Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • 21/06/2025
Em entrevista ao Fast News, o professor de Negócios e Geopolítica da PUCPR, João Alfredo Nyegray, debate o futuro da guerra entre Israel e Irã, abordando o risco de envolvimento dos EUA e de grupos terroristas.

Assista à íntegra:https://youtube.com/live/X0rJTECv55k

Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews

Siga o canal Jovem Pan News no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan
#JornalJP

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Para a gente avançar nesse tema, eu quero receber agora aqui o João Alfredo Niegrai,
00:03que é professor de Negócios Internacionais e Geopolítica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
00:09Professor, seja muito bem-vindo, prazer recebê-lo aqui na nossa edição do Fast News.
00:13Quero já abordar contigo essa informação que foi trazida pelo Luca Bassani.
00:17O Irã controla vários grupos terroristas naquela região,
00:21então a gente está falando de ligação com os UTIs, com o Hezbollah, com o Hamas.
00:25O Hezbollah também já fez uma manifestação dizendo que não dependeria de nenhuma ordem
00:28ou orientação para decidir o que faria, que ele teria liberdade para poder conduzir ataques também.
00:35Como é que o senhor vê a possibilidade desses grupos também entrarem de maneira mais intensa
00:40diante de um Irã que é tido como isolado naquela região? Boa tarde.
00:46Boa tarde, Evandro. Boa tarde muito especial aos espectadores.
00:50É verdade, isso nos mostra o quanto esse conflito é muito multifacetado
00:55e o quanto ele se articula em pelo menos três grandes eixos.
01:00A disputa por hegemonia regional do Oriente Médio, o programa nuclear iraniano
01:04e o apoio de Teherã a grupos considerados terroristas por Israel e seus aliados,
01:09como Hamas, a faixa de Gaza, o Hezbollah no Líbano e os Ruti no Iêmen.
01:14Há uma possibilidade muito grande de que, caso nós tenhamos um envolvimento militar estadunidense
01:22ou de qualquer outra potência diretamente para atacar o Irã,
01:28que esses grupos voltem a atacar não apenas Israel, mas também os interesses estadunidenses na região.
01:36Vale lembrar que os Ruts fizeram essa ameaça hoje de atingir não apenas os navios mercantes
01:43que passem pelo Estreito das Lágrimas, sentido Canal do Suez,
01:47como também Hezbollah e Hamas mantêm-se ativos na região.
01:53Toda essa situação reforça uma narrativa de que nós estaríamos vivendo hoje
01:59uma Guerra Fria 2.0, no sentido de que essas guerras por procuração
02:05servem para garantir interesses específicos, não apenas de grupos específicos,
02:11mas de nações específicas.
02:13A questão é se os Estados Unidos efetivamente vão entrar nesse conflito ou não.
02:20Seja como for, o que a gente está presenciando é uma escalada inédita
02:24com o potencial de transformação das guerras de dois Estados
02:29como algo que desestabiliza os pilares do sistema multilateral contemporâneo.
02:34Nós estamos vendo um Conselho de Segurança das Nações Unidas completamente paralisado,
02:39assim como alertas frequentes de agências internacionais
02:43sobre os riscos de liberação radioativa em caso de ataques às instalações nucleares iranianas.
02:51Trata-se de uma lógica inédita, sem precedentes,
02:55e que, para ser bem honesto com você e com os espectadores,
02:59eu esperava não ver no decorrer da vida.
03:02Professor, eu queria falar um pouco também então sobre essas ameaças que vêm agora dos Estados Unidos
03:07que colocam aí um prazo de 15 dias para dar uma resposta definitiva.
03:13E é interessante num conflito como esse você falar,
03:15olha, eu vou aqui pensar durante 15 dias e já já eu dou a minha resposta.
03:19Isso é um aviso para que se tente chegar a um acordo antes que os Estados Unidos entrem,
03:24por conta do poderio bélico, do poderio humano que os Estados Unidos têm ao entrar numa guerra.
03:30E como é que o senhor avalia também essa guerra de ameaças?
03:35Porque o que a gente acompanha até agora, também, além dos ataques entre Israel e o Irã,
03:40é uma guerra de ameaças de vários outros atores que estão assistindo a esse conflito,
