa que realmente tem chance de surtir efeito,
04:03porque a velha história do telefone sem fio, né,
04:06sem a conversa direta, a mensagem pode muito bem chegar enviesada,
04:11até porque você não tem a oportunidade de fazer,
04:14como vocês fazem aqui como jornalistas, a follow-up, né,
04:17a pergunta seguinte para esclarecer alguns pontos que ficaram duvidosos.
04:23Professor Vladimir Feijó, eu pediria que o senhor permanecesse com a gente,
04:26porque a gente vai mudar de tema, já que um outro assunto nos preocupou muito essa semana.
04:31Isso porque uma antiga arma da Guerra Fria voltou ao centro das atenções nesta semana,
04:36conhecida como mão morta, ela é parte de um sistema russo de resposta nuclear.
04:41Vamos entender com o Daniel Caniato.
04:43A tensão entre os Estados Unidos e a Rússia ganhou um novo capítulo.
04:48O presidente Donald Trump anunciou o posicionamento de submarinos nucleares
04:52próximos ao território russo.
04:55A declaração de Trump ocorreu após Dmitry Medvedev,
04:59ex-presidente russo e atual vice do Conselho de Segurança da Rússia,
05:03ter mencionado em tom de ameaça o uso da arma mão morta.
05:08Classificada como uma arma apocalíptica, a ferramenta citada por Dmitry,
05:13a mão morta é, na verdade, um sistema de mísseis nucleares com alto poder destrutivo,
05:20desenvolvido nos anos de 1970, durante a Guerra Fria.
05:24Como explica o professor doutor pela Escola de Comando e Estado Maior do Exército,
05:29Marco Túlio Delgobo Freitas.
05:31A mão morta, ela surge na década de 70, tá?
05:36A década de 70 foi uma década em que tanto a União Soviética quanto os Estados Unidos
05:44estavam, de certa forma, no horizonte de um tratado de limitação de armas nucleares.
05:53O que isso quer dizer?
05:54Que durante a década de 60, os Estados Unidos e a União Soviética ficaram pensando
06:00o que seria dos seus arsenais após uma terceira retaliação de uma onda nuclear.
06:08Ou seja, temos a primeira em que as ogivas são lançadas,
06:14temos a segunda que são respondidas e, se a Terra sobreviver por um acaso,
06:19nós temos a terceira.
06:21A ferramenta tem sensores localizados junto a centros de comandos soviéticos
06:25e, se o ataque nuclear for detectado, o sistema pode iniciar o lançamento de mísseis nucleares,
06:32especialmente equipados.
06:34Quando lançados, os mísseis transmitem uma espécie de código
06:38para outros lançadores de mísseis balísticos, que estão espalhados pelo país.
06:43Depois desse envio, o sistema sai em busca de confirmações de autoridades russas.
06:48Primeiro do presidente, depois da chamada maleta nuclear,
06:52e em seguida de outras bases militares.
06:55Caso não encontre resposta, a própria ferramenta autoriza o lançamento dos mísseis.
07:00Todo o sistema pode funcionar sem qualquer decisão humana direta,
07:04por isso recebeu o apelido de mão morta.
07:07De acordo com informações de inteligência divulgadas pelos Estados Unidos em 2017,
07:13a ferramenta continua ativa e acredita-se que o governo russo tenha aprimorado ao longo dos anos.
07:21Seguimos no tema aqui com o professor Vladimir Feijó.
07:24Professor, o Caniá te explicou bem aí a questão do nome mão morta, né?
07:28Ela pode disparar automaticamente, caso todos os comandantes que possam decidir estejam mortos,
07:33daí esse apelido.
07:34Isso foi uma fala do vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, o Dmitry Medvedev,
07:39que já foi, inclusive, presidente tampão, num período em que o Putin não foi presidente.
07:44Ou seja, ele não tem função executiva.
07:47E isso chamou a atenção porque daí a gente citou,
07:49ah, os Estados Unidos estão movimentando seus submarinos nucleares nessa região.
07:54Lembrando que eles são movidos à energia nuclear e podem ou não conter ogivas nucleares.
08:00É um momento de perigo ou o senhor entende que é uma resposta protocolar do Donald Trump para essa fala do Medvedev?
08:09Realmente o risco de um grande conflito escalonado vem crescendo muito, Nonato,
08:16por questões dessas chamadas guerras de procuração ao redor do mundo.
