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A China determinou que suas companhias aéreas não recebam mais entregas de jatos da empresa americana Boeing, segundo a Bloomberg.

A ordem foi dada em reação à decisão de Donald Trump de impor tarifas de 145% sobre produtos chineses.

Outra notícia que ganhou destaque no noticiário internacional foi a decisão da Argentina de encerrar o controle do câmbio, conhecido como cepo, na segunda-feira, 14.

A iniciativa do governo de Javier Milei deu fim à medida que limitava a compra de dólares, implementada nas gestões dos peronistas Cristina Kirchner e Alberto Fernández.

Felipe Moura Brasil, Bruno Musa e Duda Teixeira comentam:

🎙️ Papo Antagonista é o programa que explica e debate os principais acontecimentos do dia com análises críticas e aprofundadas sobre a política brasileira e seus bastidores.

Apresentado por Felipe Moura Brasil, o programa traz contexto e opinião sobre os temas mais quentes da atualidade. Com foco em jornalismo, eleições e debate, é um espaço essencial para quem busca informação de qualidade.

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Transcrição
00:00A China determinou que suas companhias aéreas não recebam mais entregas de jatos da empresa americana Boeing, segundo a Bloomberg.
00:07A ordem foi dada em reação à decisão de Donald Trump de impor tarifas de 145% sobre produtos chineses.
00:15Além disso, Pequim mandou as transportadoras chinesas suspenderem as compras de equipamentos e peças de aeronaves de empresas americanas, de acordo com a reportagem.
00:25A Bloomberg diz ainda que a China está estudando formas de ajudar as companhias aéreas que alugam jatos da Boeing e foram impactadas pelo tarifácio de Trump.
00:36Lula Teixeira, o que você destaca? Está todo mundo medindo forças nessa guerra entre Estados Unidos e China para ver quem é que vai piscar primeiro? Virou aquele cabo de guerra?
00:47Exato. Agora, a China viu também que só aquilo de sempre ficar aumentando as tarifas de exportação, o Trump sempre aumentava um pouquinho mais.
00:58Então, a China está diversificando um pouco as ferramentas ou diversificando as armas para tentar retalhar os Estados Unidos.
01:08Então, já anunciaram há alguns dias que iam parar, suspenderam a importação de frango de algumas empresas americanas, também de sorgo, também de empresas americanas,
01:21o que também pode até abrir mais espaço para empresas brasileiras venderem para a China, uma vez que a China não vai mais comprar esses produtos de algumas empresas americanas.
01:31E agora, esse último anúncio de parar, de comprar, proibir as companhias aéreas chinesas de adquirirem aviões da Boeing.
01:43A Boeing, que é uma empresa que já vinha enfrentando problemas, teve muito problema até no desenho dos aviões, teve avião da Boeing caindo pelo mundo,
01:55as empresas reduziram as compras da Boeing, as ações caíram. Então, é uma empresa que já vinha com vários problemas e agora mais esse anúncio, então, da China,
02:08que prejudica a Boeing, mas também prejudica os Estados Unidos como um todo. É uma grande empresa, enorme empresa, emprega muita gente
02:20e que também tem muito contrato com o sistema de defesa americano, de produção de aviões, de vários tipos.
02:29Então, é um recurso que a China está usando aí, meio que diversificando as armas para tentar fazer frente a essa guerra tarifária do Donald Trump,
02:44mas de uma maneira que seja mais difícil do Trump conseguir dar uma resposta.
02:52E Bruno Musa, nosso colaborador em matéria de economia, ele que é economista, professor e empreendedor, está aqui participando mais uma vez do Papo Antagonista,
03:00uma participação semanal muito bem-vinda. Salve, salve, Bruno. Boa noite.
03:05Muito obrigado, Felipe Duda. Sempre um prazer estar aqui com vocês. Obrigado mais uma vez pelo convite.
