No Papo Antagonista desta quarta-feira, Claudio Dantas e Mario Sabino falaram sobre a possível candidatura de Sergio Moro em 2022 e as dúvidas a respeito de como o ex-juiz da Lava Jato agiria na disputa e na articulação política. -- Cadastre-se para receber nossa newsletter: https://bit.ly/2Gl9AdL
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00:00Como é que fica o Moro? Você acha que o Moro, a gente está vendo aqui, bateu o martelo, vai lançar livro, está, vamos dizer assim, inclinado a concorrer? De fato, os trackings aí que a gente tem visto, pesquisas, ontem mesmo divulgamos uma, ele cresceu espontaneamente aí nessas semanas, duas semanas que ele ficou no Brasil, se reuniu com algumas lideranças e cresceu, já ficou ali com em torno de 9, 10%.
00:30Empatado com o Ciro Gomes. Mas o cenário, apesar de toda a esperança de muitos eleitores em ter o Sérgio Moro concorrendo à presidência da República, o cenário de composição de uma chapa para você chegar à presidência da República é esse que a gente está vendo aqui, que está posto. Como é que você enxerga isso?
00:51É, então, é isso que eu digo, como é que você tem lá um monte de investigado, né, gente que foi, estava no meio da Lava Jato, vai apoiar o Moro, quer dizer, mas isso eu já disse, já dizia antes, porque me parece óbvio, né,
01:05Existe um problema, né, o sistema político não gosta do Moro. Agora, ao mesmo tempo, Cláudio, a gente tem que lembrar que pode ter, ele pode sim representar uma candidatura disruptiva, né, outra, né, em outro sentido.
01:21Eu acho que o Moro vai mudar. Se o Moro se candidatar, ele vai mexer com esse quadro, né, eu não sei se ele é capaz de vencer a eleição, mas, possivelmente, ele vai, ele pode ir para o segundo turno.
01:38E aí, aquilo, a questão é saber, o Moro vai ter jogo de cintura para compor com essa gente e essa gente vai ter jogo de cintura para compor com o Moro e quais serão os acordos, né?
01:55O Moro vai, sei lá, abrir mão de alguns, não diria de princípios, né, mas, assim, vai ser pragmático para entender que essa gente não gosta muito, assim, de pacote anticrime de verdade e tudo mais.
02:15O outro lado vai entender que é preciso, né, que o país enverede por um romo mais, com mais compostura, né, em relação à coisa pública.
02:32Não, tudo isso é uma incógnita, né, eu não saberia responder. Eu acho que, assim, o Moro é, a candidatura do Moro está quase posta, né, está tudo seguindo para aqui,
02:45que ele se candidate. Eu acho que os apoios políticos, eu acho que o Mandetta pode ter um papel ali importante nesse aspecto, né, porque se reuniu, se conversa com o Moro e tal, agora está nesse partido, né, eu acho que o vice do Moro vai ser um aspecto central na negociação, né, inclusive pode ser isso também, né, faz o vice, empicha o Moro, né, e já tem o presidente.
03:15Parece que é uma piada, né, mas enfim, então, assim, tudo está em aberto. Agora, independentemente das dificuldades do Moro, ele é uma figura que, se for candidato e tal,
03:31vai confundir um pouco esse quadro que hoje parece consolidado, mas que você mesmo disse, pra mim, a gente, na verdade, não está fazendo pesquisa eleitoral, a gente está fazendo concurso de popularidade, né,
03:46porque o que se leva em conta hoje em dia, basicamente é recall, né, e no caso do Bolsonaro, a atuação dele como presidente neste momento, com todos os problemas que existem.
04:01Agora, quando a coisa começar, quando a coisa começar, quando a campanha mesmo começar, pode ser que o quadro se altere de uma maneira que o Moro ou outro candidato possa peitar esses dois aí, né, é preciso construir candidatura, né, como se fala.
04:20E, se o Moro quiser ser candidato, é bom que ele anuncie isso logo, até o final do ano, né, no iniciozinho do próximo ano, porque é uma falácia dizer que a campanha não começou.
04:37A campanha eleitoral brasileira, esta, presidencial, será diferente de todas as outras, porque ela já está colocada, ela já está colocada, e ela não se restringe, ao contrário do que acreditam alguns jornalistas, às redes sociais, certo?
