- há 4 meses
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NotíciasTranscrição
00:00Aproveitando aqui pesquisa eleitoral, já vou comentar a pesquisa Atlas, do Andrei Romã, Instituto Atlas, esteve conosco aqui logo no dia seguinte à eleição, Andrei que vai participar da nossa transmissão especial, por quê?
00:14Porque o Andrei foi o responsável pelo Instituto que mais acertou no primeiro turno, e o meu compromisso aqui é com o acerto, não é com o erro.
00:22Então vamos abrir a nossa transmissão, teremos o Leonardo Barreto, cientista político novamente, grande Leonardo Barreto, teremos o Marcelo Madureiro, humorista, teremos toda a nossa equipe de reportagem, e teremos também o Andrei Romã, na nossa transmissão do segundo turno, no dia 30.
00:41Então está aí a divulgação da primeira pesquisa do Instituto Atlas, pode abrir, baixa aí, e vamos encontrar, vamos ver o que ele encontrou.
00:53Olha só, o Lula teria 52,4% dos votos válidos nessa projeção, enquanto o Bolsonaro aparece com 47,6%.
01:02O Instituto afirma ter pesquisado entre 4.500 entrevistados, lembrando que a pesquisa do Instituto Atlas é feita por Big Data,
01:10uma pesquisa comportamental, ela não ouve entrevistados, ela não ouve pessoas, não entrevista ninguém, ela faz uma coleção, uma coletânea de comportamentos nas redes sociais, comportamentos de usuários das redes sociais.
01:26Então define um universo amostral e verifica o comportamento e a partir daí conclui pela tendência de voto, um voto mais à esquerda, mais Lula, um voto mais à direita, Bolsonaro.
01:42O Instituto Paraná também, que foi o segundo que mais acertou, com o que menos errou, o Instituto Paraná divulgou também a sua primeira pesquisa,
01:48põe na tela aí por favor, sua primeira pesquisa agora do segundo turno, pesquisa nacional, pode botar na tela por favor, baixa um pouquinho,
02:00aí o Instituto Paraná, levantamento mostra o Lula com 51,9% e o Bolsonaro com 48,1%, então está mais ou menos o mesmo tipo de percentual do Instituto Atlas.
02:16Saiu também o Instituto GERP ontem, que também apresentou a sua primeira pesquisa presidencial, como aqui a minha política é divulgar todas as pesquisas, eu quero mencionar o Instituto GERP.
02:28Daniel me avisa quando tiver o Quest e o Felipe conectado novamente, está aí, Instituto GERP, empate técnico, Lula com 48%, Bolsonaro com 46%,
02:42então também dentro da mesma margem de erro, tá, bom, hoje, hoje nós tivemos aí a decisão do Cade, do presidente do Cade,
02:54de ampliar, de ampliar não, de investigar, tá, os institutos de pesquisa, o IPEC, o Datafolha e o IPESP, pode baixar aí,
03:08está aí, ó, matéria do querido Wilson Lima,
03:15Conselho Administrativo de Defesa Econômica instaurou o inquérito administrativo para apurar indícios de formação de cartel
03:21pelos três institutos, IPESP, IPEC e Datafolha, após erros de prognósticos durante o primeiro turno.
03:28A medida foi tomada pelo próprio presidente do órgão, Alexandre Cordeiro Macedo, em comunicação ao superintendente Alexandre Barreto.
03:36Em seu despacho, obtido pelo antagonista, o Cordeiro disse, abre aspas,
03:39que as análises estatísticas dos resultados das pesquisas desses três institutos
03:44servem para demonstrar que é improvável que os erros individualmente cometidos sejam uma coincidência.
03:50Para ele, em 18 dos 19 levantamentos analisados, houve erros acima da margem de erro.
03:57O Cordeiro não cita qual instituto acertou no prognóstico eleitoral,
04:01mas suspeita que Datafolha, IPESP e IPEC apresentaram algum tipo de conluio,
04:10atuaram numa espécie de conluio.
04:13Eles mostram aqui resultados idênticos quanto à diferença entre os candidatos, 14%.
04:18Pode baixar lá, pode baixar.
04:21Olha aqui, ó.
04:23Quando há uma grande quantidade de pesquisas que falham simultaneamente e no mesmo sentido,
04:28é pouco provável que este tipo de erro seja fruto de mero acaso.
04:33Verificam-se, pode sobe de novo lá, sobe mais.
04:37Verificam-se indícios de que os erros não sejam casuísticos e sim intencionais
04:43por meio de uma ação orquestrada dos institutos de pesquisa na forma de cartel
04:48para manipular em conjunto o mercado, em última instância, as eleições.
04:54Então, está aí o despacho do Cordeiro Macedo.