03:47participando do planejamento de alguma forma, mas não diretamente com a estrutura militar.
03:51Veja, Mandro, isso me parece algo muito característico do próprio Donald Trump.
03:59Por diversas vezes ele já falou para o Putin, por exemplo,
04:03eu dou duas semanas para que russos e ucranianos cheguem a um cessar-fogo.
04:08Eu dou mais duas semanas para que tal coisa aconteça.
04:12Mais duas semanas para que se chegue ao acordo,
04:15para que os ucranianos desistam de defender o seu país.
04:19Por um lado, isso me parece algo muito característico do Donald Trump,
04:23e que em minhas análises eu venho chamando de bully diplomacy.
04:26É a diplomacia do bully, uma diplomacia um pouco mais coercitiva,
04:31que caracteriza as falas muito mais agressivas do Donald Trump.
04:35Por outro lado, a gente tem que pensar na ameaça explícita que Donald Trump fez
04:40para atacar o líder supremo iraniano, o Ayatollah Ali Khamenei.
04:44Aqui a gente tem que pensar no quão sem precedentes é o líder de um país
04:51ameaçar diretamente o líder de um outro país,
04:54afirmando algo como nós sabemos onde ele está,
04:58mas ele não será morto, ele não será atacado por hora.
05:03O líder supremo iraniano tem um papel institucional na arquitetura política do Irã.
05:09E os precedentes sobre um assassinato assim são bastante perigosos,
05:15porque colocariam em risco não apenas a estabilidade do Irã,
05:20mas também o equilíbrio regional e o equilíbrio global, numa certa forma,
05:25se nós formos considerar especificamente como o Irã tem pelo menos um quinto das reservas globais de petróleo.
05:33Qualquer ataque direcionado ao Ayatollah pode desencadear mudanças muito profundas na região.
05:42E, além disso, é importante a gente comentar como o Israel conseguiu eliminar todos ou quase todos os líderes
05:49da força revolucionária iraniana, em ataques de precisão que ocorreram também contra os cientistas do programa nuclear iraniano.
05:57Isso mostra duas coisas.
06:00Primeira coisa, a capacidade de precisão israelense.
06:05E, segunda coisa, o nível da inteligência israelense sobre os alvos iranianos.
06:11E é exatamente esse tipo de situação que deixa o Irã cada vez mais ameaçado,
06:17o que não quer dizer de forma alguma que os iranianos não estejam aptos a responder,
06:22ou mesmo que não estejam dispostos, porque estão sim dispostos a responder.
06:26Nos últimos dias, a gente tem visto ataques cada vez mais violentos dos chamados mísseis balísticos iranianos
06:33a cidades como Haifa e Tel Aviv.
06:36Professor, Eduardo Maurício, que participa conosco aqui dessa edição do Fast News,
06:40também quer fazer uma pergunta. Vai lá, Eduardo.
06:43Boa tarde, professor.
06:44Eu gostaria da sua avaliação.
06:47Quais os próximos passos que o senhor verifica quanto à China e Rússia?
06:51E por que dizem que a China, na verdade, pode lucrar com o aumento do petróleo
06:58diante dessa escalada de guerra?
07:01Muito boa tarde, Eduardo.
07:05Um prazer poder falar contigo.
07:08China e Rússia estão às voltas com os seus próprios conflitos, sejam eles diretos ou indiretos.
07:14Então, a gente tem a Rússia numa luta contra os ucranianos,
07:18e a melhor coisa que aconteceu para o Putin nos últimos meses
07:22foi a chegada de Trump ao poder, uma vez que isso interrompeu os envios
07:27de armamentos, de insumos militares para os ucranianos.
07:33Do outro lado, a gente tem a China que, por mais que não esteja envolvida numa guerra direta,
07:39a China tem pretensões muito semelhantes às de Putin em relação à Ucrânia.
07:43Mas, no caso, as pretensões de Xi Jinping são sobre a ilha de Taiwan,
07:48que é um dos maiores centros produtores de microchips e condutores do mundo.
07:54A vida moderna é praticamente impossível sem os produtos que vêm de Taiwan.
08:00Essas duas situações fazem com que chineses e russos acabem tendo uma postura
08:07um pouco mais silente, eu diria, em relação a esses ataques que vêm acontecendo
08:14entre Irã e Israel.
08:16O outro ponto é que o próprio Putin é um aliado dos iranianos.
08:21Os drones que o Irã vem utilizando na guerra contra Israel
08:24são os chamados drones Shahid.
08:26Eles são também muito utilizados pelo Putin na sua ofensiva contra a Ucrânia.
