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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a dizer que o país vai realizar ataques terrestres contra traficantes de drogas próximo a costa da Venezuela. Para tratar do assunto com mais detalhes, a Jovem Pan News entrevista o professor de Relações Internacionais Lier Ferreira.

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Transcrição
00:00O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a dizer que o país vai realizar ataques terrestres contra traficantes de drogas perto da costa da Venezuela.
00:10Para a gente entender um pouco melhor sobre o assunto, vamos conversar agora ao vivo com o professor de Relações Internacionais, Lier Ferreira.
00:17Professor, muito bom dia, obrigada pela gentileza da entrevista.
00:22Bom dia.
00:23Bom, vamos lá.
00:24Quando o Trump diz que agora vai focar em ataques por terra, depois de ações que a gente vem acompanhando no mar, isso desde outubro, que os Estados Unidos têm atacado embarcações no Mar do Caribe, também no Pacífico, perto da costa da Venezuela e até da Colômbia.
00:43O que pode indicar uma certa mudança até de estratégia por parte dos Estados Unidos?
00:48Olha, na verdade não seria exatamente a mudança de uma estratégia, mas verdadeiramente a continuação de um projeto de ocupação da Venezuela para que os Estados Unidos possam ter acesso a algumas das riquezas estratégicas que o país produz.
01:05Por exemplo, a Venezuela é um dos maiores produtores de petróleo do mundo contemporâneo e também é detentora de terras raras, coltã e outros minerais estratégicos.
01:16Claramente, essa é a perspectiva que está posta para os Estados Unidos.
01:21Isso fica tão ou mais claro para a comunidade internacional quando nós somos capazes de fazer uma leitura da estratégia de segurança norte-americana que foi lançada há alguns dias,
01:32que ressuscita do ponto de vista formal a famigerada doutrina Monroe, segundo a qual as Américas seriam para os americanos, numa leitura muito clara, as Américas para os norte-americanos.
01:44Trump declarou que as ações que estão sendo empreendidas por mar foram capazes de deter cerca de 96% da droga que era encaminhada da Venezuela para os Estados Unidos.
01:57Sabemos que isso não é verdade, mas isso enfim legitima o fim dessa primeira etapa, do que seria uma primeira etapa,
02:03que seria a etapa de cercamento, de bloqueio naval do país e daria aso a essa segunda, esse segundo momento que ele diz ser iminente, que é uma ocupação por terra.
02:15Então, na verdade, o que nós temos é a continuação de uma estratégia.
02:18Professor, bom dia. Dentro dessa linha do senhor, evidentemente, a gente sabe que se fosse o foco a questão principal da droga mesmo,
02:28então os produtores, os países produtores seriam os alvos preferenciais, seria Bolívia, seria Colômbia e ali, como o senhor explicou,
02:36seria um caminho para a chegada nos Estados Unidos. Então, é mais pragmatismo econômico novamente?
02:41Olha, eu quero crer que nós estamos falando muito mais de uma situação de imperialismo do que de pragmatismo econômico.
02:50Eu vou tentar justificar o porquê. Nós sabemos que apenas 5% da droga que chega nos Estados Unidos,
02:57chega cocaína, seja cocaína, fentanil ou outras, são provenientes da Venezuela.
03:02Como você colocou muitíssimo bem, se a questão fosse o combate à droga,
03:07nós estaríamos falando de uma ação mais contundente, mais ostensiva, sobre os principais países produtores,
03:15principalmente Bolívia, Colômbia, etc. e tal. Isso não está acontecendo.
03:19Ora, se isso não está acontecendo nos países que são os principais produtores de droga,
03:25nós teríamos que ver uma ação com este nível de contundência
03:28sobre os países que são alguns dos principais corredores da droga para os Estados Unidos.
03:34E, nesse caso, nós estaríamos falando prioritariamente do México e, em outras escalas, até mesmo do Brasil.
03:40Isso não acontece.
03:42Então, nós estamos vendo uma ação que é direcionada para o regime madurista.
03:47E por quê?
03:48Porque Maduro é um ditador?
03:50Porque ele é cruel?
03:51Porque ele é um governante ilegítimo?
03:53Não.
03:54Nós sabemos que isso não perturba os Estados Unidos,
03:56como não perturba qualquer outra das grandes potências,
04:00China, Rússia,
04:01porque a lógica estratégica desses atores é outra.
04:04Elas operam no campo dos interesses nacionais.
04:07E é aí que nós chegamos a essa dimensão neoimperialista
04:11que está posta dentro da estratégia de segurança que os Estados Unidos lançaram há alguns dias.
04:17A base dessa afirmação não é uma análise ouca, vazia, ideologicamente orientada,
04:23mas, se não, o próprio documento lançado pelos Estados Unidos.
