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Notícias
Transcrição
00:00O anúncio oficial feito pelo
00:03governo dos Estados Unidos sobre
00:05a abertura de uma investigação
00:06comercial contra o Brasil abalou
00:09ainda mais a relação entre os
00:11dois países. Sob a alegação de
00:13práticas desleais e injustas, a
00:16medida adotada por Donald Trump
00:18é considerada uma das mais
00:20duras da política comercial
00:22norte-americana. Entre as
00:24acusações, o documento aponta
00:26incômodos quanto ao uso do PIX,
00:28tarifas mais baixas para
00:30exportações a concorrentes dos
00:32Estados Unidos e aparente omissão
00:35na proteção de direitos de
00:36propriedade intelectual. No
00:38entanto, não apresenta provas das
00:41alegações. A investigação somada
00:44a elevação das tarifas sobre as
00:46exportações aos Estados Unidos a
00:48partir do dia primeiro de agosto
00:50pode fechar ainda mais o cerco
00:52montado contra o Brasil. Na última
00:55terça-feira, o Itamaraty, em
00:57conjunto com o Ministério do
00:58Desenvolvimento, Indústria e
01:00Comércio, enviou uma carta
01:02resposta à Casa Branca, afirmando
01:04que a soberania brasileira jamais
01:07estará na mesa de qualquer
01:09negociação. O Visão Crítica
01:11desta noite segue analisando as
01:13instabilidades na relação entre
01:15Brasil e Estados Unidos, o papel da
01:17diplomacia e as chances de negociação
01:21com o Trump.
01:31Visão Crítica
01:32Crítica de hoje, tendo como
01:38convidados aqui no estúdio o
01:40professor Antônio Corrêa de Lacerda,
01:43professor e diretor da Faculdade de
01:44Economia e Administração da PUC São
01:47Paulo, o professor que já esteve
01:49conosco, Marcos Vinícius de Freitas,
01:52professor visitante na Universidade
01:53de Relações Exteriores da China e
01:56virtualmente José Luiz Pimenta
01:58Júnior, diretor de Relações
02:00Governamentais e Comércio
02:01Internacional na BMJ, consultoria e
02:04diretor do Departamento de
02:06Infraestrutura da FIES. Agradeço a
02:08todos serem aceitos o nosso convite e
02:10começo com o professor Lacerda.
02:12Primeira questão, Lacerda, o
02:14seguinte, foi uma surpresa para você
02:16a adoção dessas tarifas e da forma
02:19como elas foram adotadas?
02:21Foi sim uma surpresa, Vila, porque
02:23primeiro, porque o Brasil já tinha sido
02:27taxado junto com outros países naquela
02:29tarifa mínima, vamos dizer, de 10%
02:32dentro daquela tábua que o Trump
02:37apresentou, né? E depois a
02:39justificativa, né? A justificativa ali
02:42feita sem a menor... Provavelmente ele
02:44não ouviu seus assessores técnicos,
02:48porque ele cita dados equivocados, por
02:50exemplo, o Brasil tem déficit
02:51comercial com os Estados Unidos. E lá
02:54ele diz o contrário, que os Estados
02:57Unidos teria déficit com o Brasil.
03:00mistura uma série de fatores econômicos
03:04e políticos, né? Econômicos com dados
03:06errados, alguns nem sempre de forma
03:12explícita, apenas mencionada, mas há
03:14certamente o problema das big techs, né?
03:17Que é de alto interesse dos Estados
03:20Unidos, que está lá delineado e uma
03:24desinformação enorme sobre as instituições
03:27brasileiras, né? Do ponto de vista
03:29político, ele também desconhece e
03:32imputa ao problema Jair Bolsonaro uma
03:36acusação de corrupção, que não está em
03:38jogo, pelo menos não é o foco
03:40principal. E confundindo também,
03:44entendendo que talvez o poder
03:47judiciário seria subordinado ao
03:49executivo, quando nós temos uma, aquela
03:51coisa dos pesos e contrapesos dos
03:54poderes executivo, legislativo e
03:57judiciário. Então, surpreende primeiro
03:59com um certo amadorismo, né? Na
04:03justificativa, no formato. E algo que
04:06também, do ponto de vista econômico,
04:08ser de fato praticado é um tiro no pé
04:11do próprio Estados Unidos, não por
04:13acaso, a empresas norte-americanas
04:16sediadas nos Estados Unidos e as suas
04:18filiais no Brasil, alertando para o
04:22impacto da medida. Porque se você tiver
04:24um encarecimento das importações de
04:28insumos, matérias-primas e mesmo
04:29produtos, isso vai contra os interesses
04:32dos Estados Unidos, né? Então, essa
04:35configuração está a exigir uma
04:38mobilização, como tem sido feita do
04:40governo brasileiro, em mobilizar as
04:44empresas envolvidas, né? O setor
04:47empresarial e a própria sociedade. Porque
04:49se a gente pegar os acontecimentos mais
04:51vezes, até a 25 de março entrou,
04:54entrou na justificativa, né? De uma
04:56forma totalmente enviesada.
05:00Professor Marcos Vinícius de Freitas,
05:02justamente pegando esse gancho do
05:04Lacerda, sobre até a 25 de março
05:06entrou no discurso oficial do governo
05:09americano, até a questão do PICS, mas a
05:1225 de março é realmente, é um detalhe
05:15tão pequeno, num contexto tão complexo e
05:18da maior potência econômica, que chama
05:19atenção sobre quais são os quadros
05:22existentes no governo americano, que
05:24fundamentam a política hoje americana,
05:27especialmente a política econômica e a
05:29política exterior, porque é uma coisa,
05:31convenhamos, menor. Com a sua
05:33experiência na China, como é que dá para
05:36comparar a resposta brasileira, ao
05:38menos até o momento? É bom lembrar que
05:40as tarifas começam a entrar em vigência
05:42dia 1º de agosto. E quando as pressões
05:45sempre muito grandes e maiores, inclusive
05:47que o volume é muito maior, é de
05:49comércio, e no caso dos Estados Unidos
05:51que é um comércio deficitário com a
05:53China, no caso da China, dá resposta do
05:55que você sentiu na sua vida profissional e
05:58acompanhando o dia a dia.
06:00Boa noite, professor Vila, um prazer estar
06:02com o senhor, também novamente, aqui
06:04conversando. Eu até escrevi um artigo
06:08sobre isso no Diário de São Paulo, não
06:11estou fazendo merchan, não é, nesse processo
06:12todo, mas fazendo uma comparação daquilo
06:16que eu vi na China e daquilo que eu tenho
06:17observado no Brasil. E não há dúvida de
06:21que, no caso chinês, chegou a 145%
06:24aquilo que o Trump anunciou como medidas
06:28que ele faria de taxação e de tributação
06:31dos produtos chineses. E não houve dúvida
06:33de que os chineses disseram que fariam
06:34até 125%, mas os chineses chegaram a um ponto
06:37que disseram, olha, passou de 40%, não é
06:40mais imposto, não é mais tarifa, é embargo.
06:44Então, nós temos aqui uma situação em
06:46que o presidente dos Estados Unidos e o
06:48governo americano está efetivamente
06:50fazendo embargo à China. E aí, poderia
06:53ir o mundo inteiro dizendo que a China
06:55tinha uma dependência dos Estados Unidos,
06:58que os chineses iriam rapidamente
07:00sucumbir àquela situação toda, mas o que
07:03eu notei foram três coisas ali que eu
07:05achei muito interessante. Em primeiro
07:06lugar, eu vi uma, um reconhecimento de
07:10que estavam sob ataque. Isto é
07:13fundamental, o país está sob ataque.
