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O Brasil está sob investigação dos EUA sobre operações de PIX e vendas de produtos falsificados, como na 25 de março. O Governo defendeu o PIX, e criticou a intromissão americana. Marcelo Godke, mestre em Direito Internacional, analisa se o Brasil será punido. Dora Kramer e Deysi Cioccari debatem os impactos dessa crise diplomática e econômica.

Assista à íntegra: https://youtube.com/live/7dIoycFBOdU

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Transcrição
00:00Bom, em meio às reações do governo brasileiro, agora quais são as consequências em relação a esse tarifaço?
00:07A gente vai conversar agora com o Marcelo Gottsch, que é professor de Direito Comercial.
00:12Professor, como sempre, muito obrigado pela participação aqui na Jovem Pan. Muito bem-vindo, boa noite.
00:18Boa noite, Tiago. Tudo bom?
00:19Tudo bem.
00:20Bom, professor, primeiro eu queria perguntar o seguinte.
00:22Em relação ainda a essa decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma investigação à própria economia brasileira,
00:32falando sobre um método de pagamento como o PIX, não cita especificamente o PIX, mas fala em métodos de pagamento,
00:39cita 25 de março, cita outros pontos.
00:42Uma investigação dessa, no âmbito comercial do planeta, pode trazer quais sanções para o Brasil?
00:48Se é que pode trazer sanções, qual que é o próximo passo disso ou é só uma ameaça, professor?
00:53Porque não pode redundar em, por exemplo, uma punição ao Brasil.
00:59Olha, na prática, o que aconteceu até agora foi a abertura de um processo investigatório.
01:04E esse processo, ele está numa fase muito incipiente ainda.
01:09E a partir do dia 17, ou seja, amanhã, o governo americano vai receber comentários e sugestões de como conduzir isso.
01:16Inclusive, hoje, se você entrar no site do USTR, do United States Trade Representative,
01:23não é nem possível enviar sugestões e comentários ainda.
01:25Isso vai ser a partir de amanhã.
01:27Logicamente, eles já devem ter algum material prévio, algum início de investigação interna,
01:32mas eles vão ouvir todas as partes interessadas.
01:34Até mesmo o governo brasileiro pode se manifestar a respeito disso.
01:38Uma vez concluída essa fase de obtenção de informações, comentários, etc.,
01:43é que eles vão começar a, efetivamente, preparar o processo e um relatório final que vai ser emitido,
01:48Deus sabe quando, porque isso vai demorar um pouco, se não é um processo simples, tá?
01:52Mas nada vai acontecer antes de 3 de setembro, como indicado,
01:55na informação que foi passada pelo USTR para o mercado como um todo, tá?
02:00Então, ainda está numa fase muito incipiente.
02:02É possível que tenha algum tipo de punição?
02:04É bem possível.
02:05Mas, nesse momento, ainda não dá para saber exatamente para que lado vai andar isso tudo, tá?
02:09Ô, doutor, e falando também sobre o talifácio,
02:12essa ameaça do governo de Donald Trump, a partir do dia 1º de agosto,
02:16e eu queria perguntar para o senhor sobre a OMC.
02:19A OMC pode se posicionar, tem alguma força, pode punir os Estados Unidos,
02:23e aí o governo americano voltaria atrás?
02:25Ou, como a gente sempre fala, em relação à própria ONU,
02:29é um organismo que não tem mais tanto peso, apesar da importância?
02:33Olha, a OMC, ela foi fruto aí de uma evolução bastante grande,
02:40e uma das rodadas de negociação, ela criou,
02:44ou ela, melhor dizendo, ela deu dentes para a OMC poder impor sanções.
02:47Mas a OMC, unilateralmente, ou de vontade própria, ela pode julgar.
02:53E, nesses julgamentos, ela permite que os países envolvidos naquele processo
02:56possam, com base naquela decisão, impor sanções.
03:00Mas, o que acontece?
03:02O Brasil, para ele impor sanções, ele já pode fazer independentemente de a OMC.
03:06Então, o efeito prático de uma decisão da OMC não vai ser muito grande,
03:11a não ser que o Brasil tenha poderio econômico de impor essa sanção contra os Estados Unidos.
03:15Então, honestamente, eu vejo que um procedimento perante a OMC
03:18vai ser uma perda de tempo e de dinheiro.