03:09Bruno, o Xi Jinping da China parece estar longe ainda de ceder ao Donald Trump.
03:16Não sei nem se dá para usar essa palavra ainda, porque ele não dá realmente o menor sinal.
03:20O título do nosso programa de hoje é Pintou um Acordão, porque trata de questões brasileiras aqui do Congresso Nacional,
03:27mas em matéria de guerra comercial, está longe esse acordão.
03:31Então, a gente vê uma retaliação aí no campo da aeronáutica, que como o Duda colocou,
03:35e até o Ricardo Kerstman escreveu no portal antagonista.com.br,
03:38é um segmento importante para a economia e para a segurança, para a defesa americanas.
03:43Já se fala aí na possibilidade de um imposto de até um milhão de dólares para navios chineses
03:48que venham a atracar em portos americanos.
03:51Há uma escalada nesse tarifácio de ambas as partes. Como é que você avalia?
03:58Exatamente como você está falando. Os fatos são justamente esses.
04:01O China não dá qualquer sinal de mudança ou que vá ceder.
04:05Aqui nós estamos falando de uma briga de dois gigantes.
04:08E aí, basicamente, é entender no tempo qual será o mais prejudicado.
04:12A gente falou sobre isso na análise aqui na semana passada.
04:15Eu acho que o Xi tem uma vantagem do seu ponto de vista político e de popularidade.
04:22Ou seja, você não é muito livre para ter opiniões diversas na China,
04:26para você ir contra o governo e fazer qualquer tipo de manifestação,
04:30como você pode fazer nos Estados Unidos.
04:32Então, os preços de uma popularidade mais baixa na China tendem a ser menores,
04:38se é que acontece alguma coisa.
04:40E nos Estados Unidos, não. O preço da popularidade é importante.
04:44Mas o capital financeiro, o poder financeiro, eu acredito que nos Estados Unidos é muito maior no tempo.
04:51Então, a China, a público falando que tem ainda uma capacidade fiscal
04:57de se endividar, como o Xi falou ao longo dos últimos dias.
05:01Portanto, ainda mais fôlego para aumentar o endividamento e para injetar dinheiro na economia,
05:07ele não dá sinais de que ele vai frear essa guerra comercial.
05:10E o Trump, como duro é numa negociação, também parece que não.
05:14Mas eu acho que o Trump já deu alguns sinais frente ao que comentamos e conversamos na terça-feira passada aqui.
05:22Alguns sinais de que, talvez com a China não, mas com o restante do mundo,
05:27mostrando que o preço, talvez dos títulos públicos americanos, do dólar e das bolsas,
05:34começam, sim, se refletindo em pressão dentro do próprio governo,
05:37para dizer, calma lá, não sejamos tão caóticos ou com tarifas tão selvagens como as que foram anunciadas.
05:45Duda Teixeira vai conversar com o Bruno Busa também. Fala, Duda.
05:48Bruno, tenho oportunidades para o Brasil nessa história,
05:52porque os Estados Unidos fornecem à China, então, com aviões, com frango, com sorgo e commodities também.
06:02Compete com o Brasil dentro do mercado chinês.
06:05Isso que está acontecendo agora, de repente, pode abrir, de repente, as portas para Embraer vender mais aviões lá na China?
06:13Acredito que sim, né? A gente viu também ao longo desses últimos dias, Duda,
06:17que o Brasil teve um volume importante de toneladas compradas de soja por parte da China
06:24e o volume comercial desses primeiros dias foi maior do que o volume comercial há um ano atrás negociado com a China.
06:31Então, no curto prazo, sim, até porque a tarifa daqui está menor e pode otimizar, acelerar essa relação entre os dois países.
06:40Mas, sinceramente, eu acho que o Brasil, nós somos os reis em olhar voos de galinhas e olhar tirar vantagem disso no curto prazo.
06:47No fundo, eu acho que a gente, no médio e longo prazo, isso é um jogo de perde-perde e nós sofreremos as consequências disso também.