04:55Assim, as pessoas, em geral, estão falando sobre campanha presidencial, até porque a situação, a gente quer enxergar uma luz no final do túnel, todo mundo, né,
05:06seja por causa da pandemia em si, seja pelos desdobramentos da pandemia, questão econômica, né, e todas as besteiras que essa gente está fazendo no governo, então, tem aí, está posta, a campanha está colocada, você já tem dois candidatos, aliás, você já tem três candidatos, né,
05:25você já tem o Lula, você já tem o Bolsonaro, você já tem o Ciro Gomes, né, que são três candidatos importantes, né, são os principais nesse momento.
05:38Então, se você entra o Moro, o Moro é um fator novo, eu acho que o Moro tem um potencial de voto muito grande.
05:44Agora, vai ser ajudado por uma máquina partidária? Que máquina partidária? Quais serão os acordos em torno dessa candidatura, essa eventual candidatura?
05:56Isso aí, ninguém sabe ainda, né?
06:01É, é isso.
06:02Eu não vejo, o Moro vai precisar fazer um, eu não sei, por exemplo, são questões pequenas agora, mas quando chega na hora, o comício do Moro, o Moro vai ter que aprender a fazer comício.
06:20Vai ter que aprender a fazer comício.
06:21O Moro vai ter que aprender a fazer reunião política, né, vai ter que entender o que está acontecendo nos estados, né, Cláudio?
06:32É, eu ia falar isso, toda chapa presidencial, ela passa por essa costura nos estados, então, muitas vezes, por exemplo, naquele dia, né, ele estava lá com o Dória, com o Mandetta, o Mandetta indo para esse União Brasil,
06:46aí ele depois se reuniu com o pessoal do Patriota, do MBL, só que ele está muito próximo do Podemos, o Podemos em São Paulo está junto com o Rodrigo Garcia, então, assim, aí, esses atritos não se encaixam, quebra-cabeça que não se encaixam.
07:07E tal, ele precisa entender, ele precisa aprender, né, e se eu posso dar algum conselho a ele, neste momento, é que eu acho que o Moro tem que tomar muito cuidado,
07:21até porque ele não conhece, nesse terreno, com as casas, né, com as casas nas quais são feitas as reuniões, né.
07:31Sem dúvida.
07:32Tome muito cuidado, Moro, porque, assim, é, melhor evitar certos, certos lugares, né.
07:44Bom, nos encontros que ele tem tido aí, ele tem, a gente ouve que ele tem, tem sido como uma esfinge, né, não deixa passar, mas é aquilo.
07:53Então, política aqui, política no Brasil é complicadíssimo, me lembrou, ele me lembrou, ele está tateando como a Sandra Bullock naquele Black,
08:05naquele filme que ela bota, bota aí a venda e Blackbird, né, tem que entrar, que se manchia na cidade.
08:13Olha, ele, é assim, o Bolsonaro, com toda a aridez mental dele, ele é fruto desse sistema, né, e o Moro é fruto de algo contra esse sistema,
08:29mas ele tem que fazer parte desse sistema, de alguma maneira, né, pra poder ser eleito.
08:35E, e, é uma, é uma coisa, enfim, que eu não, é impossível de, de entender, né, como é que vai ser feito esse troço aí, não...
08:53Mas pode ser feito, não tô aqui, não tô aqui dizendo que não é, pode, agora, eu não sei qual é a disposição do Moro,
08:59uma coisa é, eu vou me lançar candidato, agora, por qual partido, qual, qual será a coalizão, né, quais serão os compromissos, né,
09:13de ambas as partes, o que que eu vou abrir mão, do que eu vou abrir mão e do que eu não vou abrir mão, né,
09:20Então, o que não dá, o que não dá, independentemente da qualidade dos partidos políticos brasileiros,
09:31que é lamentável, né, é, o que não dá é pra ter outro presidente sem partido, isso é uma excrescência, né,
09:40porque um partido, um presidente sem partido, ele, ele, ele mais facilmente fica refém de um partido, né,
09:47No caso do Bolsonaro, se tornou refém desse central maldito.
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