05:01Quem é Cordeiro Macedo que preside o CAD?
05:04E isso também é importante.
05:06Cordeiro Macedo tem relação histórica com Ciro Nogueira.
05:10A sua irmã, Sabá Cordeiro de Monteiro, é chefe de gabinete do ministro bolsonarista.
05:16Antes de assumir o cargo no Palácio, Sabá foi assessora parlamentar do cacique do PP no Senado
05:21e também na Câmara, como mostramos no ano passado.
05:26O Cordeiro Macedo deve a Ciro sua ascensão ao topo do órgão,
05:29que é responsável por zelar pela livre concorrência em última análise
05:32e impedir a formação de monopólios e oligopólios.
05:36Clica ali no Cordeiro tem relação histórica, que é essa reportagem minha.
05:40Quero mostrar para vocês como é importante a gente registrar todo o nosso trabalho aqui
05:45e não esquecer como é importante a nossa memória.
05:49Quando ele foi indicado para assumir a presidência do CAD,
05:55eu levantei o perfil do Cordeiro Macedo e mostrei a relação histórica dele com o Ciro Nogueira.
06:07Ah, Cláudio, o que você está insinuando?
06:09Não estou insinuando nada.
06:10Estou apresentando a vocês as informações que são reais.
06:16Que informações que são?
06:18Bom, você tem o sujeito mandando abrir o inquérito administrativo
06:22e esse sujeito tendo uma relação com o Ciro Nogueira,
06:26que tem interesse nesse inquérito.
06:27O governo está defendendo uma CPI.
06:30O líder do governo na Câmara, o Ricardo Barros,
06:33apresentou um projeto de lei para criminalizar os institutos de pesquisa
06:35e o ministro da Justiça mandou a Polícia Federal abrir um inquérito para investigar.
06:41Então, é disso que se trata.
06:44Eu já falei aqui uma vez, a razão para duvidar das pesquisas?
06:51Sim.
06:52A razão para debater as metodologias utilizadas
06:56e se há algum interesse por trás, se houve ou não manipulação?
07:00Sim.
07:01O Congresso poderia estar fazendo esse trabalho,
07:03mas agora esse trabalho está
07:05nas mãos dos órgãos já,
07:11tanto os órgãos de persecução penal
07:13como os órgãos de fiscalização.
07:17Está conectado?
07:19Excelente.
07:20Então, está aí.
07:20Essa situação acaba colocando também um manto de suspensão
07:25na própria investigação.
07:26Eu acho que a gente precisa batalhar,
07:32precisa defender instituições cada vez mais técnicas
07:37e integrantes cada vez mais independentes.
07:42É sobre isso que nós realmente precisamos debater.
07:46a questão dos institutos de pesquisa é fundamental
07:50e eu quero ouvir a opinião de um dos integrantes,
07:54um profissional que trabalha com isso,
07:57que é o Felipe Nunes.
07:58A gente já tem, ele está conectado,
08:00eu vou chamar, a gente está com a pesquisa dele no ar?
08:04Já?
08:04Então, põe o Felipe Nunes, eu vou pedir a pesquisa.
08:09Boa noite, Felipe.
08:10Bem-vindo mais uma vez ao Papo Antagonista.
08:12Tudo bem?
08:12Tudo bem, Cláudio.
08:13Já estava na hora.
08:14Muito tempo que eu não vim aqui, pô.
08:16Estava com saudade.
08:17Como é que você falou?
08:18Opa!
08:19Eu te chamei várias vezes, você que me ignorou,
08:21que você estava aparecendo muito na Globo News, na CNN,
08:23e não queria vir aqui no Antagonista.
08:25Não é verdade, não é verdade.
08:27Correndo muito.
08:28Faz um prazer estar aqui, Cláudio.
08:30Obrigado pelo convite.
08:31Eu imagino.
08:32Bom, eu antes de entrar na questão da tua pesquisa aqui,
08:35eu queria a tua opinião sobre essa reação das autoridades
08:41em relação aos erros dos institutos de pesquisa,
08:45questão de metodologia.
08:47O que você está achando, como um profissional da área?
08:50Nós temos aí iniciativa de CPI, projeto de lei para criminalizar,
08:55Polícia Federal agora abrindo investigação,
08:58e o CAD também, um inquérito administrativo.
09:01Quem não deve não teme.
09:03Ou você acha que está havendo um exagero, Felipe,
09:07na reação do sistema aos erros de prognóstico desses institutos?
09:13Acho que as duas coisas, Cláudio.
09:16Quem não deve não teme.
09:18Os institutos estão acostumados a passar por escrutínio público.
09:22Faz parte, Cláudio, do nosso trabalho, o escrutínio público.