06:54Se essa guerra continua crescendo da maneira brutal, a guerra tarifária, inevitavelmente, as duas maiores economias envolvidas nisso sofrerão.
07:03Os Estados Unidos e a China. E eles são os principais parceiros comerciais do Brasil.
07:07Então, no fundo, eu acho que a gente tem que ser um pouquinho mais adulto, mais maduro,
07:12olharmos mais adiante do que ficarmos nos satisfazendo quando, de repente, a China comprou ontem 2 mil toneladas de soja.
07:20Legal, ótimo. Mas e se nós olharmos mais para frente em questão de produtividade, ganho, incremento disso?
07:27Ou seja, poderíamos tirar vantagem disso ao liberar o nosso mercado, transformar o mercado burocrático em menos burocrático,
07:35com menos impostos, com maiores facilidades de contratação, para aí sim atrairmos as empresas para cá.
07:41A própria Apple falou que está mandando para a China e uma notícia hoje da Bloomberg falou
07:46o Brasil poderia ser um caminho, um destino importante para a Apple produzir iPhones aqui?
07:52E a resposta é que, basicamente, os custos aqui de produção são muito altos.
07:56Então, nós somos os inimigos ao longo dessa história.
08:00Bruno, eu queria trazer aqui uma postagem do Scott Adams, que está ali mais alinhado à direita americana.
08:06Às vezes, acaba defendendo Donald Trump contra críticas que vêm do campo da esquerda, do Partido Democrata.
08:12Ele que publicou o livro Win Bigley, que é ganhar de lavada sobre a vitória do Donald Trump em 2016 para o seu primeiro mandato.
08:21E ele escreveu isso nas redes sociais tratando ali, talvez, da guerra comercial, mas talvez de outros temas internos americanos.
08:28Mas eu queria tirar um pouquinho da essência do que ele está falando aí.
08:31Eu vou traduzir aqui.
08:32Olha, os democratas, que são os representantes do Partido Democrata, que estão mais alinhados à esquerda nos Estados Unidos,
08:38têm bons argumentos de que Trump está trazendo caos.
08:41O que eles não fizeram foi explicar como isso é pior do que uma desgraça certa.
08:46A dívida e a nossa situação comercial eram caminhos diretos para a ruína.
08:52Os democratas podem dizer que o Congresso pode usar o seu bisturi para consertar tudo isso sem caos.
08:59Isso é uma grande mentira ou uma grande estupidez.
09:02Vou arriscar no caos.
09:04Quer dizer, eu vou apostar no caos.
09:07Eu tenho a impressão, Bruno, que tem gente nos Estados Unidos, inclusive pessoas influentes no debate público,
09:14que estão um tanto cansadas da situação que os Estados Unidos ficaram em relação aos acordos,
09:22em relação a questões de dívida, etc.
09:25E mesmo não tendo certeza sobre o resultado das medidas drásticas de Donald Trump,
09:32estão dando, vamos dizer assim, um benefício da dúvida.
09:36Vamos ver por esse caminho o que acontece?
09:38O que você acha disso?
09:39Eu vou bastante nessa linha.
09:43Nós estamos vivendo um momento de extrema polarização.
09:46Eu não estou falando aqui no Brasil, só no mundo.
09:48E também não acho que isso tem que ser ruim.
09:49É um momento da história que faz parte para a evolução e amadurecimento
09:52do nosso posicionamento político-econômico, etc.
09:58Filosófico.
09:58Então, meu ponto é, por que eu trouxe isso à tona para te responder?
10:03Porque eu percebi que eu fiz uma série de cinco vídeos ali no meu canal
10:06e muitas pessoas, todo mundo que me acompanha sabe que eu tenho um posicionamento aliado
10:11à escola austríaca de economia, que é totalmente liberal-libertária.