08:21Rússia, Estados Unidos, França, Reino Unido, eventualmente até a China, a gente já começa a falar, estão envolvidos.
08:28Isso significa que o xadrez geopolítico está em ação e as potências acabam se bicando.
08:34A fala do Medvedev, da perspectiva dele, vem em resposta ao que houve de manifestação na semana passada
08:43de líderes da OTAN, líderes da União Europeia, que vem na sequência de falas do Donald Trump há 20 dias,
08:52das chamadas sanções secundárias para eliminar a capacidade de países seguirem comprando da Rússia
08:59e com isso financiar toda a economia que sustenta o armamento.
09:04E uma das falas da OTAN é a possibilidade de uma guerra que atacaria o território russo de Kalinegrado,
09:12eliminando esse controle em apenas um dia.
09:16Uma outra fala, adoção de política equivalente ao que foi feito por Israel no Irã,
09:21aquela decapitação e eliminação de lideranças.
09:24E aí o Medvedev disse isso, se Kalinegrado for atacado, a nossa resposta será nuclear.
09:32E se vocês tentarem impedir que a gente use a nossa ferramenta nuclear, nós temos esse sistema em funcionamento.
09:38E aí o Donald Trump faz o power play, né?
09:41Já que estamos em perigo de guerra nuclear, já estamos discutindo isso,
09:45vamos colocar as nossas mais avançadas, mais perto ainda do seu território.
09:50A tríade, poder aéreo, poder terrestre, poder marítimo de lançamento de mísseis dos Estados Unidos,
09:57a parte mais forte é exatamente os submarinos, a parte naval que eles conseguem, né?
10:03Por estarem escondidos debaixo do oceano e terem ali toda uma fuga de radares,
10:10atacar o inimigo de surpresa.
10:12Mas se eles estão mais próximos ao território, né?
10:16Aparecerem mais próximos do território, fica sem capacidade ou diminui muito a capacidade de resposta.
10:22Então é uma demonstração de força de ambos os lados.
10:25Quem acompanha isso sabe da existência dessas armas, mas agora a atenção está do lado político, né?
10:32Preciso continuar acompanhando se esses discursos realmente indicam
10:36que existe uma pretensão americana de fazer frente, né?
10:40De frear a Rússia.
10:42Algo que é um quê de surpresa, já que o Donald Trump, durante o primeiro mandato
10:47e durante a campanha eleitoral, disse que gostaria de se aproximar da Rússia,
10:52mas nos últimos meses vem dizendo que já não confia no Vladimir Putin.
10:56Aí é outra guerra, né?
10:58É um outro problema, né?
10:59Já estamos com problemas demais aí no cenário internacional, né, professor?
11:02Agora um ponto, a forma como a Rússia utiliza, né?
11:06Fala que pode utilizar essa arma aí, conhecida como mão morta,
11:09assim como o Nonato explicou muito bem aqui pra gente agora.
11:12Seria uma forma de provocação também, não uma forma de que eles poderiam utilizar em si realmente essa arma?
11:18E caso utilizassem, como que eles utilizariam sem provocar uma guerra nuclear em larga escala ali?
11:25Somente, não teria como?
11:28Não, não teria como.
11:29Eu acho que a primeira arma nuclear, sem o telefone vermelho, pra garantir que ela realmente não é um ataque,
11:37ela leva o efeito em cascata.
11:39E o que essa fala do Medvedev diz é que se chegarmos a esse momento, todos morreremos.
11:46Porque como foi bem explicado anteriormente, você tem saravadas, né, rodadas de lançamentos de mísseis.
11:54E a quantidade de mísseis apontados pra um país, por outro, e todos esses já com combustíveis,
12:02são o suficiente de levantar uma poeira radioativa, mas que também fecha toda a radiação do Sol no planeta Terra,
12:11por mais de um ano, levando à morte de muitas espécies e gerando todo um efeito cascata,
12:17que mesmo aqueles países que não sofreram a queda de bombas no seu território,
12:22ou então o efeito da chuva ácida, né, a chuva poluidora,
12:26também acabariam afetadas pelas simples impossibilidades de sustentar a vida.
12:32É isso, ou seja, é melhor a gente nem contar com essa possibilidade, nem pensar nisso.
12:37Professor Vladimir Feijó, muito obrigado pela gentileza da entrevista aqui ao Jornal da Manhã.
12:41Um bom domingo aí pro senhor.
12:44Como sempre, prazer, abraço, bom trabalho.
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