09:26Eu passo horas e horas do meu dia, quando publico pesquisa,
09:30está conversando com jornalistas, com políticos, com especialistas,
09:34com professores, com interessados no assunto,
09:37muitas vezes no Twitter e tal.
09:39Então, acho que isso faz parte, eu vejo com naturalidade o escrutínio.
09:43Mas, na minha avaliação, também tem exageros.
09:46Esse processo de tentativa de criminalizar o trabalho de gente séria
09:51é, na verdade, uma reação que me parece mais eleitoral do que qualquer coisa.
09:56Tem duas coisas, Cláudio, que eu desconheço.
09:59Político que fica satisfeito com pesquisa, em que ele aparece perdendo.
10:04Nunca vi um político defender pesquisa quando ele está mal nas pesquisas.
10:08E dois, eu desconheço um cenário em que as pesquisas foram utilizadas
10:13por todo mundo como prognóstico.
10:15Não deve ser assim.
10:17A gente passa o tempo todo conversando, Cláudio.
10:19Você é um desses que defende isso com a gente.
10:22Pesquisa é um diagnóstico.
10:23Pesquisa não é prognóstico.
10:25As pessoas, quando respondem uma pergunta num survey,
10:30seja na terça, na quinta, no sábado,
10:32eles não estão assinando um compromisso,
10:33dizendo, ó, eu vou fazer na urna aquilo que eu disse.
10:36As pessoas, pelo contrário,
10:37elas usam o resultado das pesquisas
10:40pra tomar decisões eleitorais.
10:43Então, é comum, e eu acho que a história do Brasil
10:45mostra que não é de hoje que a gente vê essa diferença
10:48em vários casos entre o resultado das urnas
10:51e o das últimas pesquisas, justamente por conta dessa alteração.
10:56Eu, como sempre, acredito na justiça,
10:57sou professor de ciência política na UFMG,
11:00defendo as instituições,
11:01acho que elas são sérias, funcionam,
11:06e vão, com certeza, trabalhar
11:07no sentido de levar esse processo todo a uma normalidade.
11:12É o que a gente espera.
11:15Agora, esse escrutínio público,
11:16tá aqui no Antagonista,
11:17tá nos outros canais de TV,
11:19faz parte,
11:21e acho importante que a gente possa
11:22discutir o trabalho que a gente faz
11:24e esclarecer de maneira muito transparente.
11:27A Quest sempre primou por muita transparência
11:29em tudo que fazemos.
11:31E foi assim esse ano,
11:33e vai continuar sendo,
11:34porque é nisso que a gente acredita.
11:37Muito bem.
11:38Bom, vocês divulgaram hoje
11:40a segunda pesquisa presidencial.
11:43A gente põe na tela daqui a pouco.
11:44Já pode pôr na tela aí,
11:45enquanto a gente conversa.
11:47Ela aponta o Lula com 54% dos votos válidos
11:50e o Bolsonaro com 46%.
11:54Muito bem.
11:57Tem uma questão que foi a que motivou
12:00o meu convite para você retornar ao programa,
12:04que me parece que a Quest adequou o método de pesquisa
12:07depois do primeiro turno.
12:10O que que exatamente vocês fizeram de diferente?
12:15E como é que você está vendo o resultado da tua pesquisa
12:17em relação às demais?
12:20Então, Claudio, eu te agradeço muito
12:21pela oportunidade de estar falando sobre isso.
12:24Nos Estados Unidos, onde isso é mais comum,
12:27onde o voto é facultativo,
12:29todos os institutos de pesquisa trabalham
12:31com a publicação de dois indicadores.
12:33Um indicador bruto, vamos dizer assim,
12:35aquele que vem das ruas, das entrevistas,
12:39e um outro indicador, que é uma ponderação,
12:42que tenta descontar o efeito da abstenção.
12:45Como lá o voto é facultativo,
12:47muita gente não vota,
12:48é preciso modelar isso para tentar
12:50chegar mais próximo às estimativas
12:52de voto das urnas.
12:54Muito bem.
12:55O que eu acho que está virando uma tendência
12:57no Brasil, Claudio,
12:59é que a gente não pode mais tratar
13:01a eleição brasileira como se o voto fosse
13:04100% obrigatório.
13:06As pessoas não estão mais agindo dessa maneira.
13:10A gente teve aí a maior taxa de abstenção
13:13desde 1998,
13:15e isso tem impacto sobre o resultado eleitoral.
13:18Então, o que a Quest está incorporando,
13:20e exatamente esse gráfico que você está mostrando,
13:23não é que a gente mudou a metodologia,
13:24a gente está incorporando
13:26uma camada de análise sobre o nosso dado.
13:29Quer fazer o quê?
13:31É calcular qual é a probabilidade
13:34de cada um dos indivíduos
13:36que nos respondem em pesquisa
13:38de fato ir votar no dia 30 de outubro.