10:15Portanto, eu tenho um alinhamento muito mais à direita, obviamente, e não à esquerda.
10:20Não tenho nenhuma relação de ideias com a esquerda.
10:25Mas mesmo assim, as pessoas começam a criticar quando eu critico uma forma que o Trump tem feito.
10:31É como se você não pudesse criticar uma pessoa que está no seu espectro político.
10:36Se nós somos capazes de nos criticarmos, como é que eu não posso criticar alguém
10:41que está fazendo ações que vão contra as ideias que nós pregamos
10:47nesse campo político-ideológico e econômico como um todo?
10:51E aí, eu acho que a resposta vai mais ou menos nessa linha.
10:55Então, quando o Scott Adams faz esse tweet que ele prefere o caos,
11:00ok, devemos entender que o Trump pode ter e deve ter
11:06alguma sinalização mais profunda de mudança, como nós falamos na semana passada.
11:10Talvez de ordem monetária, de ordem de política doméstica, de ordem geopolítica.
11:15Mas é importante entender que a forma como está sendo feita até o momento
11:19tem sido caótica.
11:20O mercado já deteriorou em valor, o custo da dívida dos Estados Unidos subiu,
11:25os títulos públicos americanos, o rendimento dele subiu,
11:29significa que os Estados Unidos têm um custo maior para refinanciar a sua dívida
11:33do que tinha antes do dia da libertação.
11:36E isso, obviamente, complica em um ano, onde 9 trilhões, 25% da dívida americana,
11:42vencem esse ano e eles precisam rolar essa dívida.
11:44Então, o que nós estamos vendo é que, até o momento, esses custos financeiros
11:50têm sido altíssimos e aí a pressão começa a crescer.
11:55Então, eu acho que faz a gente pensar num remanejamento, numa mudança de ordem.
12:01Eu estive lá nas eleições produzindo um documentário, claramente entre um e outro
12:05eu apoiei o Trump e não a Kamala Harris, mas a gente tem que entender
12:08que a forma como está sendo feita agora é uma forma caótica que traz instabilidade
12:13e falta de previsibilidade.
12:16E não é tão trivial você levar fábricas para o seu país, porque isso envolve capex,
12:21que consome caixa das empresas, é mais caro produzir em países desenvolvidos
12:25e tudo isso impacta o nível de preços interno, que acaba afetando, obviamente,
12:30aos próprios americanos.
12:32Então, eu acho que a gente tem que abrir um pouco mais a cabeça
12:34e talvez entendermos, colocarmos aqui o sapato da humildade e falar
12:39talvez o Trump tenha um plano maior por fundo.
12:41Ok, mas esse caminho está sendo mais saudável, só para não me alongar muito.
12:48Eu tenho olhado bem o site do Doge, por exemplo, e ele parou de crescer
12:52o montante que eles estão falando que estão economizando.
12:55Mas vamos levar em consideração que aqueles 55 bi que eles falaram que economizaram
12:59é fator real.
13:01Mesmo assim, já tem algumas matérias mostrando que certos cortes foram contabilizados três vezes.
13:07Enfim, tem ali uma distorção, mas vamos mostrar que os 55 bilhões divulgados
13:11no site do Doge, Departamento de Eficiência Governamental, seja de fato o número verdadeiro.
13:16Os Estados Unidos estão perdendo um déficit de 2 trilhões.
13:20Se eles vão baixar impostos, que eu amplamente apoio, obviamente,
13:24significa que sem diminuir os gastos, o déficit vai continuar crescendo.
13:30E aqui tem um problema importante nisso.
13:32Se mesmo os números de 55 bilhões de cortes são reais, ele faz uma cócega em 2 trilhões
13:39de déficit americano.
13:40Portanto, falta muito ainda para, de fato, cortar o gasto.
13:45Diferente do que o Millen tem feito constantemente.
13:49Foi uma semana importante lá na Argentina e a gente falou aqui na semana passada.