07:17E isso é relevante com relação a um
07:21processo seguinte que aconteceu, que foi,
07:24se o país está sendo atacado, nós
07:26temos de nos unir contra o inimigo
07:28externo. E daí é que veio o fato de
07:31que os chineses aceitaram impor
07:34sanções aos Estados Unidos, reconhecendo
07:37também que deveriam, não somente
07:40corresponder na medida, mas que
07:42deveriam apoiar o governo nesse processo
07:45todo. E a gente sabe, todo mundo acha
07:48que a China é um monolito, que todo mundo
07:51acredita na mesma coisa. E não, existem
07:54vários questionamentos com relação à
07:56posição do governo em determinadas
07:57situações, mas aqui houve algo muito
08:00de aproximação. A gente chama também de
08:03race to the flag, né? Vamos proteger a
08:05bandeira do nosso país. E a terceira
08:08coisa é a crença de que eles tinham os
08:11instrumentais no lugar para evitar que
08:15determinadas coisas acontecessem. Coisa
08:17que o Brasil, infelizmente, não tem,
08:19porque nós entramos no campo de batalha
08:21completamente desprotegidos. Os chineses
08:24podem viver sem WhatsApp. Os chineses
08:28podem viver sem Instagram. Os chineses
08:30podem viver sem o GPS. Coisas que o
08:33governo americano administra, alguns
08:36através de suas empresas, mas o GPS, por
08:38exemplo, é uma tecnologia militar,
08:40administrada pelos militares. Então os
08:42chineses entendem que para entrar numa
08:44briga grande, você tem que fazer a
08:46lição de casa para esse processo. E aí eu
08:49comparo também com uma coisa que
08:50aconteceu no Irã, que mesmo atacado por
08:53Israel, a despeito de todas as coisas que
08:56nós observamos no governo de Teherã, a
08:59população ainda assim foi e protegeu e
09:02se juntou ao redor do seu líder no
09:05sentido de entender que estavam sob
09:07ataque. No Brasil, diferentemente, nós
09:10começamos a ver aqui uma série de
09:12opiniões. E eu sempre comentei, eu
09:14comentei outro dia com um amigo meu,
09:16dizendo o seguinte, o próprio entróito da
09:18carta, quando fala ali de Bolsonaro,
09:20Bolsonaro, aplica aquele princípio de
09:22dividir para conquistar. Ou seja, quando
09:25ele colocou ali a semente Bolsonaro
09:28dentro da carta, ele praticamente conta
09:31somente com a polarização do país, que
09:34está completamente dividido. E aí você
09:36vê que ao invés de nós nos juntarmos
09:39contra um inimigo externo que está
09:41atacando, a posição brasileira foi de
09:44cada um por si nesse processo todo.
09:46Então, isso é muito problemático no
09:50processo de construção de uma nação,
09:52quando você não consegue encontrar
09:54elementos que unifiquem. Nós tivemos o
09:57problema da Covid, não é que o senhor
09:59lembrou na conversa que nós tivemos
10:00anteriormente, mas esta falta de
10:04compreensão de que o Brasil está sendo
10:06atacado neste processo todo é muito
10:09grave.
10:11Eu queria perguntar para o senhor José
10:14Luiz Pimenta Júnior, a seguinte questão
10:16para o senhor também, foi uma surpresa
10:19para o senhor as medidas adotadas e
10:22amplitude das medidas, agora inclusive
10:24com o documento mais recente do
10:26governo americano, incluindo questões
10:28até do PIX, que estaria desfavorecendo
10:32uma grande Big Tech americana e também
10:35até a Rua 25 de Março, tecendo
10:37considerações absurdas, inclusive, sobre a
10:40Rua 25 de Março, que deixaria provente
10:42a Prefeitura de São Paulo, indignada, que
10:44já fez inúmeros combates à pirataria, não
10:47só lá, e avisando ao Trump e seus
10:49aliados, vamos dizer assim, que tem também
10:52a região Braspari, que eles poderiam
10:53incluir nessa questão, onde também há um
10:56combate contra a pirataria feita pela
10:58Prefeitura. Eu pergunto ao senhor, como é
11:01que o senhor analisa esses últimos
11:02acontecimentos?
11:03Boa noite, professor Vila, boa noite,
11:08professor Lacerda, professor Marco, é um
11:10prazer estar aqui com vocês.
11:12É uma surpresa, vamos dizer assim,
11:16previsível, se a gente puder colocar
11:17dessa forma, a surpresa está na
11:20magnitude da medida, né, obviamente,
11:22quando a gente olha para a magnitude da
11:24medida, é uma medida assimétrica, que
11:27coloca o Brasil dentro dos países com
11:30que foi tratada, né, foram tratadas as
11:33cartas, né, enviadas pelo Trump no
11:34domingo, como de maior tarifa, sendo
11:38que é o único que tem superávit, né,
11:40como que os Estados Unidos têm
11:41superávit. É claro que a gente estava
11:43numa zona ali de apreensão, de 10%,
11:45então a gente sabia que a gente ia sair
11:48com alguma coisa, porque a medida
11:49tarifária é transversal, isso o setor
11:52privado já estava prevendo, enfim, todo
11:55mundo já sabia que ia sair com alguma
11:56coisa. Agora, 50%, há estudos já
12:00que comprovam, né, vários deles, que a
12:04partir de 45%, 40%, próprios modelos
12:07econométricos, microeconômicos, já
12:10comprovam que você já não tem a
12:13viabilidade do comércio mais, né,
12:15praticamente uma sanção específica ali,
12:18ou a um setor, ou a um país como um
12:20todo, como é no caso do que os Estados
12:22Unidos estão fazendo com o Brasil, ou já
12:24em alguns setores, né, porque a gente
12:26olha para algumas medidas já, a gente está
12:27falando aqui de uma medida específica,
12:30né, mas se você olhar o outro conjunto de
12:32medidas, relação a aço, alumínio, isso já
12:35transbordou para tarifas bem acima desse
12:38montante de 50%. Então, nesse sentido,
12:42quando a gente olha para a tarifa, ela
12:46vinha, porém, não nessa magnitude, acho
12:48que esse é o ponto principal. Quando a
12:50gente olha para o restante da situação
12:51como um todo, a sessão 301, aí sim a
12:54investigação da sessão 301, aí a gente
12:57está falando de um longo processo de
13:00investigação, que aí pode culminar, assim,
13:03com sanções muito mais pesadas, mais
13:06pesadas, inclusive, do que as tarifas de
13:0850%. Então, a gente está falando de dois
13:10momentos diferentes, dois momentos
13:12distintos. O primeiro momento é agora, com o que
13:14está acontecendo, especificamente até o dia
13:171º de agosto, que possivelmente vai
13:19culminar com uma tarifa, oxalá, não de
13:2150%, que os negociadores consigam
13:23negociar isso e cair, né, mas de uma
13:27outra questão, que é do longo prazo da
13:29investigação, que aí vão ter elementos
13:31comprobatórios, que a gente pode falar um
13:33pouco mais para frente. Mas são dois
13:34momentos distintos e o arsenal contra o
13:36Brasil é pesado, sim, Vila.