13:40A gente tem uma bateria de perguntas,
13:42a gente usa a abstenção no primeiro turno,
13:45a história das eleições.
13:47Combinando isso, Claudio,
13:49a gente consegue compreender melhor
13:52o comportamento de comparecimento do eleitor,
13:54e quando a gente pondera o resultado da gente por isso,
13:57o resultado fica 53 a 47,
14:00ou seja, a distância que no resultado
14:03sem o likely voter model é de 8 pontos,
14:06passa para 6 nesse caso.
14:08O que isso sugere, Claudio?
14:10Isso sugere que é provável,
14:12e se a abstenção chegar nos níveis,
14:15se mantiver em níveis altos,
14:17como aconteceu no primeiro turno,
14:18e como a gente tem capturado nas pesquisas,
14:21a eleição tende a ser mais apertada
14:23do que a gente imaginava inicialmente.
14:26Entendi.
14:29Muita gente fica se perguntando
14:31o papel que esses eleitores
14:35que não votaram no primeiro turno
14:37podem ter no segundo.
14:38Quando a gente olha para pesquisas
14:40para eleições anteriores,
14:42como a última eleição presidencial,
14:45a gente vê que
14:46esse índice de abstenção
14:50ele meio que permanece,
14:52quem não votou
14:53pelo isso não está muito disposto a votar.
14:56Você já mediu a temperatura
14:57dessa intenção
14:59desses eleitores
15:01que não votaram no primeiro turno,
15:04de repente mudar de ideia no segundo?
15:05Os candidatos estão tentando convencê-los,
15:08o Lula, o Bolsonaro,
15:09estão aí na batalha
15:11para convencer esse eleitor
15:13a votar.
15:14Vote, não importa em quem,
15:15mas vote no segundo turno.
15:17Então, a gente até agora
15:19tem encontrado uma evidência
15:21que sustenta isso que você acabou de dizer.
15:22O eleitor do primeiro
15:23que não vai no primeiro turno
15:24não vai no segundo.
15:26A tendência, Cláudio,
15:27até aqui é que a gente
15:29mantenha esse patamar.
15:31E aí tem um outro detalhe.
15:33Como você tem muitos estados
15:35brasileiros em que não há eleição
15:37para governador,
15:39eu vou citar alguns exemplos
15:40que são importantes.
15:41O exemplo do Paraná,
15:42o exemplo do Rio, São Paulo
15:43e o exemplo do Ceará,
15:45a tendência,
15:46pelo menos no histórico
15:48das eleições,
15:48é que a abstenção
15:49nesses lugares aumente.
15:51Então,
15:52não só os presentes
15:53não têm sido capazes
15:54até aqui
15:55de engajar o eleitor
15:56para que ele, de fato,
15:57vá votar no segundo turno,
15:59como a tendência
16:00é que isso aumente
16:01e isso terá impacto
16:02no resultado.
16:03Por isso,
16:04a necessidade,
16:05na nossa avaliação,
16:06de começar,
16:07desde já,
16:08olhar para o padrão
16:09que a abstenção pode,
16:11o efeito que a abstenção
16:12pode ter
16:13sobre as intenções de voto.
16:14Muito bem.
16:16Deixa eu voltar
16:17para a pergunta mais,
16:18a componente mais política.
16:23Vocês,
16:24vamos dizer assim,
16:25foram colocados
16:26num pedestal
16:27pela imprensa.
16:29Quando
16:29saiu o resultado,
16:31o pessoal ficou meio,
16:32teve aquele estranhamento
16:34inicial,
16:37esses órgãos
16:38de imprensa,
16:39de TV,
16:40mídia em geral,
16:42passaram
16:44a rever
16:45o seu próprio
16:47posicionamento
16:47e
16:49deitaram
16:50críticas
16:50em cima de vocês.
16:51Então,
16:52assim,
16:52vocês sofreram
16:53esse efeito
16:54que é muito comum,
16:55o pessoal,
16:55a imprensa,
16:56a mídia tem
16:57esse poder
16:57de colocar
16:58qualquer pessoa
16:59num pedestal,
17:00transformar
17:01numa celebridade,
17:02transformar
17:02num herói
17:03e de repente
17:04muda a dinâmica
17:07e destrói
17:08esses heróis
17:09e eles viram
17:10bandidos.
17:11A gente já viu
17:12isso acontecendo
17:12em diversas áreas,
17:14diversos setores e tal.
17:16O que você sentiu?
17:18Você se sentiu?
17:20Que tipo de lição
17:21que você
17:22levou para você
17:23a partir
17:25dessa experiência?