03:21Se o Brasil acha ter um poderio econômico para impor sanções unilateralmente contra os Estados Unidos,
03:25que faça.
03:26Não precisa ir ao OMC, instaurar um processo lá para isso, ou nada nesse sentido.
03:31Simplesmente vai lá.
03:31A ONU não tem o poder de impor esse tipo de sanção, porque não faz parte.
03:35A ONU é um organismo de outra natureza.
03:38E a gente está falando de relações comerciais que têm que ser tratadas perante a OMC.
03:43Doutor Marcelo, que também é mestre em Direito Internacional,
03:45eu vou passar para as nossas comentaristas.
03:47A próxima pergunta, doutor, de Dora Kramer.
03:50Dora.
03:50Professor, boa noite.
03:53Eu tenho 250 milhões de perguntas, mas eu vou precisar escolher uma aqui.
04:00Bom, vamos lá.
04:00Vamos deixar o patriotismo de lado?
04:03E não sei se dá para a gente saber agora,
04:04porque a primeira investida do Trump na questão das tarifas,
04:09ele fez uma argumentação objetivamente estapafúrdia,
04:12com a questão do déficit,
04:14quando, na verdade, há um superávit nos Estados Unidos em relação ao Brasil.
04:18Nessa questão agora da abertura da investigação,
04:21ela há algum fundamento objetivo para essa suspeita,
04:26para se investigar as práticas comerciais do Brasil?
04:32Olha, os argumentos colocados nessa Section 301,
04:36como é chamada, nessa investigação do USTR,
04:40os argumentos são vários.
04:41Um deles é a questão do arranjo de pagamento,
04:44que a gente supõe que seja o PIX,
04:46que teria imposto algum tipo de restrição, por exemplo,
04:49ao WhatsApp Pay.
04:50Me parece que esse argumento é um argumento fraco,
04:53porque o PIX não impede do WhatsApp Pay funcionar.
04:56Inclusive, se a gente entrar no WhatsApp hoje,
04:58o WhatsApp Pay funciona anualmente.
05:00Ah, mas o Estado brasileiro criou uma concorrência desleal,
05:04algo nesse sentido?
05:06Não acho que seja uma concorrência desleal,
05:07porque, afinal de contas,
05:09o Banco Central não compete.
05:10Ele simplesmente cria uma série de regras,
05:13que é chamado de arranjo de pagamento,
05:14como é determinado pela norma do direito bancário,
05:18o direito financeiro brasileiro.
05:19Então, é um arranjo de pagamento,
05:20que é um conjunto de normas.
05:22E ele dá infraestrutura para que os bancos,
05:24as instituições financeiras,
05:26as empresas de cartão de crédito,
05:27elas compitam lá dentro.
05:29Então, o Banco Central não compete.
05:30Se o WhatsApp quiser competir com tudo isso,
05:32ele pode, inclusive,
05:33ele tem a própria infraestrutura para isso.
05:35Então, me parece que esse argumento
05:36não é um argumento muito forte.
05:37Agora, existem outros argumentos
05:39que eles são um pouco mais palpáveis.
05:41Por exemplo, a gente sabe que há uma certa restrição
05:43à liberdade de expressão,
05:45hoje, acontecendo no Brasil.
05:47Então, esse argumento me parece ser um pouco mais forte.
05:49O fato de anularem todos os procedimentos
05:51de Lava Jato, etc.,
05:52independentemente do mérito
05:54de erros procedimentares que aconteceram
05:57no caso da Lava Jato,
05:59a gente sabe que a gente percebeu
06:01um aumento de corrupção aí
06:02com o fim da investigação da Lava Jato.
06:04Então, há uma promoção
06:06do aumento da corrupção no Brasil.
06:08Então, esse é um argumento a ser levado em consideração.
06:09Se foi feito de maneira adequada ou não,
06:11isso vai ser dito lá pelo governo americano
06:13de acordo com o entendimento deles.
06:15A questão do etanol, como foi apontada,
06:17a gente impôs uma tarifa aí
06:19do imposto de importação do etanol americano.
06:21Então, isso é um argumento que, em tese, é válido.
06:23A gente não sabe se isso é uma restrição
06:25só para os Estados Unidos ou não.
