O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços afirmou neste domingo (27) que o governo Lula está aberto a negociar o tarifaço de 50% com os Estados Unidos. No entanto, reforçou que a soberania do Brasil e o Estado democrático de Direito são princípios inegociáveis. José Maria Trindade e Nelson Kobayashi comentaram. Reportagem: Aline Becketty Comentaristas: José Maria Trindade e Nelson Kobayashi
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00:00Sete horas e vinte e sete minutos. A gente segue movimentando a nossa reportagem com informações ao vivo nesta manhã de segunda-feira.
00:07O Ministério do Desenvolvimento disse que o governo brasileiro tenta negociar com os Estados Unidos sobre a tarifa de 50%, mas afirmou que a soberania é inegociável.
00:19Aline Beckett participa aqui com a gente do Jornal da Manhã e tem detalhes sobre esse assunto. Aline, bom dia pra você e bem-vinda.
00:26Oi, Nonato, bom dia pra você, bom dia pra Soraya e também pra todo mundo que nos acompanha.
00:33Bom, desde o anúncio das medidas unilaterais impostas pelos Estados Unidos, o Brasil tem tentado avançar num campo diplomático.
00:42E ontem, através de uma nota, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, que é ministrado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin,
00:53divulgou uma nota reafirmando que a posição do presidente Lula é clara.
00:57Haverá diálogo, sim, mas sem qualquer contaminação política ou ideológica.
01:02A pasta chegou a reafirmar ainda nessa nota, como você bem disse, que a soberania do Brasil e também o Estado Democrático de Direito são inegociáveis,
01:13mas que o governo continua e continuará aberto ao diálogo em relação a essas questões comerciais,
01:20o que já foi também reafirmado várias vezes pelo próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
01:26O Brasil e os Estados Unidos mantêm uma relação econômica de mais de 200 anos
01:30e a expectativa agora do Planalto é justamente fortalecer e preservar essa relação, mesmo em um momento de tensão política.
01:39E aí, eu destaco a vocês que o governo brasileiro ainda, nessa nota, pediu,
01:45disse que espera que os Estados Unidos respondam as cartas que foram encaminhadas
01:49antes dessa tarifa de 50% em relação ao aço e o alumínio
01:54e também sobre essa tarifa de 50% que, já lembrando, ela entra, passa a vigorar a partir do dia 1º de agosto.
02:02O vice-presidente Geraldo Alckmin é quem está ali à frente,
02:06encabeçando todo esse grupo de trabalho com outros ministros
02:10e também conversando com o setor produtivo, o setor privado
02:15e tentando negociar com os Estados Unidos também.
02:18Semana passada tiveram reuniões, hoje a expectativa é de que o vice-presidente fale com a imprensa
02:23após um evento no Palácio do Planalto nesta manhã.
02:26Eu volto com você, Nonato.
02:28Muito obrigado.
02:29Aline Beckett, em Brasília, atualizando essas informações para a gente
02:32e assunto aqui para os nossos comentaristas também.
02:35Nelson Kobayashi e José Maria Trindade estão com a gente nesta manhã.
02:38Zé, vou começar contigo desta vez, semana decisiva aí para uma possibilidade de negociação.
02:42A gente teve os parlamentares indo até os Estados Unidos,
02:47mas, particularmente, eu sinto falta do presidente ou mesmo do próprio vice
02:52estarem em loco lá tentando uma conversação maior.
02:55Qual é a tua expectativa para esta semana, Zé?
02:58Olha, sempre a política andou lado a lado com a economia,
03:02mas, dessa vez, houve um exagero.
03:05Este é um assunto que deveria ser tratado do lado econômico,
03:09do Ministério da Fazenda, mas ele está centralizado no Congresso Nacional,
03:13que é a alma da política.
03:15Logo depois do anúncio, o grupo de empresários que faz aqui um trabalho de lobby
03:22e eu gosto de explicar que essa palavra lobby é positiva no sentido de informar,
03:27de levar aos deputados e senadores dados concretos para as decisões políticas,
03:32que são as frentes parlamentares, avisaram que aí não.
03:36Não se pode jogar contra o Brasil, contra a indústria brasileira,
03:41que, por sua vez, produz emprego e desenvolvimento.