17:27Porque
17:28eu até falo aqui
17:29que a imprensa
17:30de alguma maneira
17:30criou um fetiche
17:32pelas pesquisas,
17:33aí quebrou a cara
17:34e agora
17:35jogou a culpa toda
17:36nos institutos
17:37de pesquisa.
17:40Claudio,
17:40eu,
17:41como diz aqui em Minas,
17:42graças a Deus,
17:43não experimentei
17:44esses dois momentos.
17:45Em momento nenhum
17:46eu achei que o trabalho
17:47de pesquisa
17:47era de celebridade
17:48ou de fetichismo,
17:50embora,
17:51de fato,
17:51nessa campanha
17:52a gente teve
17:52um aumento
17:53expressivo
17:54das pesquisas
17:55e também
17:56não sentir
17:56essa segunda
17:58consequência
17:58que você
17:59está mensurando.
18:01Ou seja,
18:02a gente continuou
18:03trabalhando
18:04com a imprensa
18:05no geral,
18:07os blogs,
18:07sites,
18:08os canais de TV,
18:09os jornais impressos,
18:10da mesma maneira
18:11como a gente
18:11vinha trabalhando
18:12no primeiro turno.
18:13Eu acho que
18:14foi importante
18:15esse resultado
18:17do primeiro turno
18:17porque ele forçou,
18:19nunca se discutiu
18:20tanto metodologia
18:21de pesquisa,
18:23e isso só aconteceu,
18:24Claudio,
18:24porque houve
18:25uma quebra
18:27do monopólio
18:28das pesquisas,
18:29antes você tinha
18:30dois grandes grupos
18:31respeitados,
18:32importantes,
18:33que faziam pesquisa
18:34e hoje você tem
18:35outros grupos
18:36com inteligências
18:38diferentes,
18:38com maneiras diferentes
18:39de fazer pesquisa
18:40e tal,
18:41e isso acabou
18:43abrindo,
18:44de alguma maneira,
18:45o espaço
18:46para uma discussão
18:47mais ampla.
18:48Então eu vejo isso
18:48com bons olhos.
18:51Essa coisa
18:52de olhar
18:52para os institutos
18:53ou como vilãos
18:55ou como heróis,
18:57eu prefiro
18:58me abster,
18:58isso nunca me
18:59interessou muito,
19:00eu sou muito focado
19:01no trabalho técnico
19:02em si,
19:03nosso desafio
19:05diário,
19:05eu sou PhD
19:07em ciência política,
19:08formei nos Estados Unidos,
19:09dou aula de ciência política
19:10aqui no Brasil,
19:12tenho uma responsabilidade
19:12grande sobre o que faço
19:14e sempre me motivei
19:16muito a conseguir
19:17contar bem
19:18a história da eleição.
19:19E acho que a gente
19:19contou bem a história,
19:21ao contrário
19:22do que muita gente,
19:22por exemplo,
19:23supunha no governo,
19:24o Bolsonaro não,
19:25não,
19:25não,
19:26o Bolsonaro já passou
19:27o Lula,
19:27isso nunca aconteceu,
19:29o Lula terminou
19:29a eleição em primeiro,
19:30terminou próximo
19:31de vencer a eleição
19:33no primeiro turno,
19:34faltaram poucos votos,
19:35o Bolsonaro nunca
19:37foi frágil,
19:38as pesquisas mostraram isso,
19:39a terceira via
19:40não se viabilizava
19:41e mesmo com as crises
19:42no governo,
19:42a musculatura
19:43do bolsonarista
19:44era muito forte,
19:45como mostrou
19:46nas urnas,
19:48então eu acho
19:48que as pesquisas
19:49foram capazes
19:50de contar essa história.
19:52Fica de lição,
19:53mais uma vez,
19:53a frase que a gente
19:54sempre fala,
19:55pesquisa não é prognóstico,
19:57pesquisa é diagnóstico,
19:58e o que a gente
19:59tem que fazer
19:59é talvez analisar
20:01esses números
20:02com um pouco mais
20:02de frieza
20:03e não tanta,
20:04acho que tem gente,
20:05muita gente torcendo
20:06e isso acabou
20:07atrapalhando
20:08a expectativa criada
20:10em relação ao resultado.
20:11Eu, como sempre,
20:12fui muito tranquilo
20:13e técnico aqui,
20:14vi tudo isso
20:15da mesma maneira
20:16que sempre,
20:17com calma,
20:17cautela,
20:18olhando para os resultados
20:18e tentando,
20:19antes de tudo,
20:20Cláudio,
20:20aprender com as urnas
20:23e com a maneira
20:24como as pesquisas
20:25estavam mensurando
20:25o comportamento
20:26do eleitor.