06:26Isso vai ter que ser apurado também
06:27lá nesse procedimento investigatório.
06:30Então, em tese,
06:32a gente sabe que alguns dos argumentos
06:33são mais fracos e outros são mais fortes.
06:35E eu não estou falando aí com base em nacionalismo,
06:38em ser um brasileiro ou não.
06:40Estou falando com argumentos técnicos.
06:42E parece que, em algumas questões,
06:43o argumento pode ser considerado um pouco mais forte aí.
06:46Doutor Marcelo,
06:47pergunta agora de Deise Seucari.
06:49Deise.
06:50Professor, boa noite.
06:52Eu queria saber como que o Brasil faz
06:54para responder a essas ofensivas americanas
06:57sem correr o risco de sofrer mais retaliações ainda.
07:00Olha, o risco vai sempre acontecer,
07:04vai sempre existir.
07:05É impossível a gente pré-determinar
07:07se vão ser impostas outras sanções ou não.
07:10Agora, esse procedimento da Section 301,
07:13ele é um procedimento que está bem formatado
07:17na Lei de 1974 dos Estados Unidos
07:20e ele permite, num primeiro momento,
07:22que sejam feitas consultas diplomáticas.
07:24Inclusive, não só permite,
07:26ele determina que sejam feitas consultas diplomáticas.
07:28Então, possivelmente, já deve ter sido enviado
07:31um tipo de correspondência ao governo brasileiro.
07:32Não sei se o governo brasileiro já recebeu ou não.
07:35Mas a lei determina que seja feita uma consulta diplomática.
07:38Então, há uma chance muito grande
07:40de muito em breve o governo brasileiro
07:41sentar com o governo americano
07:42para tentar resolver esse impasse
07:45que está sendo criado agora.
07:47E, ao longo do procedimento,
07:49a qualquer momento,
07:50podem ser feitas ofertas a partir do governo brasileiro
07:52para, se o governo brasileiro entender
07:54que há um problema a ser resolvido,
07:56ele fala, olha, a gente pode mitigar esse problema
07:57dessa maneira.
07:59A lei de 1974 dos Estados Unidos,
08:01ela fala que a resposta imposta pelo governo americano
08:04tem que ser sempre proporcional
08:06ao dano que foi causado ao Estado americano.
08:09Então, a gente sabe, por exemplo,
08:11se tiver um dano de um dólar,
08:13vai ter que ser dada uma resposta de um dólar.
08:15Se for de um trilhão de dólares,
08:17vai ter que ser dada uma resposta de um trilhão de dólares.
08:19Mas, há todo um mecanismo de negociação
08:22e o governo brasileiro pode entrar num acordo
08:24para evitar a aplicação de qualquer tipo de sanção.
08:26Se essa negociação for feita em boas bases
08:30e ela chegar a um bom ponto,
08:32então, a gente vai ter aí uma possibilidade de evitar
08:35uma sanção imposta unilateralmente pelo governo americano.
08:37Então, tem como negociar isso.
08:39Aí, vamos ver se a diplomacia brasileira
08:41ainda tem condições, o jogo de cintura,
08:43para saber negociar e chegar a um ponto comum aí
08:45que seja interessante para todo mundo.
08:46Doutor Marcelo, uma última questão,
08:48de forma breve, por favor.
08:50Como que é possível fazer uma negociação,
08:52diante do que a Deise perguntou para o senhor,
08:54se a questão é política,
08:56não é uma questão eminentemente econômica, né?
09:00Olha, a política pode ser negociada
09:02nas relações internacionais.
09:03E aí, é uma questão meramente diplomática, né?
09:05Se a gente entender que não há condições
09:07de fazer aquilo que o governo americano quer,
09:09então, aí, a gente talvez tenha que sofrer as consequências
09:11de ser imposto uma sanção pelo USTR,
09:14pelo Trade Representative dos Estados Unidos.
09:16Se não houver espaço para negociar, paciência.
09:19A gente vai ter que aguardar a sanção mesmo.
09:21Conversamos com o doutor Marcelo Godtke,
09:23que é especialista em direito empresarial,
09:26doutor pela Universidade de Colômbia.
09:28Mais uma vez, professor, obrigado pela gentileza
09:30e volto sempre à Jovem Pan.
09:33Obrigado, boa noite.
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