13:40Lacerda, justamente pegando esse gancho
13:42levantado pelo Zé Luiz, é que esse arsenal
13:45pesado contra o Brasil. Porque, de um
13:47lado, na própria correspondência do
13:49governo americano, em certo momento
13:51fala, vocês podem produzir aqui o que
13:53vocês vendem para a gente. Só que, é só
13:55se a gente levantar o estado do Mato
13:57Grosso, por exemplo, e virar o
13:5951º estado norte-americano e levar até
14:02lá. Assim como os cafezais, a área de
14:05açúcar e o petróleo bruto, que é o
14:07principal produto, que é extraído do
14:11litoral brasileiro, boa parte, grande
14:13parte dele, o litoral brasileiro. Quer
14:15dizer, então é irracional a qualquer
14:17pessoa de bom senso que está escrito
14:19no documento oficial do governo
14:20americano e ele pode destruir o mundo
14:22que nós vivemos apertando o botão, com
14:24o poder atômico que eles têm. Então,
14:26precisa tomar cuidado e ele, quando
14:28perguntado, ele fala, eu faço porque eu
14:29posso, eu faço porque eu quero. Na
14:31imprensa mexicana, hoje, lendo, uma
14:33analista falava, esse é o narcisismo
14:35levado ao cubo, né? Não tem razões
14:38econômicas. Aí eu pergunto a você, como,
14:40na área de economia, como pesquisador. O
14:43que pode ocorrer conosco, né? Porque
14:45vamos dizer que a partir do primeiro de
14:46agosto, sejam implantados efetivamente
14:48essas tarifas. Ou um valor um pouco
14:51menor. Isso quando o Brasil, fazer um
14:54parênteses, o presidente, o
14:56vice-presidente Geraldo Alckmin e
14:58ministro da indústria e comércio, disse
14:59hoje que as tarifas em relação às
15:01mercadorias americanas no Brasil, em
15:03média, dele é 2,7. Portanto, há uma
15:06disparidade absoluta de taxações, né? De
15:09tarifas. Como é que fica o impacto na
15:11economia brasileira? Bem, há estudos
15:14já analisando qual seria o impacto
15:18desse. Então, existe um impacto, vamos
15:20dizer, potencial de meio por cento no
15:23PIB. Então, se o PIB, digamos, de longo
15:27prazo, fosse crescer 3%, só o impacto das
15:32tarifas nos Estados Unidos teria meio
15:35por cento. Mas há também o impacto mundo
15:38afora. Por exemplo, sobre a Rússia, onde o
15:42Brasil importa fertilizantes ou outros
15:45países também relevantes. Então, nós
15:48precisamos agora verificar o cenário que
15:51vai se delinear a partir dessa nova
15:54configuração que haverá no comércio
15:56internacional. Tem certamente muito blefe,
15:59muita bravata no meio, né? Por parte do
16:01Trump, que tem sido uma característica dele, ele
16:05anuncia e depois posterga ou acaba não
16:09praticando exatamente. Mas não há dúvida
16:12que o fato do Brasil ser um global player do
16:16ponto de vista do comércio, quer dizer, ao
16:17contrário do México, que tem, depende
16:20essencialmente dos Estados Unidos, o Brasil
16:22felizmente é mais diversificado, né? Então,
16:25ele exporta tanto para a América do Norte,
16:28como Europa, como América Latina, né? Como
16:33para a Ásia, né? China em destaque, que é
16:36aliás o nosso principal parceiro. Então, isso
16:39ameniza um pouco o fato específico de
16:43Estados Unidos. Agora, não nos exime dos
16:46efeitos. E com relação à localização
16:49industrial, como você bem lembrava, a
16:51Vila e Sul, tem um longo percurso. Se a gente
16:54voltar lá ao final do século XX, estava no
16:59auge o processo de globalização, que era
17:01exatamente transferir para o mundo
17:04periférico, vamos dizer assim, a produção,
17:07especialmente aquela produção mais suja, né?
17:10Porque na ilusão de que isso resolveria o
17:12problema climático. Não resolve como a
17:14gente sabe hoje. E segundo, porque a
17:18a visão de que você poderia adquirir
17:23produtos com preços mais baixos. Bom, o que
17:27que mudou nos últimos dez, cinco anos? Primeiro, o
17:31episódio da Covid, que mostrou que mais do que
17:36preço, é segurança de fornecimento, né? Então,
17:41muitos países, inclusive o Brasil, padeceu do
17:44fato de não ter determinados insumos, determinados
17:48equipamentos básicos de segurança e
17:50dependendo da sua importação. Depois, os
17:52efeitos da crise climática que se agravaram e
17:56trazendo também impactos significativos sobre as
17:58cadeias internacionais de suprimentos. E
18:02terceiro, mas não menos importante, que é o que
18:05são os conflitos geopolíticos, né? As
18:08guerras que acabam afetando o processo
18:11logístico, o processo de fornecimento. Bom, agora
18:14tem um elemento novo que é o tarifácio do
18:16Trump. Então, isso tudo impacta, evidentemente, a
18:20localização industrial mundo afora, mas como
18:24você também muito bem lembrou, isso não
18:26ocorre no estalar de dedos. Não é assim que as
18:29empresas recolocam as suas plantas de
18:34produção em qualquer lugar, sendo que nós
18:37estamos falando de indústria, mas se falar
18:38também da produção agrícola, então nem
18:41pensar, né? Aí envolve outros aspectos,
18:45inclusive disponibilidade de terras
18:47agriculturáveis, fatores de favorecimento
18:51do clima, por exemplo, para determinadas
18:53culturas, não é mesmo? Então, na verdade, o
18:57mundo, se de fato prevalecer o cenário
19:00delineado de aumento das tarifas, que seria uma
19:04onda protecionista, né? Que, aliás, há
19:06precedentes históricos, se a gente lembrar, pós
19:09Primeira Guerra Mundial e mesmo pós Segunda
19:11Guerra Mundial, no caso da Segunda Guerra
19:15Mundial, o que amenizou foi a conferência de
19:17Bretton Woods, onde se estabeleceu as chamadas
19:21bases da economia, a ordem econômica mundial e
19:24que prevaleceu por mais de 50 anos, os chamados
19:28anos de ouro do capitalismo, mas de qualquer
19:31forma, esse risco da protecionismo ainda
19:35existe.
19:37Vou pegar um gancho, então, professor Marcos
19:39Vinícius de Freitas. O governo americano
19:42agregou agora, ontem e hoje, mais uma pressão
19:47sobre o Brasil, dizendo que o Brasil faz parte
19:50do BRICS e um dos países do BRICS tem um
19:53conflito com a Ucrânia, a Rússia, e ele deu um
19:56prazo para a guerra terminar. É bom lembrar que ele
19:59antes tinha dado em 24 horas e ele ia resolver o
20:02conflito Ucrânia-Rússia. Agora ele deu 50 dias.
20:05E disse o seguinte, que os países que fazem parte
20:07do BRICS vão ser também punidos pela aliança que
20:12estabeleceram com a Rússia. O que é algo
20:18problemático de compreensão e aí eu faço
20:20questão que o professor, por favor, explique a
20:23quem nos acompanha, se o BRICS é uma aliança
20:25militar, política, comercial, geopolítica e que
20:31isso tem a ver com a política de taxações e
20:35tarifas feita pelo Trump. Alguns já disseram
20:37que é uma espécie de mercantilismo do século
20:4021. Alguém, não lembraram, mas é capaz de
20:44alguém lembrar dos atos de navegação do
20:46Cromwell, lá em 1651, do trânsito de
20:49mercadoria só por navios ingleses. Só faltava
20:51alguém lembrar isso, mas daqui a pouco
20:53alguém vai lembrar. Eu coloco o seguinte
20:55para o senhor, como é que fica essa questão
20:57do BRICS? E agora fica uma confusão que vai
21:00dar 25 de março ao BRICS. Olha o universo de
21:04questões que são colocadas.
21:06Eu só queria fazer uma digressão e aí eu já
21:10respondo. Veja, a questão do PICS que é
21:13abordada, eu sempre comento uma coisa com os
21:16meus alunos e aqui eu converso também. Vamos
21:19supor que você vai num bar aqui em São
21:21Paulo e o senhor me convida para jantar, né
21:25professor Vila? Não, o senhor me convida para
21:27jantar. E aí o senhor paga. Quando o senhor
21:29pagou e usou o seu cartão de crédito,
21:32necessariamente a Visa ou a Mastercard está
21:35ganhando dinheiro com isso. É uma renda
21:38passiva, né, que vai sendo gerada e é que é
21:41muito bom para as empresas americanas. Os
21:43chineses criaram lá suas plataformas para
21:46evitar que isso acontecesse. A Indonésia fez a
21:48mesma coisa e o Brasil faz a mesma coisa com o
21:50PICS, né? Qualquer estabelecimento que a
21:52gente vai hoje em dia, as pessoas até
21:54preferem o PICS. Então, isso vai afetando
21:56principalmente Visa, Mastercard, América
21:59Express, que vão perdendo aí a sua
22:01participação de mercado e obviamente que
22:03eles não querem encontrar concorrência
22:06nesse sentido. Então, esse que é o grande
22:08desafio nessa questão econômica. No fim
22:09das contas, é sempre dinheiro, né, professor
22:11Vila? É sempre dinheiro. E agora, o BRICS é
22:15justamente esse processo todo que a gente
22:17observa. Como o professor mencionou antes, né,
22:21a Bretton Woods tentou se estabelecer ali
22:24uma ordem global dizendo que era uma
22:26ordem liberal baseada em regras. Só o que
22:29que nós temos observado é que a ordem
22:32tem sido muito pouco liberal e muito
22:35pouco pautada por regras. Por dois
22:38motivos, é só a gente notar que, por
22:40exemplo, vamos pensar na questão de ataque
22:43nuclear, né? Existe todo um tratado ali da
22:46TNP dizendo que não se atacam instalações
22:48nucleares. Os Estados Unidos vão e atacam
22:50duas instalações nucleares. Vai se
22:54falando com relação à forma dos países
22:57reagirem economicamente em sanções.