13:55Então veja que são dois alinhados à direita, mas o posicionamento aqui é completamente diferente.
14:00E eu acho que é importante pontuarmos isso.
14:02Perfeito.
14:03A gente já vai falar, inclusive, do Javier Miley, mas o Duda Teixeira tem uma pergunta antes.
14:07E só reforçando o que o Bruno Musa falou, o protecionismo não é algo bem visto nessa
14:14escola mais liberal associada à direita, inclusive à direita americana.
14:20Então é absolutamente natural que pessoas com esse ideário não tenham esse nível de adesismo
14:26a uma figura política a ponto de abandonar determinadas ideias, cujas consequências
14:32são, no mínimo, incertas.
14:34E que é mais ou menos o que a gente está vendo agora, mas também com um certo caos.
14:39Duda Teixeira.
14:40Eu queria só comentar esse tweet do Scott Adams a partir do comentário do Bruno Musa.
14:46Quer dizer, mesmo que a gente tenha alguns poucos dias de caos e, de repente, na semana
14:52que vem tudo se resolva, esses dias de caos já tiveram um custo alto para a economia
14:59americana, certo?
15:00Os investimentos foram cancelados, o consumidor já está ressabiado, vai gastar menos, os juros
15:08da dívidas aumentaram.
15:10E aí eu acho que isso também acontece muito pelo próprio comportamento do Donald Trump,
15:15que nunca foi um cara reformista, nunca foi um conservador, um cara ali que aposta na
15:22prudência.
15:24Ele sempre foi um revolucionário, tem esse discurso contra a elite, contra os inimigos,
15:31sempre quis fazer a coisa de uma maneira estabanada, às vezes até meio amalucada.
15:38E aí tem um custo que todos os americanos, no fundo, todo mundo acaba pagando.
15:46Concordo, eu falo dessa maneira, eu uso o adjetivo caótico, é a forma como ele tem
15:51feito, trazendo imprevisibilidade para tudo e investimentos não gostam de falta de
15:58imprevisibilidade.
15:59Então, só para contextualizar um ponto a mais, você falou, no ano passado os Estados
16:03Unidos gastaram em pagamento de juros da dívida um trilhão de dólares.
16:08Então, se o foco e o objetivo é diminuir o custo financeiro da dívida ao derrubar
16:15a taxa de juros, promovendo um princípio de recessão ou diminuição da atividade econômica
16:20nos Estados Unidos, quanto dos um trilhão seria capaz que uma queda de juros deles economizaram?
16:26Duzentos?
16:27Trezentos bi?
16:28Não mais do que isso, porque também os juros não vão voltar a patamares pré-pandemia
16:31ali, ou melhor, da década passada.
16:35Significa que nós perdemos ali 8, 9 trilhões em valor de mercado, os títulos da dívida
16:42tiveram juros com valores mais altos, para economizar quanto?
16:47100, 200, 300, 400 bilhões de juros?
16:50Essa desproporção, esse gerenciamento de risco, não me parece que está surtindo
16:54muito efeito.
16:55E a Argentina encerrou o controle do câmbio, conhecido como CEPO, na segunda-feira 14.
17:00A decisão do governo de Javier Milley deu fim à medida que limitava a compra de dólares
17:04implementada nas gestões dos peronistas Cristina Kirchner e Alberto Fernandes.
17:10O ministro da Desregulação e Transformação do Estado publicou no X uma foto de uma corrente
17:14que se rompe e escreveu o seguinte texto ontem, aspas, qualquer agenda de desregulamentação
17:20estaria incompleta até que os controles da taxa de câmbio fossem suspensos.
17:24É por isso que hoje é um dia de celebração no Ministério de Desregulação e Transformação
17:28do Estado.
17:29Isso nos permite iniciar o processo de eliminação das regulamentações associadas a esse instrumento.
