Lula divulga carta com críticas ao ‘tarifaço’ de Trump e quer negociações com EUA

Jovem Pan - 3 em 1

11/07/2025

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) busca diálogo com Donald Trump (Republicanos-EUA) para resolver o tarifaço, mas o governo brasileiro não descarta a reciprocidade. A medida pode levar à taxação de produtos norte-americanos se não houver acordo.

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00:00O presidente Lula sinalizou que quer negociar sobre a tarifa imposta por Donald Trump,

00:05mas caso não tenha acordo, o governo brasileiro vai sim responder com reciprocidade.

00:10Isso significa taxar produtos americanos também.

00:14A Janaína Camelo chega diretamente de Brasília detalhando ainda mais o que disse o presidente Lula

00:20a respeito dessa taxação. Janaína Camelo, boa tarde, bem-vinda.

00:23Muito boa tarde, Copayashi. Pois é, o presidente Lula disse o seguinte,

00:30que ele vai aplicar a lei de reciprocidade econômica se necessário.

00:34Inclusive, em uma das entrevistas que ele concedeu ontem, ele disse que ele nunca toma nenhuma atitude

00:39com 39 graus de febre, dizendo que ainda tudo está muito no calor do momento.

00:44Então, vai haver uma calma por enquanto.

00:46Diz que o Brasil vai procurar, por exemplo, a OMC, a Organização Mundial do Comércio,

00:51para que a organização se posicione ali com relação a isso, nas palavras do presidente,

00:56quem está errado, quem está certo, o que está errado.

01:00Diz que se isso não funcionar, então, entra com a reciprocidade a partir do dia 1º de agosto,

01:06que é quando começa a valer a taxação aí de 50% aplicada por Donald Trump.

01:12E o que é essa lei de reciprocidade econômica?

01:15Que ela prevê sanções a países que tomem medidas comerciais,

01:20que acabem aí violando a soberania do país brasileiro.

01:24E ela foi recentemente, como é acho, aprovada no Congresso,

01:27foi sancionada tem pouco tempo, então ela ainda precisa ser regulamentada, né?

01:30Então, para isso, o presidente Lula vai editar um decreto com essa regulamentação,

01:35colocando ali como que essas contramedidas vão ser aplicadas.

01:39Agora, a gente separou alguns trechos de um artigo que o presidente Lula publicou em alguns jornais,

01:46isso ontem e hoje também saiu em alguns jornais internacionais,

01:51como, por exemplo, China, Japão, alguns países ali da Europa,

01:54aqui na América do Sul, na Argentina.

01:58Só que é um artigo ali que já estava acordado aqui pelo governo

02:02de ser publicado logo após o BRICS,

02:04e foi antes do anúncio de Donald Trump,

02:07mas o presidente Lula faz uma crítica geral em relação a tarifas comerciais.

02:11Ele não cita o presidente dos Estados Unidos,

02:14ele não cita o 50%, porque teria sido escrito antes do anúncio de Trump,

02:19mas a gente separou uns trechinhos em que o presidente fala exatamente o seguinte,

02:23como é acho, ele diz que a lei do mais forte ameaça o sistema multilateral de comércio,

02:30que tarifas abrangentes interrompem cadeias de valor e empurram a economia global

02:36para uma espiral de preços altos e estagnação.

02:40Em outro trecho, ele escreve o seguinte,

02:42que novas forças têm emergido e novos desafios têm surgido,

02:46que as organizações internacionais parecem sem efetividade,

02:50é porque a estrutura delas não mais reflete a realidade atual,

02:53e que ações unilaterais e excludentes estão piorando pela ausência de uma liderança coletiva.

03:01É o que está escrito ali nesse artigo,

03:04o presidente Lula buscando ali também a atenção internacional, né, Kobayashi?

03:09Tá aí, muito obrigado.

03:10Janaína Camelo, daqui a pouco você volta com mais informações,

03:13por aqui eu já quero ouvir o Fábio Piperno,

03:15como é que você avalia essa manifestação do presidente Lula?

03:18Piperno pode negociar, mas se negociar vai ter, sim, retaliação com reciprocidade,

03:25com taxação dos produtos americanos. E aí?

03:27Bom, primeiro que isso aqui não é um país de vassalo, é um país soberano,

03:30embora tenha um grande contingente que acho que apoia, sim, a vassalagem.

03:36Esse é um país, repito, soberano.

03:39Esse é um país que ao longo dos últimos anos, principalmente,

03:42buscou novos mercados e é um país cada vez menos dependente das trocas comerciais

03:49com os Estados Unidos. A dependência foi muito maior, ela diminuiu.

03:53Eu diria pra você que se o Brasil tivesse um atrito com a China,

03:57aí sim nós sofreríamos muito mais. Por quê?

04:01Porque hoje o Brasil vende pra China três vezes e meio o que o Brasil vende

04:07para os Estados Unidos. É óbvio que o prejuízo pro Brasil,

04:14num primeiro momento, seria grande. Claro, claro que sim.

04:16A gente tá falando em 12, 13% das exportações que o país faz.

04:21De qualquer forma, no caso da China, seria muito mais traumático.