22:59Existem regras nesse sentido, aí vão os
23:01Estados Unidos e os europeus e fazem
23:04completamente o contrário. Então, surge
23:07neste momento um sul global, não é? Que é a
23:10mesma coisa que a gente fala os países
23:11emergentes, os países em via de
23:13desenvolvimento, nós sempre damos uma
23:14nomenclatura nova, mas com uma dinâmica
23:17diferente, em que este sul global diz que é
23:20necessário que as regras sejam
23:22respeitadas. Porque se existe uma coisa
23:26que China e Índia querem, e o Brasil
23:29também, é estabilidade no sistema global.
23:33Veja a instabilidade que, nós nunca
23:36pensamos nisso, que o Trump, por um
23:38decreto consegue criar no mundo inteiro. A
23:41economia afeta o câmbio, afeta um monte de
23:43coisa. Então, quando a gente fala de
23:45BRICS e desta, não é que o BRICS quer
23:47aí suplantar a ordem global, inclusive o
23:50BRICS é multilateralista, é africano, é
23:54latino-americano, é euro-asiático, mas o
23:57BRICS quer voltar à regra de que nós
24:01precisamos de estabilidade no sistema
24:04global, para que os países efetivamente
24:07cresçam. O mundo precisa de estabilidade.
24:10Os chineses dizem que a gente precisa de
24:11três coisas para crescer economicamente.
24:14Segurança, estabilidade e educação.
24:17Então, estabilidade é o fundamental, é isso
24:20que o BRICS vem apregoando. Claro, que
24:22existirão ali problemas com um país ou
24:26outro, que é normal, porque se nós olharmos
24:28até para o histórico dos membros do G7, é
24:31muito pior do que o dos países do BRICS.
24:33podemos esquecer disso, né? Só lembrar
24:35que a Inglaterra, por exemplo, foi um
24:37estado narcotraficante, quando fez as
24:39duas guerras do López. O professor Vila
24:41pode falar isso melhor do que qualquer um
24:42nesse processo. Então, a gente, porque a
24:46gente fica idealizando, não, a potência,
24:48as potências do bem, as potências do
24:50mal, e entramos nesse jogo até
24:55escatológico, que estamos chegando no fim
24:57do mundo nesse processo todo, mas o fato
25:00é de que o BRICS tem essa
25:01característica de buscar regras comuns,
25:03voltar ao multilateralismo e ser, mais
25:07do que qualquer coisa, uma aliança de
25:10comércio global. Porque os chineses dizem
25:14assim, e aqui eu cito China sempre, porque
25:17os chineses falam assim, construa estrada
25:19e fique rico. Ou seja, você precisa de
25:22infraestrutura para crescer economicamente
25:24e não existe melhor investimento de um
25:27país no outro, do que efetivamente um
25:30comércio intenso. Se nós olharmos para
25:33aquilo que aconteceu de fenômeno na China,
25:35foi um modelo baseado em exportação que
25:37fez com que a China crescesse do jeito
25:38que ficou. Claro que com inteligência,
25:41educação e tudo isso, mas esta é a coluna
25:44vertebral do BRICS. Buscar um
25:47multilateralismo que funcione efetivamente,
25:50que as regras estejam sendo cumpridas e
25:53que o comércio seja aí a coluna vertebral
25:57dessa movimentação mundial.
26:00Perfeito. Eu perguntaria para o nosso
26:03convidado, José Luiz Pimenta Júnior, como
26:05diretor do Departamento de Infraestrutura
26:08da Fiesp. Olhando as 27 unidades da
26:10federação, o que é curioso é que cerca de
26:1322 ou 23, o principal comércio é
26:18desenvolvido com a China. No caso do
26:23Acre tem a relação forte lá com o Peru,
26:26Roraima com a Venezuela, o estado
26:30Amazonas com a Colômbia, até por
26:31questões geográficas, mas e com os
26:35Estados Unidos são três estados, mas
26:37especialmente o principal estado da
26:39federação, economicamente falando, que é
26:41São Paulo, que vai ser certamente, caso
26:43isso seja implantado, presumo eu, o mais
26:46afetado, inclusive o setor industrial.
26:48Eu perguntaria ao senhor, a Fiesp já
26:51tenha algum programa, já está
26:53desenvolvendo alguma atividade, já está
26:55alerta à frente o que pode ocorrer com a
26:57economia paulista, especialmente na
26:59área industrial?
27:02Não somente a Fiesp, mas se a gente olhar
27:05como um todo, a CNI, as próprias câmaras
27:08americanas, a ANCHAN, Câmara Americana de
27:11Comércio, agora a própria US Chamber, lá
27:14dos Estados Unidos, enfim, o setor privado
27:17está todo mobilizado, as associações de
27:19classes, as associações empresariais que
27:21vão ser, de alguma forma, afetadas, né,
27:25isso não se restringe somente ao estado de
27:27São Paulo, a hora agora é de ter
27:29unicidade, é de ter, obviamente, uma
27:32capacidade de diagnóstico muito forte
27:35daquilo que vai acontecer, a gente já
27:37sabe dos efeitos, mas para quem estuda o
27:42interior, né, para quem efetivamente
27:44conhece esses rincões do Brasil, sabe
27:46que o efeito na ponta é devastador, são
27:49fábricas fechando, né, se isso realmente
27:52vier a cabo, são layoffs, né, pessoas
27:56sendo despedidas, enfim, há todo uma, não é
28:00para o sistema, Vila, porque isso é
28:01importante deixar claro para o nosso
28:02telespectador, embora a China represente
28:05um terço do nosso comércio global, né,
28:08Estados Unidos, os Estados Unidos da
28:10América tem uma relação muito forte com
28:12o Brasil, porque a gente chama de
28:14transações inter-indústria e
28:16intra-indústria, o que que é isso? São
28:19relações complementares de indústrias de
28:21transformação, sobretudo indústrias de
28:23transformação, que compram, intercambiam
28:26de alguma forma insumos e agregam valor,
28:28isso acontece tanto daqui para lá, quanto
28:30de lá para cá, lá para cá é verdade um
28:33pouco mais bem final, farmacêutico e tudo
28:35mais, mas mesmo assim tem, né, então a
28:38questão principal aí é que se construir
28:40uma cadeia, né, comercial muito rica,
28:44muito dinâmica, de alta e média
28:46intensidade tecnológica, então é um tipo
28:51de comércio muito sofisticado, embora
28:53tenha insumos, obviamente envolvidos, né,
28:56ou tem bens brasileiros que estão
28:58presentes na mesa do consumidor norte-americano,
29:01suco de laranja, o café, né, e que
29:04estão na sociedade americana como um
29:06todo, os aviões, né, exportados pela
29:10Embraer, enfim, autopeças, então note
29:12que é um tipo de comércio que, e esse
29:15tipo de comércio é muito importante ser
29:17falado, porque ele não se limita a uma
29:19empresa só, ele se capilariza por uma
29:22cadeia de micro, médias, grandes
29:25empresas, e combina geralmente com as
29:26grandes empresas que exportam, então
29:28exportam, então é importante dizer que
29:31é o nosso maior destino de
29:33manufaturados hoje, né, e de certa
29:37forma, aí embora seja o nosso segundo
29:40parceiro comercial com 12% das
29:42exportações, é um tipo de exportação
29:44muito refinada, é um tipo de comércio
29:46muito sofisticado, então não há dúvida
29:48que o setor privado como um todo, né,
29:51está apoiando o governo no sentido de
29:53mostrar para o governo aquilo que vai
29:56ter, né, e terá de prejuízo, enfim,
29:58munir o governo, obviamente, com o tipo
30:01de informação necessária para que ele
30:03possa negociar, Vila.