17:34Hoje é um dia para celebrar a liberdade graças a Milley, Luiz Caputo e sua equipe no
17:39Ministério da Economia, Santiago Balzilli e sua equipe no Banco Central.
17:44A liberdade nunca deve ser temida.
17:46Viva la libertà, carajo, né?
17:48Que é como eles dizem, aqui eu tenho que ler o que ele escreveu.
17:52Às vezes sai um palavrão aí na turma do Milley.
17:56Bruno Musa, qual é a sua avaliação sobre essa decisão do governo Milley?
18:00Você que estava fazendo aí uma comparação com a política americana de Donald Trump.
18:03Bom, eu tentarei hoje no vídeo que está lá meu, mostrando esses detalhes de tudo isso,
18:11porque realmente foi um passo extremamente importante e a grosso modo, tentando ser mais
18:18objetivo possível aqui, quando a gente controla preço, a gente leva a escassez do que for.
18:24Se você impõe um preço teto em alguma coisa, esse preço teto fará com que esse produto se torne escasso,
18:32porque não mais faz sentido produzi-lo.
18:34Então, a Argentina tinha uma taxa de câmbio completamente desvalorizada, o câmbio oficial,
18:40em que os importadores que precisavam ter acesso a dólares não tinham acesso,
18:44porque o Banco Central, que travava uma taxa oficial, levou à escassez dos dólares e, portanto,
18:50muitos dos importadores não conseguiam pagar aquilo que ele comprava dos outros países,
18:55fechando a porta de crédito.
18:57Quem vai te fornecer se você não paga mais?
18:59Então, eles tinham que recorrer ao mercado paralelo, e o mercado paralelo era muito mais caro.
19:04O Milley vem trazendo esse câmbio oficial para próximo do paralelo e ontem o que aconteceu
19:09foi basicamente liberou esse câmbio, para ter um câmbio determinado pelo próprio mercado,
19:14para sabermos qual é a real demanda de peso frente ao dólar.
19:18E, a grosso modo, se nós pegarmos toda a base monetária da Argentina,
19:23o que ele chamou de base monetária ampla, ampliada,
19:27aqui em espanhol amplia, a base monetária ampliada,
19:30são 47 bilhões de pesos.
19:34Agora, com o acordo com a FMI, a liquidez bruta,
19:39as reservas brutas do Banco Central da República Argentina,
19:42será de 35 bilhões de dólares.
19:44Ou seja, você consegue tirar todos os pesos de circulação da economia argentina hoje
19:52com as reservas que o Banco Central da Argentina tem.
19:55Significa que você consegue dolarizar a economia,
19:59que é um dos objetivos do Milley, uma das promessas,
20:01acabar com o Banco Central,
20:03numa taxa entre um dólar, mil pesos, e um dólar, mil e quatrocentos pesos.
20:08Então, agora, esse câmbio liberado, ele oscila entre mil e mil e quatrocentos.
20:12Se cai abaixo de mil, o Banco Central argentino entra comprando dólares e vendendo pesos.
20:19Se passa de mil e quatrocentos, ele entra comprando pesos e vendendo dólares
20:23para manter essa banda entre mil e mil e quatrocentos até o momento.
20:27E o interessante foi que ontem é natural que o peso tenha tido uma desvalorização,
20:32porque estava lá na casa dos mil e cem, foi para a casa dos mil e duzentos e cinquenta,
20:36é natural essa desvalorização, porque ele ainda tinha uma cotação controlada,
20:43o oficial, mais próximo do real já, mas ainda controlada.
20:48Ele fez esse ajuste de mercado ontem.
20:50Se nós olharmos hoje, a gente vê que o peso se manteve ali no mil e duzentos e quarenta e oito,
20:55longe da banda dos mil e quatrocentos,
20:58mostrando que o mercado não está disposto a desvalorizar o peso.
21:02Ou seja, há uma demanda real de pesos dentro dessa banda de mil a mil e quatrocentos.