20:30Com dois pontos,
20:31acho que são muito
20:32presentes aqui
20:33no meu dia a dia,
20:36a gente,
20:37esse diagnóstico,
20:39ele,
20:42ele,
20:43é um esforço diário,
20:45né,
20:45da gente fazer
20:45o diagnóstico
20:47da realidade
20:48política,
20:49social,
20:50brasileira
20:50e esse eleitor,
20:53né,
20:53esse eleitor,
20:54muitas vezes,
20:55aí sim,
20:56a imprensa se coloca
20:57num pedestal
20:57e passa a olhar
20:59os movimentos
21:01sociais e políticos,
21:03as suas dinâmicas
21:04de uma maneira
21:05de quem
21:07acha que
21:08sabe mais
21:11do que
21:11o cidadão comum,
21:13do que o eleitor,
21:14e em vez de entender,
21:16tentar entender
21:16o que está acontecendo,
21:18passa a,
21:20desculpa a expressão,
21:21a cagarregra,
21:21né,
21:22então assim,
21:23eu não gosto,
21:23sei lá,
21:24eu sou um jornalista,
21:25não gosto do PT,
21:27do petismo,
21:28do lulismo,
21:29então,
21:30eu passo
21:31a enxergar
21:33essa realidade
21:34do ponto de vista
21:35de tentar
21:36desfazer
21:38dessas pessoas,
21:39de tentar
21:39ignorar
21:40a força
21:41que essas pessoas
21:42têm neste
21:43apoio
21:45a determinado
21:46campo ideológico,
21:47a determinado
21:48político,
21:49da mesma maneira
21:49isso acontece
21:50com o bolsonarismo,
21:51então assim,
21:53de fato,
21:54o resultado
21:54do primeiro turno
21:56nos mostrou
21:57que
21:57esse
21:58bolsonarismo,
21:59esse antipetismo,
22:01esse voto
22:02conservador,
22:04ele é muito maior
22:05do que
22:05se pensa
22:06e não é possível
22:07ignorá-lo,
22:08não é possível
22:09desprezá-lo,
22:12o jornalista
22:15precisa entender
22:15que ele deve
22:17lidar com os fatos,
22:18com a realidade,
22:19se você tem
22:20uma massa
22:21gigantesca
22:22de pessoas
22:23que se identificam
22:24com um campo
22:25ideológico,
22:26você precisa
22:28lidar com isso
22:29e não negar
22:31essa realidade,
22:32então,
22:33se não o vira,
22:34a imprensa
22:34acaba
22:35entrando
22:36na mesma,
22:37naquele mesmo
22:37status de negação
22:39que os bolsonaristas
22:40tinham em relação
22:41à pandemia
22:41no início,
22:42ah, não,
22:43essa aí é uma gripezinha,
22:44isso aí não existe,
22:45isso aí não pega,
22:45não sei o que,
22:46é vacina,
22:47quer dizer,
22:48o negacionismo,
22:50ele está latente
22:51para,
22:52não importa
22:52o segmento
22:55da sociedade,
22:55então,
22:56eu acho que
22:56esse resultado
22:57do primeiro turno,
22:58ele trouxe
22:59esse,
23:01de uma forma
23:01muito dramática,
23:03muito clara,
23:04esse eleitorado,
23:06conservador,
23:07mais identificado
23:09com o agronegócio,
23:14mais identificado
23:14com a cultura
23:15sertaneja,
23:16mais identificado
23:17com valores
23:18cristãos,
23:20mais identificado
23:21com segmentos
23:22da sociedade
23:23que não estão,
23:24talvez,
23:26expostos
23:26na imprensa
23:27de uma maneira
23:28equilibrada,
23:29a gente vê
23:30um domínio cultural,
23:31um domínio
23:31de narrativa
23:33de campos
23:34mais à esquerda
23:35e não vê espaço,
23:37o espaço
23:37sendo aberto
23:38para essa
23:39multidão,
23:41e aí a gente
23:41precisa compreender,
23:42você como um cientista
23:43político,
23:44um cientista social,
23:45precisa compreender
23:46que o Brasil
23:46é muito maior
23:47do que aquele
23:48que está na nossa
23:50cabeça,
23:50que está na cabeça
23:51de determinados
23:52profissionais.
23:53E tem dois pontos,
23:55Claudio,
23:55eu acho isso que você
23:55está trazendo
23:56muito importante,
23:57o primeiro é o seguinte,
23:59durante o primeiro turno,
24:01eu diversas vezes
24:02fiz questão
24:03de chamar atenção
24:04para outros
24:05indicadores
24:06da pesquisa
24:07que não só
24:07o placar do jogo,
24:08incomodava um pouco
24:10essa coisa de a gente
24:11ficar muito focado
24:11no placar,
24:12no placar,
24:13no placar.