30:05Perfeito, eu passaria para o Lacerda,
30:07colocando e pegando um gancho que o
30:09Zé Luiz destacou, a resposta do
30:13governo brasileiro e da sociedade
30:15brasileira. Como é que você analisa,
30:17tendo em vista que nós temos uma
30:19tradição no Brasil, muitas vezes, de
30:21ou do que no passado, nos anos 50, tem
30:25eleições do clube militar, olha que isso
30:27faz tempo, que eram disputas enormes
30:29entre militares, entre os chamados,
30:31entre aspas, entreguistas, e os
30:33nacionalistas. Entreguistas eram aqueles
30:35muito próximos aos interesses, na época
30:37de uma quase que única potência aqui na,
30:40em grande parte do mundo, os Estados
30:42Unidos, então vivemos da Guerra Fria. E do
30:44outro lado, os nacionalistas que
30:46defendiam a proteção do mercado nacional,
30:48as nossas riquezas minerais, o momento
30:50que vai ser criada a Petrobras em 1953,
30:53era uma tensão muito grande que nós
30:55tínhamos. Aí houve uma série de mudanças
30:57ao longo do tempo e chegamos agora aqui
30:59ao século XXI. Então, eu passaria ao
31:02professor Lacerda a discutir, na sua
31:04opinião, a resposta do governo, a
31:07articulação com a sociedade civil, com os
31:08outros poderes, você acha que esse é o
31:10caminho correto que está sendo feito,
31:12para a gente não cair também naquele
31:13nacionalismo muito de discurso barato,
31:16mas sem efeito prático, e nós temos
31:17também isso, em certo momento, da nossa
31:19história, né? Aquele discurso do
31:21pachequismo, igual o que falava no
31:23futebol na década de 80, né? Então, como
31:26equilibrar um discurso racional enfrentando
31:29um presidente bufão? Porque o Trump é um
31:31presidente bufão, ninguém pode levar a
31:33sério um elemento como aquele, né?
31:36É isso, Vila, o ufanismo não resolve,
31:39né? Por outro lado, é preciso pragmatismo,
31:43é preciso ação, e primeiro ficou claro que o
31:48Brasil, já em maio, tinha enviado uma
31:52carta que permaneceu mais no âmbito, vamos
31:56dizer, interno, porque evidentemente uma
31:59proposta de negociação, que não foi
32:01respondida. Mais recentemente, houve essa
32:06mobilização com reuniões intensas, com
32:08setores envolvidos, tanto da indústria,
32:11como lembrou o colega Pimenta, como
32:13também do agronegócio, e a publicação
32:18imediata, que saiu ontem no Diário
32:20Oficial, da lei de reciprocidade
32:22econômica, né? Que muitas vezes é
32:25mal compreendida, inclusive, às vezes
32:27maltratada em alguns setores da mídia,
32:30porque a reciprocidade, nesse sentido, não
32:33é você taxar na mesma medida e com o
32:35mesmo instrumento, né? É você utilizar como
32:38última instância, se a negociação não
32:41for bem sucedida, outras medidas
32:45previstas no cardápio, vamos dizer, da
32:49própria Organização Mundial do Comércio,
32:51OMC, de retaliação cruzada, muitas
32:54vezes, envolvendo, por exemplo, quebra de
32:56patentes, envolvendo tarifação, cotas,
33:00enfim, uma série de outros elementos. Mas
33:03isso é lá na frente, se as negociações
33:05não prosperarem. O que tudo indica é que
33:09vai se intensificar, vão se intensificar,
33:11como já vão ocorrendo, as tentativas de
33:15negociação até o dia 1º de agosto, e
33:19restam o quê? Duas semanas, menos que isso.
33:21Muito provavelmente, no detalhamento, isso
33:24não será possível. E talvez, sim, um
33:27adiamento, não é? Dessa definição, para
33:30que haja tempo de negociação. Como tem
33:34sido uma prática do Trump também blefar,
33:38no sentido de colocar determinadas
33:41situações que não se configuram na
33:44prática, pelo menos não da forma como
33:45foram pré-anunciadas, existe, sim,
33:48alguma possibilidade de transação, de
33:52negociação. Agora, não há dúvida que o
33:55estrago está feito. De certa forma, que a
33:58economia vive de expectativas e vive
34:02também de decisões que têm que ser
34:03tomadas. Então, em alguns momentos, a
34:06produção já foram paralisadas, porque
34:08há uma incerteza muito grande com
34:10relação a preço, por exemplo, em
34:13relação às condições. Mas eu te diria,
34:17voltando à estratégia brasileira, eu
34:20acho que está correta, quer dizer, é o que
34:22tem que ser feito mesmo. Você busca a
34:26negociação, busca saídas alternativas e
34:30de forma que se mobilize também no
34:33front internacional uma mobilização de
34:36demais países interessados no sentido da
34:40configuração de interesses. Já foi citado
34:42aqui o papel dos BRICS e outros
34:46interesses, como o Brasil tem boas
34:48relações com várias economias, também de
34:53buscar algum apoio no sentido de
34:57interesses comuns voltados para a
35:01negociação envolvendo, portanto, as
35:03práticas de comércio.
35:06O senhor Marcos Vinícius, a questão, para
35:08muitos, o resultado que saiu do
35:10crescimento da economia chinesa no
35:12segundo trimestre desse ano, cresceu,
35:15salvo engano, 5,2% do PIB, foi
35:17surpreendente para muitos. Imaginando que
35:20algumas das medidas adotadas pelo Trump
35:23tivesse algum efeito imediato e
35:25impactasse a economia chinesa, algo que
35:27até o momento não ocorreu, ao menos
35:30pelos resultados do segundo trimestre.
35:32Eu pergunto ao senhor e com a sua
35:33vivência também na China, olhando, claro
35:36que nós somos no calor da hora, mas até
35:39o momento, as medidas que o Trump tomou
35:42em relação ao Brasil, há dezenas de
35:45países, é bem importante alguém que nos
35:47acompanha saber que são dezenas de
35:48países, não é só o Brasil, parceiros de
35:51um acordo comercial como o Canadá e
35:53México, um acordo que já vem desde
35:551994, e a 1º de janeiro, antigamente
35:58chamada de NAFTA, que era o Tratado
36:00de Livre Comércio, quanto aliados
36:01históricos, Coreia do Sul, Japão, desde
36:04a Segunda Guerra Mundial, e poderíamos
36:06dar uma série de outros exemplos. É
36:09possível dizer, no meio disso tudo, com
36:11essa estabilidade no comércio
36:13internacional, como disse o Lacerda, a
36:15economia vive de expectativa e precisa
36:17ter previsibilidade. Quando não há
36:19previsibilidade, fica muito difícil ter
36:21uma economia estável. Será que alguém
36:23pode dizer que até o momento o vencedor
36:25disso é aquele que sequer participa
36:27dessa partida que é a China, que está na
36:29arquibancada, que não está jogando nem
36:31do lado e nem do outro?