04:26Se a América é para os americanos, as riquezas que existem na América
04:30devem estar voltadas e postas a serviço, principalmente, da estratégia norte-americana.
04:37A presença de potências estrangeiras, nesse caso, principalmente a China,
04:41cuja participação ostensiva do ponto de vista do comércio e do investimento na América do Sul
04:47é crescente, é absolutamente, digamos que negativa dentro dessa visão exarada por Washington.
04:55E aí é necessário mandar recados claros para a América Latina como um todo
05:00e para a América do Sul muito em particular,
05:02de que esta região é um quintal norte-americano
05:05e que os Estados Unidos não irão tolerar a presença ostensiva de outras potências aqui.
05:10A Venezuela seria, então, o modelo, o piloto dessa ação intervencionista
05:18que os Estados Unidos pretendem ter em uma escala ou outra,
05:24com características aqui ou ali, em toda a região.
05:27Agora, professor, na prática, o que os Estados Unidos ganhariam com esse tipo de ação
05:32e pensando até nesse movimento que pode gerar reação direta de outros países da região?
05:40Olha, nós temos que olhar sempre aquele balanço de ganhos e perdas.
05:44Do ponto de vista dos ganhos, como nós colocamos há pouco,
05:48a Venezuela é um manancial de recursos estratégicos os mais diversos.
05:54Os mais evidentes são claramente o petróleo
05:57e, evidentemente, também as potencialidades minerais que a Venezuela possui.
06:03Além de metais tradicionais, como ouro, ferro, bauxita,
06:08ela também tem coltã, terras raras, esses minerais estratégicos,
06:13principalmente para a indústria de informática,
06:15esses materiais que são necessários para que a indústria de informática
06:20prospere e possa produzir.
06:22Além de tudo, a Venezuela é um país amazônico,
06:25com uma grande biodiversidade,
06:27o que também é de interesse dos Estados Unidos.
06:29Então, esses são os ganhos imediatos que os Estados Unidos estariam oferindo,
06:34buscando substituir o governo Maduro por um governo títere,
06:39que pode ser o de Maria Corina ou qualquer outro
06:41que se dispõe a cumprir esse papel de entregar as riquezas nacionais venezuelanas
06:46para a gestão dos Estados Unidos.
06:49Os riscos é de uma guerra civil,
06:52não é que nós não sabemos aí qual seria a proporção,
06:54porque nós não conseguimos avaliar nesse momento,
06:58em função do caráter fechado do regime Maduro,
07:01qual seria a capacidade de resistência,
07:03não apenas das forças regulares venezuelanas,
07:06como principalmente de uma indesejável guerra de guerrilha urbana,
07:10que seria absolutamente nefasta para os Estados Unidos.
07:14Mas esse é um risco que me parece que o Washington
07:16estaria disposto a correr nesse primeiro momento.
07:19Na verdade, eu acredito que o Washington esteja tentando
07:22pressionar o governo Maduro ao máximo
07:24para que ele ceda aos interesses nacionais norte-americanos.
07:28Se isso não acontecer, a invasão é iminente.
07:32Professor, o governo brasileiro, o presidente tem declarado,
07:35fez várias afirmações que acompanham com preocupação,
07:38evidentemente, toda essa situação.
07:41Qual seria o papel ideal para o Brasil,
07:43uma liderança regional justamente aqui na América Latina?
07:47Olha, o papel do Brasil só pode ser um,
07:51o de uma liderança moral, diplomática,
07:54que reafirme aquilo que o presidente Lula,
07:57o vice-presidente Geraldo Alckmin e tantas outras autoridades,
08:01ministro Mauro e tantas outras autoridades brasileiras
08:04vêm falando.
08:05Reafirmar a América do Sul como uma zona de paz,
08:09reafirmar a soberania da região,
08:11reafirmar que os destinos da América do Sul
08:14devem ser governados pelos países sul-americanos,
08:18que a cooperação com os Estados Unidos
08:20e com quaisquer outras potências econômicas,
08:24seja a China, seja a União Europeia,
08:27ela é uma cooperação sempre bem-vinda,
08:29visando o desenvolvimento da região
08:31e o melhoramento dos seus indicadores humanos.
08:34O Brasil pode e deve se apresentar
08:36como um país que busca e buscará incessantemente
08:40as condições de paz na região
08:43e também como um mediador possível
08:46no diálogo necessário entre os Estados Unidos
08:49e a Venezuela nesse momento.
08:52Conversamos com o professor de Relações Internacionais,
08:55Lier Ferreira,
08:56a quem eu agradeço mais uma vez a disponibilidade.
08:59Professor, um bom dia para o senhor.
09:01Carlos, muito obrigado pelo convite,
09:03pela oportunidade de estar mais uma vez
09:04falando com o público da Jovem Pan.
09:06Até breve.
09:07Obrigada.
09:08Muito bem, vamos dar sequência aqui.
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