03:45Houve uma união no Congresso Nacional.
03:47O senador Nelcio Utradi, o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos,
03:51formou um grupo que fala em nome do Senado e que já está em Washington.
03:56Vai se encontrar com empresários brasileiros, americanos e também com deputados e senadores
04:02dos dois partidos, democratas e republicanos.
04:06É uma frente.
04:07A outra oficial mora no Itamaraty, no Ministério de Relações Exteriores.
04:13O Geraldo Alckmin está negociando em nome do governo.
04:17Isso porque o presidente Lula foi aconselhado desde o início de ficar ao lado.
04:22Ele é a última palavra e tinha que ser preservado.
04:26Mas essa última palavra já foi descrita nos discursos que o presidente está fazendo em todo o país.
04:33E tratando realmente os Estados Unidos e o presidente Donald Trump como adversários.
04:38E colocando ele ao lado de Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro.
04:44Percebe que isso virou um assunto político em vez de eminentemente um debate técnico?
04:49Então está sendo assim.
04:51O presidente Lula foi isolado dessas negociações, mas ele fala, ele faz discursos
04:56que chegam exatamente ao presidente dos Estados Unidos.
05:02A dificuldade aí é porque houve um isolamento.
05:05Ninguém nos Estados Unidos está querendo assumir esse debate, essa negociação.
05:11E diziam ali, isso é com a Casa Branca.
05:13E ainda não há acesso ao presidente Donald Trump.
05:17Isso aí não é fácil de ser resolvido.
05:19Porque parece uma resistência mais política do que técnica.
05:23De qualquer maneira, o estilo Donald Trump de negociar é esse.
05:27colocar lá em cima o sarrafo e depois descer um pouco para dar a impressão de que houve vitória
05:34de quem perdeu não chegando a 50, mas caindo para 25, 20, sei lá, ou até 15.
05:41Hoje é 10.
05:43Pois é, o Brasil diz que está disposto a negociar, mas nessa mesa da negociação, né, Cuba,
05:48parece que do outro lado não tem ninguém.
05:51Na tua avaliação, a presença dos senadores ali no corpo a corpo pode surtir algum efeito?
05:59O que menos pode surtir efeito nessa negociação toda é a comitiva de senadores, Soraya.
06:04Os senadores, eles podem, no máximo ali, ter alguma troca de informações, de ideias,
06:10com os parlamentares também, americanos.
06:12Mas a gente sabe que em relação a esse tarifaço, não só em relação ao Brasil, mas ao mundo todo,
06:19as decisões são tomadas na Casa Branca pelo Donald Trump.
06:22Então, de fato, é um assunto de diplomacia e de chefes de Estado e de seus representantes.
06:29É o Trump com o Lula ou o representante do Trump com o representante do Lula.
06:34Aqui no Brasil é o vice-presidente Geraldo Alckmin que está liderando esse tipo de negociação.
06:38conversa com o empresariado, toma ideias em relação ao que pode ser proposto,
06:43tem a sua interlocução com o Ministério da Fazenda, os impactos na economia,
06:48na macroeconomia, nas exportações, na relação ao déficit ou superávit.
06:52Enfim, a gente sabe como é essa relação com os Estados Unidos e o Brasil sai perdendo,
06:57diferentemente do que constou na carta de Donald Trump.
06:59E, de outro lado, são aqueles interlocutores do próprio presidente americano.
07:03É claro que, para uma negociação, não serão os dois líderes dos países.
07:07O presidente americano com o presidente brasileiro que vão sentar à mesa.
07:11Eles sentam à mesa, eventualmente, quando já tiver um acordo muito bem encaminhado.
07:15Mas os senadores, os parlamentares que estão nessa comitiva,
07:19principalmente em um período onde lá nos Estados Unidos a Washington não está muito ativa,
07:26é um período ali de licenças, eles não têm muito potencial.
07:30É claro que falam cada um dos senadores para a sua base, para os seus eleitores,
07:35demonstram algum tipo de proatividade sem muito potencial.
07:39A gente tem uma expectativa de que, de fato, dia 1º, o tarifato começa a funcionar.
07:44Tanto que o dia, a cada dia que passa, está mais próximo
07:48e nenhum sinal de um tipo de acordo entre Brasil e Estados Unidos.
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