36:33A China foi muito
36:35perspicaz, não é? No sentido de saber que
36:40poderia acontecer isso com o novo
36:43mandado Trump. Tanto é que uma das
36:45medidas tomadas é que nunca antes se
36:49exportou tanto na China para os Estados
36:51Unidos, como nos meses finais do governo
36:55Biden. Já em preparação, sabendo que
36:58eventualmente algo aconteceria no
37:01governo Trump, então os chineses
37:03venderam. Então o resultado deste
37:04crescimento de PIB também está associado
37:07a um incremento nas exportações da China
37:09para os Estados Unidos, diante da
37:11perspectiva de que algo aconteceria no
37:14governo Trump. É o famoso planejamento
37:16chinês, né? E todo mundo fala, mas os
37:19chineses conseguem antever os passos
37:21posteriores que poderão ser dados nesse
37:23processo todo. Agora, eu acho que a
37:26estratégia do Brasil, ela é problemática
37:29porque ela não leva em consideração dois
37:32aspectos fundamentais, professor Vila. Em
37:35primeiro lugar, o Trump é presidente dos
37:37Estados Unidos e ele vai atender a
37:41pressão do povo norte-americano, das
37:45empresas norte-americanas, do setor
37:48fabril norte-americano. Então a pressão
37:52tinha que ser feita por lobby nos
37:53Estados Unidos. O Brasil é péssimo, eu
37:57morei nos Estados Unidos durante seis
37:58anos, o Brasil é péssimo na questão de
38:01saber como funcionam as instituições e o
38:03lobby nos Estados Unidos, sabendo que não
38:06é governo, não vai ser o corpo diplomático
38:08brasileiro que vai resolver esse problema
38:10de uma maneira tão efetiva como o lobby
38:12de empresas americanas lutando por
38:15empresas brasileiras e pelo governo
38:18brasileiro. Então a primeira estratégia é
38:20que esse tem que ser, ele precisa ser
38:22relembrado de que isso vai afetar
38:25quantos empregos nos Estados Unidos,
38:27quantos empregos o Brasil gera, por
38:29exemplo, na Flórida. É isso que importa e
38:32este é o tipo de pressão que o governo
38:34brasileiro tem que entender, que precisa
38:37ser feito, porque o Trump atende o
38:39eleitorado norte-americano, ele está se
38:41lixando para o Brasil, todo mundo,
38:44nesse processo todo, desde que não
38:46prejudique o dólar. Então essa é uma
38:48coisa fundamental. E em segundo lugar, eu
38:51falei, o presidente do Brasil deveria ter
38:54pegado já o avião e ido para a China e
38:56falar, pessoal, vamos negociar o que nós
38:58podemos fazer neste momento, justamente para
39:01dizer o seguinte, nós vamos fazer pressão
39:02interna, mas nós não somos reféns. E não
39:05é só a China, você tem a Indonésia, você
39:08tem a própria Rússia, com quem o Brasil
39:10poderia aumentar algumas coisas neste
39:12processo e, claro, vai chover sanções, vai
39:16ter o secretário-geral do TAM dizendo
39:18que vai colocar, claro que vai. E nós
39:21estamos num contexto já econômico de
39:23transição e de guerra e de batalha
39:26nesse processo. Então a gente tem que
39:28saber dar a cartada certa e buscar
39:30imediatamente uma atuação. É hora do
39:33presidente do Brasil, que quer ser um
39:35caixeiro viajante, pegar o avião e ir.
39:38Onde é que o mundo está comprando mais
39:39coisas? No Sudeste Asiático? Faz um
39:41pérebro. É só lembrar uma coisa,
39:43professor Vila, quando os Estados Unidos
39:45anunciaram as sanções contra a China, o
39:47presidente Xi foi viajar para três
39:50países da Ásia, com os quais eles tinham
39:52uma relação econômica muito importante
39:54para incrementar as vendas. É isso que a
39:57gente precisa entender. O pessoal tem
39:59que estudar mais como o mundo está
40:02transitando e entender que, olha,
40:04talvez aquela história do governo,
40:07vamos reunir os empresários no Brasil e
40:09vamos tentar fazer uma carta. O Trump
40:11talvez nem leia a carta, não é? Porque
40:14seriam muitas palavras numa página só,
40:17mas esta é uma coisa importante. Tem que
40:20se ganhar esta discussão dentro dos
40:22Estados Unidos. O que ganhou a China
40:24nesse processo todo contra os Estados
40:26Unidos foi justamente a sua atuação
40:28dentro. Foram os americanos que fizeram
40:31lobby pelos chineses e pelas empresas
40:34chinesas e pelo fornecimento, porque o
40:36americano se deu conta o seguinte, no
40:38Natal, no fim do ano, não ia ter árvore de
40:40Natal para ele comprar as bonequinhas,
40:42até o Trump falou, né? Ao invés de ganhar
40:4430 bonequinhas, a pessoa só ia ganhar uma
40:46bonequinha. Então, as próprias crianças
40:48começaram a reclamar do processo. Então, é
40:50isso que a gente precisa entender. Lobby se
40:52faz no país. É isso que é a medida que a
40:54gente deveria ter entendido e
40:56compreendido. E o presidente da
40:57república pegar a mala e ir para a
41:00Ásia e ver para onde que estão
41:01comprando os nossos produtos.
41:03O José Luiz Pimenta Júnior, eu queria
41:05explorar uma questão que você destacou,
41:09que é o contato entre o setor privado
41:12brasileiro e o setor privado norte-americano.
41:16Como é que fica isso? Quer dizer, nesse
41:18momento, mostrando, pegando um gancho
41:21também com o que o Marcos Vinícius disse,
41:23de interesse recíproco dos empresários
41:25brasileiros e dos empresários
41:26americanos. O curioso é que, no momento
41:29atual, as medidas do Trump, e vocês já
41:32destacaram, prejudica tanto os empresários
41:34americanos de vários setores, né? E com
41:37o de empresários aqui no Brasil, de
41:40diversos setores. Então, cria uma
41:42situação, portanto, não de contradição,
41:45usando uma imagem maoísta, já que nós
41:47estamos falando da China, de uma
41:49contradição antagônica de Estados Unidos
41:52com o Brasil. Não, dentro dos Estados Unidos
41:54já foi destacado, tem interesses os mais
41:56diversos. Alguns que poderão ser
41:58beneficiados a médio e longo prazo por
42:01essas medidas, por essas tarifas, e outros
42:04serão prejudicados a curtíssimo prazo por
42:07essas medidas, caso elas sejam adotadas.
42:10Então, no caso da relação dos dois setores
42:13privados dos Estados Unidos e aqui do
42:16Brasil.
42:19Bila, é um ponto aí muito importante, você
42:23citou, né, que você está tocando, que é o
42:25pragmatismo econômico. Se você olhar para os
42:28dados dos Estados Unidos, os dados da
42:30economia, isso já faz um dia, agora, um dia e
42:33meio, mais ou menos, ali, você teve um
42:36repique, que já não é mais tanto repique,
42:38assim, da inflação. Já estão falando já de
42:42uma tendência crescente da inflação, os
42:44analistas lá, solo americano, dizendo
42:46isso, por conta também das tarifas, né, e
42:49sobretudo das tarifas. Então, assim, a
42:51gente sabia que quando o Trump anunciou
42:53essas tarifas lá atrás, ia ter que
42:55esperar um ponto, um pouquinho, para poder
42:57maturar, né, até certo ponto e a gente
43:00começar a olhar para isso. Então, a gente
43:02está tendo dois tipos de problema lá nos
43:03Estados Unidos hoje. O primeiro é esta
43:05inflação, e se lembre, né, que a
43:08inflação, quando foi um problemão para o
43:11Biden, na época da eleição, né, os
43:13Estados Unidos até vinha bem economicamente,
43:15mas a inflação já estava corroendo o
43:18bolso norte-americano, que fez com que
43:20ele migrasse também para o voto para o
43:23Trump. Um dos fatores foi esse. Então, você
43:24tem que ter, a gente tem que ter em mente,
43:26telespectador, que a inflação nos
43:28Estados Unidos, a maneira como eles
43:31sentem essa inflação é diferente de
43:32como a gente já sentiu aqui, né, 2, 3, 4,
43:355% é muito elevado para eles. Então, acho
43:37que esse é um ponto importante. Quando a
43:39gente fala de inflação, lá a gente está
43:40falando do setor privado. O setor
43:43privado e, obviamente, a população, mas
43:45também o setor privado. Então, o setor
43:47privado não tem como amortecer, né, uma
43:51tarifa de 50%, de 40%. Você já até viu o
43:54Trump falando isso já publicamente. Ah,
43:57fulano que amorteça essas tarifas, que
43:59de alguma forma não repasse. É
44:02impossível, né, não tem como você comprar
44:05algo 50% mais caro e não colocar pelo
44:07menos boa parte disso para o consumidor
44:09pagar. Então, é um duplo choque que você
44:11vai começar a ter lá. E aí, não tem a
44:13dúvida que o setor privado começa a
44:15chiar também. E aí, sendo objetivo na
44:17sua pergunta, isso já está acontecendo.