04:26Agora, é preciso que se entenda o seguinte.

04:29Primeiro, o presidente do Brasil não tem o que fazer em relação

04:34às negociações e aquilo que exige o presidente Trump.

04:38O que o presidente do Brasil pode fazer, por exemplo,

04:41em relação ao Bolsonaro? O que que tá ao alcance dele

04:44do ponto de vista legal? Absolutamente nada.

04:47Agora, qual é a importância pra Jair Bolsonaro

04:51nesse grande leque de alianças com o qual conta o presidente Trump?

04:56A gente tem que também atentar pra isso.

04:58O fato é que o Brasil do presidente Bolsonaro era,

05:03se a gente pensar nas maiores nações do mundo,

05:07aquele que era, sim, o principal aliado do presidente Trump.

05:11Não existe nenhum outro país do tamanho do Brasil,

05:15politicamente, tão próximo quanto o Brasil de Bolsonaro era de Trump.

05:22Então, olha o tamanho do aliado que o presidente Trump perde

05:26nesse seu objetivo também de ampliar politicamente

05:33o seu leque de alianças pelo mundo.

05:35Então, do ponto de vista estratégico,

05:38é, sim, muito importante pra ele tentar reconquistar o Brasil.

05:42Agora, essa é a pior estratégia do mundo,

05:45pra ele nesse momento,

05:47porque alguém acha que esse tipo de intimidação

05:51vai dobrar um político experiente no terceiro mandato como Lula

05:55ou alguém aguerrido que tá com a faca nos dentes

05:58como Alexandre Moraes e a Suprema Corte?

06:01É óbvio que não.

06:02O que, o efeito imediato disso é gerar desconforto

06:08e dano político, sim, para os aliados do presidente Bolsonaro.

06:12Olha o que o Tarcísio já tá apanhando, enfim, redes sociais

06:15e o que ele já tá tentando fazer agora há pouco.

06:18Inclusive, a Mônica Bergamo informa que

06:21o governador Tarcísio já entrou em contato com o STF

06:25pra que o STF liberasse Bolsonaro

06:27pra que ele fosse aos Estados Unidos negociar com o Trump.

06:31O que, aliás, o STF recusou.

06:34Ô, Fábio Piper, muito rapidamente,

06:36você acha que o assessor técnico

06:37tá dando uma sugestão para o presidente Lula

06:40e o assessor político esteja dando outra sugestão muito diferente?

06:44Bruno, o assessor técnico provavelmente foi aquele que sugeriu ao presidente

06:49espera pra ver como fica, espera o dia 1º de agosto.

06:54Aí, depois, nós vamos ver quais são as medidas que o Brasil tem que tomar.

06:57Bruno Musa, eu quero entender de você,

06:59se você fosse a pessoa no lugar do presidente Lula,

07:02o que fazer?

07:03É negociar?

07:04É esperar não fazer nada?

07:05É retalhar como pode acontecer segundo a sua promessa?

07:09E aí?

07:09Eu negociaria facilmente.

07:14Até porque a gente tem do outro lado alguém que, repito,

07:17é extremamente mais forte que a gente.

07:20Goste ou não, queira se dizer extremamente brasileiro,

07:23meu Deus do céu, como eu amo esse país.

07:26Eu acho que a gente tem que entender as nossas fragilidades, né?

07:29E fica muito claro em números que nós somos extremamente mais fracos

07:34do que os Estados Unidos, e essa briga não dá nem pro cheiro.

07:36Então, eu acho que a gente tem que negociar.

07:39Até porque, do outro lado, não é que eu esteja, repito,

07:43defendendo as tarifas.

07:44Não é isso.

07:45Há uma falta de previsibilidade muito grande em todo esse processo.

07:50Desde que começaram a imposição das tarifas,

07:52lembremos que quando o Trump impôs a primeira tarifa

07:56no dia da libertação, no dia da liberação, Liberation Day,

07:58ele usou como métrica a relação, o déficit comercial dos Estados Unidos

08:05com cada um dos países, e ele impôs a tarifa

08:07ao que ele tinha de déficit comercial com cada um desses países.

08:11É totalmente diferente taxa com déficit comercial.

08:14Não necessariamente você ter déficit comercial,

08:17você tem algo negativo.

08:19Você pode ter outros pontos que compensem esse déficit.

08:22E aí, logo depois, ele voltou atrás.

08:24Depois aumenta de novo.

08:25Promete mais 30 dias.

08:27Ou seja, goste ou não, há uma falta de previsibilidade

08:30em todo esse processo.

08:31A gente não sabe o que vai ser amanhã.

08:33Será a mesma coisa?

08:34Subirá para 100%?

08:35Ou serão revogadas as tarifas que sequer ainda começaram?

08:39Não sabemos.

08:41Ao se tratar de alguém muito mais forte que a gente

08:44e essa falta de previsibilidade,

08:47eu acho que o caminho mais sensato e coerente

08:50seria negociar.

08:52Por quê?

08:53Porque as consequências são bastante importantes

08:57se a gente não negociar, resolver peitar

09:00e aí sim as tarifas entrarem em vigor.

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