24:13Uma das perguntas,
24:14por exemplo,
24:15que a Quest acompanhou
24:16durante todo o processo
24:17foi quem você acha
24:19que merece uma segunda chance
24:20como presidente?
24:21É uma eleição
24:22de dois presidentes,
24:23um fato raro
24:24na história,
24:24não só do Brasil,
24:25mas do mundo.
24:26No caso do Brasil,
24:27nunca aconteceu,
24:28no caso do mundo,
24:29nos Estados Unidos,
24:30em 1912,
24:31esse fato aconteceu.
24:33E eu mostrava
24:34que 44%
24:35dos eleitores
24:36achavam
24:37que o Bolsonaro
24:38merecia uma segunda chance
24:39como presidente.
24:41Mesmo ele tendo
24:42na pesquisa,
24:43nas intenções de voto,
24:44declarados
24:4538%.
24:46Ou seja,
24:47e eu disse isso
24:48em alguns programas,
24:50o potencial
24:51de crescimento
24:51do Bolsonaro,
24:52ele existe.
24:54Há ali um espaço
24:55para crescimento dele
24:56nesse eleitorado,
24:58que hoje não está
24:58declarando voto,
24:59mas acha que ele merece
25:01esse reconhecimento.
25:03E no fundo,
25:04isso aconteceu.
25:05Mais gente votou nele
25:06do que estava declarando
25:07lá atrás.
25:08Agora,
25:08por que eu estou falando
25:09sobre isso,
25:10Cláudio?
25:10Porque tem um ponto
25:11que é,
25:12durante as rodadas
25:13de pesquisa
25:14que a gente fez
25:14com a Genial,
25:15em algumas delas
25:16a gente foi estudar
25:17o conservadorismo.
25:19E aí, Cláudio,
25:20eu concordo
25:21absolutamente com você,
25:23é equivocado
25:24achar que o Brasil
25:26é assinétrico
25:28para um lado.
25:29O Brasil hoje
25:30está dividido
25:32por dois movimentos
25:33políticos,
25:35um da direita,
25:36um da esquerda,
25:38e esse movimento
25:38que a gente chama
25:39na ciência política
25:40de polarização
25:41não é uma polarização
25:43simples,
25:43uma polarização
25:44de apenas disputa
25:45de torcida,
25:46é mais do que isso.
25:47É uma polarização
25:48que tem a ver
25:49com a visão de mundo
25:50das pessoas,
25:51que tem a ver
25:51com os interesses,
25:52as preferências
25:53e os valores
25:55das pessoas.
25:56O Brasil hoje
25:56tem, de fato,
25:58dois grandes grupos
25:59que são heterogêneos,
26:01óbvio,
26:01eles não são iguaizinhos,
26:02mas que são grandes
26:03e volumosos.
26:04O lulismo
26:06e o bolsonarismo
26:07movimentam
26:09o debate político,
26:10por quê?
26:11Porque ele, de fato,
26:12representa visões
26:13de mundo diferentes.
26:14Então, esse é um ponto.
26:15E isso precisa
26:16definitivamente
26:17entrar
26:18na discussão,
26:19no debate público
26:20brasileiro,
26:21porque você sabe
26:23que um deles
26:23vai perder a eleição
26:24no dia 30,
26:25um desses lados,
26:26e um desses lados
26:27vai ter que ser,
26:29ele não pode ser
26:29oprimido pela maioria,
26:31ele vai ter que ser
26:31respeitado pela maioria.
26:33Esse é um dos princípios
26:34democráticos
26:35mais importantes.
26:36Agora, tem um segundo ponto,
26:38desculpa estar me alongando,
26:39mas é que esse assunto
26:39realmente é muito instigante,
26:42é que a gente vive
26:42um cenário
26:43de muito viés
26:44de confirmação,
26:46em que as pessoas
26:47estão mais preocupadas
26:48em confirmar
26:49aquilo que elas acreditam
26:50do que de fato
26:51utilizar a informação
26:52para atualizar
26:53aquilo,
26:56as suas opiniões
26:57e as suas atitudes.
26:58Então, isso gera
26:58um cenário ainda mais
27:00de polarização,
27:01um cenário ainda mais
27:02de afastamento,
27:03em que a gente tem
27:04dificuldade,
27:04e esse é o papel
27:05das pesquisas,
27:06de fazer as pessoas
27:07olharem para fora
27:08das suas bolhas.
27:09Acho que é por isso
27:10que as pesquisas
27:10são tão atacadas,
27:11porque elas sempre
27:13revelam coisas
27:14que surpreendem
27:14as pessoas.
27:16Todo mundo vive
27:16na sua bolha,
27:17na sua rede,
27:18na sua própria
27:18vivência cotidiana,
27:20e é claro
27:21que quando você
27:22sai dessa bolha,
27:24você acaba vendo
27:24algo que você
27:25não reconhece.