44:20Você olhar para as duas câmaras, as
44:22maiores câmaras americanas, câmaras de
44:25comércio do mundo, você tem a câmara, a
44:27US Chamber, que é a câmara de comércio dos
44:29Estados Unidos, e a câmara americana de
44:33comércio no Brasil, né, uma entidade aí
44:36que é a segunda maior câmara de comércio
44:38do mundo, né, em número de associados.
44:40Então, você tem aí já as duas vocalizando
44:43muito sobre essa questão. Aqui no Brasil
44:46vão ser mais de 10 mil empresas que vão
44:48ser afetadas. Mas aí eu concordo com o
44:49professor Marcos, que disse o seguinte, né,
44:51que o que vai fazer mudar o ponteiro é o
44:54preço lá. O que vai fazer mudar o
44:56ponteiro em termos de medidas são os
44:58efeitos lá. Então, a US Chamber já
45:00anunciou que vão ser mais 6.500 empresas
45:03médias e pequenas, e quando a gente fala
45:05de médias e pequenas, são aquelas
45:07empresas do meio oeste norte-americano,
45:09que, de alguma forma, está ali no
45:11eleitorado do Trump. Então, ele vai
45:13prestar muito atenção nisso, e aí você
45:15tem um lobby direto dessas empresas
45:17para os congressistas norte-americanos.
45:20O lobby lá funciona diferente daqui, né,
45:22onde lá você tem uma pressão muito
45:26forte da constituição local. Então, é o
45:29cara da empresa lá mesmo, enfim, a
45:31pessoa, o líder comunitário, ligando
45:33para o seu deputado, né, ali, que
45:36apoia aquele condado, aquela região,
45:39e falando, olha, a coisa aqui realmente
45:41está complicada, está tendo demissão e
45:43tal. Claro que isso não vai acontecer
45:44só por conta do que está sendo
45:46impelido ao Brasil, mas também ao mundo,
45:49que note que a gente vai ter aí, primeiro
45:51de agosto, não só o Brasil, mas se tudo
45:54vier a acontecer como está se
45:55dobrando, diversos países, mais de 25
45:58países que vão ter tarifas entre 25 e
46:0150%. Então, sim, o setor privado lá está
46:04se mobilizando também, né, e no caso
46:06especificamente do Brasil, você já tem
46:08esse contato premente entre as duas
46:09maiores instituições em termos de
46:11câmara de comércio, tanto aqui quanto
46:13lá.
46:14Interessante essa lembrança aí do
46:16meio-oeste, né, americano, que deu uma
46:20grande vitória para o Trump na última
46:22eleição. E nos Estados Unidos tem algo
46:25que não tem no Brasil, que é o voto
46:26distrital, que cria uma relação muito
46:29diferente do Congresso com o dia a dia
46:32das suas decisões. Aqui, infelizmente,
46:35nós temos o voto proporcional, que é um
46:37horror. O voto distrital, você tem o
46:39deputado eleito no distrito. E se, por
46:42exemplo, fecha uma fábrica ali
46:44prejudicada pelas tarifas do Trump, a
46:47população vai pressionar esse deputado
46:49para que o Washington vote contra as
46:52medidas adotadas pelo presidente
46:53norte-americano. Aqui no Brasil, com
46:55voto proporcional, não tem o sujeito
46:58eleito em qualquer região do Estado. E
47:00você não tem esse tipo de pressão. E
47:02nós temos uma coisa sui gêneros
47:04recentemente. Deputados por Estados que
47:07sequer moram no Brasil. É só uma
47:09invenção nova, né? A pessoa é deputada
47:11pelo Estado de São Paulo e mora no
47:12Texas. Isso é fantástico. Ou mora no
47:15Paraná. Essa é uma invenção nova. Ou no
47:17Rio de Janeiro. É uma invenção recente
47:19violando a legislação eleitoral, que tem
47:21uma coisa chamada domicílio eleitoral,
47:23que tá muito claro na lei. Então, nós
47:25temos essa diferença de sistemas. E
47:27lembrar que o lobby nos Estados Unidos
47:29é legalizado. E aqui não. E tem um
47:31projeto que vem do senador, então
47:34senador Marco Maciel, olha que isso
47:36faz muito tempo, que tá em alguma
47:38gaveta lá no Congresso Nacional, que
47:41era pra regulamentar o lobby, estabelecer
47:43as regras, que parece uma coisa
47:45clandestina, de suborno, não é nada
47:47disso. Lobby é um escritório que vai
47:50defender uma causa X, recebe Y e vai
47:53trabalhar no Congresso, no caso no
47:55Congresso Brasileiro, pra defender
47:56aquela proposta que o seu cliente
47:58contratou. Nos Estados Unidos isso tem e
48:00foi destacado aqui quão importante isso
48:03vai ser agora nesse momento histórico
48:05único. E pegando esse gancho, já que
48:07estamos caminhando, agora a moda é
48:09falar pro último terço, igual no futebol,
48:11né? É o titês, é o titês, o último
48:14terço, estamos indo pro final, menos até
48:16do que. Não tem prorrogação. Não tem
48:18prorrogação, lembrando aqui. Então, em
48:21menos até do último terço, mas colocando
48:23ao Lacerda, o professor Lacerda. Nesse
48:26caso, é o único na história econômica
48:30brasileira. Teve épocas de sobretaxa, é
48:32bom lembrar, de outros vários produtos
48:33brasileiros, época da laranja, teve a
48:35questão do açúcar. Algodão. Algodão,
48:38bem lembrado, né? Mas agora não, agora é no
48:41geral, é, até pra espirrar você paga
48:4350% de tarifa. Então, é uma situação
48:46complicada. É, como que nós podemos
48:49estabelecer, é, porque eu queria só
48:51lembrar o parênteses também, que o
48:52México tá tentando, tem aliança pro
48:55Pacífico, que a gente fala pouco no
48:56Brasil, estabelecer um acordo com
48:58Singapura, tá tentando diversificar,
49:00isso que o professor Marcos Vinícius
49:02lembrou, olha, a gente tem de diversificar,
49:04correr atrás, comércio não cai do céu,
49:06né? É, como é que fica, professor Lacerda,
49:09essa questão agora daqui pra frente, indo pro
49:11final até do nosso encontro de hoje?
49:13Quer dizer, o que o Brasil pode
49:14aprender, apesar de estamos no calor da
49:16hora, de lições pelo que tá ocorrendo?
49:19Bem, Vila, esse processo de globalização
49:22econômica, ele intensificou a correlação
49:26que há entre, primeiro, investimentos e
49:29comércio. Quer dizer, há uma correlação
49:32quase perfeita na localização internacional
49:35das plantas, das empresas, relacionadas
49:40ao comércio. O comércio intrafirma
49:42cresceu muito, né? E como já fui aqui
49:45destacado pelos colegas, isso passou a ter
49:48uma dimensão significativa. O terceiro
49:51fator associado a isso são os investimentos
49:54em inovação, pesquisa e desenvolvimento
49:56aplicada à inovação. E essa corrida
49:59competitiva, ela leva em conta não só os
50:03interesses nacionais de cada país, mas
50:07também os interesses das grandes empresas, né?
50:11E, notadamente, agora as chamadas big techs, né?
50:13Que tem um papel muito relevante. Então, esse
50:17engajamento do setor privado, como também
50:19bem destacado aqui nas falas, ele é
50:22fundamental porque não é só uma relação
50:24diplomática e de diplomacia comercial,
50:28econômica, macro. É também o engajamento
50:32das empresas e dos setores e de ambos os
50:36países, por não dizer de todos os países
50:39envolvidos, porque você tem hoje uma
50:40malha, não é? De localização das
50:45empresas e que se correlaciona entre si.