21:08Portanto, foi um dia histórico depois de tantos anos de controle cambial
21:12que a gente viu na Argentina, viveu aqui no Brasil e tantos outros países.
21:16Sabemos que nunca, nunca, nem na teoria, nem na prática, deu certo.
21:21Um baita de um avanço na Argentina essa semana.
21:25Aliás, só ler aqui mais uma declaração do presidente argentino, Javier Milley.
21:28Ele prometeu, por fim, a incerteza inflacionária.
21:32Ele disse o seguinte, abre o aspas,
21:34vamos restaurar o patrimônio do Banco Central e acabar com a inflação.
21:37Pela primeira vez na história, a Argentina tem suas contas em ordem.
21:41Não há razão para turbulências internas ou externas.
21:44Se algo ocorrer, sofreremos menos e nos recuperaremos mais rápido.
21:49Feche o aspas.
21:51Bruno, você mesmo citou o plano dele, a promessa dele de acabar com o Banco Central.
21:57Agora está falando em restaurar o patrimônio, acabar com a inflação.
22:00Era só bravata de acabar com o Banco Central?
22:03Ou você realmente acredita que ele vai realizar essa promessa?
22:07Olha, ele até o momento não deu nenhum sinal de mudança de ideia.
22:11Todos os fatos que ele vê no discurso dele e na prática
22:15é em direção a acabar com o Banco Central.
22:18Não sabemos se isso realmente se concretizará.
22:20Mas, de novo, volto nesse cálculo.
22:22Ele já tem quantidade suficiente para dolarizar a economia em reserva do Banco Central
22:28na taxa que está sendo, nessa banda estipulada, entre R$ 1.000 e R$ 1.400.
22:33Me parece, de novo, repito, não sei, não estou na cabeça dele.
22:38Estive com ele duas vezes, mas não é uma pessoa que eu tenho contato.
22:41Então, não conseguiria opinar 100%.
22:43Mas me parece que ele continua firme e forte no seu desejo.
22:48Não pelas palavras, também pelas palavras.
22:51Mas pelas ações concretas que ele vem realizando.
22:54É bem provável que a Argentina passe agora a ter um ajuste de preço interno
22:58justamente por essa pequena desvalorização que a moeda teve no primeiro dia
23:04para ajustar até esses R$ 1.250, como falamos, frente aos R$ 1.100 que estava.
23:08Deve ter um ajuste de preço interno.
23:10De fato, a inflação em março foi um pouco maior do que as vistas no mês anterior.
23:15Foi de 3,7% quando estava oscilando ali na casa dos 2%.
23:19É normal esse ajuste de preço porque o câmbio ainda estava segurado, estava contido.
23:24Agora, o que acontece é muito diferente do que ter uma dinâmica inflacionária
23:29que é o que existia antes.
23:31Então, tudo isso traz um cenário positivo.
23:34Tem um dado importante, só para contextualizar aqui, que eu falei em um vídeo hoje,
23:38que é o seguinte.
23:39Quando o Milen assumiu, a taxa de juros nominal na Argentina era de 133% ao ano
23:44e não havia demanda para comprar títulos, mesmo ganhando 133% ao ano.
23:49Então, havia investidor disposto a comprar.
23:51Tanto é que quem monetizava a dívida era o próprio Banco Central,
23:55através da impressão da moeda.
23:56E isso ocasionou a inflação.
23:58Hoje, a taxa de juros na Argentina está em 29% ao ano,
24:02de 133% para 29%, em tendência de baixa.
24:06No Brasil, está em 14,25%, com tendência de alta indo a 15%.
24:11Se o Brasil continua e o número do orçamento saiu hoje,
24:14aumento de salário mínimo, aumento da dívida pública,
24:18no orçamento que está sendo divulgado hoje, de 2026.
24:22Significa que, se o Brasil continuar nessa dinâmica de responsabilidade fiscal,
24:27não vai demorar muito para a taxa de juros nominal no Brasil
24:31ser maior do que a taxa de juros nominal da Argentina.