08:33É natural que russos e iranianos estejam relativamente do mesmo lado.
08:40E aí vem a questão do petróleo.
08:42Tanto China quanto Rússia, considerando esse ativo extremamente estratégico,
08:48eles têm reservas.
08:50E mais do que isso, no caso russo,
08:53os russos são grandes produtores de commodities energéticas.
08:56Há cerca de três anos, quando a Ucrânia foi invadida,
08:59nós vimos uma disparada no preço do petróleo.
09:03Apenas nesse mês, o petróleo teve uma valorização de mais de 20%,
09:08o que traria um lucro bastante relativo ou relativamente elevado
09:15para os russos que são produtores e para os chineses que possuem grandes reservas.
09:20Professor, eu queria, para a gente arrematar nossa conversa,
09:24falar um pouco sobre os interesses dos outros países
09:26em relação aos ataques que são conduzidos por Israel.
09:29Porque a gente sabe que há uma preocupação de Europa, de Estados Unidos,
09:32em relação ao desenvolvimento de pesquisa nuclear realizada pelo Irã.
09:36E esses ataques de Israel agora serviriam como uma solução também
09:42para esses países que ficariam, de certa forma,
09:48ou seriam impactados também com a possibilidade do Irã
09:51seguir com esses avanços voltados a esse tipo de energia nuclear.
09:57Como que esses países da Europa, no seu ponto de vista,
10:00eles se posicionarão agora a partir de uma resposta dos Estados Unidos?
10:06E o senhor acredita numa entrada mais intensa também
10:08para já aproveitar a deixa e tentar eliminar de vez
10:13esse programa nuclear iraniano?
10:18Veja, os europeus são aliados de Israel,
10:21o que não quer dizer que eles concordem com tudo que Israel faz,
10:25porque especificamente o Reino Unido, a França e alguns outros países
10:29já criticaram muitas vezes Israel pelo número de civis mortos
10:34no conflito em Gaza.
10:37Ainda na manhã de hoje, no horário brasileiro,
10:40nós tivemos o Irã chamando de absolutamente fora da realidade
10:44a proposta nuclear feita pelos europeus,
10:47que não nos foi detalhada.
10:49O presidente francês, Emmanuel Macron,
10:52ele diz querer acelerar as negociações com o Teherã
10:56e o que nós sabemos é que os europeus teriam pedido
11:01para que o Irã desistisse de enriquecer o urânio,
11:04seja para fins pacíficos, seja para fins militares.
11:09E a resposta iraniana teria sido de que zerar o enriquecimento
11:13seria, na prática, um beco sem saída,
11:15afirmando que o Irã não vai negociar o seu programa de mísseis,
11:20embora esteja relativamente disposto
11:23a negociar o seu programa de enriquecimento de urânio.
11:27E foi hoje também que o Emmanuel Macron
11:29teria afirmado que os europeus gostariam de acelerar
11:33as negociações com o Irã,
11:35desde que seja comprovado que o programa nuclear iraniano
11:39é pacífico.
11:40E a questão é que os iranianos, nesse momento,
11:43eles não estariam dispostos a fazer isso,
11:45a zerar o seu enriquecimento.
11:47E por uma razão muito lógica.
11:49A ponte de uma bomba atômica é um elemento de dissuasão.
11:54Não importa se um determinado país tem um,
11:57tem dez ou tem cem artefatos nucleares,
12:00esses artefatos, eles dificilmente servem para ser usados.
12:04Eles servem para que o país diga que não quer utilizar esses itens.
12:08E aí uma coisa que os iranianos vêm batendo muito é
12:11veja, nós estamos sendo atacados,
12:13mas será que se nós tivéssemos um equipamento nuclear,
12:17nós estaríamos sendo efetivamente atacados nesse momento?
12:20E é esse tipo de retórica, é esse tipo de argumento
12:24que acaba lançando cada vez mais crédito para a ideia
12:28de que o Irã precisaria de um programa nuclear.
12:31Mas de novo, eles estão dispostos a negociar
12:35o seu programa nuclear para fins militares.
12:39E para fins pacíficos,
12:41o Irã não está, sim, muito disposto na negociação.
12:45Professor João Alfredo, muito obrigado por participar conosco.
12:48As portas estão sempre abertas por aqui.
12:50Até a próxima.
12:52Muito obrigado por me receber.
12:54Um forte abraço a você, aos comentaristas
12:55e, é claro, aos espectadores.
12:57Ótimo fim de semana. Até mais.
12:59Obrigado.
13:00Obrigado.
13:01Obrigado.

Recomendado