50:49Então, a relação intrafirma no comércio
50:51cresceu muito, não é? As posições que
50:56são assumidas dos tipos de fabricação
50:59que há em vários países e também o
51:02direcionamento de um fator fundamental
51:05que já foi lembrado aqui, eu ressalto, que
51:07é da segurança de fornecimento. Quando, por
51:10exemplo, envolve algo que é fundamental
51:13para a sobrevivência das pessoas, ou
51:17envolvendo saúde, ou saneamento, ou
51:21alimentação, né? O que mostra que esse
51:25tema é um tema urgente, quer dizer, nós
51:29estamos falando aqui em timing de
51:30negociação, mas existem muitos aspectos
51:33em que muitos países são vulneráveis do
51:36ponto de vista da segurança alimentar, da
51:40segurança de saúde e etc. Então, a própria
51:44mediação, os organismos multilaterais
51:48estão em baixa, né? Em função da
51:51inoperância, infelizmente, que ocorreu nas
51:54últimas décadas, notadamente nos últimos
51:56anos. Mas vai ser necessário algum tipo
51:59de mediação por parte da OMC, da OCDE e
52:03de outros órgãos que poderão colaborar
52:06nesse sentido. Marcos Vinícius de
52:09Frentes, como se fosse um um debate
52:11eleitoral, dois minutos, o que que nós
52:15podemos aprender ainda no calor da hora
52:17do que está acontecendo?
52:19Só uma notinha de rodapé, a Hillary
52:22Clinton foi eleita senadora por Nova York
52:24sem nunca ter morado em Nova York. Então,
52:27nós não estamos sozinhos também, né? Começamos
52:29com o Sarney lá no Amapá, aquela história
52:31toda. E tem senador por São Paulo que mora
52:33no Texas. Então, nós temos uns negócios
52:35assim bem interessantes. Mas, eu acho que a
52:38mensagem é muito clara, né, professor
52:40Vila? Quem não se prepara, vai sofrer
52:44todas as situações resultantes de uma falta
52:46de preparação e de coordenação e de plano. Não
52:50é? Nós sabíamos que isso poderia
52:52acontecer. E o que o Brasil precisa
52:55também compreender, e eu acho que isso é
52:56relevante, é de que nós não podemos
52:59ficar também na questão de tecnologia
53:01dependentes de tantas coisas como nós
53:04somos hoje. Se os norte-americanos, os
53:07Estados Unidos, fecharem a questão do GPS,
53:10ninguém mais anda nesse país. Ninguém mais
53:13anda, não é? E pode acontecer isso. E se
53:17nós tivermos a questão do comércio
53:19eletrônico, do WhatsApp, que as pessoas
53:20usam para o comércio eletrônico, parou
53:22de funcionar, também pode acontecer. Tudo
53:25isso ocorre. E é importante que nós estamos
53:28vivendo aí na quarta era da revolução
53:31industrial. O Brasil precisa investir
53:35massivamente em inovação e tecnologia,
53:39descobrir as tecnologias disruptivas que
53:42são importantes para o país parar de pagar
53:44tanta coisa que a gente paga. Porque eu
53:46mesmo comento, né? A grande riqueza do
53:48campo no Brasil não fica no campo, fica
53:50com as trades, que são todas elas
53:51estrangeiras, não é? Então o Brasil faz
53:54uma festa, um all-internacional com a
53:56PEC, defendendo o campo brasileiro e a
53:58grande parte da margem fica com
54:00empresas estrangeiras. Eu acho que eu nunca
54:01entendi isso, né, professor Lacerda? Como é
54:03que a gente não entende esse tipo de
54:05situação? Então quem não faz a lição de
54:07casa tem que enfrentar os problemas de
54:11não ter estudado direito? E isso é a
54:13consequência principal. Então eu acho
54:16que agora talvez seja o momento de
54:18olhar para o Brasil e pensar, bem, não
54:20importa se eu sou de esquerda, direita,
54:22Lula, Bolsonaro, o que é o Brasil e qual é o
54:24interesse do Brasil? E quem estiver
54:27sentado na cadeira de presidente da
54:28república tem que entender que ele já
54:30não é presidente de um partido ou de
54:32uma ala política, mas presidente de um
54:35país que precisa ter um plano de rumo e
54:39ter aí uma capacidade de vencer
54:41economicamente.
54:43José Luiz Pimenta Júnior, por favor,
54:46dois minutos, suas considerações sobre
54:47essa questão. O que nós podemos
54:50aprender até o momento com essa crise
54:52que estamos vivendo?
54:53Lula, sendo bem objetivo, não vou repetir o
54:57que foi relativamente falado pelos
54:59professores, tem um ponto aí que é
55:02interessante citar, que é a
55:04diversificação. Eu acho que os Estados
55:06Unidos vão ser sempre um grande
55:07parceiro do Brasil, a gente está vivendo
55:08um período complicado na história, mas
55:12quando a gente olha para quatro anos,
55:13historicamente falando, isso é pouco,
55:16mas vai deixar arranhões, a gente sabe
55:18disso. Mas a gente sabe que pode se
55:20recuperar, enfim, mas mais do que isso, é
55:24firmar mais acordos, é se abrir mais, é
55:27olhar mais para o mundo, vender para
55:29outros países, é ter um tipo de
55:32diplomacia comercial e empresarial,
55:34além do que a gente já está fazendo.
55:36Acho que esse é um ponto fundamental.
55:37Hoje, se a gente pegar os top 10
55:39produtos exportados pelo Brasil, está
55:41concentrado em 70%, quase 70% de
55:44tudo que a gente exporta, 10, 11
55:46produtos, isso é muito concentrado.
55:48Em termos de países, acho que top 10
55:50países que a gente exporta, isso aí
55:52corresponde a 60% aproximadamente de
55:55tudo. Então, assim, a gente tem que
55:56ampliar o nosso leque de parceiros
55:59comerciais. Isso se faz com uma
56:02cadeira, obviamente, forte, com um
56:04presidente que pense essa
56:05internacionalização, que pense essa
56:08diplomacia comercial de uma maneira
56:10muito forte, com prioridade. Eu costumo
56:13dizer que política de comércio exterior não
56:14é política de governo, é política de
56:16Estado. E os países que levam a cabo
56:20esse tipo de coisa, tem maior
56:22segurança em termos de diversificação
56:24comercial. E a gente sabe a potência
56:26que é comércio. E só para fechar, a gente
56:28não precisa fazer isso com acordo de
56:30livre comércio somente. Você tem os
56:32acordos parciais de comércio. A gente
56:34pode fechar acordos de menor magnitude,
56:36porque a gente fala acordo de livre
56:37comércio, isso assusta muitas vezes a
56:39gente aqui, a indústria e tal. Não, a gente
56:42pode fechar acordos parciais de comércio
56:44com países de desenvolvimento. Você abre ali
56:46para uma gama de produtos 100, 50, 200, 500 e
56:50vai ampliando, como a gente está fazendo
56:52agora recentemente com o México. A ideia é
56:54essa, é olhar para o mundo, não pensar só
56:57mercado externo ou mercado interno. As
56:59empresas brasileiras operam em mercados
57:01globais. E é assim que tem que ser e a gente
57:04se abre cada vez mais para capilarizar
57:06nossa presença global.
57:07Então, estamos terminando, temos último
57:11minuto em 30 segundos, eu fiquei muito
57:13preocupado com o que diz o professor
57:14Marcos Vinicius e o GPS sair do ar. Aí
57:17eu voltei de voltar, procurar em casa, eu
57:19cheguei a São Paulo há mais de meio
57:20século atrás, era o Office Boy, tinha o
57:22Guia Levi. Então, se abrir um guia, viu?
57:24Página 37, H15, para chegar no endereço.
57:28Aí você tem que decorar contra as ruas,
57:29dava um trabalho danado. Então, voltei de
57:31procurar o Guia Levi. Eu queria
57:33agradecer, mas muito mesmo a todos os
57:36nossos convidados, o professor Antônio
57:37Corrêa de Lacerda, o professor Marcos
57:39Vinicius de Freitas, remotamente ao
57:42José Luiz Pimenta Júnior e a todos
57:44vocês que nos acompanharam e vejam a
57:46complexidade da questão, o número de
57:48questões importantes que foram
57:50destacadas aqui, saindo do simplismo.
57:52E esse é justamente o objetivo de
57:54visão crítica. Nos encontramos amanhã
57:56às 22 horas. Até.
58:00A opinião dos nossos comentaristas não
58:03reflete necessariamente a opinião do
58:05Grupo Jovem Pan de Comunicação.
58:11Realização Jovem Pan.

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