24:34Maravilha.
24:35Aliás, o nosso colaborador também, no portal antagonista.com.br,
24:38Pedro Kazan, publicou um artigo, foi em 3 de fevereiro,
24:42e naquela ocasião o título ficou
24:44Argentina reduz taxa de juros de 126% para 29% com o Millen.
24:50Então, lá os dados que ele utilizou para quem quiser avaliar.
24:53Última consideração, Duda Teixeira, para a gente liberar o Bruno
24:55e passar aqui para as tretas do Congresso Nacional Brasileiro.
24:58Bruno, adoro as suas explicações sobre Javier Millen.
25:01A gente já comentou aqui também, ele derrubou vários golaços, né?
25:04Derrubou a inflação, derrubou os juros, derrubou a pobreza,
25:07agora acabou com o controle cambiário.
25:11Será que a principal diferença entre o Millen e o Donald Trump lá nos Estados Unidos
25:16é que o Millen entende de economia e sabe o que está fazendo?
25:21Claro, sem dúvida.
25:23O Millen é um profundo conhecedor de economia.
25:26É um profundo conhecedor, concorde você ou não,
25:29e obrigado pelo elogio,
25:31concorde você ou todo mundo que escuta, não importa,
25:36ele é um profundo conhecedor das ideias da Escola Austríaca de Economia,
25:40muito bem citadas por autores, inclusive em Prêmio Nobel,
25:43como o Hayek ou na incrível obra do Mises, o Ação Humana.
25:47Lá ele expõe detalhes e o Millen está levando à risca esse tipo de ideia.
25:53Então, sim, ele é um profundo conhecedor.
25:55E eu acho que o Trump tem outros méritos,
25:58baita do empresário, um amplo negociador,
26:02enfim, vários méritos que ele tem,
26:05mas com certeza eu ousaria dizer que talvez o presidente hoje,
26:11com o maior conhecimento econômico profundamente embasado,
26:16hoje, talvez em todos os países, é sim o Javier Millen.
26:20E ele tem colocado em prática o que está escrito no manual básico ali.
26:24Está levando a ferro e fogo.
26:27E os resultados estão aí.
26:28Você mostrou, vocês mostraram o Twitter, o ex do Stutzenegger,
26:33que é o ministro da desregulação da Argentina.
26:36Ele, a cada dia, ele posta, se não me engano, duas ordens que ele vem desburocratizando,
26:42regras e normas que ele vem desburocratizando e derrubando na Argentina.
26:46Vale a pena criar o hábito de acompanhá-lo diariamente.
26:49É impressionante.
26:51Enquanto a gente aumenta a burocracia, eles têm diminuído.
26:55E burocracia, obviamente, é um obstáculo para investimentos.
26:59E o Hayek é o autor de O Caminho para a Servidão, livro de 1944,
27:05que tem um capítulo que eu já citei, cujo título eu adoro,
27:08que se chama Por que os piores chegam ao poder?
27:12Ele foi vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 1974.
27:16Bruno Musa, muito obrigado pela sua participação no Papo Antagonista,
27:19muito esclarecedor e didática, como sempre.
27:21A gente gosta de explicar para as pessoas o que realmente está acontecendo,
27:25não só no Brasil, mas no resto do mundo.
27:26Boa noite, bom trabalho, e eu aproveito para recomendar a todos,
27:29ele já citou, o canal de YouTube do Bruno Musa,
27:32Bruno Underline Musa, e também sua página de consultoria de investimentos,
27:35brunomusa.com.br barra investimento.
27:38Valeu.
27:40Valeu, valeu.
27:40Sempre um prazer estar com vocês.
27:42Obrigado a todos, obrigado pelo papo e até semana que vem.
27:56Obrigado.
27:57Obrigado.
27:58Obrigado.
27:59Obrigado.
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