27:26Acho que daí
27:27vem esse tilt,
27:30como eu gostava
27:31de dizer
27:31quando eu era jovem
27:32aqui em Minas Gerais,
27:33quer dizer,
27:33esse curto circuito
27:35de não entender
27:36por que os resultados
27:36apontam coisas
27:37que a gente acha
27:38que são tão diferentes.
27:39O lamentável disso tudo
27:43é porque as lideranças
27:45políticas que estão
27:46em destaque
27:47aí no nosso
27:48cenário eleitoral,
27:49elas pregam
27:50de forma enfática
27:52essa polarização,
27:53elas não
27:53se posicionam
27:56como governantes
27:59de um Brasil
28:01múltiplo.
28:03Você é o Lula,
28:05para o Lula
28:05todo mundo é fascista,
28:07que não concorda
28:08com o PT.
28:08Isso manda um recado
28:09muito ruim
28:10para a militância,
28:11para os eleitores,
28:13as pessoas começam
28:13a brigar entre si
28:15em casa.
28:16O bolsonarismo
28:16faz a mesma coisa.
28:18Então, assim,
28:18se o sujeito
28:19gosta do Lula,
28:20então ele já é criminoso.
28:22Quer dizer,
28:22o sujeito,
28:23muitas vezes,
28:25ele tem as suas
28:26afinidades políticas,
28:27tem a sua opinião,
28:28ele, às vezes,
28:29não tem conhecimento
28:30adequado,
28:31é ignorante
28:32sobre determinadas coisas,
28:34ele tem a opção
28:34política dele,
28:36mas ele não é
28:36o político.
28:38Há uma confusão
28:39nesse debate público.
28:41Estão confundidos
28:42os eleitores
28:42com o político.
28:44Esse eleitor conservador,
28:47ele não é o Bolsonaro.
28:49Então, assim,
28:50a própria imprensa,
28:51quando vai noticiar,
28:51ela sempre bota assim,
28:52ah, ontem estava lá
28:53em Aparecida,
28:55aí meia dúzia
28:55de bolsonaristas
28:57lá bebendo,
28:59quebrando,
29:00fazendo confusão,
29:01aí pronto.
29:02Quer dizer,
29:02todo eleitorado
29:03bolsonarista,
29:04todo eleitorado
29:04que não é petista
29:05é baderneiro,
29:07é, sei lá,
29:08anticristão,
29:10você entendeu?
29:11Quer dizer,
29:11gente,
29:14são minorias,
29:15né?
29:15São minorias,
29:16até porque se fossem
29:17maiorias,
29:18a nossa sociedade
29:19já tinha entrado
29:20em colapso,
29:21né?
29:21Tem pessoas que querem
29:22simplesmente viver
29:22suas vidas,
29:23e aí,
29:24na hora de escolher,
29:25escolhem um lado,
29:26e é natural,
29:27e elas podem ser
29:28seus familiares,
29:30podem ser seus amigos,
29:31podem ser seu colega
29:31de trabalho,
29:32e isso não pode,
29:34não pode ser motivo
29:35de conflito,
29:37de embate,
29:38de violência,
29:40porque essas pessoas
29:41não são os líderes
29:43políticos,
29:44ainda que esses líderes
29:45estejam aí na vitrine,
29:47tenham as suas
29:48responsabilidades,
29:50e tenham até
29:51a sua folha,
29:52a sua ficha corrida
29:54aí.
29:55Felipe,
29:55muito obrigado
29:55pela tua participação
29:57aqui no Papo Antagonista,
29:59o programa permanece
29:59aberto,
30:00a gente está sempre
30:01conversando,
30:01sempre que tiver novidade,
30:03dá um toque,
30:04e aqui o programa
30:05está aberto
30:05para te receber,
30:06tá?
30:06Eu agradeço muito,
30:07Cláudio,
30:08adorei o papo,
30:09e voltarei em breve,
30:09com certeza,
30:10parabéns pelo trabalho.
30:12Muito bem,
30:14boa noite
30:15para ele,
30:16e a gente segue
30:16aqui rapidinho,
30:17olha só,
30:20é engraçado,
30:21porque a gente fala assim,
30:22prognóstico,
30:23prognóstico,
30:23é diagnóstico,
30:25tem uma questão
30:26semântica envolvida,
30:28o cara é cientista,
30:30político,
30:30não é mãe de Ná,
30:32saudosa mãe de Ná,
30:34o brasileiro tem fetiche
30:35por prognóstico,
30:37quer saber o futuro,
30:38né?
30:39Muito bem,
30:40isso tem a ver
30:41com avanço
30:43civilizatório,
30:44né?
30:44Legenda por Sônia Ruberti
30:49Obrigado.
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